Capítulo 3
Lacbel percebia o pavor de Potter ao observá-lo, mesmo agora, que retornava ao seu posto pela manhã. "Mais um." fora o que pensara, suspirando.
Por mais que tivesse tentado, acabara dando uma péssima impressão. A única pessoa com quem conversava acabava de se esvair entre seus dedos. Era como se todas as situações se fizessem visando ser sempre contra ele. Já se acostumara a manter-se eternamente naquele isolamento imposto.
Potter... Lembrou-se vagamente desse sobrenome. Alguma coisa muito distante, esquecida. Provavelmente, algo anterior àquele maldito Natal. Harry Potter... O-menino-que-sobreviveu. Sentiu-se sufocar quando vagas lembranças de seu rosto, muito mais jovem, mas com os mesmos óculos... Os cabelos, no entanto, eram rebeldes, mostrando nitidamente a cicatriz de um raio em sua testa. Fora longe demais, seu corpo estava quase praticamente estático, precisava colocar aquela lembrança de lado. Além de serem poucas, eram doloridas e sufocantes.
Não tinha se recordado imediatamente dele no momento que o vira, pois sua cicatriz havia sido encoberta pelos cabelos que pareciam ter crescido descuidadamente. Agradecia, no entanto, que este fato tivesse ocorrido, ou teria variados problemas. Pois, afinal, quem não conhecia Harry Potter e sua fantástica cicatriz? Teria Harry a mesma imunidade que a sua? Mas porque havia uma cicatriz no lugar onde fora atingido?
Mas ao menos lembrou-se que já havia conhecido Harry Potter há anos. Mas duvidava, no entanto, que fosse reconhecido por ele, principalmente sem poder mostrar seu rosto.
Aquele dia passara silenciosamente. Quando entregaram o almoço, Potter continuava enclausurado naquele canto, travado, seus olhos perseguindo-o como se fosse uma máquina. Quando pegou a varinha, para levitar o almoço dele até onde estava, este conseguiu parecer se encolher ainda mais naquele canto. Faltava pouco para ele se tornar a própria parede de tanto que se grudava nela.
Ao observar que apenas estava levitando a comida até onde estava, este conseguira, com muito esforço, esticar minimamente o braço, pegar o sanduíche e voltar a posição inicial, como se sua vida dependesse disso.
A pior parte não era receber aquele olhar aterrorizado. Era não poder fazer nada para que ele mudasse de ideia. Virou-se de costas, tocando levemente no medalhão de dragão, fechando os olhos. Nada seria diferente... Suas esperanças foram depositadas, novamente, no lugar errado. E o pior... Pouco sobrava dela para ficar se equivocando. Esperava que Ele não percebesse que havia desobedecido a uma das várias ordens perenes que pairavam sobre sua cabeça.
Foi nesses termos que se passou aquele dia e o próximo. Potter não saía daquele lugar, nem para dormir, e Lacbel ficava de pé, ora observando-o, ora absorvido em seus próprios pensamentos. E, pelo que percebia, não sabia exatamente o motivo, Potter não dormia nem quando era substituído pelos 5 comensais. Seu pavor quebrou as fronteiras...
Mas, quando estava no terceiro dia, Potter dera finalmente sinal de mover-se, logo de manhã. Ele já tinha olheiras enormes em seus olhos e parecia já não mais aguentar aquela vida de "adrenalina" constante e eterna. Ele começara a se arrastar para a sua tábua, ainda olhando para Lacbel, que começou a seguir o movimento com ar intrigado, apesar de Potter não saber isso por não ver suas expressões.
Assim que chegara, finalmente, fez um ato que, na sua opinião, era de extrema coragem. Virou as costas para Lacbel e fechou os olhos. Sentia em sua nuca os olhos que continuavam sobre si, mas permanecia firme no lugar, com os nervos à flor da pele.
Mas nada ocorrera, simplesmente ouvira um suspiro e... Mais nada.
Depois de algum tempo, virara a cabeça, para olhar onde estava seu cárcere. No mesmo lugar, virado de costas. Voltara a encarar a parede, depois de ver isso. Só conseguira dormir, pois seu cansaço era grande demais. Grande o suficiente para não ter sonhos, para seu alívio. Pensar em sonhos também o perturbava na hora de dormir, pois imaginava ter pesadelos horríveis com Lacbel o perseguindo, torturando das formas mais horrendas e com todo tipo de atrocidades.
Quando acordara, uma bandeja com dois lanches e dois copos de suco estava aos pés da tábua e Lacbel continuava de pé, olhando para o corredor, como se nada tivesse ocorrido. O pavor de Harry havia amenizado bem mais, agora que sentia-se mais "descansado"... E percebia, quando olhava o copo de suco, que provavelmente estava fazendo tempestade em copo d'água. Mesmo tendo roubado sua varinha, Lacbel continuava calmo como um lago. E até mesmo agradeceu por não ter mandado a comida de volta, pois acordara faminto.
Da tábua, fora direto ao chão, sentando-se ao lado da bandeja e pegando um dos lanches. Olhava para a capa negra e depois para baixo. Sentia que devia falar, mas, ao mesmo tempo, não sabia o quê. Tudo era tão confuso e estranho. Ele realmente não entendia porque Lacbel tinha tanta paciência! Além de deixá-lo perturbado, fazia-o sentir-se ainda pior.
Desabafou, após um tempo.
- Deve estar bravo comigo. - falou assim que terminara o primeiro lanche.
Lacbel, que estava de costas, voltou-se na direção dele, que sentiu seu estômago ficar revirado de medo.
- Por que deveria? - a voz gutural, meio rouca, chegava a ser estranhamente feminina...
- Porque... - ele sentia seu coração acelerado. Não podia acreditar que estava fazendo aquilo, mas estava argumentando o porque Lacbel deveria ter raiva dele - Eu roubei sua varinha. Usei-a contra você... Além de, provavelmente, ter piorado sua situação com seu Mestre.
- Hum... - mas Lacbel simplesmente virara-se de costas, voltando a olhar para o corredor - Se estivesse em seu lugar, eu teria feito a mesma coisa.
De tudo que esperava, era a última coisa que poderia ouvir em sua vida. Um comensal dando-lhe razão? Seu coração estava aos pulos. Seus dedos pressionavam o lanche que tinha na mão com um pouco mais de firmeza, quando voltou seu olhar para o que segurava, ainda chocado.
Só conseguiu voltar a raciocinar coerentemente depois de alguns segundos. E foi bom, pois várias perguntas lhe atingiram ao mesmo tempo, exigindo respostas.
Eram imagens tão contraditórias! Ele não conseguia conciliá-las! Em uma imagem, era seu cárcere. Calmo e paciente, chegava até a ser gentil com ele... Em outra, era a imagem do terror, aparecendo em sua frente como uma sombra, seguindo cada ordem de Voldemort com, imaginava, ferocidade. Ou seja, em uma imagem, era uma pessoa completamente comum, em outra, era um demônio. E, no final das contas, Lacbel não parecia se encaixar em nenhuma delas.
Havia alguma coisa tremendamente errada ali, que ele não estava entendendo seu significado. Seja lá o que Lacbel fosse, demônio, humano ou uma criatura, todos tinham alguma personalidade e a de Lacbel era extremamente confusa. Não entendia suas atitudes de jeito algum. E, agora que dominara seu medo, e não o contrário, iria tentar chegar ao fundo desse mistério. Mesmo porque ele não tinha a mínima chance de sair dali, estando Lacbel no seu pé, conforme as ordens de Voldemort. Sua missão precisaria esperar... Se sobrevivesse para conseguir.
Levantou-se pegando a bandeja, tentando parecer bem calmo, chamando a atenção de Lacbel. Fora sentar-se naquele mesmo lugar que era onde eles comiam em seu primeiro dia, e segundo, por conseguinte. Mas decidira ficar quieto, observando Lacbel por alguns dias. Até porque ele ainda não estava totalmente à vontade na presença dele ainda.
No entanto, no dia seguinte, ficara tentando repassar sua fuga com calma. Lembrava-se vagamente que acontecera algo incoerente durante sua fuga, mas seu pavor o tinha cegado. No entanto, ainda se lembrava de alguma coisa que lhe incomodava insistentemente.
Foi quase no fim do dia que lembrou-se, assombrado, qual fora a situação contraditória.
Estava atirando feitiços para todos os lados, mas nada parecia acertar Lacbel. Assim que parara, para tomar fôlego e começar novamente, imaginando se desse tempo de atirar feitiços e sair correndo, sentiu um frio na espinha ao perceber que Lacbel aparecera em suas costas. No entanto, não o atacara imediatamente, mas iria demorar para Harry se virar de qualquer jeito e também de se livrar do choque da aparição repentina.
- Desculpe. - soara a voz rouca em um sussurro em seu ouvido e perdera o chão, logo após.
Lacbel havia se desculpado antes de derrubá-lo e deixá-lo completamente indefeso. Qual era o propósito dessa desculpa, se estava cumprindo uma ordem direta, clara e audível - afinal, ele berrara - de Voldemort para capturá-lo? Teria mesmo Lacbel tentado ajudá-lo a fugir, quando lhe roubara a varinha?
Pronto, tudo que ele sabia sobre Comensais da Morte preferidos por Voldemort fora por água abaixo! Como Voldemort decidira trocar Belatrix - uma comensal de família puro-sangue, que desprezava trouxas, mestiços e nascidos-trouxas, extremamente fiel e fanática por ele - por Lacbel - um comensal esquisito, que tinha atitudes suspeitas e era assustadoramente mais forte?
Droga, não fazia sentido nenhum, era a única resposta que ele tinha! Pois, em si, Lacbel parecia fidelíssimo à Voldemort, visto que, onde Voldemort o mandava, ele ia e fazia o que era ordenado, sem questionar nada. Mas, ao mesmo tempo, não era tão fiel assim se o havia ajudado a fugir e depois pedira desculpas por ter de recapturá-lo.
Seu cérebro fritava de frustração por não saber se Lacbel era ou não o vilão tão perverso quanto todos o pintavam. Então, percebeu que só havia um método de ele descobrir a resposta para essa pergunta.
Teria de se aproximar de Lacbel.
No dia seguinte, estava decidido. Tentaria fazer as "pazes" com seu cárcere, e sua primeira atitude fora ir se sentar próximo às grades, onde normalmente Lacbel sempre estava de vigília. Ainda não se manifestava, mas já era algum começo, pois Lacbel parecia ter se intrigado com a sua atitude. Estava meio nervoso, mas fora a única coisa que pensara como uma aproximação. Mas pareceu não surtir algum tipo de efeito além da curiosidade inicial. Fora, então, se sentar na tábua, pensando. Tinha de pensar.
Quando veio o almoço, como ele imaginava por ser a primeira refeição que recebia, Lacbel levitara a bandeja até onde estava.
- Obrigado. - falara ao pegar a bandeja nas mãos, olhando-o naquele momento, esperando a reação. Fora algo que lhe passara pela mente assim que recebera a bandeja.
Lacbel parecia não ter escutado quando voltou-se para seu próprio almoço. Um lanche com suco, igual ele.
- De nada. - foi a resposta antes de ele começar a comer, o que o animou um pouco.
Durante o almoço, ficou pensando como se aproximar dele. Mas sabia que, pelo menos, ele não estava propenso a ser rude. Assim que terminara, tivera uma ideia que colocara em prática já naquele momento, enquanto se levantava e ia até próximo às grades, colocando a bandeja pela portinhola da porta da cela. Sentou-se, recostando-se na parede, olhando para a silhueta negra.
Fizera o melhor possível um ar relaxado, enquanto colocava as mãos embaixo da nuca e dava um ar sorridente para Lacbel, mesmo que seu coração estivesse aos pulos de agora ter de encara-lo sabendo do que era capaz. Agora, ele entendia o que queria dizer "A ignorância é uma benção". Mas, já que descobrira, ele ia até o fundo. Até porque não haveria mais nada de interessante a ser feito até o dia em que Voldemort se cansasse de mantê-lo ali e o matasse.
- Deveria relaxar. - dissera sorridente. Sua mudança fora repentina? É, com certeza, pra alguém que ficara dois dias sem dormir, pensando que seria atacado, e mais dois dias em completo silêncio...
- Talvez. - respondera a voz rouca, ainda de pé, agora observando-o.
- Ah, espero um dia me conformar com essa sua resposta. Estou pensando seriamente em te apelidar de "Talvez". Parece a única resposta que sabe me dar, em grande parte das vezes. - ele sorrira mais, tentando deixar o ambiente menos tenso.
- Seria algo diferente. - comentara, voltando-se para o corredor, talvez com ar desinteressado.
- Diga-me, tem um método para conseguir te irritar, tirar do sério, deixá-lo fora de si? - ele perguntou, os olhos verde vivo encarando-o veementemente, e parecia estar falando sério.
- E você quer que eu fique assim? - rebatera, sem virar-se para ele.
- Não, só queria saber se há, porque daí eu não terei medo de falar bobagens para você. - ele respondera, sorrindo.
- Entendo. - fora a resposta única.
- Então, há? - perguntou novamente, mais direto.
- Creio que você não possa fazer isso. Mas há. - fora a resposta. Harry ficou levemente pensativo com aquilo. "Creio que você não possa fazer isso."?
- Estou impressionado. - ele dissera, observando as costas da silhueta negra à sua frente - Achei que ia receber outro "talvez"!
A resposta demorou a vir, mas quando veio...
- Talvez. - a voz de Lacbel mudara, havia, sim - ele não podia crer, mas tinha certeza ter ouvido - que aquele talvez fora dito com senso de humor.
- AAAAAAAH! - ele dissera, colocando as mãos na cabeça, com ar dramático, fazendo Lacbel se virar para ele, observando a cena exagerada.
Pelo movimento dos ombros e o leve movimento da capa, ele soube. Lacbel tinha segurado um riso e o barulho, que parecia ter sido um espirro, era o inicio dele. Ele sorrira, satisfeito. Conseguira ultrapassar a barreira da calma.
O que quer que fosse que tivesse dentro da capa tinha sentimentos humanos. O que simplesmente ficava pior para se explicar o porque continuava a servir Voldemort. Não se esquecera, ainda, da primeira conversa - se aquilo poderia dizer-se assim - e de como não parecia satisfeito por servi-lo. Haveria algum tipo de Pacto, algo do gênero?
Mas, antes de pensar na próxima pergunta, ou puxar assunto - o que já estava acostumado - fora Lacbel quem falara, virando-se para ele, deixando-o até surpreso pela sua atitude.
- Você gosta de falar com qualquer um? - fora a pergunta, da qual ele olhou, levantando uma sobrancelha. Se estava surpreso por ter começado a conversa, ficara ainda mais com a pergunta feita.
- Não, exatamente. - ele respondera e rira - Draco Malfoy não é a pessoa que eu gostaria que fosse meu cárcere nesse momento.
- Draco Malfoy? - repetira Lacbel, em tom intrigado.
- Achei que o conhecesse... Ele é um comensal também. Nossa relação, desde a escola, não foi exatamente a mais amigável. - respondera, sorrindo com ar perverso.
- Hum... Na verdade, eu não conheço nenhum comensal. - respondera, fazendo-o ficar realmente intrigado com aquilo.
- Muito novo no "ramo"? - ele perguntara levemente sarcástico.
- Não, prefiro manter-me na ignorância, mesmo. - a resposta fora tácita. Como assim, Lacbel preferia manter ignorância dos seus companheiros?
- Mas eles são seus companheiros, não?
- Deduz-se que sim. - respondera, sacudindo os ombros, como se aquilo não importasse - Então, você não gosta de conversar com comensais? - falara, com certo suspiro. Parecia querer trocar do assunto que estava levando a conversa.
- Não com os comuns. - respondera, olhando-o incisivo, fazendo Lacbel simplesmente virar-se de costas, com ar desentendido. - Mas e você? Não deve gostar de conversar com prisioneiros atrevidos, certo?
Naquele instante, Lacbel sentara-se ao seu lado, do outro lado da grade, fazendo seus cotovelos repousarem sobre os joelhos, mantendo os braços levemente esticados, segurando a varinha com as suas mãos. Aquela conversa era muito estranha, admitia, mas o que se poderia esperar?
- Não com os comuns. - respondera numa imitação, fazendo-o dar um pequeno riso. Mas, antes que pudesse pensar em dar uma resposta, havia voltado a falar - Diga-me, que tipos de pessoa você gosta de conversar? - Lacbel tossira naquele instante, levando a mão que carregava a varinha até sua garganta. Parecia se incomodar quando sua voz ficava fina demais por causa da rouquidão. Harry queria que a conversa parecesse mais séria.
- Ah, existem muitos tipos de pessoa com muitos estilos de conversa diferente... Não sou muito restrito. Mas e você? - ele perguntara, rebatendo a pergunta, mesmo que não tivesse esperanças de que isso surtisse uma resposta satisfatória.
- Eu converso com ninguém. - falara naturalmente.
- Apenas comigo. - ele corrigira, sorrindo, fazendo o capuz de Lacbel se voltar para ele.
- Exatamente. - concordara, fazendo Harry sentir-se um pouco mais confiante. - Por isso, converso com ninguém.
"O que?". Provavelmente, não era só o cérebro de Harry que pensou nessa pergunta, mas suas feições o demonstraram. Lacbel tinha problemas de lógica, ou era impressão? Se Lacbel conversava com ele, então, obviamente, conversava com alguém!
- Mas você... Acabou de concordar que conversava comigo. - Harry dissera, sem entender. Será que sou tão ínfimo que sou um ninguém na opinião dele? Seria por isso... E uma luz brilhou em sua mente. - AH! Por isso conversa com Ninguém. - ele dissera, sorrindo, percebendo qual fora o sentido da frase. Ninguém era como se o chamasse.
- Lembre-se de responder isso, acaso perguntem sobre mim. Que eu converso com Ninguém. - Lacbel dissera com ar de importância. Estranho, porque Lacbel se preocuparia de falar a verdade por palavras que significavam praticamente o contrário?
- Tudo bem. Mas não entendo, não seria mais fácil mentir? - ele perguntara, com ar intrigado de toda aquela preocupação. Sentia que Lacbel queria criar um laço.
- Depende da veracidade com que se diz a mentira. - respondera de modo enigmático.
- Você vive em um mundo muito complicado! - desabafou Harry, frustrado, pois não entendera o que havia falado.
- Mas eu sei que você quer tentar ver o meu mundo. - respondera Lacbel, deixando-o levemente envergonhado.
- Erm... Privacidade é bom e eu gosto! - ele dissera, esquecendo-se completamente da sua Oclumência enquanto se entusiasmava em conseguir dar um passo que percebera ninguém ter dado para dentro da mente de Lacbel. Tirando Voldemort, claro.
- Desculpe. - dissera Lacbel, um pouco mais encolhido.
- Não, tudo bem... - ele dissera, com medo de fazê-lo se fechar novamente naquela carapaça de mistérios – Mas, fale... Na primeira vez em que conversamos, eu notei que você não gosta de servir ao Voldemort. Mas, então, porque o serve? Obviamente, deve ter consciência de que é muito mais forte que ele. - não custava tentar, não era mesmo? Vai que ele estava mais solícito em responder-lhe as perguntas.
- Tem muitas coisas que eu sei das quais você não sabe, e muitas coisas que você sabe das quais eu não sei. - havia um ar enigmático em sua voz ao responder essa pergunta. Não entendera exatamente em que sentido ele lhe falara isso. Afinal, não parecia ter nada a ver com a sua pergunta! Será que estava mandando-o calar a boca e não tocar mais no assunto?
E ele lá ia ouvir isso?
- Diz sobre os segredos que você e Voldemort escondem de tudo e todos? - dissera, se fazendo de desentendido, mesmo que soubesse que aquilo não parecia ter nada a ver com a frase.
- Se você descobrir o significado disso, você terá a resposta que me perguntou. Ao menos uma ideia dela. - Lacbel estava enigmático, mas, por alguma razão, ele entendia que isso devia ser alguma ajuda. Como na outra frase. A verdade deve estar em algum lugar, era só preciso procurar algum sinônimo. Mas, daquela vez, estava mais difícil. Mas sentia como se Lacbel quisesse lhe deixar pistas.
- Eu não entendo o que você quer... - ele começara a dizer, olhando bem para Lacbel - Mas sinto que, de alguma forma, algo o proíbe de fazê-lo mais diretamente, para utilizar tantos subterfúgios.
- Só o que peço é nunca desistir. - ele falara, mudando sua posição. Agora, ele estava com a perna que estava ao lado da grade ser abaixada para frente.
- Um Grifinório não desiste de um desafio proposto. - ele falara, com um sorriso determinado, abaixando também a sua perna que estava próxima da grade. Ele erguera a mão até próximo desta, abrindo-a em palma. - O que eu ganho, quando vencer esse desafio?
- Infelizmente, eu não tenho nada para dar. Nem mesmo uma dívida com você. Apenas minha eterna gratidão pelo que fará por mim. - falara, abaixando a cabeça.
- Aceito! - ele falara, ainda com a mão levantada - Toque aqui e iremos selar o contrato de nosso desafio.
Lacbel provavelmente estava assustado ao ver que, mesmo tendo oferecido tão pouco, como imaginara, ele aceitara. Levantou sua mão vagarosamente em direção a de Potter, fazendo ambas as palmas se colarem. Potter sorrira. Um passo estava feito. Ganhara um pouco da confiança de Lacbel. Isso já era o melhor prêmio que poderia ganhar.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!