A sim, meu nome não é Sophie T

A sim, meu nome não é Sophie T



 A sim, meu nome não é Sophie Turner 




Segunda-feira, 20 de dezembro


 


Estava com tanto sono que achava que só sairia daquela cama quando o apocalipse chegasse. Mas ou era ele ou quase isso batendo a minha porta. Era irritante, o fato de que eu, uma menina desajustada na sociedade moderna, não pudesse ter um minuto de silêncio. Graças a Deus, nunca mais pisarei aqui depois que me formar em alguns dias.


-Sophie, abra esas porta! Acorde garota, está atrasada para a escola!


Como você ouviu a velha maluca, esse é meu nome, Sophie. Pelo menos isso ela sabe…Não, ela não é uma bruxa. Só uma mulher que resolveu se infiltrar na minha vida, e pensa que é minha mãe. O que papai não sabe, é que a …


-SOPHIE! SOPHIE TURNER abra essa porta imediatamente ou eu te trancarei ai por uma semana! Você só vai comer pão e beber água.


Mas então não resisti, tinha uma coisa lá no fundo de mim que dizia "Sophie, seja forte". Imediatamente, me levantei e coloquei meu uniforme da escola. Comi uma das bolachas que sempre guardo no armário (nunca se sabe quando a bruxa vai trancar a gente lá). Olhei para o relógio de pulso com alegria, já estava atrasada uns 30min e aquilo era um recorde. Peguei minha bolsa tiracolo, velha, retalhada e cheia de escritos das músicas do The Clash. Sai pela porta que nem um raio parido dos céus. Mas antes de ir, dei uma virada e com um olhar de desprezo falei:


- A sim, meu nome não é Sophie Turner. Me chame de Sophie Young, o sobrenome é exclusivo da minha única mãe. Você é apenas mais uma e com certeza não quero uma trouxa fazendo parte de mim.


Com aquele sermão já havia gastado uns dois minutos. Se eu fui grossa, sem coração e crua? Não sei e não me importo, quando disse que ela era só mais uma era a verdade nua. Meu pai nunca mais sentiu por uma mulher o que sentia por  minha mãe, ela abria os olhos dele e os enchia de brilho. Depois da morte da mamãe, papai se sentia culpado por não substituir o papel dela, pois ele achava fundamental para mim. Por isso já teve muitas delas, assim sabe, artificiais e fáceis de lidar, inclusive fáceis de desapegar. Era Sophie Thomas, Adams, Baker, Evans, Miller, Powell, Scott, Sanders, White, Moore…depois aprendi que meu nome Sophie ninguém tirava, e meu sobrenome Young, única coisa herdada da minha mãe, tinha que ser protegido também.


-Alou, Sophie, calcule o delta dessa equação no quadro.


Por que será que as pessoas adoram me interromper quando estou pensando? 


-Ah, é 4 - A professora  Murphy achava que eu copiava a resposta do livro, no entanto matemática sempre foi fácil para mim. Ela só não sabia explicar porque eu ia tão bem nas provas, mas seguia com suas crenças de que eu era uma má aluna.


Na hora do almoço, eu sentei no mesmo banco de sempre. Na verdade o único que me restava, era aquele do lado do banheiro ou comer no banheiro. Jared sempre me acompanhava no almoço e aonde pudesse. Nós somos tipo unha e carne, um defende o outro, assim foi o jeito que encontramos de sobreviver a essa selva. 


- E aí Soph? - Quando ele abria aquele sorriso enorme ele tinha alguma novidade


 muito boa. Confesso que Jared era minha única força para ir a escola.


- Tudo bem Jared? Não posso dizer o mesmo do meu dia, mal começou e está bem ruim…


- Ah, mas tenho algo para te contar. Na verdade é muito importante! - Nunca vi os olhos dele brilharem daquele jeito, tinha tanta esperança e confiança mas muita cautela…


- Conte Jad, não enrola! -Dei uma risada pois não consegui me controlar.


Foi então que Jared ergueu na mão, que estava o tempo todo de baixo da mesa, um buque de tulipas amarelas. Confesso que fiquei um pouco corada, as vezes acho que sou a menina mais burra do mundo. Tenho o melhor amigo que uma garota podia ter e fico aqui falando besteiras da minha vida!


-Jared, você é o melhor amigo do mundo! Acho que nossa amizade vai ser cada vez mais duradoura! Só com Jared por perto eu não fico parecendo uma punk emotiva…


Na mesma hora o sorriso do Jad desmanchou, sem entender por que eu fiquei sem jeito, disse que estava atrasada pra aula e literalmente fugi dele. É claro que Jared estava muito perplexo, mas eu nunca posso esconder nada dele. Afinal, desde quando eu fico preocupada em chegar atrasada? E ainda fugi dele? Ai eu sou muito tola mesmo…


***



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.