As Cinzas
Harry, que estava numa sala separada da Ala Hospitalar, acordou lentamente, alguns pontos em seu corpo ainda doendo muito, entretanto ele não se importou. No seu colo, percebeu que um rolo de jornal estava embrulhado e ele não sabia se realmente queria lê-lo. Quando estava abrindo-o, Madame Pomfrey entrou com uma bandeja de café da manhã flutuando à sua frente. Ela parecia um pouco sonolenta.
- Tem uma pessoa querendo falar com você. – bocejou Pomfrey, quando pôs a bandeja no colo de Harry, encobrindo o jornal.
Mesmo com um pouco de dor de cabeça, ele pediu que deixasse-a entrar. Harry achou que fosse Hermione, ou ainda Rony, no entanto assim que as madeixas longas e avermelhadas de Gina Weasley adentraram a Ala, ele suspirou, não sabendo ao certo o que ela fora fazer ali. Gina parecia um pouco abatida e seus cabelos pareciam secos.
- Olá. – disse timidamente, sentando-se numa cadeira próxima ao leito.
- Olá.
Ele ajeitou-se na cama.
- Sente-se melhor?
A pergunta era cautelosa e a resposta também deveria ser dada de forma cuidadosa, pensou Harry.
- Mais ou menos. Eu ainda estou um pouco ferido.
Silêncio por segundos incontados.
- Harry, eu queria... pedir desculpas pelo que aconteceu. – ante a cara confusa de Harry, ela continuou – Eu... soube da Rusterd, então---
Compreensão passou por ele quando interrompeu-a. Lógico, o fim do namoro e tudo o mais...
- Podemos não falar sobre isso?
Gina suspirou, piscando longamente depois.
- Mas nós precisamos---
- Não, não precisamos fazer nada. – disse ele, a calma se esvaindo aos poucos – Não vamos relembrar tudo, ok?
Gina levantou-se da cadeira e sentou-se no leito, bem próximo dele. Acanhadamente, avançou os dedos indo de encontro aos dele. Ele olhou para as mãos de ambos entrelaçadas e levantou os olhos e encontrou o olhar desconcertante dela. Ficaram apenas fitando um ao outro.
- Eu preciso de um tempo. – falou ele, encarando Gina. – Nós precisamos de um tempo.
Eles ficaram quietos novamente. Gina não sabia se concordava ou não. No fundo, era o que ela queria também. Tempo. Tempo para pensar se valeria a pena continuar com essa relação um tanto quanto esquisita. Alguma coisa sussurrava dentro de seu subconsciente que eles deveriam terminar. Harry nunca amaria-a do mesmo modo como ela amava-o. Nunca seria recíproco e Gina precisava aceitar, porque agora era ele quem estava terminando; havia sido ele quem havia beijado Luna e Cho; havia sido ela quem sofrera e perdoara.
- É melhor você ir. – Harry retirou sua mão – Nós conversamos outra hora.
Gina estava demasiado cansada para protestar. Ela levantou-se, por algum motivo sentindo vontade de chorar, mas as lágrimas não vinham. Talvez fosse porque sua sensibilidade para com ele não fosse mais a mesma. Na prática, isso queria dizer que Harry não a feriria com tanta facilidade.
- Se é assim que você quer...
- É assim que deve ser. – falou ele, mais secamente do que planejara.
Ela não disse nada e levantou-se do leito. Deu rápidos passos até encontrar a porta e quando sua mão estava prestes a abri-la por inteiro, Gina virou seu rosto, olhando-o uma última vez por cima do ombro e analisando Harry de esguelha. Ele podia jurar que ela havia sorrido suavemente antes de deixá-lo sozinho, fechando a porta com dureza.
Lentamente, sua atenção foi voltando-se para outras coisas. Seu café da manhã estava com uma aparência ótima, embora ele não estivesse com a mínima vontade de comer. Ele afastou a bandeja de perto de si e pegou o jornal que estava no seu colo. O que eles teriam posto na capa? Ele abriu-o e seus olhos foram diretamente para a foto do castelo da família Servolo. Na foto, podia-se ver bem que as tempestades do lado de fora, nos jardins, havia sido violenta. Depois de estudar com cuidado a fotografia bruxa, leu a manchete:
“O Fim da Era das Trevas?”
“Ontem, toda a comunidade mágica britânica parou para saber o desfecho de uma Batalha travada há dezessete anos. Assistimos tudo sem poder fazer nada, a espera do nosso fatídico destino – que estava nas mãos de ninguém mais ninguém menos que Harry Potter. Herdeiro de Godric Gryffindor, sobrevivente a sete tentativas de morte por Você-Sabe-Quem, o garoto livrou-nos de uma Maldição antiga ( a Maldição das Trevas, aquela que, diz a lenda, quase foi executada por Slytherin na sua fúria por não ser correspondido por Rowena, sua amada ) e da submissão ao Lord das Trevas e herdeiro de Salazar.
Por esse motivo, ontem boa parte do Reino Unido sofreu de uma repentina escuridão, vórtices e tremores de terra não explicados pela metereologia trouxa, apesar de eles não terem sofrido com isso tanto quanto nós.
Foi ‘ajudado’ pelas herdeiras de Rowena Ravenclaw e Helga Hufflepuff, Cho Chang e Courtney Thomson respectivamente. Segundo depoimento de ambas, – que estão no St. Mungus, com alguns probleminhas depois do ocorrido – ‘Harry Potter executou tudo de forma extraordinária’. Apesar de todo o enfraquecimento causado pelos dementadores, Harry não precisou ser levado para o hospital também, já que os Aurores, sob os comandos de Olho-Tonto Moody e do Ministro da Magia substituto Artur Weasley, ( que assumiu o cargo horas antes de tudo após a fuga inexplicada de Fudge ) agiram com rapidez.
Procuramos pelo garoto, mas o diretor de Hogwarts recusou-nos o direito de entrevistá-lo. (...) Entre outros fatos importantes, destaca-se o reconhecimento de quatro Comensais como alunas da Escola de Magia e Bruxaria. O mais estranho é que são todas de casas diferentes: Pansy Parkinson, da Sonserina; Jennifer Hills, Lufa-Lufa; Alice Miller, da Corvinal e Mary Rusterd, da Grifinória. A última faleceu ontem, no castelo da família Servolo, onde estavam todos os envolvidos(...)”
Harry não terminou de ler a notícia; aquela leitura só estava lhe dando dor de cabeça. Ele resolveu levantar-se e persuadir Madame Pomfrey para que ela deixasse ele sair.
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Hermione abaixou o jornal, um tanto amargurada.
- Então, o que dizia? – ele apontou com o queixo para o Profeta Diário.
Hermione parecia pálida. Ela, sem dizer nada, mostrou a Rony uma nota no segundo caderno do jornal.
- Merlin! Ela morreu no... St. Mungus?
Hermione assentiu, tomando um gole de seu suco. Aparentemente, Hermione não era a única que havia lido sobre a morte de uma herdeira no St. Mungus porque um murmúrio corria solto pelo Salão Principal. Além disso, todos comentavam também sobre a matéria de capa que citava as garotas como Comensais da Morte, em Hogwarts. E no final da página, como se não bastasse, eles citaram o que aconteceu com Draco, indo desde a fuga de seu pai de Azkaban até o depoimento que Harry dera para evitar que ele fosse levado para a Unidade de Menores Infratores na Cornualha.
Para a surpresa de ambos, Harry estava entrando no Salão Principal e dirigindo-se a mesa da Grifinória. Ele sentou-se defronte a Rony e Hermione e ambos notaram o quão fatigado ele parecia, a julgar pelas suas profundas olheiras.
- Bom dia. – falou tentativamente.
Hermione e Rony o olharam com caras idênticas de espanto.
- Você leu o jornal? – perguntou Rony, estendendo-o.
- Ah, já. – recusou Harry – Só baboseiras.
Rony e Hermione se entreolharam, confusos.
- Você não vai dizer nada sobre a morte de---
Harry interrompeu-a quase que imediatamente.
- Sabe, eu não gosto de falar nisso. Eu confiava nela – falou brevemente, pensando que estavam conversando sobre Mary – e fui muito idiota em acreditar no que dizia. Ela mereceu o que teve. Não da maneira que tudo aconteceu, – adicionou – mas ela precisava sofrer. Pelo menos ela se arrependeu do que fez na última hora.
O queixo de Hermione havia caído. Ela fitou Harry, integralmente descrente.
- Então você acha que---?
- Foi bem feito para ela. Apesar de eu achar que ela foi sincera quando disse que estava arrependida.
- Arrependida do quê? – perguntou Rony.
Harry, que estivera mexendo em seu bacon apenas por diversão e para ocupar-se com algo, olhou Rony. Eles não sabiam da história toda sobre Mary?
- De Ter me traído. Nos traído. – acrescentou rapidamente.
Rony ergueu as sobrancelhas, estranhando as respostas de Harry.
- Como assim, “nos traído”?
- Por Deus, vocês não leram o Profeta Diário inteiro, não? Está dizendo que ela morreu ontem, inclusive em que condições faleceu.
Hermione contestou.
- Sim, nós sabemos que ela morreu no St. Mungus. – disse Hermione – Mas porque ---
- No St. Mungus? – Harry franziu a testa. Hermione olhou-o aborrecidamente, por ele não estar deixando-a completar suas sentenças – Mary não morreu no St. Mungus!
Rony poderia rir da confusão que estava tornando-se aquela conversa, entretanto não evitou dizer duvidosamente:
- Mary?
- Sim, sim, mas... Uh... Do que vocês estavam falando? – apressou-se Harry.
Hermione dobrou o jornal para Harry exatamente na nota que Rony lera. Depois de fazê-lo, Harry xingou alguma coisa baixinho. Ele largou o Profeta Diário sobre a mesa, balançando a cabeça.
- Voldemort disse que faria isso. – declarou simplesmente.
Alguns lançaram olhares esquisitos para os três e poucos sequer temeram o nome.
- Ahn? – balbuciou Hermione, confusa.
- Ele disse que levaria uma delas com ele. – explicou – Eu só queria saber como ele conseguiu matá-la, se é que foi Voldemort em pessoa quem fez isso, o que eu duvido. Talvez seja só algum seguidor dele furioso que esteja a solta...
Rony respondeu ao seu questionamento.
- Acharam um punhal no quarto, próximo ao corpo dela. – Rony abriu o jornal em uma página qualquer e entregou-o a Harry. Ele estendeu ligeiramente os olhos ao ver a mesma arma que Tom usara no dia anterior, com sua mesma ponta afiada e brilhante e com o cabo que Harry reconheceria em qualquer lugar, mesmo que não tivesse observado o punhal por muito tempo. – Os Aurores tentaram todos os tipos de feitiços reveladores, mas nada funcionou.
Ele analisou a figura por mais algum tempo, tentando montar as peças daquele quebra-cabeça. Havia alguma coisa muito errada no meio de tudo aquilo e Harry sentiu que precisava descobrir o que era logo, antes que fosse tarde demais.
Isso não acabaria nunca?
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Os alunos fizeram silêncio assim que Alvo Dumbledore se levantou. Todos os professores estavam na mesa, cabisbaixos e tristes. A maioria das professoras usavam algum lenço para secar suas insistentes lágrimas ou então tentavam esconder suas fungadas sob sua respiração.
- Alunos, a maioria de vocês já deve saber do ocorrido. – começou com sua voz rouca.
Nenhum barulhinho podia ser ouvido, a não ser o soluçar de algumas garotas que choravam e de um ou dois professores. Mesmo aqueles que eram geralmente sérios, como McGonagall e Snape, hoje estavam mais sensíveis, mesmo que isso não estivesse tão exposto em suas expressões.
- Ontem, duas garotas nos deixaram. A dor da perda é irreparável e incurável, mas é preciso estar preparado para lidar com isso quando se entra em batalhas diárias contra nossos inimigos, sejam eles visíveis ou não, sejam eles previsíveis ou inesperados. Quando duas pessoas formidáveis são perdidas de forma covarde como aconteceu há pouco nos resta esperar por justiça, venha ela das mãos humanas ou das divinas.
Podia-se perceber pessoas com os olhos brilhantes ao longo do Salão Principal.
- Lealdade pode ser definida de várias formas, em vários gestos. E mesmo aqueles que erram merecem uma chance para se redimirem e para pedir perdão. Antes de morrer, Mary Rusterd arrependeu-se de trilhar por caminhos obscuros, por tanto tempo. Peço uma salva de palmas à ela, que deixou seu orgulho de lado e admitiu seu engano.
Houve um instante de silêncio, então todos bateram palmas, emocionados com o discurso do diretor. Ele levantou uma mão e as palmas cessaram-se.
- É preciso coragem e bravura para não se deixar levar pelas Trevas; é preciso valentia também para confrontá-los declaradamente. Maior responsabilidade ainda tem aquele que foi escolhido, dentre tantas mentes inteligentes e tantas crianças espertas, para ser herdeiro de um dos Quatro Grandes de Hogwarts. Courtney Thomson cumpriu com todos seus deveres de lufa-lufa: foi bondosa, leal, justa e paciente. Ao mesmo tempo em que foi uma corvinal inteligente e sábia; grifinória – pois foi nobre e ousada; e por fim, sonserina, com perspicácia e sagacidade em todos os seus atos.
Dumbledore ficou algum tempo em silêncio e então continuou:
- Às três horas as cinzas de Mary serão espalhadas pelo campo de Quadribol, um dos locais preferidos da aluna, do mesmo modo que as cinzas de Courtney serão dispersas nas estufas da escola, às cinco.
Harry olhou instintivamente para a professora Sprout, que agora limpava o rosto úmido num lenço. Fez-se então um minuto de silêncio e todos saíram do Salão Principal, ainda sem falar muito, o clima de luto perdurando no ar.
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Três horas em ponto. A Grifinória em massa estava no gramado do campo de Quadribol e também havia alunos das outras Casas. Ainda haviam alunos chegando quando Dumbledore, acompanhado de McGonagall, Snape, Hagrid, Tonks e outros chegaram. Dumbledore ficou à frente de todos, com uma caixinha vermelha à mão. Depois de espalhar as cinzas, sob os choros e soluços dos alunos, a professora de vôo, Madame Hooch deixou numa prateleira da Grifinória, onde haviam várias taças de Quadribol, um bastão onde estava escrito “Mary Jane Rusterd – Batedora da Grifinória” talhado em dourado, enquanto Courtney teve quadros e tapeçarias espalhados pelo castelo, sendo reconhecida como a herdeira de Helga Hufflepuff.
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Aos poucos, as pessoas tentavam voltar às suas vidas, afinal para os alunos de quinto e sétimo ano as provas ainda estariam por vir. Nos últimos dias, os estudantes estavam voltando à esgotante rotina de revisões e as bibliotecas andavam constantemente cheias daqueles que precisavam de reforço nas principais matérias de seus N.O.M’s e N.I.E.M’s.
Rony estava reclamando sobre qualquer coisa de Poções, enquanto Hermione lançava-lhe um olhar cortante por detrás de “Runas Antigas: Seus Mistérios e Complexidades; Sétima Edição”. Harry largou o seu livro de Transfiguração e esfregou os olhos por baixo dos óculos.
- Você está bem? – Hermione perguntou instantaneamente.
Harry sorriu e abaixou as mãos.
- A-hã. É só que eu ainda estou meio... cansado.
- Depois do que aconteceu, isso já era de se esperar. – comentou ela.
Harry respirou fundo.
- Eu acho que eu vou subir. – disse ele, levantando-se com a maior preguiça do mundo.
Harry subiu as escadas devagar, ciente de que Rony e Hermione deveriam estar falando sobre ele neste exato instante. Uma estranha inquietação estava tomando conta do peito dele, e ele não sabia ao certo dizer o que era. Fechou a porta e se deitou na cama, sem ao menos ir para baixo dos cobertores. Então tudo se apagou.
Rowena sentia-se desprotegida sem Godric. “Mas ele está a dar aulas... Não pode seguir-te a todo instante...” pensava ela. Foi então que percebeu que estava sendo seguida, e agora que ela entrara num corredor deserto seu seguidor não fazia questão de silenciar os passos. Rowena olhou para trás desesperada, por cima dos seus ombros – mas não havia ninguém. Ela ofegou, pensando se não estava paranóica. Quando retomou seu caminho, os barulhos recomeçaram. Porém, quando ela virou-se novamente, percebeu que não estava sozinha.
- Olá. – sorriu um garoto pálido, que Rowena nunca vira.
Ela estreitou os olhos e não respondeu. Apalpou seu sobretudo, à procura da varinha e logo achou-a.
- Sabes quem eu sou?
- Não.
O menino sorriu mais abertamente e Rowena poderia Ter jurado que seus olhos tinham um maníaco brilho vermelho. Então quando ele falou, sua voz havia se tornado estranhamente... familiar.
- Não me reconheces mais, Rowena?
Ela estendeu os olhos. Sua respiração acelerou e ela se aproximou um pouco mais do garoto, que continuava parado e sorrindo. “Essa voz... Não pode ser de...”
- Salazar?
Seu sorriso chegou aos olhos, fazendo-os brilhar.
- Lembraste de mim... – falou saudoso, como se fosse chorar a qualquer instante – Sabia que não esquecerias de mim com tanta facilidade...
Só então Rowena percebeu que isso seria impossível. Ela vira-o morrer e ele simplesmente não poderia reviver.
- Não podes ser Salazar. – ela balançou a cabeça em descrença – Salazar está... morto.
- Não, eu não estou morto. – ‘Salazar’ pareceu estar com raiva – Eu voltei, Rowena. Voltei para levar-te comigo.
Ela engoliu e começou a dar lentos passos para trás. Aquilo não podia ser verdade. Oh, esse menino ia levar uma bela duma detenção.
- Retornei do inferno, que foi para onde Godric mandou-me. – agora a fúria estava clara no seu tom e ele avançou na direção de Rowena – Olhe no que tornei-me! Olhe! – esbravejou, olhando para o próprio corpo – Usando o corpo de um aluno qualquer para poder levar-te comigo!
Rowena olhou para o garoto e resolveu enfim levantar a varinha.
- Pare com esta brincadeira, garoto. Tirarei pontos de sua Casa se não parares. – ela mirou o emblema em sua capa: Slytherin.
- Não me obrigues a usar varinha, minha Rowena. – falou suavemente.
“Ele me chamou do que eu acho que chamou?” pensou desesperadamente. “Só Salazar chamava-me assim...”. Antes que ela pudesse perceber, o garoto já estava próximo a ela.
- Venha comigo, Rowena.
Ela empunhou a varinha e disse:
- Estupefaça!
Mas o feitiço não o atingiu.
- Achas que depois de retornar do inferno um feitiço Estuporante iria me inconscientizar? Eu não queria, Rowena... – ele abaixou a cabeça momentaneamente e falou – Mas obriga-me...
As palavras “Avada Kedavra” foram pronunciadas com muita rapidez, quase sendo atropeladas pela pressa do jovem. Surpresa, Rowena recebeu um jato vermelho no peito e caiu no chão, batendo a cabeça na parede.
Ele andou até bem perto do corpo inerte de Rowena, tocando-lhe o rosto frio em tristeza. Fechou os olhos, um pouco tonto pela energia que fora gasta com o feitiço, e suspirou. Levantou-se e calmamente foi embora, pouco satisfeito com o que acabara de fazer.
Harry abriu os olhos e ajeitou-se na cama. Que sonho fora aquele? Ele tirou os óculos, não importando-se com isso por agora, e caiu em sono profundo, desta vez sem sonho algum.
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Cho estava se revirando de um lado para o outro, no seu leito no St. Mungus. Depois do que acontecera a Courtney, ela tinha a estranha sensação de que podia ser a próxima. Levando em conta o fato que Rowena morrera primeiro que Godric e que a ordem de óbitos era quase a mesma, ela decididamente não estava animada.
Então alguém bateu a porta e a loira que a atendia entrou, trazendo uma prancheta em mãos. Cho havia quase pulado pelo susto, mas já havia recuperado-se.
- Poção Restauradora. – anunciou sorridente.
Cho sentou-se e a mulher foi até a mesa próxima e trouxe em um copinho um líquido vermelho que lembrava sombriamente... sangue. A enfermeira tentou encoraja-la:
- Beba.
Ela tomou o copinho entre os dedos e virou-o de uma vez na boca. Desta vez, pensava ela, não tinha o habitual gosto amargo. Mas parecia bem... doce. Com gosto de – sangue!
Cho arregalou os olhos e uma dor cortante tomou-a, como se uma faca de gume quente tivesse partido-a ao meio. Ela ofegou, mas a enfermeira pareceu não ligar. Anotou algo na prancheta, ainda sorrindo, enquanto Cho apalpava a cama à procura de espaço, à procura de ar, – ela estava ficando pálida – então engoliu fortemente mais uma vez, mas dessa vez a boca estava seca, e caiu na cama de olhos fechados.
- Muito bem. – sussurrou a enfermeira. – Exatamente como eu esperava.
Cho estava certa de ouvir a voz da enfermeira, porém não podia pensar em se mexer, não podia abrir os olhos ou sequer a boca. Houve um barulho alto, e a porta abriu-se e mais duas vozes foram ouvidas. “Rápido, rápido!” pensava Cho, sentindo-se enfraquecer, sentindo como se seu coração estivesse parando de bater gradualmente.
- O que houve com ela? – perguntou uma voz que Cho não conhecia.
Entretanto, quando a enfermeira respondeu, sua voz parecia vir de muito longe.
- Ela está dormindo, oras. – disse docemente.
O Auror que conversava com ela, que era Kingsley Shacklebolt, olhou desconfiado para Cho.
- Poção do Sono. – fingiu sussurrar, a enfermeira – Ela está bastante cansada, a Chang.
Cho podia sentir sua audição diminuindo também, e então ela não ouviu mais nada e nem tentou abrir os olhos – estava inconsciente.
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Na Cornualha, mais precisamente na Unidade de Menores Infratores, Pansy Parkinson sorriu. Ela estava presa, não conseguira Draco e um Comensal ainda lhe devia uma promessa – ela tinha motivos para sorrir.
Pansy estava na cela que dividia com outras pessoas e desta vez estava sozinha. O local ao redor estava deserto. “Está correndo tudo melhor que eu imaginava...” devaneiou ela, observando o lugar vazio “Se eu tivesse planejado isso, provavelmente não estaria tão certo quanto agora”. Pansy levantou-se e sorriu maniacamente, varrendo o espaço com o olhar, à procura de algo cortante e algo que riscasse. Com dificuldade achou algo que poderia riscar o chão. Ela abaixou-se e fez a Marca Negra e um círculo. Ela usou a mesma lasquinha para se machucar e pôs o sangue de seu pulso cuidadosamente na boca do crânio. “Nos encontramos no inferno, Draco Malfoy... Se eu não posso tê-lo, então ninguém terá...”
Abaixou-se no meio do círculo e tentou se lembrar das palavras que deveria usar.
- Mestre de meu Mestre... – sussurrou ela, juntando as mãos em uma concha à sua frente, os pulsos pingando em sua roupa. – A ti, que não fostes correspondido, ofereço meu amado para que o use como sua última chance de levar o herdeiro de Godric...
Longe dali, o Comensal australiano sentiu uma dor em seu peito antes de cair morto, fulminado, no chão.
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Os guardas estavam dando o Toque de Recolher, quando um deles percebeu que havia algo errado na cela de Pansy Parkinson. Um rastro vermelho-vinho avançava cada vez mais pelo assoalho.
- Meu Deus! – falou o guarda, indo de encontro ao corpo ensangüentado de Pansy. Ele tentou o primeiro feitiço reanimador que lhe veio à cabeça.
O corpo dela continuava inerte. Seus cabelos estavam avermelhados e sua pele pálida, destacando sinistramente suas veias e artérias.
- Radium!
O guarda percebeu que o pulso dela já havia diminuído consideravelmente. Ele retirou-a da cela e levou-a até a enfermaria da Unidade.
- Ela está morrendo. – avisou imediatamente, assim que chegaram no lugar.
A enfermeira tentou de todas as maneiras trazer Pansy de volta à vida, mas foi impossível. Na cela, a Marca Negra estava brilhante, mostrando que o plano de Pansy fora bem-sucedido.
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A essas horas, era praticamente impossível que alguém ainda estivesse circulando pelos corredores de Hogwarts. Embora soubessem disso, um certo casal continuava escondido, temendo ser pego pelo zelador Filch ou por sua horrorosa companheira, Madame Nor-r-ra. Ocultos por uma grande sombra proporcionada por uma armadura velha, ambos tentavam ser discretos em meio ao silêncio, que poderia denunciá-los, uma vez que qualquer ruído seria suspeito. Uma leve brisa gelada passou por Draco, fazendo meramente seu cabelo platinado tremeluzir. Ele afastou-se de Luna, sentindo-se estremecer.
- O que foi? – perguntou ela, estranhando que Draco tivesse interrompido-os.
Ele olhou-a, incerteza pregada na expressão.
- Você não sentiu?
Luna enrugou a testa, percebendo que Draco analisava o local. Não havia como nenhuma corrente de ar passar por ali e isso estava claro, já que eles estavam a um canto reservado – e suados.
- Sentir o quê? – ela sorriu faceiramente – Era para eu Ter sentido algo?
Draco riu, com malícia também. Balançou a cabeça, suavemente mordendo os lábios de Luna.
- Você anda muito saidinha pro meu gosto, Lovegood. Agora cale-se, porque nós não temos todo tempo do mundo.
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Houveram dois longos dias de luto, e então as aulas foram retomadas na Quarta-feira. Para Harry parecia que anos haviam se passado desde sua última aula e, na verdade, ele nem fazia questão de recomeça-las. Observando outros alunos poderia dizer que eles pensavam da mesma forma, principalmente porque uma das primeiras aulas era Poções.
Tudo parecia na mesma posição e do mesmo jeito desde a última vez que entrara nessa sala. As feições carrancudas do professor também não haviam mudado nem um pouco, para seu próprio desagrado. Estava dirigindo a uma mesa nos fundos da sala, acompanhado por Rony, quando Draco Malfoy passou por ele, olhando-o de forma esquisita. Harry viu além da típica rivalidade entre os dois, um ódio descomunal perdurar no ar. A razão para tamanho antagonismo era desconhecida.
“Como se já não nos odiássemos o bastante.”
Hermione, que havia passado rapidamente na biblioteca para pegar algum outro livro, chegou instantes depois, parecendo um pouco avoada. Ela desabou ao lado de Harry, jogando sua mochila no chão.
- Vocês souberam? – ofegou ela, parecendo preocupada.
- Do quê? – Rony disse.
Em resposta ela puxou sua mochila, e tirou de dentro dela um rolo de jornal, que Harry reconheceu como sendo o Profeta Diário. Entretanto, quando eles iam ler a manchete, Snape iniciou a aula. Eles tentaram lê-lo escondido, porém Snape fazia questão de passar em sua mesa a todo momento, analisando qualquer defeito em suas poções. Mas assim que a entediante aula findou-se, Hermione puxou novamente o jornal e mostrou aos dois.
- Eles tentaram abafar o caso, mas descobriram tudo noite passada. – cochichou enquanto Rony e Harry liam.
Ambos leram rapidamente o artigo que falava que Cho Chang havia sofrido um ataque dentro do St. Mungus, por alguém desconhecido que se passara por funcionário do local.
- Isso não me surpreende em nada.
Hermione tomou o jornal de volta, vendo a expressão preocupada de Harry.
- Bem, isso não quer dizer que vá acontecer algo com você, exatamente. Digo, Hogwarts é segura e---
- E quatro de suas alunas eram Comensais da Morte.
Hermione balançou a cabeça.
- Eventualidades. Elas já estavam aqui antes de fazerem o feitiço de proteção, mas não agora. Dumbledore não ia deixar uma coisa dessas acontecer aqui. Aliás, eu acho que não há mais com o que se preocupar. Já acabou, ele está morto. Você o venceu e isso é tudo.
Eles dobraram um corredor, Harry se irritando mais a cada segundo. Ela não enxergava que quem estivesse fazendo isso provavelmente não iria medir esforços para acabar com ele também?
- Não, Hermione, não é tudo. Pense bem, só porque Voldemort morreu ou seja lá o que for não quer dizer que todos os seus Comensais estejam presos. São eles quem estão fazendo esses ataques, foram eles que mataram Courtney e agora eles vão querer me matar também.
- E além do mais, – completou Rony, tentando não se meter na discussão, até ver que era inevitável – ninguém tem garatia que não há mais nenhum deles por aqui.
Hermione respirou fundo.
- Ouça, provavelmente não era para Cho Ter saído ilesa desse ataque. Queriam matá-la, mas não foi o que aconteceu, então isso meio que retarda as coisas. Estão pretendo matá-los na mesma ordem, certo? – Exceto por Salazar, que morreu após Helga, mas ainda sim a mesma ordem: Helga, Rowena e Godric – Acredite, Cho deve estar mais segura agora, e o provavelmente você também precisará de segurança. Se Dumbledore não quiser que algo aconteça, então nada acontecerá. E o mais difícil já passou. Voldemort não existe mais.
As palavras de Hermione faziam sentido. Antes que entrassem na sala, Harry concordou com um aceno e não tocou mais no assunto durante o dia. Toda vez que eles falavam sobre isso – e não eram poucas as oportunidades – ele sentia uma enorme dor de cabeça em seguida.
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Ao contrário do que se pensava, Harry não estava sentindo pela suspensão do Campeonato de Quadribol desse ano. Sobrava mais tempo para que ele e Rony, os únicos jogadores setimanistas, estudassem para o N.I.E.M’s; idem para Anne Whiterst, que teria N.O.M.’s dali a um mês e meio. Mas desde já eles estavam sendo cobrados pelos professores.
- ... sendo, portanto, um feitiço de muita ajuda na defesa pessoal. – disse Tonks. – Para amanhã, dois metros sobre as propriedades usadas para a execução da reversão de ataques como o do Feitiço Irruptus, inclusive falando sobre como realizá-lo.
Todos anotaram tudo, quase chorando devido ao tamanho dos últimos deveres. Se isso não parecesse sadismo de sua parte, Tonks teria sorrido.
- Ótimo. – Rony reclamou – Seis metros de pergaminho em Defesa, oito em Transfiguração, cinco em Poções e ainda temos que fazer a Poção Insipidus.
- Isso sem contar com os deveres de História da Magia, sobre as revoltas do século XVI! – lembrou Harry.
Até Hermione parecia infeliz com a pilha de tarefas que precisavam fazer. O Salão Comunal ficava cheio até o início da madrugada, apinhado de setimanistas e quintanistas. Alguns deles estavam quase dormindo sobre seus livros e a agitação de outros alunos não estava ajudando no ‘processo de concentração’, como Rony dissera, tentando pendurar duas criaturinhas pelo colarinho, sendo impedido por Hermione.
- Hermione, falando sério, – disse Rony – eu acho melhor você não tentar fazer essa poção, sabe. A última vez que você tentou fazer uma, quase explodiu o caldeirão.
Harry olhou, rindo, para Hermione, que parecia irritada por Ter sido lembrada disso. Ele notou que por baixo da mesa ela havia chutado-o.
- Quase explodiu? – repetiu descrente.
Ela olhou carrancuda para ele.
- É, quase explodi. E é melhor você não querer maiores explicações ou eu realmente explodo a sua cabeça.
Harry levantou as mãos, voltando a estudar.
- Tudo bem, não precisa de violência.
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E mais um sonho esquisito tomara conta do sono de Harry. Ele esperava veementemente que houvesse uma maneira de pará-los, de modo que toda vez que Harry acordava, sentia-se mais cansado do que se estivesse desperto.
Desespero. Era essa a palavra que caracterizava aquele homem. Seus únicos amigos o deixaram, seu único amor partira, porém seu único inimigo morrera. Estava sozinho naquele grande castelo a ensinar crianças e jovens bruxos. Mas aquele lugar só lhe trazia recordações que ele queria esquecer. Ele olhava para seus alunos, e lembrava de quatro adolescentes inconscientes de seus poderes, numa época em que magia não era bem vista.
- Rowena... – chorou Godric, acariciando livros tão queridos por ela – Por que me deixaste?
Quase todos os dias ele sonhava com ela e isso o angustiava ainda mais.
- Ela não teve escolha, se queres saber. – disse uma voz atrás de Godric.
Godric virou-se imediatamente, vendo um garoto pálido entrar no local. Um garoto sonserino.
- Como conseguiste a senh...?
- Ars Amandi? – perguntou, com ironia no tom – Qualquer lesado saberia.
O garoto, que deveria Ter seus dezesseis anos mais ou menos, observou o cômodo impessoal de Rowena Ravenclaw. Possuía um brilho nostálgico no olhar, que pareceu estranho para Godric. Ele suspirou quando suas orbes encontraram uma tapeçaria onde os quatro Fundadores encontravam-se juntos.
- O que queres dizer com “ela não teve escolha”?
Ainda com os olhos pregados na gravura da parede, o jovem respondeu:
- Eu vim buscá-la.
Godric faz algum barulho de desdém.
- “Buscá-la”... Como assim?
O garoto pareceu cheio de fúria. Suas narinas se dilataram visivelmente e seu nariz estava enrugado. A voz assumira uma nota de raiva.
- Me mandaste para o inferno, mas eles não me quiseram. – uma breve pausa, uma breve olhada no local – Pendências a resolver. – exibiu um sorriso.
Godric preparou sua varinha, tentando passar despercebido. Ele levantou as sobrancelhas.
- E o que isso significa?
Todavia, Godric não sabia o que lhe esperava. Pensava que o jovem a sua frente estivesse apenas fazendo uma brincadeira de mau gosto. Mas não. No fundo, sabia que não e ele estava cego pela razão, não notando o quão perigosa aquela conversa seria.
Como o próprio Salazar, o menino tinha uma agilidade infindável.
- Significa...
Tudo aconteceu rápido.
Antes que pudesse fazer alguma coisa, Godric assistiu o garoto sacar a varinha. Um grito débil saiu de sua garganta quando um jato atingiu-lhe o peito. Estava morto antes mesmo de atingir o chão.
No aposento de Rowena tudo estava quieto. O garoto deu exatos sete passos na direção de Godric, apenas para checar seu pulso. Os dois dedos que pousaram na garganta dele nada sentiram. O menino sorriu para si, olhando em volta. De dentro da veste escolar tirou a espada do inimigo, que viera queimando em seu corpo. Mas suportara a dor somente por causa de seu plano...
A espada afundou, fazendo um barulhinho horrível e o assoalho logo tingiu-se de vermelho. O jovem pegou a mão de Gryffindor e pousou-a sobre o cabo. Retirou do quarto qualquer rastro seu. Pronto. Godric havia cometido um suicídio.
Harry acordou, muito suado e com sua cicatriz ardendo um pouco, como tantas outras vezes acontecera. “Porcaria!” pensou ele “Isso não pode ser o que eu estou pensando que é, pode?”. Afundou a cabeça ainda mais no travesseiro, calculando quando todo esse tormento acabaria. Fungou e voltou a dormir.
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Hogwarts parecia triste e desanimada para ela. Justo para ela, que sempre fora tão enérgica. Com a ida de Lupin, Tonks ficara novamente sozinha, alimentada apenas pela promessa dele que logo voltaria. Lupin não costumava mentir. Tonks estava voltando da sala dos professores e não estava surpreendida pelo fato de os corredores esarem silenciosos e desertos.
Porém, ao passar por uma sala que duvidava que fosse muito usada, ela viu uma sombra mexer-se lá dentro. A porta estava meramente entreaberta, mas dava para ver claramente que alguma coisa acontecia no interior da sala. Tonks aproximou-se, aprontando a varinha, caso precisasse usá-la. Sorriu para si, imaginando o que faria se fosse apenas um casal de adolescentes...
Olhou pela fresta da porta e viu, para seu espanto, Draco Malfoy agachado, apoiado em um de seus joelhos. A testa de Tonks enrugou-se enquanto ela o via levantar-se. Ele deu passos decididos na direção da parede, e Tonks teve que esticar-se um pouco mais para poder enxergar os outros três garotos que também estavam presentes. A expressão de todos era de medo e ela perguntou-se o que Draco teria feito para deixá-los com tanto temor. Quer dizer, era de conhecimento geral que Draco tinha muitos sonserinos como seus capangas, porém Tonks não sabia que ele tinha a capacidade de deixar os garotos tão amedrontados. Nymphadora afastou esses pensamentos da mente assim que Draco começou a falar, em sua voz mais estranha, arrastada e áspera.
- Ouçam com muita atenção, porque eu não vou repetir. – os olhos dele passaram pelos três garotos – Eu quero que todos vocês fiquem de olho neles, da forma mais discreta possível, entenderam? Nada de segui-los o tempo todo; apenas mantenham os escudeiros de Potter bem longe quando eu for atacá-lo.
Os garotos balançaram a cabeça freneticamente.
- Mas e quanto a Weasley? – perguntou um deles.
Draco fitou o garoto peculiarmente, com seu pior olhar.
- Eu ia falar disso agora mesmo, seu imbecil. Não há nenhum perigo aparente de que ela esteja por perto, porque ela cortou relações com Potter. Mas se por acaso ela estiver com ele... Bem, eu posso matá-la também, não posso? – ele falou, parecendo divagar consigo mesmo – E um último aviso aos três: – Draco olhou para os garotos, que tremeram e seguraram a respiração quase simultaneamente – se vocês falharem...
Da varinha de Draco saiu uma luz vermelha e o menino mais próximo foi atingido. Enquanto o jovem se contorcia de dor aos pés de Draco, este fez um gesto bastante auto-explicativo com o dedo indicador, passando-o pelo pescoço. Os outros dois, que pareciam que iam borrar as calças de medo, engoliram ao ver Draco desfazer o feitiço. Os olhos de Draco denotavam desgosto ao esperar o sonserino se recompor.
- Muito bem. Vamos.
Tonks imediatamente se escondeu atrás de uma grande armadura, que provavelmente encobriria sua pequena figura. Ela viu os quatro vultos saírem da sala, acompanhados de algo que rastejava e sibilava incessantemente – uma cobra que Tonks reconheceu como sendo Nagini. Mas não era possível! Tonks pestanejou fortemente, mas quando focou sua visão outra vez, a cobra havia sumido e os quatro alunos idem. Ela ficou um instante na dúvida se aquilo que vira fora realmente verdade. Hesitou ao ir atrás de alguém para relatar o que acabara de ver. Por coincidência ou não, o primeiro com quem cruzou foi Snape.
- Impossível. – declarou ele amargamente, depois que Tonks relatou tudo o que presenciara. Ao ouvir o que ela própria dizia, Tonks duvidou que Snape fosse acreditar nela, assim como ela mesma desacreditaria e tripudiaria de tal estória. Sendo Snape sete vezes mais chato, era perfeitamente aceitável que ele estivesse agindo dessa forma. – O garoto Malfoy não é ligado às Trevas, eu posso garantir.
- Mas Severo...
Ele a interrompeu, como se Tonks fosse uma pequena menina insistente que não via como dois mais dois eram quatro.
- Você acha que se essa possibilidade fosse remotamente verdadeira, Potter iria impedir de levarem Malfoy à Unidade de Menores Infratores?
Derrotada, Tonks ficou em silêncio e Snape aproveitou-se da distração dela para deixá-la sozinha. Olhando a silhueta de Snape desaparecer na escuridão, Tonks pensou que não iria dar-se por vencida com tanta facilidade. O seu instinto de Auror – ela decidira que possuía isso recentemente – dizia que tinha algo errado nessa história e ela ia descobrir o que era.
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Cho estava sendo levada para o lugar que era usado pelos membros da Ordem da Fênix para reuniões. Havia quartos suficientes para instalá-la. É claro que o lugar ficava quase deserto porque a maior parte deles trabalhava fora, mas Cho não se importava em ficar sozinha. Principalmente porque sabia que o local era protegido de várias formas e, estando numa sede de uma sociedade que Dumbledore participava, não havia o que ela temer.
“Como isso foi acontecer?” pensou “Ser enganada por um falsário que usava Poção Polissuco para entrar no meu quarto... Que idiota que eu sou...”
- Você vai ficar ali. – apontou Lupin, indo para o final de um corredor mal-iluminado. – Eu preciso lhe dizer que você não poderá ir lá para baixo enquanto as reuniões estiverem acontecendo. E se por um acaso você ouvir algo, algo que não deva ouvir, saiba que fizemos o Feitiço da Língua-Presa e você não conseguirá contar nada a ninguém, mesmo que queira muito. A não ser em casos extremos. – ele suspirou, cansado – Bom, boa noite. – e foi embora.
Cho abriu a porta e guiou as malas até um canto. Entrou no quarto e foi diretamente para a cama, tentar dormir imediatamente para esquecer o que tinha passado.
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N/A: Ai, ai. Essa fic me dá muito trabalho! Não estou reclamando, muito pelo contrário. Aliás, eu tenho muito a agradecer a essa fanfic, porque além de me fazer conhecer novas pessoas, ela está me fazendo crescer interiormente (ohhh!). Sério. Eu estou aberta a qualquer opinião, principalmente às críticas – construtivas, não destrutivas – e objeções. Vou logo avisando que ainda teremos três capítulos pela frente, então... (Isso é bom ou ruim? Hehehehe.) Divirtam-se! Muitos hiper agradecimentos a todos que estão conversando comigo, me dizendo se eu estou ou não errando na mão. Estava comentando dia desses com a Fe que essa é uma das fics que eu “menos gosto”. Não que eu escreva “A Batalha Final” com desgosto ou coisa parecida; longe de mim. É mais ou menos assim: eu escrevo e posto... mas depois eu meio que me arrependo do que escrevi, achando que ficou uma grande porcaria. As coments de vocês, no entanto, me animam e me impelem a escrever mais e melhor. É por isso que eu me sinto tão bem quando vejo que vocês gostaram e é por isso que eu preciso da opinião de vocês (Quantas vezes eu já disse isso? Eu ando meio repetitiva...).
N/A 2 – Bjus e Bjus para: Fe, Lele, Raíssa, Vitor, Paulinha Potter, Mariane, Dobby e para todos que estão lendo! Prometo tentar não demorar
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