Cruch





“Se você está morrendo, todo mundo passa a te amar”

Tudo bem, eu acabei de ter um sonho bastante estranho! Eu dormia sossegada no sofá ao lado de Sirius, apenas ao lado, não pensem besteiras! E de repente uma garota loira, que me lembra a ex namorada do James, chegou ao meu lado tentando falar soluçando e chorando algo como: Você não sabe como é difícil superar o que ele fez. Me abandonar! Eu o amava tanto, tanto, tanto! Agora você vai sofrer o mesmo que eu e blá blá blá. Como dizem que os sonhos são reflexos dos seus pensamentos do dia a dia, será que isso realmente aconteceu? Acho que não. Okay, melhor eu dar uma sondada aqui em casa, só para me certificar! Abri a porta do meu quarto, nossa ainda são cinco horas da manhã! Bom, é melhor dar uma checada no quarto do Sirius. Dormindo, como era de se esperar. Nossa me deu uma fome agora, melhor ir até a geladeira, só para olhar claro.


- Nem tinha pensado que você ia acordar tão cedo.


Virei-me assustada, mas era apenas James. Corei um pouco me lembrando do sonho, é... uma parte de mim queria que fosse verdade.


- Pois é, mas você acordou antes de mim, muito antes.


Ele sorriu de lado enquanto se sentava à mesa da cozinha, enquanto isso eu preparava meu café da manhã.


- Na verdade eu acabei de acordar.


Eu peguei meu sanduíche e me sentei ao lado dele, dava para ver que ele tinha mesmo acabado de acordar, ainda estava com a calça de dormir e o cabelo não parecia ter visto um pente.


- Poxa Lily, você poderia fazer um desses para mim.


Eu sorri de lado, aquele aproveitador.


- Nada disso, não sou empregada e se você quiser, contrate uma.


Mas mesmo assim eu dividi metade do meu sanduíche com ele, afinal, eu sou uma pessoa generosa, não sou tão egoísta assim!


- Quer saber? Vai ter um encontro de alunos na casa do meu professor, ele é meio louco mesmo e tem no máximo 25 anos, eu acho que você devia ir comigo.


Hum, isso é bom, um avanço constante na arte do amor, pelo menos para mim.


- Isso é um convite? Ou você apenas não quer aparecer lá sozinho?


Voltei a comer meu sanduíche e James me olhou fingindo decepção.


- Nossa Lils, pensei que você esperasse o melhor de mim.


- Existe um melhor? - Falei com sarcasmo, mas para James isso passou despercebido.


- Sabe, o Sirius vai também, se você não quiser ir comigo pode ir com ele.


Saí da cadeira para deixar o prato sujo no balcão, mas James continuou onde estava.


- Isso me leva a crer que você quer muito minha presença lá.


Ele fechou e abriu os olhos antes de responder, mas sem sorrir.


- Isso não lhe leva a crer nada, só estou sendo educado.


Lavei a louça e voltei ao lado dele, James parecia confuso.


- Não estou entendendo, você nunca é educado, o que te levou a ser agora?


Será que ele estava apaixonado? E claro que essa mulher não seria de ser eu. Isso realmente não é bom.


- Eu sempre fui, você que nunca notou. Bom, vou me trocar.


Ele veio até e mim e me deu um beijo na bochecha, sorri e fui preparar um suco.


***


- Sirius!


Realmente meu amigo não estava em seus melhores dias, tentei empurrá-lo da cama, mas nada adiantou. Claro, uma garota baixinha e ruiva nunca conseguiria contra um cara como o Sirius.


- Lily, deixa, ele não quer ir mesmo.


James falou, ele não fazia nada, nem para me ajudar ele ajudava.


- Sirius não pode ser um irresponsável para sempre! Vamos, me ajude.


James foi mais prático, pegou um copo de água no banheiro e jogou na cara de Sirius. O resultado: ele acordou berrando.


- Cala boca Sirius, você sabe que está errado.


Ele pegou uma toalha e se enfiou no banheiro, ainda aborrecido.


- É melhor a gente esperar para ver se ele vai mesmo.


Eu falei me sentando na cama e James se sentou ao meu lado.


- Lily, ele não é uma criança.


- Mas é quase. Pelo menos para mim...


Ele riu e eu acompanhei desnorteada, quase ia me esquecendo do que Marlene havia me pedido. Levantei-me alarmada da cama.


- Bom, você espera ele, eu tenho alguns assuntos para resolver.


Saí, deixando um James confuso para trás, depois eu explicava,mas agora eu tenho que achar Remus para ir comigo até Rodolfo, sou medrosa fazer o quê?


Quando já estava dentro do carro liguei para a pessoa que eu mais queria falar no momento.


- Remus? Sou eu, Lily.


- Hã? Ah, oi Lils. Eu acho que não posso falar agora.


- Eu preciso da sua ajuda, é sério. Marlene me pediu uma coisa e eu não sei como resolver.


- Certo, fala.


- Bom, ela me pediu para entregar uma coisa para Rodolfo, uma caixa, não sei o que exatamente tem dentro, espera, eu vou olhar.


- Não, Lils, é a privacidade da Lene. Você não pode sair por aí abrindo coisas que não são suas sem a autorização do dono!


- Er... certo, o que eu faço então?


- Me espere no estacionamento depois da aula, aí a gente resolve isso.


- Só para me certificar, por que você não podia atender?


- Hum, depois eu explico.


- Não vou esquecer! Beijos!


Desliguei o telefone e liguei para quem menos eu queria falar.


- Ah, Lilian, pelo visto Marlene não mentiu.


- Bom, ela confia em mim.


- Ainda acho que ela deveria rever essa escolha.


- O que você quer dizer...


- Vamos aos negócios, Lilian.


- Bem, tenho uma caixa para te entregar, mas nem morta eu vou nesse cassino.


- Me encontre no Le Hotel, ao meio dia, então.


- Ah, aquela boate no centro?


- Ela mesma e, por favor, seja pontual.


- Vou tentar.


Desliguei o telefone na cara dele, ai como isso é bom! Mas mesmo assim eu ainda tenho três dúvidas mortais. Por que Marlene não entrega, ela mesma, a caixa? O que haveria de ter naquela caixa, afinal? E, claro, James realmente está apaixonado por outra garota? Eu vou descobrir e me matar e tal? Tá bom, isso aqui tá mais parecendo comercial de filme da seção da tarde.


Entrei no carro e me apressei até a faculdade, se minha vida fosse um filme de terror essa parte seria: "De volta ao Inferno". 'Tá, isso não teve graça nenhuma!


Mas voltando ao meu estado agora, liguei o carro e parti com tudo para a faculdade, mas inesperadamente meu celular tocou. Li "mãe" no visor e atendi apesar de estar dirigindo. Minha nossa o que vão pensar de mim?


- Filhinha, Sirius me ligou hoje de manhã.


- O que aquele peste queria, afinal?


- Bom, ele me disse alguma coisa sobre você e o James. É verdade?


- Mãezinha, por favor, nunca acredite nas besteiras que Sirius conta e, não, não é verdade.


- Ótimo, seu pai quase teve um ataque do coração aqui, você sabe o que ele pensa sobre o James, né? E eu também prefiro o Sirius.


- Mãe! Não seja ingênua, Sirius não é um anjo, faça-me o favor!


- Certo, só queria me certificar...


Virei em uma curva e quase bati meu carro, para piorar meu celular caiu com tudo no chão do carro, suspirei e o desliguei. Alguém gritava por trás, mas não dei valor. Peguei meu celular e me certifiquei que ele ainda estava vivo, afinal, essa porcaria eletrônica custou caro!


Estacionei na faculdade e subi as escadas correndo até minha sala, eu sabia que estava um lixo, ajeitei minha roupa amassada, prendi meu cabelo em um coque, respirei e entrei na sala.


- Como vocês sabem o comitê de veteranos todo ano prepara temas de trabalhos para os alunos facultativos, eles vão de temas universais a temas escolares...


Um loiro lindo falava sentado na mesa de escrivaninha da sala, mas parou de falar quando eu irrompi pela porta como um borrão ruivo. Ele era bastante novo, deveria ser do comitê dos veteranos, claro. Pegou um papel, olhou e depois se virou para mim suspirando.


- Você deve ser a Evans, faltou metade das aulas até agora e não deve saber quem eu sou, meu nome é Oliver Blue, senhorita Evans.


Tentei sorrir, o que no máximo deve ter saído um sorriso amarelo, mas tudo bem. "Lily, querida, não tenha medo do ridículo", era voz de Marlene na minha mente.


- Eu tenho uma explicação para isso tudo... professor.


Ele sorriu de lado, colocando o papel de lado e dizendo.


- Não se preocupe, apenas assista a aula... Continuando, vou dividir a turma em pares e dar os temas hoje mesmo, por favor, silêncio classe.


Acomodei-me na cadeira e coloquei minhas coisas no chão quando quase gritei de susto por Alice ter tocado meu braço com a mão gelada dela.


- Tenho certeza que o professor não vai nos deixar juntas, o que é uma pena, mas de qualquer jeito eu vou tentar persuadir ele.


Eu soltei o ar, ainda estava abalada pelo susto.


- Não adianta, eu senti que esse professor vai me odiar.


Ela sorriu, lá vem o sarcasmo!


- Lily, flor, todos os professores te odeiam, nunca notou?


Alice e suas ótimas maneiras de elevar a auto-estima das pessoas, coitado do Frank. Voltei minha atenção para o que Oliver falava dos pares, todos foram formados e apenas o meu não.


Fui até o professor revoltada.


- Oliver, penso eu que a turma é impar porque, sabe, faltou meu nome.


Ele sorriu de lado novamente, debochado.


- Não, senhorita Evans, a turma não é impar. Você apenas não vai fazer esse trabalho com nenhum aluno.


Pisquei os olhos algumas vezes, ele é louco? Porque todos podem ter duplas e eu tenho que ficar sozinha?


- Não vou?


- Não, você vai fazer comigo.


Louco! Claro, parece me odiar e depois me faz fazer o trabalho com ele? Nunca na minha vida eu vi uma aluna fazer trabalho com o professor.


-Vamos lá, escolhi um ótimo tema para nosso trabalho! Que tal falar sobre vampiros, hum?


Levantei uma sobrancelha em caso de reprovação, para que falar de vampiros em uma aula de arquitetura?


- Você só pode ser louco, nunca ouviu falar que alunos fazem trabalho com professores, não?


Ele colocou a mão no queixo como se estivesse pensando e depois de alguns segundos respondeu.


- Não. Bom, nos vemos amanhã!


Bufei e voltei para minha cadeira, que má sorte eu tenho, pelo menos que eu tirei algum proveito disso. O resto das aulas passou normalmente, quando saí da sala fui direto para o estacionamento encontrar Remus, ele estava encostado em seu carro girando a chave na mão despreocupado.


- Hum, você não parece estar de bom humor hoje.


Entrei no banco do carro e só respondi quando estávamos acomodados lá dentro.


- Impressão sua.


Ele me olhou desconfiado, mas ligou o carro.


- Para onde nós vamos exatamente?


Suspirei, mas que tensão, até parece que eu vou me encontrar com um traficante de drogas, tá, Rodolfo está mais para o chefe da máfia.


- Vamos para o Le Hotel e não pense que eu esqueci por que eu não esqueci, por que você disse que não podia me atender?


Ele engoliu em seco, mas respondeu.


- Bom, eu estava com alguém.


- Ah, você quer dizer "eu dormi com alguém"?


Ele me olhou em choque, mas assentiu.


- Posso saber o nome da felizarda? Só não me diga que era "ele"?


Ele riu, apesar de parecer nervoso, ai que fofo meu amigo com vergonha!


- Eu passei a noite com a Fernanda, pronto falei!


Fernanda? Que Fernanda? Ah, a Fernanda! Bati palma entusiasmada.


- Ai que fofo, meu amigo dormiu com uma amiga minha! Vocês estão namorando?


Ele suspirou e parou o carro, já estávamos na frente do Le Hotel.


- Não sei, pronta para encontrar o diabo?


Eu até poderia disser que sim, mas para que mentir em uma hora dessas?


- Anjos nunca se acostumam a encontrar demônios.


Ele riu, certamente da minha ironia de eu ser um anjo, mas eu sou! Só falta as assas e um milhão de coisas. Entramos na boate que certamente ainda estava fechada, mas pelo visto fechada não estava no dicionário de Rodolfo, um segurança apareceu quando eu abri a porta.


- Nome, por favor?


- Lily Evans.


Ele me olhou dos pés a cabeça e depois olhou para Remus.


- Senhor Rodolfo não falou de nenhum acompanhante para a senhorita.


Olhei para o cara desconfiada.


- Ah, vamos lá, você acha que eu confiaria em entrar sozinha em uma boate cheia de homens?


Ele olhou novamente para Remus, será que esse cara é gay e não quer deixar meu amigo entrar para poder dar uns amassos nele? Cara, minha imaginação 'tá demais hoje.


- Ele é homem também.


- Vamos fazer um acordo, ele entra comigo e eu te pago uns cem dólares na saída, ok?


Ele sorriu, um sorriso debochado, claro. Isso não é um bom sinal.


-Senhorita, eu não sou comprado, mas vá, pode entrar.


Puxei Remus comigo para dentro da boate, vendo de longe, qualquer um diria que ele é meu amigo gay. Eu queria ter um amigo gay!


- Estranho, as pessoas hoje em dia nem aceitam mais suborno.


Subi as escadas e bati na porta do que parecia ser um escritório, a porta abriu e o cheiro de cigarro se apoderou de mim, tive uma crise de tosse. Quando finalmente fiquei melhor, se podia chamar aquilo de melhor, eu entrei na sala.


- Ah, Lilian, eu estava certo em não confiar em você.


Abri a minha bolsa e joguei a caixa em cima da mesa dele, droga, tinha me esquecido de verificar o que tinha dentro.


- Posso ir embora agora?


- Não que tomar uma bebida, Lilian?


Ele enchia dois copos de uísque, minha boca pedia pela bebida, cara, falando assim eu até pareço uma viciada. Eu não sou!


- Você não espera que eu dê uma de dançarina pornô, não é?


Ele riu e tomou um gole da bebida.


- Vamos, Lily. - Disse Remus atrás de mim e eu segurei o braço dele.


- Bom, já fiz o que Marlene pediu e eu posso beber em qualquer outro lugar, com uma companhia mais agradável, claro.


Puxei Remus para fora dali, entrei no carro e vi que o segurança estranho da boate ainda nos olhava.


- Esse cheiro de cigarro não fez mal a sua asma?


Eu assenti, minha garganta coçava e meu nariz também.


- Fez, mas eu só volto para um hospital em caso de vida ou morte.


Ele ligou o carro e logo estávamos em frente ao meu apartamento.


- 'Brigada, Rem, não sei o que seria de mim se eu entrasse ali sozinha!


Ele sorriu, dei um beijo estalado em sua bochecha e saí do carro.


- Não foi nada, Lily.


Eu sorri de lado e para terminar falei debochada.


- É melhor você ir, sua namorada está esperando no seu quarto!


Entrei no prédio rapidamente e quando cheguei em casa me troquei e caí direto na cama. Precisava dormir.

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