All I could do was cry





"É uma verdade básica da condição humana que todo mundo mente. A única variável é sobre o quê."


Como eu já disse essa história de ser charmosa, sedutora e irresistível é o que me enche a cabeça faz dois dias, e tudo isso, claro, é culpa do Sirius. Minha vida estava em perfeita paz até meus pais decidirem morar no Brasil e me deixarem aqui sozinha, bem não exatamente sozinha...


Meus pais são um pouco excêntricos, para não dizer malucos. Eles são tão ricos que não trabalham e vivem viajando, só que agora decidiram de vez ir para o Brasil. Só há um pequeno probleminha... Adivinhem com quem eu vou morar? É isso mesmo! Eu vou morar em um apartamento em Nova Iorque com James e Sirius!!


Onde eu estava com a cabeça quando fui na onda daqueles dois? Pior ainda é quando se vai entrar na faculdade e suas amigas te deixam naquele antro de perdição, vulgo minha casa. Tudo isto para ser arquiteta!


- Lily, você devia usar roupas mais decentes - Marlene, claro! Aquela cruz que adora atormentar minha vida. Não vê que eu preciso de paz?


Marlene tinha um estilo "Beyoncé” e Alice, minha outra amiga, era praticamente uma “Blair Waldorf”, já eu estava mais para “Amy Winehouse”.


- Elas estão perfeitas! - eu olhei para minha roupa, estava vestindo uma calça jeans velha, All Star e uma blusa de James xadrez. Qual era o problema? Eu gosto de me vestir assim!


- Algum dia desses, eu te apresento o shopping.


Eu saí pela porta da casa dos meus pais e abri a mala do meu Porsche amarelo. Estava levando as últimas coisas para o apartamento.


- Os meninos não vão te ajudar?


Eu dei de ombros e coloquei duas caixas grandes na mala.


- Eles são imprestáveis.


Eu ainda me pergunto se estava sóbria quando decidi morar com eles.


- Então nos vemos hoje à noite. Eu vou para casa, preciso dormir.


Marlene era uma cara de pau que morava na casa dos pais e eu era uma louca por me tornar amiga dela. Nós éramos tão diferentes, quer dizer, para ela eu era a “diferente”.


- Leve comida, aquelas coisas não sabem cozinhar - eu falei antes dela entrar na sua Ferrari F430 Spider e assentir.


Dirigi até o apartamento escutando The Fame da Lady Gaga, e percebi que meu ânimo havia melhorado consideravelmente.


Chegando lá, peguei as caixas do carro e levei-as até o apartamento numero 74 do sétimo andar, abri a porta e me deparei com um cara praticamente nu.


- Lils!


Esse cara praticamente nu me deu um abraço.


- Por favor, Sirius, vista alguma coisa – depois disto ele, com um sorriso cínico, me soltou.


- É, eu sei que sou irresistível.


Eu bufei entrando no meu novo quarto. Era todo branco, e vi que precisava dar um “up” nele. Joguei as caixas em cima da cama, procurando ao abri-las tinta roxa e laranja. Comecei a transformação jogando-as na parede, uma bela artista eu sou!


- O que é isso? - perguntou Sirius entrando no quarto espantado.


- Você devia bater na porta antes de entrar! É mais educado.


Eu retomei a minha arte ao vê-lo sentar-se no banquinho, educação não é um traço forte do Six.


- Lily, Lily, Lily...


É meu nome é lindo, eu sei disso.


- Quando é que você vai aprender que não é uma artista e parar de fazer essas maluquices? Olha só para a parede!


Olhei para o lugar apontado. A meu ver ela estava perfeita! Roxo e laranja brilhavam na parede dando vida ao quarto.


- Você deveria fazer isso no seu quarto também. Se você quiser...


- Não Lily! Eu não quero suas obras de arte no meu quarto, sem ofensas.


Eu sorri e entrei no banheiro, felizmente meu quarto era uma suíte. Fui lavar minhas mãos e vi, pelo espelho, Sirius encostado na porta do banheiro.


- E o outro desocupado? - perguntei me referindo a James. Fazia uma semana que eu não o via, acho que desde minha decisão de morar com eles.


- Saiu, não sei para onde.


Eu suspirei e voltei a arrumar meu quarto.


- Eu estava com a Lene hoje.


Eu adorava provocar o Sirius, ele sempre teve uma queda pela minha amiga e era uma pena ela viver dando coices nele.


- E?


- E... Ela não falou de você!


Eu comecei a rir de sua cara e saí do quarto para pegar o elevador.


- Você gosta de destruir meu ego.


Obviamente não dei atenção a ele e continuei meu caminho. Chegando ao térreo, James vinha chegando com seu Mazda rx8 vermelho. Eu já falei da minha queda por carros? Ainda mais aqueles que correm muito, sabe?


James estacionou seu carro e acenou para mim.


- Você devia me deixar dirigir um pouquinho seu carro – disse manhosa.


Ele riu e me deu um beijo no rosto.


- Você é um perigo no volante Lils, ainda não sei como seus pais te deixam dirigir.


Eu sei que nunca fui uma motorista correta, até os caras me chamavam de barbeira, mas fazer o que se carros foram feitos para correr?


- Pois é, três batidas não são números muito bons.


Ele fechou o carro e me ajudou a tirar as últimas caixas da mala.


- Está bem acomodada?


Pegamos o elevador de serviço, James levando as duas últimas caixas para mim.


- Mais ou menos, Jay. Ah! A Lene, a Lice e o Remo vêm jantar hoje aqui.


Ele riu e saímos do elevador.


- E como eu não soube disso? – James perguntou enquanto eu abria a porta do apartamento.


Meu filho, se você desapareceu para ir a um motel com qualquer uma de suas namoradinhas o problema não é meu! Eu iria dizer isso, mas hoje, não sei por que, sou uma pessoa mais educada.


- Você saiu, mas eu já falei com o Sirius e ele concordou.


Assentindo ele colocou as duas caixas em cima da minha cama, pra logo depois fazer uma cara estranha. Então percebi que ele estava olhando para a minha linda parede.


- Er... O que exatamente você quer mostrar nessa pintura?


James nunca entendeu de arte apesar de sempre me fazer companhia nas exposições. É... Eu sou uma garota estranha, gosto de adrenalina e de arte.


- Arte abstrata, Jay! Como você não reconhece?!


Ele virou a cabeça de lado para olhar a parede e fazendo uma careta concordou.


- Vamos comer - quando ele saiu do meu quarto, eu peguei minhas chaves e fui até a cozinha.


- Eu vou sair. Vou para a faculdade resolver algumas coisas e almoço por lá mesmo.


Sirius levantou a sobrancelha enquanto James dava de ombros e voltava a colocar comida em seu prato.


- Medo de comer minha comida? – só podia ser o Sirius mesmo. Dei uma piscada para ele, dando dois beijinhos na bochecha de cada um.


- Não. E, aliás, você fica lindo nesse avental Pink – completei, achando muito engraçado o avental rosa que ele usava, era totalmente não-Sirius.


- ‘Brigado.


Dirigi até a faculdade que estava praticamente vazia, afinal a maioria das pessoas faltava no primeiro dia de aula.


Alice ia fazer arquitetura comigo, Marlene psicologia com Remo e Sirius e James iam fazer administração.


Entrei na faculdade e peguei o elevador para o quinto andar. Hogwarts era um prédio de quinze andares coberto de janelas de vidro, mais parecia um castelo. Andei até a diretoria e peguei uma senha ao lado da porta, havia três pessoas na minha frente.


Depois de uns vinte minutos esperando, uma garota de cabelos castanhos claros e com mexas Pink levantou-se com raiva. Ela tinha um lindo estilo “Pin up”, era praticamente uma “Katy Perry”.


- Fala sério! Eu estou aqui há trinta minutos e esse cara ainda não saiu daí! Eu tenho hora, minha querida.


Ela tinha a voz meiga, mas expressava raiva.


- A senhorita pode se acalmar? O problema com o senhor aqui já está terminando.


Ela voltou a sentar, apesar de ainda parecer estar com raiva. Discretamente, comecei a reparar em sua aparência. Ela era linda, tinha a pele bem branquinha contrastando com seu cabelo de uma maneira estilosa, usava um vestido tomara que caia branco com flores rosa, meia arrastão roxa, bota cano longo preta e um casaco aberto. Me senti um lixo com minhas roupas.


- Ei! Sem parecer indelicada, mas já sendo, você é de que curso? – ela virou-se para mim, tirando-me dos meus devaneios sobre aceitar a oferta de Marlene e ir urgentemente ao shopping.


- Eu faço arquitetura. Você deve fazer moda, não é?


Ela sorriu pela primeira vez e virou totalmente sua cadeira para ficar de frente para mim.


- Não, eu gosto de me vestir bem, mas vestir os outros não é muito minha praia. Imagina fazer roupas e saber que os outros é que vão usar?! Não mesmo. Faço arquitetura também, sou caloura.


Eu sorri. Seria legal se ela fosse da minha turma, poderíamos até mesmo virar amigas! Eu, a ruiva nem um pouco simpática, e a garota “Pin up” que eu não sabia o nome.


- Ei garota, pode vir.


Ela me deu tchauzinho e foi falar com a recepcionista. Depois de uns cinco minutos ela saiu e eu ainda não sabia seu nome. Como não sou nada curiosa, fui até a recepcionista perguntar.


- Por favor, qual é o nome daquela garota?


- Fernanda Capelline - levantando a sobrancelha bem feita, ela me respondeu de uma maneira um tanto quanto desdenhosa.


- Certo, meu nome é Lily Evans da turma de arquitetura. Você poderia me colocar na turma de Alice Truscott?


Ela assentiu e começou a digitar no computador. Sabe de uma coisa? Não gostei desta recepcionista. Ela tem uma cara de chata! Nova e chata.


- Muito bem querida, você está na mesma turma que Alice Truscott e Fernanda Capelline.


Eu assenti com meu falso ar superior, não me esquecendo de dizer um singelo obrigada. Fui para o meu porsche, nada simples, afinal eu preferia falar “porsche” a carro, mostrava que eu tinha um carro muito perfeito. Não que eu gostasse de me gabar! Certo... Só com carros.


Saindo do elevador, já no meu andar, comecei a reparar na beleza da casa. Ela tinha quatro quartos, o meu, do Sirius, do James e o de hóspedes. O apartamento era bem grande, disto não podíamos reclamar, e ia ficar perfeito com a nossa arrumação. Chegando à porta, um cheiro invadiu meu nariz e dei de cara com uma fumaça cinza invadindo o corredor. Meu Deus! O apartamento estava pegando fogo?!


- O que está queimando? - perguntei desesperadamente empurrando a porta, e por fim, não obtive resposta.

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