Life & Death B/L
.:: Life & Death ::.
por kaate black
“Para todas que perderam alguém especial e precisaram crescer por obrigação, mas não se arrependeram disso”
Ela se sentou no balanço de corda e madeira do carvalho em seu jardim. Dali apenas se via o grande vale bem florestado e o rio que descia a montanha. Seu rosto estava sério e sua respiração pesava. Não era nem de longe a mesma de antes apesar do rodado vestido branco de babados de seda e alcinhas. Ela tentava assimilar o que havia acontecido, porque tudo ainda não parecia real. Não era qualquer pessoa, não era qualquer ocasião, não era qualquer dia. Era o pior dia do resto da sua vida.
Flashback
Estava em sua cama, já com sua camisola azul-clara. Ouvia música clássica no seu rádio trouxa e sorria sendo embalada pela música. Não imaginava como os pais nunca gostaram de músicas assim, a casa vivia banhada pelo rock pesado d’As Esquisitonas. Apesar do som, ela ouviu passos desesperados pelo corredor e um baque surdo na sua porta, pegou sua varinha e correu para abri-la e encontrou seu pai com a mão na garganta tentando respirar, gritar, lhe pedir ajuda de algum modo.
- Oh Merlin, pai o que houve?! – perguntou ela completamente apavorada.
Ele sacudiu o frasco de comprimidos na mão como se dissesse a causa do problema, então Luna o segurou e aparatou no saguão do St. Mungus já aos prantos pelo estado desesperado do pai.
- ME AJUDEM! MEU PAI NÃO CONSEGUE RESPIRAR!
Depois de horas ali, o médico que atendeu seu pai apareceu e pegou suas mãos lhe lançando um olhar carregado de pena. Ela conhecia aquele olhar. Ela o recebia sempre que dizia que sua mãe havia morrido quando ainda era criança. Ela sabia o que significava e apenas fechou sua expressão. Não era séria, nem brava, nem triste. Era apenas vazia. Sem nenhum traço da criança que brilhava nela há horas atrás.
- Srta. Lovegood?
- Sim.
- Eu sinto muito em lhe dizer que o Sr. Xenófilus faleceu. Ele foi envenenado. Os comprimidos eram um tipo raríssimo de veneno. Ainda não existe o antídoto.
- Entendo. Ele deverá ser retirado até qual data?
- Até amanhã a noite.
- Certo. Vou me retirar. Preciso organizar o velório.
- Não prefere que eu avise sua avó?
- NÃO! Eu cuido disso. – disse ela seriamente.
Ela aparatou de volta a sua casa deixando o médico e as enfermeiras pasmos com sua atitude. Luna Lovegood sempre foi apegadíssima ao pai após a morte da mãe, mas foi completamente fria ao assunto e ao menos derramou uma lágrima. Pelo visto, ela havia crescido.
Fim do Flashback
Ouviu passos pelo jardim, vindos da propriedade vizinha, mas não se mexeu. Os passos se aproximaram e cessaram. Logo um garoto moreno de olhos azuis parou encostado na cerca que os separava do vale. Era ele. Ainda vestido com o terno negro de horas atrás.
- Fazendo o que?
- Pensando.
- Em que?
- Na morte e nos deuses.
- Não pensa nisso. Só vai ficar mais triste.
- Porque levaram todos os que se preocupavam comigo? Se esses deuses são tão bons, salvadores e misericordiosos, porque os levaram? Eles nunca fizeram algo de mal a ninguém.
- Não sei. Vai ver eles já cumpriram o que tinham que fazer aqui. E eu me preocupo com você, Luna.
- Ah é? – respondeu ela com um sarcasmo que antes não lhe pertencia. – Não minta, Zabini. Você só se preocupa consigo mesmo.
- Claro que me preocupo com você!
- E desde quando?
- Desde a primeira vez que te vi, Anjo. Nesse mesmo lugar, há 10 anos.
Ela corou furiosamente. Lembrava-se muito bem de como se conheceram. Sua mãe estava viva e a pequena família Zabini havia se mudado para a propriedade ao lado.
Flashback
Ela balançava despreocupada no balanço que seu pai havia feito no carvalho. Flores trepadeiras serpeavam a corda e a madeira tinha flores entalhadas por toda a volta. Usava um vestido branco todo largo e bufante com manguinhas de seda. O cabelo loiro-claríssimo com cachinhos nas pontas lhe dava um aspecto angelical.
Ouviu seus pais conversando com quem acabara de se mudar e resolveu passar o dia fora de casa. Balançando, ouvindo a música da natureza e dançando. Logo ouviu mais vozes dentro de sua mansão e passos em sua direção. Estava bem preparada para receber uma bronca da mãe por não estar dando as boas-vindas, mas ouviu a voz de um menino, bem animada e gentil.
- Olá.
- Oi.
- Quem é você?
- Luna Lovegood. E você?
- Blaise Zabini. Virei seu vizinho.
- Ah.
- Hey, você é uma menina mesmo?
- Claro que sou. – respondeu indignada, ela não parecia uma menina?! - Porque?
- Você parece um anjo, não uma menina.
- E você é muito bonito. Tem olhos de céu.
- Como assim, Anjo?
- Seus olhos têm a cor do céu. Azul beeeeeeem clarinho. Igualzinho ao do céu.
- Obrigado. Sempre gostei do céu.
- Eu também.
- E agora eu gosto de anjos. – disse ele galanteador.
- Eu também. – respondeu ela rindo. – Gosta de sorvete de morango, Bini? Posso te chamar de Bini, né?
- Pode sim. – sorriu ele. – E eu ADORO sorvete de morango!
- Então vamos. – disse ela pegando-o pela mão e o puxando para a mansão Lovegood. – Minha mãe sempre guarda um potão de sorvete de morango na geladeira.
Fim do Flashback
- Como você está?
- Perdida.
- Entendo. Eu fiquei assim quando minha mãe faleceu e meu pai vivia bêbado.
- Eu devo ser uma pessoa tão ruim, mas tão ruim que eu devo ir para o inferno com o Voldemort.
- Não diga isso, Luna!
- Então me diz outro motivo para os meus pais terem morrido e me abandonado aqui.
- Talvez eles já tivessem cumprido suas missões por aqui. Meu pai sempre me disse isso.
- Eles não poderiam me deixar aqui.
- Lu, pensa que eles estão juntos.
- Eu preciso do Sr. Xenófilus e da Sra. Danika Lovegood aqui, comigo.
- Eu sei, Lu, mas você tem que se acostumar. Eu sei que é triste, mas tenta.
- Eu não tenho mais nada, Bini. Nem o que eu mais quero.
- E o que é? Posso te ajudar a encontrar.
- Amor.
- Se você permitir, posso encontrá-lo com você.
- Não... – respondeu ela sorrindo fraquinho para o moreno confuso. – Quero encontrá-lo em você.
[Anos depois...]
Ela se sentou no balanço de corda e madeira do carvalho em seu jardim. Dali apenas se via o grande vale bem florestado e o rio que descia a montanha. Seu rosto estava sereno e sua respiração leve. Não era nem de longe a mesma de antes apesar do rodado vestido branco de babados de seda e alcinhas.
Ouviu passos pelo jardim, vindos da propriedade vizinha, mas não se mexeu. Os passos se aproximaram e cessaram. Logo um homem moreno de olhos azuis parou encostado na cerca que os separava do vale. Era ele. Ainda vestido com o terno azul-escuro que usava para trabalhar.
- Fazendo o que?
- Pensando.
- Em que?
- Na vida. E nos deuses.
- Interessante.
- Apesar deles terem levado nossos pais, eles nos trouxeram a Annie.
- Sim.
- A vida é um ciclo que pode acabar de forma natural ou não. O destino que escolhe.
- Pense no lado positivo. Se sua mão não tivesse falecido, seu pai teria se mudado, se minha mãe não tivesse falecido, meu pai não teria se mudado, e se seu pai não tivesse falecido, nós nunca teríamos ficado juntos.
- É... todo fim é um começo.
- Pena que o fim dos nossos pais tenha resultado no nosso começo e no da Annie.
- É, mas eu não estou triste, Bini, não mais. Agora eu estou completa, porque temos uma família.
Passos foram ouvidos pela grama e uma garotinha branquinha com o rosto angelical e cabelos ondulados como a mãe e olhos azuis e cabelos negros como o pai, sentou-se no colo de Luna também usando um vestido rodado, mas o seu era azul-claro feito de cetim e seda com manguinhas bufantes. Ela sorria alegre e passava a alegria ao casal que sorria cada vez mais.
- Boa tarde, papai. – disse ela fazendo o homem se aproximar e abaixar-se na frente das duas.
- Boa tarde, Blue Bear.
- Adivinha!
- Não sei... o que aconteceu?
- O vovô Marcius vem aqui hoje! E o tio Draco também!
- Ah, é?
- Sim! E vem o tio Harry, o tio Ron, a tia Ginny, a tia Mione, a tia Pansy e até a tia Emilly!
- Nossa, então deve ser um dia especial.
- É, sim! Ah, papai, você esqeuceu do meu aniversário?!
- Oh, é hoje?! Desculpa, querida. Eu esqueci.
A loira riu se levantando com a filha no colo, abraçando o marido e caminhando até a mansão.
- Então eu quer que o papai coloque muitas bexigas azuis na sala!
- Então que sejam muitas bexigas azuis. – disse ele fazendo Luna rir novamente.
- Mas sem magia.
- O QUE?! – Blaise se assustou com a ordem da filha fazendo Luna gargalhar.
- Ah, papai, eu quero meu presente. – manhou Annie fazendo o pai rir.
- Só vou lhe dar seu presente na festa, Blue Bear.
- EBAAAA!!!!!
A loira riu novamente e entrou na mansão com ambos. Ela ficou triste com as mortes, mas agora sim tinha uma família completa. Tanto seus amigos, quanto os de seu marido, balise e sua filha que naquele dia completava 6 anos. Dia esse em que completavam 18 anos da morte de Danika, 19 anos da morte de Helénè e 8 anos da morte de Xenófilus. Mas já que todo fim é um começo... não adianta lamentar as idas, e sim comemorar as vindas.
FIM
n/a: Essa short surgiu no meu momento deprê, ou seja, entre o natal e o ano novo. Quem lê G Girls [minha fic Dramione] sabe o porque do meu momento deprê e tudo mais, e eu comentei por lá que tinha saído uma short drama Blaise/Luna nesse meio tempo. E eu [por insistência da Ciça Girl, Srta. Radcliffe e Rê Malfoy] resolvi postar na FeB, mas com a idéia da Between Friends resolvi postar aqui. Espero que tenham gosta. É minha primeira Blaise/Luna.
beijooz. ;*
kaate black
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