À Procura de um Presente
À PROCURA DE UM PRESENTE
Pois logo chegou dezembro, e com ele toda a euforia das férias. Os alunos estavam agitadíssimos e os professores bem mais tranqüilos com a perspectiva de ver o castelo menos cheio durante o natal.
E assim foi. Após um último banquete generoso, Hogwarts fechou as portas para os alunos que viriam a passar as férias do meio do ano letivo com a família. Os funcionários alegraram-se com a passividade temporária do castelo e Harry Potter resolveu planejar uma aprimorada festa de natal, entre os remanescentes moradores do local.
E no dia 23, Severo ainda não havia trocado sequer uma palavra com Hermione, o que o estava matando. Em contrapartida, com Rose as coisas iam bastante bem. Eles estavam praticamente amigos. Conversavam de vez em quando, como se conhecessem há séculos, no entanto, pouco falavam sobre a vida da mãe da garota. E era exatamente em Rose que Severo Snape estava pensando agora.
“É só saber usar bem as palavras... Ela não resiste...” – E se ele resolvesse conversar com a professora? Dar-lhe um presente? Será que Hermione o perdoaria por seu comportamento áspero no outro dia? Mas... Pedir perdão não era uma coisa que ele estivesse habituado a fazer. E ele era sempre áspero. Não que isto lhe agradasse, mas tornara-se uma rotina.
Mas apesar de tudo, Severo era um homem que cedia a impulsos. Logo, no dia seguinte, ele foi à Hogsmead, a fim de comprar um presente à sua prezada colega de trabalho.
Ao chegar lá, foi diretamente à Le Havre – Artigos para Presentes. Era uma pequenina loja a oeste da Casa dos Gritos, onde era possível encontrar centenas de tipos de presentes. O maior problema era que Snape ainda não sabia o que iria dar a Hermione e quando entrou na loja, imediatamente uma velha senhora gorducha se aproximou.
- Olá, meu rapaz. O que procura?
- Um presente. – falou, com os lábios encrespando.
- Ah... Mas isso é mais que óbvio. Já tem algo em mente? Para quem é o presente?
- Bom... Não sei o que dar a ela, acontece que...
- Hum... É sua namorada, não é? – falou a velha, desconfiada.
- Não. – disse Severo, com rispidez.
- Ora... Então é pretendente... Sou velha demais para não perceber quando um cliente vem atrás de um presente para o amor de sua vida...
As palavras só fizeram enfurecer Snape.
- Droga. Cale a boca. – tornou a dizer, sem controle, à velha senhora, que estreitou os olhos e fechou a cara.
- Pois bem... O que vai querer? Temos de tudo, desde cartões a ursos de pelúcia.
Ursos de Pelúcia? – Snape contorceu o nariz. Ele não era tão clichê...
- Ótimo... O que sugere? Ela não é minha namorada, nem pretendente, mas quero pedir-lhe desculpas. – falou, curto e grosso.
- Sabe de algo que ela gosta?
- Hum... Livros. Só. Só sei disto.
- Oh... Meu caro. Que tipo de amor é esse? Conheceu ela ontem, foi?
Snape fez cara feia de novo. Mal sabia a velha que ele conhecia a garota há bem mais tempo...
- Ok... Ainda que ela goste de livros, não vai conquistá-la com Shakespeare ou Jane Austen. Que tal... Hum. Conheço algo que não falha.
Os olhos de Snape se sobressaltaram esperançosos.
- Toda mulher gosta de flores...
Flores? Ele não fora até ali para comprar flores... Isso sim. Era muito clichê. Mais clichê ainda que ursos de pelúcia. A mulher da loja viu a expressão desdenhosa em sua face, mas não se abateu.
- Meu jovem... Receio que esta seja a melhor opção... A não ser que queira dar-lhe bombons enfeitiçados com amortentia.
Ótimo... Era só o que faltava... Bombons enfeitiçados com amortentia. Nada que lhe trouxesse mais repugnância, sem falar que se os quisesse, prepará-los-ia, ele mesmo.
- Certo. Deixe-me ver as flores.
Em seguida, a mulher puxou-lhe e o levou a uma pequena estufa escondida, que dava continuidade à loja.
- Aqui. Fique à vontade, meu caro.
Snape passou o olhar por todas. As que lhe chamaram mais atenção, logicamente, foram as rosas vermelhas, mas ele sabia que seu significado era óbvio: paixão, pecado, amor ardente e desejo... Seria atrevido demais se lhe presenteasse de tal forma. Então, seus olhos faiscaram em direção a um outro grupo de flores, todas coloridas e muito delicadas. Ele se aproximou.
- Gérberas. – indicou a vendedora. – Excelentes presentes. Simbolizam a inocência das crianças, mas também o amor, a sensualidade, o charme, a pureza, a sensibili...
- Quero estas.
- Ótimo. Quais cores?
- Hum... Vermelhas, brancas, amarelas e...
- Rosas?
- Certo.
Embora não demonstrasse, Severo saiu vibrante daquela loja. Ainda que não fosse chegado em flores, aquelas exprimiam tamanha doçura e delicadeza que o faziam lembrar de Hermione e sua filhinha.
Chegou a seu aposento animado e após um banho quente preparou-se para a festa de natal que começaria em menos de uma hora.
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