Lá vem a noiva
O casamento não produz dois prisioneiros, mas sim uma liberdade em duas pessoas. Pode dizer-se que teve êxito quando, tendo-se tomado o compromisso inicial, e tendo-se convertido a união em algo natural, os esposos nem sequer têm a impressão de estarem casados. (André Frossard)
Capítulo 2 - Lá vem a noiva
Dizem por aí que esse devia ser o dia mais feliz da minha vida. Bem, quem disse isso foi a minha mãe, a minha tia, a Profa McGonagall e é claro, a senhora Weasley – que completou dizendo, entre as lágrimas, que lamentava o fato do noivo não ser o Rony.
Pena que nenhum deles sabiam a real situação deste casamento despropositado. Um simples acordo, pior, um acordo em duas pessoas que nunca se deram bem. “Se deram bem” é apenas um eufemismo para “se odeiam mortalmente”.
- Aí filinha, você é a noiva mais linda da Inglaterra, quisá do mundo.
- Menos mamãe – digo tentando disfarçar o tédio na minha voz.
- Minha filha, tenho que dizer, seu noivo é um gato. Não entendo até agora porque nunca o apresentou para nós. Você disse que namoram há quanto tempo mesmo?
- Menos de um ano, mas na escola... bom já nos olhávamos. - invento.
Pelo menos parte da mentira é verdadeira. Draco me olhava para mostrar o desprezo e me chamar de sangue ruim, e eu para chama-lo de idiota e doninha quicante, e é claro, dar um tapa na cara dele. Ah, aquele terceiro ano valeu a pena somente por aquele tapa.
- Minha linda, é ótimo vê-la sorrir.
E mais uma vez mamãe vem chorando me dar um abraço apertado. Essa coisa de casamento está mexendo mesmo com suas emoções. Bem, acho que esse dia só compete com o dia que aceitei o “pedido” de Draco.
MiniFlashback
- Harry, eu aceito. – digo ao meu amigo no outro dia.
- Tem certeza, Mi? Olha, se quiser pensar melhor tem a semana toda pela frente. – ele me responde meio preocupado.
- Não preciso, vi que o mais quero na vida é me casar com o Draco.
- Hã??? – Harry olha para mim como se eu estivesse dando um beijo em Snape.
- Brincadeirinha. Mas cheguei a conclusão que não tenho nada a perder, quer dizer, talvez um pouco da minha paciência ou sanidade, mas nada que eu não possa controlar.
Harry ri aliviado, e eu o acompanho na gargalhada. Não dava para acreditar que o bobo caíra tão fácil nessa minha brincadeirinha.
Enquanto tentávamos voltar ao normal, sinto alguém aparatar ao meu lado. Olho atentamente e vejo meu outro melhor amigo, nos observando espantado.
- Estão loucos?
- Nada, só Mione que disse o que mais quer na vida é se casar com o Draco. – diz Harry recomeçando a rir.
- É vocês estão loucos. Daqui a pouco vão me dizer que a Mione vai se casar com ele. - diz Rony rindo, também entrando na brincadeira.
- Mas eu vou me casar com Draco. - digo sem graça.
Ver o Rony falar do meu casamento, me fez parar de rir, e cair na realidade. Eu casar com Draco Malfoy? É estou louca.
Minha expressão só podia estar muito apavorante, porque depois de alguns segundos contorcendo com as gargalhadas, Rony para de rir, e me olha sério.
- O que aconteceu Mione? Você ficou tão séria.
- Eu vou me casar com Draco. - digo perdendo as forças e caindo sentada na cadeira mais próxima.
- Casar com Draco? Draco Malfoy?
- Mione, você ainda pode desistir. - diz Harry ignorando Rony que ficava mais vermelho que um pimentão a cada segundo.
- Vou me casar com o Malfoy.
- Mione, para de repetir asneiras. Venho me curar de um balaço que recebi na Copa Nacional de Quadribol, e os desorientados são vocês. Aff, casar com Malfoy, nunca vi coisa mais despropositada.
- Rony, mas ela vai mesmo se casar com Malfoy.
Rony então tem uma atitude estranha, pula, esperneia e faz pirraça como nunca tinha visto ele fazer.
- Se acalme, homem. Te explico tudo.
Fim do MiniFlashback
- Olha se não é a noiva mais linda da Inglaterra.
- Disse a mesma coisa para ela.
Saio dos meus devaneios e dou de cara com a senhora Weasley, me olhando emocionada.
- Adoro casamentos. - e ao dizer isso, ela me puxa para um abraço apertado, mas tão apertado, que perco até o pouco de ar que me sobrava. Isso porque o espartilho apertado, daquela tortura que chamavam de vestido, já tinha tomado 75% da minha capacidade de guardar ar em meu corpo. Mas fazer o que, quem mandou eu deixar tudo nas mãos da minha mãe da senhora Weasley.
A única coisa que fiz nesse casamento foi comparecer, e olha que isso já me custou muito. Todo o resto dos preparativos ficaram por conta das duas.
- Mas e a senhora Malfoy, não à vi por aqui. Não devia estar no hotel?
- Ela não voltou daquela viagem.
- Como assim, ela está viajando desde que os preparativos começaram, e perdeu tudo, agora vai perder o casamento do único filho solteiro.
- É triste, mas ela não pôde fazer nada. – digo, tentando encerrar o assunto.
Na verdade, a mãe do Draco se recusava a aceitar o engaste matrimonial. Para ela o filho além de estar fazendo uma afronta à memória do pai, se casando com uma aliada de quem o matou, ainda está sujando o sangue da família, se juntando com uma bruxa trouxa.
*
Tentei apelar de todos os jeitos com mamãe e a senhora Weasley para entrar com a Marcha Fúnebre e não a nupcial, mas nem preciso dizer que nenhuma das duas me levou a sério.
A música começou a tocar, e em uma tenda mais a frente pude enxergar Draco de pé em um smoking formal todo preto, que realçava de longe seus cabelos loiros.
Meu coração acelerado me pegou de surpresa e percebi minhas bochechas esquentarem. Era como se eu estivesse voltando à escola, me corando sempre que via um garoto bonito ou de quem gostava. Ainda bem que a maquiagem pesada não deixou ninguém ver o que me acontecia, pois não conseguiria responder nenhuma pergunta acerca disso, já que nem eu mesma consegui explicar todos aqueles sentimentos tão contraditórios que tomaram conta de mim naquela hora.
Tal era a minha confusão que fiquei parada na frente do tapete de flores que me levavam ao altar. Se não fosse o empurranzinho, que não teve nada de leve, da senhora Weasley, nãi teria conseguido sair do estado vegetativo.
Aqueles poucos metros que me separavam de Draco, pareciam quilômetros, e passou na minha cabeça um filme de todas as brigas que tive com o loiro. De longe, ao olhar-lo pude sentir aquele sorrisinho sarcástico, de canto de boca, mas ao chegar mais perto, não sei, suas feições mudaram, parecia outra pessoa - uma que tivesse coração. Poderia jurar que vi seus olhos brilharem de surpresa, como se estivesse gostando do que via.
- Pronta para ter o dia mais feliz de sua vida? - ele sussurrou sarcástico em meu ouvido, assim que cheguei ao seu lado.
- Sou forte o suficiente para encarar meu pior pesadelo – respondo entre os dentes.
E o resto foi aquela coisa melosa de sempre, “te amo para sempre” e viverão juntos na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, e todas essas coisas bregas que fizeram tanto a minha mãe e a senhora Weasley, e até mesmo a Profa. MacGonagall – isso mesmo, creiam! - derramarem rios de lágrimas. Outro que parecia que ia derramar rios de lágrimas era o Rony, mas por um outro motivo, um completamente diferente.
Depois da bela cerimônia, teve a tal festa. Ok, Harry disse que ia fazer desse casamento um acontecimento, mas aquilo estava mais para um circo, e com a palhaça aqui como atração principal. Nunca fingi sorrisos e falei tanta asneira como na maldita festa.
- Filinha, é tão bom saber que não vai morrer solteirona. – é essa perola foi minha mãe quem soltou justo na hora que Draco estava me abraçado, e recebendo os cumprimentos dos convidados – é que você passava muitas horas com a cara nos livros.
- Mãe saiba que tive outros namorados também. – digo entre os dentes tentando defender um pouco meu orgulho ferido.
Minha mãe nem pareceu me ouvir, me deu mais um abraço apertado, acompanhada de meu pai, que me deus os parabéns constrangido e saiu. Mas o pior só veio depois.
Depois de Draco me encher pelo comentário da mamãe, dei uma escapada dele e fui conversar com o Rony e o Harry sobre coisas amenas, para relaxar. Não estava longe da entrada, onde meu “marido” sozinho e com cara de azedo, recebia o resto dos convidados.
- Mione, volta lá com o Draco, vai pegar mal os dois separados. – pondera Harry.
- Isso Mione, vai lá com seu maridinho. – completa Rony sarcástico, enquanto engolia de uma vez só a cerveja amanteigada de seu copo. – que absurdo.
Para evitar discutir com Rony, resolvi acatar a sugestão de Harry e voltei para o lado de Draco.
- O cabeça de fósforo já está mais contentinho? Não acredito que você teve mesmo alguma coisa com aquele pobretão. – implica o loiro assim que chego perto dele.
- Olha como fala do meu amigo.
- Nervosinha por falar a verdade do seu namoradinho, ops, agora é amante. O oficial sou eu. – diz ele me dando um selinho.
Não sei se gostei. Não, tenho certeza que não gostei. Fiquei apenas transtornada, meio fora do ar, e só voltei a tona ao ouvir uns gritos.
- ... isso é uma afronta. Você e essa sangue ruim, sem sobrenome, e ainda amiga daquele... daquele garoto desprezível que matou seu pai.
- Mamãe, uma cena aqui não. – vejo Draco afastando sua mãe para dentro do salão vazio.
Sem saber o porquê, os sigo, e me escondo em uma das paredes laterais.
- Mãe, para de show. Se preciso fazer isso é pra o nosso próprio bem estar, ou você acha que alguém do mundo bruxo vai querer negociar com as nossas fábricas com a atual situação. Quer ser pobre?
- Mas podia ter escolhido outra de sacrifício. Na verdade, podia ter arrumado outra forma, não?
- Essa não é a questão.
- Você sempre foi um fraco, e o seu pai sabia disso. Você era a sua maior decepção.
Sinto um aperto no coração ao ver a reação de Draco ao ouvir essa declaração da mãe. Ele realmente ficara magoado, seu semblante de tranqüilo foi para tenso e triste no mesmo instante, como se acabasse de ter certeza de algo que desconfiava silenciosamente.
- E você sabe que eu não sei? Nada que fizesse, nada que dissesse era suficiente para ele. É tão errado assim não pensar igual a vocês dois? Não ter certeza de certos ideais igual ele tinha? - Draco gritou já um pouco descontrolado.
- Claro que é! Você sempre foi fraco, mas pelo menos antes você tentava fazer o que queríamos, agora você se volta contra tudo que ensinamos. Que absurdo, colocar em nossa árvore genealógia uma sangue ruim. Nosso nome nunca tinha sido tão sujo.
- Mãe, eu já te expliquei...
- Draco, me poupe dessas desculpas esfarrapadas. Só um inútil como você para seguir esse caminho tão fácil. Devia estar lutando para reerguer as artes das trevas, como um digno Malfoy.
Em pleno descontrole, a mãe de Draco lhe defere um tapa na cara, e ele com lágrimas nos olhos, coloca a palma da mão na face avermelhada.
- Por favor, vamos terminar com isso. - sem pensar no que fazia, saio do meu “esconderijo” e vou apartar a discussão.
- Granger, não precisa...
Draco diz essas palavras me olhando nos olhos, aqueles olhos azuis e vazios. Nesse instante o sinto desanimado, desamparado, e com muita dificuldade controlo meus instintos de proteger os mais indefesos.
- Que cena patética, Draco. Seu pai morreu há um tempo, e hoje você fica completamente órfão. Por conta dessa palhaçada você acaba de perder a sua mãe.
E sem dizer mais nada a sra. Malfoy vai embora.
Draco observa ela ir embora e por um instante acho que ele vai atrás dela, mas ele continuou em pé, parado, sem esboçar nenhuma reação.
- Malfoy, vamos embora.
Pego na mão de Draco, e sinto como se estivesse segurando uma pedra, de tão gelada e dura que estava. Ele ainda em estado meio catatônico, não dizia nada nem quando fui explicar rapidamente à Harry o que havia acontecido, e o avisar que já estávamos de saída.
Harry concorda silenciosamente. Quando já estava fora dos portões do cerimonial, ainda posso ouvi-lo discursando para os convidados.
- Pessoal, os pombinhos apaixonados não agüentaram esperar e já foram embora para a lua de mel. Mas, não se preocupem, mesmo sem eles a festa continua.
*
N/A - Mais um capitulo.
Semana que vem tem mais!
. Marie Malfoy, minha primeira leitora! Espero que goste mesmo da fic. Estou muito empolgado em escreve-la. Sorry por alguns errinhos de português e concordancia. Mas estou sem beta por enquanto. Mais assim que arrumar reposto! beijosss, e obrigada por acompanhar
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