A Decisão
A Decisão
A multidão ainda cercava Ronald, ele estava totalmente irritado.
Depois que Hermione saiu ele tomou fôlego e disse:
- Chega!
As pessoas pararam subitamente de rir.
- O que foi Rony? – perguntou Lilá.
- O circo acabou, já chega. – Ele estava mais vermelho que seus próprios cabelos. - Estou com fome. – Ele adiantou-se saindo do local.
- Rony nós... – Lilá tentou fazendo menção de segui-lo.
- Não! Eu quero comer sozinho. – Ele explodiu.
- Ta com pena dela Rony? – Lilá provocou.
- Não gosto de humilhar as pessoas Lilá. E você sabe disso. Não gosto de me divertir à custa dos outros, não sou infantil como você.
Ele deu as costas e saiu sozinho no meio da multidão. Sentiu-se até um pouco mais aliviado pela reação, mas sabia que era tardia, o mal fora feito e ele não podia mais voltar atrás.
Depois de muito tempo andando sem rumo, Hermione foi para casa, o choro havia cessado e ela tinha uma idéia fixa na cabeça, uma idéia que mudaria sua vida.
Hermione estava carregada de raiva e mágoa, sua visão estava turva e ela não conseguia pensar em mais nada.
Sua mãe estava em casa, mas nem percebeu que a menina passara da hora normal de chegar.
Ela foi até o escritório, D. Ângela Granger estava sentada na poltrona em frente a uma mesa olhando uns papéis:
- Mãe, você tem uns minutos? – os olhos dela estavam vermelhos e inchados, mas sua mãe nem se deu o trabalho de lhe olhar.
- Bem rápido querida, estou cheia de coisas pra fazer, a propósito fez o que eu pedi?
- Sim eu fiz, mas agora me escute.
Mas D Ângela não prestava atenção no que ela falava.
- Onde já se viu incomodar você com isso não é filha? Logo no horário da sua escola.
- Mãe me escuta. – ela elevou um pouco a voz.
- Tem que ser agora mesmo filha? Estou tão ocupada.
- Sim, tem que ser exatamente agora. Pensei na proposta do papai e decidi que quero ir estudar na França.
Pela primeira vez em muito tempo, Ângela Granger deu toda a sua atenção a sua filha. Ao levantar os olhos para encarar Hermione ela finalmente percebeu os olhos inchados da menina.
- O que você disse? – Ela perguntou estupefata.
- O que a senhora ouviu, quero ir para Beuxbatons.
A expressão de D. Ângela mudou, ela sorriu:
- Claro, querida que bom que você concordou. Vou falar com seu pai, acho que logo no início das férias já será possível que você vá...
- A senhora não entendeu mãe. – Ela interrompeu bruscamente – eu quero ir já, hoje se for possível.
No lugar da satisfação, o rosto de D. Ângela adquiriu uma expressão de preocupação.
- O que está acontecendo Hermione? Você chorou? - ela finalmente a questionou por este motivo.
- Mãe você me ouviu? Quero ir logo.
- Sim Mione eu ouvi, mas não entendi. Por que tão rápido? E o colégio, os cursos?
- Ah mãe, tenho certeza que Beuxbatons é tão boa quanto Hogwarts e lá também oferecem bons cursos.
- O que aconteceu Mione?
- Não me obrigue a falar sobre isso mãe. Só diga que posso ir, por favor. – e ela não pôde mais se segurar, aproximou-se e deitou a cabeça no colo da mãe, começou a chorar.
- Calma minha filha, esta não é uma decisão só minha e nem se pode tomá-la da noite para o dia. Eu preciso saber pelo menos o motivo pra isso tudo. Diga-me filha.
- Não insiste mãe, por favor.
- Mione, eu sou sua mãe, você tem que conversar comigo. Eu não posso deixá-la assim.
- Eu tô bem mãe, só me diz que eu posso. Por favor.
Hermione insistia muito, seus olhos estavam marejados novamente e isto preocupou D. Ângela.
- Tudo o que eu posso dizer agora é que vou falar com seu pai meu anjo, mas...
- Isso, já é o suficiente se me prometer que vai fazer de tudo.
- Prometo que eu vou tentar.
- Obrigada mãe. – Hermione deu um beijo no rosto a mãe. Vou pro quarto, não vou jantar tá? Tchau mãe.
Ela nem esperou a resposta e foi embora, deixando D. Ângela com seus pensamentos.
Hermione se dirigia para seu quarto quando encontrou Elizabeth.
Ao contrário de D. Ângela, ela percebeu imediatamente que Hermione não estava bem.
- Mione, você estava chorando meu amor?
- Ah Liz, eu estou arrasada. – ela abraçou Elizabeth.
- O que aconteceu meu anjo?
- Não quero falar sobre isso, mas pedi pra mamãe me deixar ir pra Beuxbatons. Se tudo correr bem irei este fim de semana.
- Mas Mione, isso é uma mudança muito radical, tem certeza de que é isso que você quer? – Liz levou-a até o quarto.
- Não é o que eu quero, é o que eu preciso. Se eu pudesse escolher, tudo seria tão diferente, mas se eu ficar, jamais serei feliz, entende?
- Por que não conversa comigo? Vai se sentir melhor.
- Ah Liz, quem sabe amanhã, agora eu só preciso descansar, quero ficar sozinha.
- Tem certeza minha filha. Eu fico com você.
- Não precisa, vai ser realmente melhor se eu ficar sozinha.
- Certo querida. – Liz sabia exatamente quando não devia insistir. Hermione a abraçou e Liz falou com os olhos marejados: - Mione, se você for eu vou morrer de saudades. – Hermione voltou e lhe abraçou de novo.
- Eu virei te ver sempre, eu te amo mãezinha, muito obrigada por me compreender.
- Eu também amo você querida, queria te tido a sorte de Ter uma filha assim como você.
- Você tem a mim. Sou sua filha, sempre vou ser. Vou me deitar, não vou jantar tá?
- Não pode ficar sem comer. – Ela falou em um tom mais bravo. – Posso fazer pelo menos um lanchinho pra você? – Sua voz voltou a amenizar-se e ela sorriu.
- Só se for aquele bolo delicioso de laranja que você fez hoje.
- Um bolo de laranja com muito chocolate e refrigerante gelado pra acompanhar saindo.
Hermione riu. Só Elizabeth conseguiria faze-la sorrir.
- Vou indo.
- Vai querida, vai, já estou subindo com seu lanche.
Quando doutor César chegou, D. Ângela já o esperava ansiosa.
- César, eu preciso falar com você.
- Problemas? – Ele falou displicente.
- Sobre nossa filha.
- Já paguei a escola e o curso Ângela, vamos jantar, estou faminto.
- Não é sobre a escola ou o curso César.
- Então sobre o que é? A mesada ela já ganhou...
- Por Deus me ouça, não é questão de dinheiro, sua filha está com problemas.
- O que esta acontecendo Ângela?
- Bem, o que está acontecendo exatamente eu não sei, mas ela chegou chorando da escola e me pediu... – D. Ângela fez uma breve pausa – Me pediu pra ir estudar na França.
Doutor César riu.
- O que?
- Ela disse que aceita, ou melhor, que quer ir para Beuxbatons.
- E qual é o problema nisso? Finalmente sua filha pediu algo que vai lhe servir. Ah! Esta menina começou a pensar.
- O problema querido – D. Ângela falou com cinismo – que ela queria ir hoje e não quer voltar pra escola.
- Como é? – ele franziu o cenho – Mas que diabo está acontecendo com esta menina?
- Eu já disse que não sei, ela não quis falar.
- Ela acha que uma mudança dessas se faz assim? Quando ver isso se envolveu com algum moleque ordinário.
- Nossa filha não é disso César. – D Ângela esbravejou.
- Antes fosse assim não ficava enfurnada aqui dentro com esta mania de pintura. As filhas dos meus amigos são mais novas que ela e já namoram.
- Então você preferia que sua filha fosse uma vadia?
- Eu não disse isso, só disse que não é normal uma adolescente da idade dela passar os dias trancada que nem um morcego e ler livros imensos, verdadeiras bíblias.
-César, eu sei que a Mione não age como os outros, mas ela é nossa filha e eu estou preocupada com o que pode ter acontecido a ela.
-Vou lhe dizer o que houve com ela, frescura de menina mimada.
-Acho que devíamos ir á escola.
-Não temos tempo pra isso Ângela, pelo amor de Deus. Se for o que ela quer, deixe-a ir. Falo com mamãe, já está mesmo no fim do ano, eu falo com Jeremias, eu tenho certeza que ele adianta as notas dela, Hermione já deve estar aprovada. No fundo vai ser até melhor antes que ela mude de idéia.
-Estamos falando de nossa filha simplesmente ir embora de um dia para o outro César. – D. Ângela estava visivelmente irritada.
-Não Ângela, estamos falando do melhor futuro pra nossa filha. Ela não vai embora, ela vai pra casa da minha mãe. Parece que vamos enterrar a menina.
-Parece que você quer se livrar dela.
- Não fale besteira Ângela, essa menina tem a quem puxar. Eu quero o melhor pra ela. Hermione será a quarta geração de médicos da minha família. Será brilhante afinal ela é uma aluna brilhante.
- Você só pensa nessa porcaria de geração de médicos da sua família. Por acaso está curioso pra saber o motivo desta mudança dela?
-E você fala comigo como se importasse com ela mais que eu. Onde você estava quando isso aconteceu? Você é a mãe e nem sabe o que é? Pergunta a Liz com certeza ela sabe. Não me culpe por nada Ângela, sou tão presente quanto você.
D. Ângela se calou por um momento, depois com a voz mas baixa ela disse:
- Então é mais fácil despachar a nossa filha, assim nos livramos de um problema.
- Ângela não dramatiza, não estamos despachando a Hermione, não já tínhamos conversado a respeito disso? Beuxbatons vai ser ótima para o futuro dela e você sabe disso. – ele também falou com a voz mais branda.
Ele abraçou a mulher.
- Eu amo minha filha, você sabe disso, eu só quero o melhor para o futuro e, além disso, querida, ou trabalhamos para dar o conforto que ela tem, ou damos atenção, ela sabe que nossas profissões são difíceis.
- Eu sei. – D. Ângela falou a contragosto
- Então, vamos comer? O jantar está pronto?
- Está.
- Ótimo.
Doutor César, sempre havia sido um pai distante, falava apenas o necessário com a filha, às vezes tentava uma aproximação, mas sempre ele mesmo fugia. Nunca havia se envolvido com os problemas de Hermione. Havia algo nela que o incomodava, por que sempre a olhava com amargura, como se ela lhe lembrasse algo que ele não queria.
Do alto da escada Hermione ouviu toda a conversa, num canto de sua mente ela repetia para si mesma: “trocaria tudo, por um minuto da sua atenção pai, todo o luxo, todo o dinheiro, eu daria qualquer coisa pelo seu carinho, tudo...”.
Naquela noite, dormir foi à proeza mais difícil que Hermione conseguiu e só em alta madrugada ela veio a pegar no sono.
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Gente, fico feliz que estejam gostando.
Quero agradecer a Disomers e Chula Firula por terem comentado. Espero que gostem deste cap. bjos.
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