Cinza - Parte II



Monocromático


Cinza – Parte II


 


Ship: Lucius/Hermione/Draco


Gênero: Drama/Angst


Resumo: “Então, eu só queria que acabasse logo com isso.    Entraste na cela ao fim de alguns dias. As vestes que eu via cinzas deveriam ser negras. O cabelo cinza. Os olhos cinza. Você era cinza. Não vi muita diferença entre nós.”


Disclaimer: Nada disso é meu, nadinha mesmo. Ah, não ganho nada, ok? :D


 


**********************************************************************


 


            Eu construí um mundo só meu. Tu não podias entrar mais, Lucius. Refugiei-me nele como se fosse a última coisa a se fazer. O que era verdade. Em meu mundo particular, não havia nada a que se agarrar, nada a pensar, nada pelo qual lutar... Apenas eu. E os muros. E o longo túnel.


            Os muros são importantes. Ergui-os pedra por pedra ao redor de mim, um a um, até todo o resto estar do lado de fora. Até que não pudeste me atingir, até pôr-te do lado de fora. Até isolar-me completamente do exterior. Eles eram feitos de ilusões, idéias, pensamentos e sonhos perdidos. Quebrados. Que tiraste de mim sem aviso ou permissão. Os muros eram densos. Altos e quase impenetráveis. Eu me perdi dentro deles. E, quando isso aconteceu, percebi que havia me perdido em mim.


            Os muros formavam um longo túnel de memórias, que eu atravessava com hesitação. Partículas de poeira flutuavam no ar a minha volta, causando incômodo quando eu as inalava. Não havia luz no fim do túnel. Apenas a poeira de uma idéia, de uma ideologia, algo abstrato demais para que eu pudesse segurar. A idéia escapava por entre meus dedos finos como areia.


            Eu me encontrava sozinha ali. Era tudo muito cinzento, muito de ti, muito de mim. Tornaste meu mundo cinzento. Acostumei-me a essa cor triste, embora sóbria. Ela combinava comigo, agora. Ninguém – inclusive tu – parecia capaz de atravessar os muros ao meu redor, embora eu quisesse desejar que alguém o fizesse. Mas ninguém tentou. Eu não devia, mas continuava me apegando a esperança de alguém o fizesse. De que alguém ainda tivesse esperanças em mim. Não precisava conseguir. Bastava tentar. Bastava aproximar-se de mim, conversar um pouco... Eu queria que alguém o fizesse.


            A esperança. Eu sinto que ela me esmaga, me oprime. Mantém-me tão cativa quanto tu o faz. Mas eu não consigo desfazer-me dela, de modo que ela agora é o alicerce de meu mundo particular. Ela une os muros de sonhos de tal maneira que não há como derrubá-los. Ela se faz de elo, como uma corrente velha e enferrujada, mas que você sabe que nunca te deixará na mão. Eu sei. Ela não devia estar aqui.


            Poderias dizer que eu poderia ter lutado. Poderia ter fugido. Ou morrido tentando. Mas eu não quero morrer. Se a esperança de ser salva é a única coisa que te resta, serias capaz de desfazer-te dela? Eu não fui capaz. E continuo em cárcere.


            Ela serve apenas para me trazer lembranças de tempos remotos, dos quais eu já quase esqueci. Tempos de sol, verde e felicidade.


            Eu esqueci o que é ser feliz.


            Um nevoeiro de lembranças me assola, agora. Lembranças claras demais, com cores de mais, com risos demais... A luz do sol me cega, de tanto tempo que não a vejo. Os risos penetram minha mente como um monte de espinhos, atravessando e perfurando... O brilho nos olhos deles me faz lembrar que o meu há muito está apagado, opaco, sem vida. Faz-me lembrar que tu apagaste o brilho em meus olhos.


            Eu vejo rostos sem nome. Não lembro mais. Há quanto tempo mantém-me aqui? Semanas? Meses? Eu vejo... Um moreno de olhos verdes. Não consigo lembrar seu nome, mas sei que, de alguma forma, ele foi importante para mim. Há uma moça ruiva, que eu também esqueci. Mas há um outro... Eu só consigo lembrar seu primeiro nome. É alto, ruivo e desengonçado. Ron. É o único de quem me lembro. E isso me fere.


            “- Venha, Hermione, deixe de ser medrosa! – grita um rapaz alto, correndo pelos jardins de Hogwarts.


            - Eu não sou medrosa, Ron! – responde uma moça pequena, de cabelos revoltos e rosto afogueado.


            - Mesmo? E por que não vem? – chama o rapaz, estendendo os braços, parando e esperando que ela se encaixasse neles.


            - Eu estou indo, seu trasgo! Mas acontece que minhas pernas não são tão longas quanto as suas. – um riso espaçou de seus lábios rosados, a despeito da repreensão em sua voz.


            - Ah, é só esse o problema? – em poucas passadas, o ruivo estava perto dela. Seus braços suspenderam a menina no ar, trazendo-a de encontro ao seu peito. – Prontinho. Assim você nem se cansa, Mione.


            - Ponha-me no chão, Ronald. – pede ela.


            - Nananinanão. Você foi uma menina muito levada. – diz ele caminhando calmamente. A moça não pesada mais que uma pluma. Era gostoso tê-la em seus braços, e desfrutar daquele momento era magnífico.


            - Aonde estamos indo? – pergunta ela, redendo-se.


            - À um lugar especial, Hermione. O nosso lugar.


            O brilho intenso nos olhos azuis foi a última coisa que ele pôde perceber antes de o rapaz colar seus lábios num beijo.”


            As lembranças espalham-se em minha mente, os rostos desconhecidos encarando-me como milhares de olhos. Eles cobram de mim algo que já não posso oferecer, algo que tomaste de mim. Eles me rejeitam.


            Os sorrisos que já não sou capaz de ostentar me ferem como adagas. A figura etérea de Ron me olhava do alto, me repreendendo.


- Por que não tentou, Hermione? Por que continua aí, letárgica? Você está louca.


Eu encaro a figura do rapaz moreno a minha frente. Quem é ele? Seguro a minha cabeça com ambas as mãos, mas o rapaz se aproxima e as afasta.


- Não lembra de mim, Hermione? – Não, não lembro. Por favor, vá embora. – E eu pensei que eras a mais ajuizada entre nós. – um riso de escárnio escapou dos lábios dele. Um grito dos meus.


- Atormentada, Hermione, é assim que você está. – não, você está me atormentando.


- Por favor, vá embora.


Ele foi apenas para dar lugar à outra imagem. Fantasmas do passado que vinham para atormentar-me ainda mais. Vinham para me apunhalar. Vinham para me enlouquecer.


- Ajoelhe-se, Hermione. Peça perdão. Não é assim que fazem os trouxas? – era a voz baixa e tímida de uma menina loira, ela parecia alienada.


Sai daqui. Saia daqui. Saia daqui. Deixe-me sozinha novamente. Vá embora.


            Não adiantava. Eles vinham e vinham... Possuindo-me, enlouquecendo-me... Recriminando-me... Cobrando de mim o que eu já não era capaz de oferecer... Já arrancaras de mim a minha inocência, a minha lucidez... Querias tirar de mim também a existência?


            - Vamos, Hermione... Erga-se novamente, eu sei que você pode. Você é Hermione Granger, lembra-se?


            Não, não lembro. Eu me perdi. Passei por coisas terríveis. Já sofri tanto que cheguei ao ponto de não mais sentir dor. Eu não lembro de quem sou, nem de quem você é.


            Eu queria ter dito isso à menina ruiva que me encarava do outro lado da cela. Queria ter dito a todos que eu já não servia. Que não podia dar-lhes nada além de um corpo sofrido e uma alma cinzenta. Que já não era capaz de sorrir ou erguer-me por mim mesma. Mas a voz me faltou. A minha força esvaiu-se. A minha mente entrou num estranho estado de letargia... Vi-me caindo.


            O cinza me tomou de novo – tão Lucius.


            - Acorde. – a voz era áspera. Senti água.


            Abre parêntesis: quando foi a última vez que tomei banho sem que a tarefa envolvesse álcool?


            - Professor Snape? – perguntei com a voz enrolada e falha. Não a uso muito.


            - Sou uma alucinação, não vês? – o sarcasmo estava evidente em sua voz, mas foi impossível deter os passos que me enviaram para trás.


            - Não tenho certeza de realidade, ultimamente. – respondi forçando a voz a sair por entre meus lábios secos.


            - Que decadente. – seus dedos frios pegaram uma mecha de meus cabelos, com reprovação na face.


            - Professor... Posso perguntar algo? – pedi indulgente, encolhida, materializando os muros ao meu redor, temendo a resposta.


            - Já perguntou. Mas pergunte de novo. – disse virando-se de costas, afastando-se.


            - Que dia é hoje? – acompanhar o tempo parecia-me besteira. Eu perdia as horas de maneira descontrolada, o tempo passava através de mim sem que desse conta.


            - 13 de fevereiro.


            Fiz as contas. Acho que minha loucura ainda não afetou a parte lógica de meu cérebro. Havia muito tempo que mantinhas-me ali...


            - 5 meses, senhorita. – respondeu ele por mim.


            Cinco meses de dor. De angústia. De esperança que deveria matar. Cinco meses de solidão. Foi tempo o bastante para que eu esquecesse de meus amigos, parentes, amores... Isso era certo?


            - Professor. – chamei. – Quem é... – obriguei minha voz a sair. – Como se chama o rapaz de cabelos negros e olhos verdes? – Ele costuma vir aqui e me atormentar. Preferi omitir essa informação. – Eu já não lembro.


            Após uma pausa realmente longa, ele me dirigiu a palavra. Foram instantes de nervosismo.


            - Harry James Evans Potter. – a voz dele saiu trêmula. Evasiva e sufocada. Eu imaginava que era assim que a minha também devia estar.


            Lembranças do rapaz invadiram minha mente outra vez. Pude vê-lo parado a minha frente, logo atrás do professor Snape. Ele me olhava. Sorria. Queria fazer-me lembrar dele. O rosto que eu via agora tinha nome. Mas, passado tanto tempo, continuava estranho para mim. Um sobrenome do qual eu me lembrava. Potter. Talvez eu tivesse visto há anos em algum livro...


            - Evans, professor?


            - Antes de tudo, ele é filho de Lílian. Lílian Evans. – ele ergueu a cabeça para o alto, talvez querendo impedir as lágrimas de escorrem por seu rosto. A dor era clara em sua voz. – Aquela a quem jurei proteger... E não consegui.


            Absorver aquela dor não diminuiu a minha. Ele também sentia-se impotente. Mas, ao menos, ele não se esquecera dela. Eu havia me esquecido deles. De seus nomes, de suas manias... Eu não servia nem para guardar memórias. Tornaste-me um poço apenas com muros, sem fundo.


            - Seu amigo, Potter. – o sobrenome saiu carregado de ironia. – Eu tentei. Juro que tentei protegê-lo. Se era para a vida dele ser um inferno, eu podia fazer isso e protegê-lo!


            Ele se alterou.


Responda-me, por favor: foi a dor de perder alguém que te fez manter-me aqui?


Logo andava apressadamente de um lado ao outro, seus passos ecoando pela cela. Deixei-o desabafar. Deixei-o extravasar toda a frustração, toda a dor que vinha escondendo todos esses anos. Talvez, e apenas talvez, ele estivesse contando a mim por ter a certeza que eu não lembraria disso ao fim desse mês. Talvez estivesse contanto a mim por saber que eu não contaria. Eu não o faria. Mas também não iria esquecer.


            - Eu o odeio. Todos sabem disso. Mas ele é filho de Lílian! – exclamou ele subitamente, fazendo-me encolher-me ainda mais no meu canto. – Minha doce Lily...


            Ele parou, sentindo-se engolfado pela dor. Subjugado por ela. Eu sei. Sentia-me assim também. Mas não me aproximei, assim como ele. Não havia palavras capazes de descrever o que sentiu ao perder Lílian, assim como elas também sumiam quando eu tentava entender minha solidão.


            Silêncio. Denso. Pairando sobre nós como uma estufa. Isolando-nos nele. Não queríamos ou conseguiríamos falar nada. Sairiam gritos, que expressariam toda a nossa dor. Mas nem extravasa-la podíamos mais.


            - Tome. – ainda de costas, ele jogou algo de papel para mim. – Para passar o tempo.


            Saiu sem dizer mais nada. Deixando-me tão só quanto antes de ele entrar.


            Era um pedaço de jornal velho. Machado e rasgado. Palavras cruzadas vazias. Palavras preenchidas. Nada mais a fazer.


            Sentia-me tão sozinha quanto uma pessoa pode estar. Ninguém vinha até ali, além de Severus. Nem tu me visitavas mais. Mas ele era tão recluso quanto eu. Cada um parado, perdido em suas próprias emoções. Cada um perdido dentro de seu próprio mundo particular. Doía não sentir mais nada.


            Eu estava em decadência. Não havia nada por perto, apenas eu. E a solidão. Ela, estranhamente, me aquecia. Era a única companhia que eu tinha. Ela pesava sobre mim como um cobertor, que eu trazia cada vez mais perto em busca de calor. Até que não houve meios de livrar-me mais dele. E ele era a única coisa que me restava.


            - Estou aqui, Hermione. – virei a cabeça em direção a voz. – Não está sozinha.


            Era o rapaz moreno. Ele estava lá de novo. Talvez não houvesse saído, de qualquer maneira. Ele não é real, ele não é real, ele não é real.


            - Lembraste-te de mim, Hermione? Sou eu, Harry.


            Senti seus passos no piso grosso da cela. Levei minhas mãos aos ouvidos, tentando calar a voz do rapaz em minha mente. Mas não importava o quanto eu pressionasse, ela continuava lá.


            - Lembra do Rony? Ele está sentindo saudades suas.


            Não está. Ninguém lembra de mim. Ninguém veio me buscar.


            - Sai. – minha voz era mínima. Ouvi a risada de Harry em minha mente.


            - Você quer ficar sozinha de novo, Hermione? Eu posso ficar aqui com você.


            Não pode. Não vai. Você não é real.


            Era difícil convencer-me de que era uma alucinação quando podia sentir o calor do corpo dele atravessar minimamente o meu. Era difícil convencer-me de que ele não estava ali se ouvia sua voz carinhosa em minha mente. Era difícil convencer-me quando eu sentia seus braços ao meu redor, me acalentando.


            - Vai ficar tudo bem, Hermione. Nós estaremos sempre juntos, lembra-se?


            Senti os braços me deixarem e o rapaz ir embora. Em seu lugar, vieram-me lembranças. Memórias que me machucavam. Sorrisos afiados como facas, carinhos que queimavam...


            Queimavam, queimavam... Eu estava em chamas.


            Abri os olhos devagar e pude ver que havia fogo ao meu redor. Labaredas que subiam pelas paredes, tomando quase todo o lugar. Não havia ninguém ali, de modo que...


            - Você fez isso, Hermione.


            Mais alucinações? Mais tormentas? Mais cobranças?


            - Não sou alucinação. Sou real. Sou eu, Draco. – a voz dele era rouca e calma. Com um floreio da varinha, tudo voltou ao normal.


            Eu queria que o fogo tivesse me consumido.


            - Você está bem? – calmamente, sentou-se ao meu lado. Na verdade, Lucius, ele me manteve lúcida por mais algum tempo. Não o suficiente, creio. Mas ele foi o único que quis tentar. Mas retrocedeu quando faltava apenas um passo, de modo que continuei sozinha.


            - Não muito. – fui sincera. Não havia mais forças para mentiras.


            - Anda sofrendo com sonhos? Lembranças de Hogwarts? – ele estava tão prestativo! Não dizem que quando a esmola é demais Merlin desconfia? Fechei-me novamente.


            - Não. Só estou fraca.


            Em dois segundos, uma bandeja com frutas, suco e torradas encheu minha visão. Olhei para ele, pedindo um socorro mudo. Eu deveria? Eu poderia?


            - Sinta-se à vontade. – respondeu-me ele com um sorriso enviesado. – Você come, eu falo.


            As últimas palavras são apenas borrões, de modo que eu não as recordo com exatidão. Basta saber que teu filho me alimentou até que enjoasse de minha companhia. Não lembro de ter consumido nada tão saboroso quanto aquelas torradas queimadas ou a maçã verde mordida. O tempo que passei sem apreciar o sabor de uma boa comida serviu apenas para apurar ainda mais seu gosto.


            - Meu pa... Lucius anda uma fera. – disse Draco. – O Lorde quer fazê-la de isca, levando-a a um dos ataques que planeja. Deseja coloca-la ao lado de Nagini, como um troféu. Lucius não quer permitir. Como seu algoz, ele tem certos direitos sobre ti.


            Congelei. Lentamente, afastei-me da bandeja quase vazia. Escorei-me na parede, escondendo meu rosto e me enfiando em meu mundo particular outra vez. Só ouvia. Uma voz triste, distante. Então, soube naquele instante o que querias de mim.


            - Ele quer manter-me aqui. Até que morra... Por dor ou doença... Ou, simplesmente, espera que eu definhe pouco a pouco... Até que não suporte mais.


            As palavras saíram quase inaudíveis, se ele não estivesse tão perto, não teria escutado. Elas se formavam em minha garganta e morriam em meus lábios.


            - Você não morrerá, Hermione. Eu não permitirei.


            Não adiantava muita coisa. Eu buscava isso, aparentemente. Conseguiste, em cinco meses, fazer com que eu buscasse a morte, mesmo que involuntariamente. A diferença é que, a partir daquele momento, eu decidi buscá-la por minha máxima vontade.


            - Não importa.


            Não foram palavras, foram lágrimas.


            Não foi voz, foi um olhar.


            Mas ele entendeu.


            E me deixou sozinha. Outra vez.


            Eu me sentia sufocar. A cada vez que era deixada sozinha, eles voltavam. Os fantasmas do meu passado vinham para me atormentar. Várias e várias vezes, se é de teu interesse. Desta vez, foi alguém divertido. Colorido. Mais etéreo que o restante. Mais... Distante de mim. Era bom. Eu podia ignorá-lo.


            - Lugar maneiro, hein, Hermi? – dizia a voz suave. Tapei os ouvidos. – Será que é aqui que escondem os restos de Merlin? Deve ser, esse fedor só pode ser de defunto.


            Era fácil fingir que ele não estava ali. Mas ele estava.


            Depois de um tempo, parei de lutar contra eles. Deixei-os virem. Não havia muito o que eu pudesse fazer, de modo que eles falavam, falavam e falavam... Faziam-me lembrar. As memórias eram o meu único jeito de ver.


            “- Nós estamos todos juntos – disse um menino baixo, gordinho. Tinha a voz firme. - Isso é, tudo sobre lutar contra Você-Sabe-Quem, não é? E essa é a nossa primeira chance de fazer algo real... Ou tudo isso é apenas um jogo ou algo parecido?


- É claro que não é... – disse o mesmo rapaz de cabelos negros, seu visitante mais freqüente.


- Então devemos ir também – disse o menino gordinho, tomado de súbita coragem. - Nós queremos ajudar.


- Isso mesmo – a menina loira, avoada e meio lunática, concluiu. Ao seu lado, a moça ruiva sorria.”


            Juntos.


            Essa palavra não existe mais. Não tem significado ou garantia. Eu estou sozinha. Não há ninguém ao meu lado. Ninguém me apóia como pareceram fazer há alguns anos. Eles apenas me atormentam, me recriminam, me rejeitam... Eles não estão comigo. Não estamos juntos. Não existe juntos.


            Apenas eu.


            Porque apenas eu sou tua prisioneira, Lucius. Apenas eu sei o que é ser alvo da vingança alguém. Apenas eu senti na pele o que é sofrer inimagináveis torturas. Apenas eu habito um lugar frio e cinzento há cinco meses. Apenas eu tive a inocência arrancada de mim com brutalidade. Apenas eu sei a dor de ser abandonada. De ser sozinha.


            Então, eu só queria que acabasse logo com isso.


            Entraste na cela ao fim de alguns dias. As vestes que eu via cinzas deveriam ser negras. O cabelo cinza. Os olhos cinza. Você era cinza. Não vi muita diferença entre nós.


            - Ora, ora, ora... Parece que a sangue ruim finalmente enlouqueceu.


            Teus passos ecoaram. Encolhi-me ao sentir teus dedos frios tocando a pele de meu rosto. Tentei afastar-te, mas a melhor maneira de fazê-lo era ficar calada.


            - Sente frio, Granger? – perguntaste debochado.


            - Não. – o cobertor inexistente ainda pairava sobre mim.


            - Tenho certeza de que Draco já andou por aqui... Aquele moleque insolente! – sua abrupta fúria te fez afastar-te, apenas para esmurrar a parede.


            - Ele ficou apenas por poucos minutos. – meu olhar encontrou as migalhas que se encontravam no chão parcialmente queimado. O teu também.


            - Ele te trouxe comida... – sua voz era gélida. Certamente letal, embora parecesse comum aos ouvidos alheios. – Ele não virá mais. Não se acostume.


            Não respondi. Não havia o que dizer-te.


            - Draco já teve ter aberto aquela maldita boca para falar-lhe dos planos do Lorde das Trevas. Não se anime. Não sairás daqui. És minha prisioneira e, como tal, eu tomo as decisões acerca do que fazer contigo.


            - E o que decidiste? – perguntei com a voz fraca, sumida. Riste irônico.


            - Não é da sua conta, sangue-ruim.       


            Calei-me. Não vi, ouvi ou senti alguma coisa além do forte chute em meu estômago. Mais sangue. Estávamos voltando à rotina.


            - Olhe para mim. - a mão em meu queixo forçou-me a isto. – Já deves ter percebido, mas não há motivos para não confirmar. Não sei quando vai morrer, mas saiba que será aqui. E por minhas mãos.


            Foi a frase mais verdadeira de toda a minha vida. Mesmo que demorasse um tempo para se tornar realidade. Outro soco. Outro crucius. Qual era a diferença, agora? Tudo já doía, de modo que uma Cruciatus a mais ou a menos não era muito relevante.


            Mais sangue. Uma pitada a mais de dor. Nada. Silêncio.


            Senti medo.


            - O que é isso? – havia um timbre de ódio ali, quase imperceptível. Teu olhar me perfurou. – O. Que. É. Isto? – pausado, dramático. Ameaçador.


            Meu olhar vagou até tuas mãos, que seguravam uma antiga visita de Severus, um jornal velho e palavras cruzadas preenchidas. Uma sentença de dor e humilhação.


            - Quem te deu isto?


            - Severus Snape. – a ilusão de que ele também sofreria não me fez melhor.


            - O que o Snape quer com você? – o jornal velho caiu com peso dobrado em meu rosto. – Não aproveitou a oportunidade quando esta surgiu e agora quer tirar o atraso pelas minhas costas?


            Uma referencia a uma dolorosa lembrança. Seu conteúdo? Homens bêbados, hormônios, um vestido cinza e uma moça passando de mesa em mesa. A moça era eu.


            - Ele costuma vir aqui. Ele entra, senta-se e, depois de um tempo, vai embora. – disse apressada, atropelando as palavras.


            - Ah, que cena magnífica! – teu sarcasmo me feriu. – E assim, do nada, ele te dá palavras cruzadas, também sem nenhum propósito?


            Esfregaste o papel em minha face, apontando suas palavras em especial. A primeira: ataque. A segunda: fuga.


            - Eu juro que não... Eu não... Reparei nisso, não estava planejando fugir... – fui calada com um Sectumsempra.


            - Ouça, Granger, e ouça bem. – não precisava ordenar. – Só sairá quando eu quiser, está me entendendo? És minha prisioneira. És a personificação de minha vingança. Aqui, nesta cela, me pertences.


            Ouvi de olhos fechados. O resto não me interessava. Apenas ouvia-te declarar posse de mim. Ser sua... Era irônico. No dia do vestido cinza, eu pertenci a todos, menos a ti. Declamar posse sobre mim parecia irreal naquelas circunstâncias.


            - Não pertences aos comensais que copularam contigo como animais... Não pertences àquele maldito moleque que cuidou de ti... Muito menos ao bastardo sem pai do Snape... Apenas a mim, compreendeste?


            Um clarão. Uma idéia.


            Lágrimas como conseqüência.


            Querias tua parcela de mim, afinal. E a tomaria agora. Á força. Como os outros comensais. Só que naquele dia eu não usava um belo vestido cinza, apenas roupas sujas e gastas.


            Elas facilitaram o trabalho para ti. Cediam fácil às suas mãos asquerosas, que marcavam meu corpo. Senti-me impotente, tal como uma boneca de trapos. Mole e vulnerável. Eu já não havia sofrido o bastante para receber o martírio de seus lábios sobre minha pele? Já não havia sido torturada ao suficiente?


            Aquele castigo eu tinha certeza não merecer. Não outra vez. Não contigo.


            Tentei desvencilhar-me ti. Arranhei cada pedaço de pele que alcançava. Minhas pernas chutavam cada músculo teu. Meus braços lutavam no intento de empurrar-te com todas as forças que lhe restavam. Os dentes atacaram a carne de seu ombro com força suficiente para arrancar dele um pouco de sangue.


            - Sua sangue-ruim vadia! – a mão pesada desceu sobre minha face. Não chorei. Não gemi de dor. Apenas olhei-te com raiva. Com nojo, com asco.


            - Não acha que já basta, Lucius Malfoy? Não acha que é hora de deixar-me ir? Mate-me de uma vez! – disse com a voz firme, mesmo rouca. Deixei-te ver toda a minha fúria, meu ódio.


            - Uma parte morre agora. A outra, quando eu decidir.


            Um beijo forçado. Uma mordida e um lábio sangrando. Sangue puro escorrendo e manchando a minha pele. Meus braços tentaram parar-te outra vez. Funcionou. Não por muito tempo.


            - Quer ficar quieta? – ganchos nojentos envolveram meus braços e, com um toque da varinha, eles estavam presos por uma pesada corrente. – Agora sim...


            Teus olhos não estavam mais cinzas. Eu tinha medo quando eles mudavam de cor. O tom escuro em seus olhos era perigoso, era luxurioso, pecaminoso. O crime que estava prestes a cometer era definitivo. Não havia aqui a pegar, por que insistias?


            Sentir tuas mãos passeando pelo meu corpo fez-me sentir suja. Fraca. A pouca dignidade que havia restado estava esvaindo-se. Ela escapava aos poucos, a cada toque teu sobre minha carne.


            O tecido que cobria meu busto foi ao chão. Tentei lutar, tentei resistir. Alguns chutes lograram êxito. Um pontapé certeiro em suas partes íntimas fez-te cair de joelhos e lamentar. Cuspi em ti.


            - Sua... Sua... Sua puta! – outra tapa. Um riso meu. – Está se fazendo de rogada, agora? Uma novidade para você: querendo você ou não, eu vou te possuir. – as palavras foram derramadas como ácido em meus ouvidos.


            Quando estava próximo o bastante, meus dentes te atacavam. As pernas não paravam de te agredir. Chutei o quanto pude, blasfemei e gritei até não ter voz. Cuspi em ti repetidas vezes, mas nada o fazia parar. Nada no mundo o deteria. Infelizmente, ninguém me ouviu dali. Ninguém veio.


Perdi o pouco que me restava ao senti-lo dentro de mim. Assim mesmo, com pressa e brutalidade. Debati-me o quanto pude, gritei, chorei, esperneei. Implorei. Não paraste. Um ato de violência extremo fora praticado contra mim. Fiz de tudo. Usei de tudo o que me restava, mas nada o impediu de violentar-me – outra vez – sem piedade. Dois assaltos até que se desse por satisfeito.


            Largou-me ali quando te livraste das correntes que prendiam meus braços. As réstias de força que sobraram em mim foram o suficiente para acertar-te uma bela tapa na cara. Uma tatuagem para ti: os cinco dedos de uma sangue-ruim cravados em sua face.


            - Filho da puta. – blasfemei com o pouco de voz que me restava. Levei mais um Crucius, mas de que importava?


            Saíste. Caí. Permite-me, pois, chorar as lágrimas que me sufocavam. Uma parte de mim morreu naquela noite. A outra parte, estou tentando matar agora. Não havia Draco aquela noite. Sozinha, outra vez. Até os fantasmas me abandonaram.


            Eu senti-me como se estivesse na beira de um precipício. Uma curva a minha direita. Nada a minha esquerda. E a imensidão do interminável a minha frente. Uma decisão a tomar. Deveria eu entregar-me a minha dor, mais do que já me entregara? Deveria eu jogar-me aos braços da completa escuridão do desconhecido? Ou deveria voltar atrás, vivendo apenas de memórias e fantasmas?


            Aquele era um divisor de etapas de minha vida. A decisão não foi fácil. Não entreguei-me ao abismo ou retrocedi meus passos. Segui em frente no caminho que havia escolhido para mim. Mesmo que nele estivessem inclusos a solidão, os fantasmas e a esperança que me mata.


            Todos já enfrentamos esse precipício. Todos já nos pegamos acima dele pensando qual o próximo passo. Alguns decidem se entregar. Outros voltam atrás. Alguns loucos, como eu, resolvem seguir seu caminho. Todos tomam uma decisão.


            Qual a sua decisão, Lucius, quando estavas acima do precipício¹? O que você decidiu ao te deparar com o desconhecido? Que trilha resolveu percorrer? Ficar parado na beira do abismo não é uma decisão sábia. É uma decisão covarde. Mostra que não tens opinião, que não ditas o seu destino, que não és detentor de sua própria vida. Ainda encontra-te na beira do precipício? É um lugar instável, qualquer tremor é capaz de decidir por você, e só te dás conta disso ao se encontrar na queda sem fim. Caindo, não há mais como recuperar o controle.


            Eu decidi. E tu?


            Não interessando se a escolha é correta ou não, eu continuei. Os muros ao meu redor continuavam firmes. As rachaduras preenchidas pelo pouco de raiva que acumulei. Raiva de ti, de mim. De tudo. Era um rancor tão generalizado que se tornava vazio. Tornava-se cinza.


            O velho jornal de Severus me dera ainda perambulava pela cela quase vazia. Eu já não ocupava muito espaço. Apenas uma pequena área onde me encolhia e me balançava para a frente e para trás, repetidamente. Tentando contar as horas, os minutos e os segundos até que o momento chegasse.


            Qual esse momento? O meu resgate.


            Não estava errada em armazenar esperanças, afinal. Havia uma data e um horário no jornal velho. Seria dia primeiro de março. A Ordem viria. E eu seria resgatada.


            Agüentar os dias antes desta data, no entanto, foi um martírio. Severus não se atrevera a entrar em minha cela. Draco parecia ter medo de mim depois do fogo que eu fiz surgir no lugar. Apenas um comensal ou outro deixava uma bandeja com pão dormido e um copo de água.


            Nessas horas, eu sempre via o moço ruivo. O alto e desengonçado. Ele gostava das horas das “refeições”.


            - Lembra-se que sempre reclamava comigo quando eu comia assim? Sempre dizias-me que deveria manter os modos a mesa.


            Ele sempre me vinha com comentários alegres, espontâneos... Extrovertidos como eu já não era. Mas ninguém conseguia me fazer rir. Ou esboçar o mínimo sorriso. Havia como? Havia como sorrir estando perdida no interlúdio entre realidade e alucinação? Eu não tinha essa resposta.


            Então, havia a menina loira. O ruivo alto contou-me sobre ela. Seu nome era tão avoado quanto. Luna. Ela apenas aparecia, sentava-se ao meu lado e sorria com docilidade. Doía em mim saber que não poderia sorrir assim. Não mais.


            - Não desista, Hermione. Estamos juntos. Não ceda a dor. Agüente firme.


            O que ele diria se fosse ela a passar pelo que passei? A sofrer o que sofri? Se fosse ela a ter tudo arrancado com brutalidade? Teria ela esta resposta? Ela, não. Eu tinha. Ela não diria isso. Ninguém seria capaz de pedir-me para agüentar. A decisão era minha. Eu continuava agüentando. Só não sei por quanto tempo.


            - Hei, Hermione. Vamos, saia daí. Somos nós. Viemos te resgatar.


            Novamente o rapaz moreno. Harry.  Ele me visitava com freqüência. Vinha e sempre me oferecia palavras de alento, que não passavam disso. Palavras sussurradas a uma mente insana a beira do colapso.


            - Levante-se. Consegue caminhar? Venha conosco, Hermione. – ele parecia estranhamente mais desesperado.


            Eu já tinha desespero o suficiente. Não precisa que ele me desse mais um. Os olhos verdes miravam-me com preocupação e urgência. Havia cobrança neles. Eu via rejeição.


            - Vá embora. – disse fraca. – Saia daqui. Deixe-me em paz.


            As mãos abafando os meus não surtiram nenhum efeito. A voz continuava lá, e parecia estar se aproximando. Ouvi passos. Abri os olhos e pude enxergar uma parca luz no fim do meu túnel. Algo que refletia e iluminava o meu mundo, dentro dos muros ao redor.


            - Hermione? – não, de novo não. – Somos nós. Harry e Rony. Venha conosco. Vamos te tirar daqui.


            - Você não é real. Você não é real. Você não é real.


            Repeti como um mantra, cada vez mais rápido e baixo. As mãos nos ouvidos tentando calar a voz, o corpo movendo-se aparentemente sozinho, para a frente e para trás, como uma cadeira de balanço. Movimentos desprovidos de propósito ou destino.


            - Mione? – era a voz do moço ruivo.


            Vieram dois de uma vez? Eles geralmente pareciam um a um... Abri os olhos para deparar-me com a visão mais completa que tive naqueles meses. Os dois elevavam-se a minha frente, encarando-me preocupados. Pareciam... Palpáveis.


            - Merlin... Eu já posso até senti-los. – disse cabisbaixa, não conseguindo manter o pensamento dentro de minha mente ao tocar, levemente, o braço de um deles.


            - E você está sentindo. Estamos aqui. Somos reais.


            Ele havia segurado a minha mão. Houve calor. Faíscas. Labaredas. Em pouco tempo, o fogo voltava a consumir a cela. Senti-me estranha... Como se estivesse flutuando. Havia algo quente e macio onde eu podia encostar minha cabeça. Morrer era assim? Era bom.


            - Mantenha-se acordada, Hermione. Por favor.


            Senti uma ruptura no meu muro. Algo havia se rompido lá dentro. Seria a solidão? Tento fantasmas como companhia, suspeitei que a esperança enfim me abandonara. Apenas fechei os olhos e pedi para que não pudesse mais abri-los.


            Infelizmente, eu podia. Abri-os.


            Eu não estava tendo alucinações. Ronald me carregava. Atrás de mim, a Mansão Malfoy pegava fogo. Ela caía. O palco de minhas dores estava em ruínas. Havia mais gente ao meu lado. Rostos dos quais as memórias me faziam lembrar...


            - Luna? – perguntei a moça loira, que pairava ao lado do rapaz gordinho. – Neville? – em uma de suas muitas visitas, o fantasma de Harry informara-me os nomes.


            - Somos nós. Viemos para te buscar, Hermione. – disse a menina calma e pacientemente. O rapaz saiu de trás dela e me ofereceu um sorriso. Sinto muito, Neville, não posso retribuir, tive vontade de dizer. Mas calei-me.


            - Mione? – atrás de Harry estava uma moça ruiva. Eu lembrava vagamente de seu nome. Ela era minha amiga, não era? – Sou eu, Gina.


            - Oi, Gina. – era estranho dizer isso.


            Logo fui cumprimentada por todos os presentes. Não sorri. Quase não falei. Nunca saí dos braços de Ronald.


            - Ron. É você mesmo? – perguntei levanto uma de minhas mãos ao seu rosto. Virei-me para o outro rapaz. – Harry, vocês são reais?


            - Sim. – respondeu o moreno.


            - Vocês costumavam me visitar na minha cela. Era tudo tão cinza. – as palavras saltaram sem que eu as pudesse conter.


            - Você vai ficar bem, acredite em nós. – era mentira.


            - Você me dizia isso sempre que me visitava. A Luna me dizia para não desistir. A Gina pedia que me mantivesse firme. E o Harry dizia que eu não estava sozinha. – eu disse encarando todos eles de uma só vez. Vocês se lembram disso? Eu lembro.


            Percebi os olhares trocados entre eles. Calúnia.


            - Vamos para casa, Hermione. Quando você descansar, você nos conta o que houve, tudo bem? – disse Ronald depositando um beijo no alto de minha cabeça.


            - Você quer que preparemos algo para você, Hermione? – perguntou Gina. Olhei para ela e pensei no que pedir.


            - Uma banheira para que eu possa lavar-me. Maçãs verdes. Um jornal velho que tenha palavras cruzadas. – lembranças daquelas coisas vinham-me à mente...


            Mas faltava algo. Faltava algo teu.


            - Um vestido cinza.


            Era tudo o que eu precisava. Eles levaram-me para casa. Conduziram-me com carinho e cuidado. Eles se preocupavam comigo como tu não fazias. Eles não me questionavam ou machucavam.


            Antes de fechar os olhos, permiti-me roubar um pedaço de céu. O céu estava cinza naquele primeiro de março. Para onde eu olhasse, eu via essa cor. Havia cinzas nas roupas de todos eles. Restos de tua Mansão, retalhos meus. 


            Eles me salvaram de ti, mas não sei se foi para um lugar melhor.


            Percebi uma última coisa antes de finalmente entregar-me à imensidão cinza que me possuía pouco a pouco.


            Havia estrelas no céu. Elas feriram meus olhos.


            Então, entreguei-me ao cinza pela última vez.


 


**********************************************************************


¹ Acima do Precipício: gente, esse termo não é meu, ta? Ele pertence a estimadíssima Brenda Moreira Marques. Usei o termo com autorização dela. Obrigado, amor! *-* Gente, o nome da fic é Acima do Precipício. Clique aí e dê uma passadinha lá, ;)


**********************************************************************


 


N/A.: Ainda não acredito que postei esse cap! @.@ Ele demorou para burro, mil perdões. Sinto-me no dever de explicar. Postei a primeira parte dia 01/01/2010. Iniciei a segunda alguns dias depois. Viajei dia 10/01 e passei o resto do mês fora. Na volta, descubro que o pc está quebrado. Daí o meu notebook ressuscitou. Sem arquivos. Veio Carnaval. Mais quinze dias fora. Na volta, o notebook quebra e fico sem nenhum computador. Quando volta, como é de praxe, eu tinha perdido tudo. No fim das contas, esta é a terceira vez que inicio esse cap.


Mas nada disso é de interesse de vocês, mas garanto que Cinza – Parte III não demorará tanto. Sim, a Hermione ainda falta relatar como foi a volta para casa e como foi parar numa clínica psiquiátrica e fatos posteriores, uahsuahsuahushaushuahs’ Para quem é fã do Draco, ele ainda aparece – e muito – aqui ;D


 


PS: capítulo veio sem betagem, mesmo. Faz algum tempo que não falo com a minha beta e ia demorar mais, então... Depois eu doou uma revisada. Relevem qualquer erro, ok?


 


Beijo, meus amados!


 


Coments:


 


Grega: super agradeço o coment! *-* Jura que consegui prender sua atenção? Que lindo, espero que curta esses devaneios da Hermione ;D


Josy: isso é calúnia! Eu não sou má! Kkkkkkkkkkkkkk’ Ta, só um pouquinho. Nem fiz ela ser torturada muito nesse, fica a dica. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk’ Obrigada, more.


Jacq Nasci: uma honra ter você aqui na minha humilde fic *-* Uma honra maior ainda esse comentário que eu amei de paixão *-* Pelo que falou, consegui mei intento! Faze-los sentir-se como a Hermione foi a minha intenção. Que bom que gostou! =*


Haseo: nossa, há quanto tempo. Olha, eu tentei diminuir o uso dos verbos em segunda pessoa para melhor compreensão, ok? Mas as vezes é inevitável, ela tem de discernir o Lucius do restante, porque é como ela estivesse falando diretamente a ele, entende? Mas espero que curta esse cap, com essa mínima moderação. Valeu pelo toque, =*


Bárbara: que bom que achou a fic interessante. Eu a acho meio doida, enfim... kkkkkkkkkkkk’ Espero que goste desse aqui também, =* PS: logo passo na sua fic ^^’


Tonks Fênix: intensa? Jura? *-* Adorei os elogios, espero que agora eu não perca “o fio da meada” e deixe cair o pouco nível que reuni, kkkkkkkkkkkk’ Adorei, =*


Brenda Moreira Marques: primeiro: muuuuito obrigada por me permitir usar o termo na fic, de verdade. *-* Eu adoro a sua fic, FATÃO. De verdade mesmo, eu adorei usa-lo aqui. *-* Eu também acho essa fic muito Malfoy auhsuhausaushahsu’


Claudiomir: ta certo sim, eu te enviei o link da letra no coment lá, que eu lembro... Qualquer coisa, eu mando de novo. Te espero aqui, =*


 


É isso, galera!


 


Fui-me!


 


=*


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.