Capítulo Único
Prólogo
Uma pétala de rosa pode mudar uma vida, basta apenas saber aplicá-la. - quem lhe dera se esse pensamento fosse válido em todas as circunstâncias de sua vida...
Mesmo assim ele guardou aquela flor e, por anos à fio ele permaneceu fiel à ela.
Foi numa noite vulgar que ele desejou com tanta força que ela pudesse retornar, mas de nada adiantou.
A única rosa ainda perfumada caiu de suas mãos às margens do rio do esquecimento.
Capítulo Primeiro
Fotografias
Snape estava ajoelhado diante à sua cama, nas mãos tinha uma caixinha de veludo negro. Abriu-a e dispôs sobre a colcha da cama duas fotos, seus dedos brincaram com os contornos da figura que se deixara fotografar - Lilly. - suspirou, sentiu-se embriagado com o perfume que provinha da caixa.
Era sempre assim, bastava abrir a caixa e o perfume dela invadia seus poros, apoderando-lhe a razão e tornando, de certa forma, sua existência menos caótica e perturbada.
Passou a mão pela colcha negra como a noite e chegou até algo macio e aconchegante, seu corpo clamava por descanso e ele subiu na cama, deitou-se, mas não se cobriu. Logo em seguida adormeceu, ainda com a foto nas mãos.
Capítulo Segundo
Essências
Acordou atordoado, a noite fora deveras curta para que seu corpo descansasse perfeitamente e a foto foi deixada de lado. Murmurou palavras de auto-reprovação e levantou-se com humor ainda pior do que o habitual.
As horas do dia passaram vagarosa e excessivamente dispersas, andavam conforme sua própria vontade até que, enfim, o sol se punha.
Ele se aproximou da cama, onde horas antes estivera junto com suas dolorosas e constantes lembranças. Pegou a flor que estava junto à caixa e aproximou-a do nariz.
O contraste dos perfumes foi extremo, o dele era Fougère, o dela era um Floral Aldeído com toque de bergamota. As essências eram tão diversas que ao mesmo tempo em que se repeliam, elas se completavam em perfeita harmonia.
Capítulo Terceiro
A Flor
Suas mãos exploraram os contornos frágeis da flor, encantando-o por vários minutos.
"É como se tocasse a pele dela, é algo surreal" - pensou. Mesmo sendo apenas uma flor ela representava toda a plenitude e felicidade que ele jamais pudera sentir dela.
Hoje ele pagava por erros do passado.
Algo chamou sua atenção, hoje era Natal. Tocou novamente a flor e a pôs de volta na caixa, estava decidido a, finalmente, cortar todas as suas dores e angustias de uma vez por todas.
Saiu apressado em direção ao lago, fora lá que passara diversos momentos de sua vida, alguns felizes, outros nem tanto.
Capítulo Quarto
Um Motivo
Chegou ao lago em poucos minutos, trazia consigo a caixinha, discretamente guardada sob as vestes.
Pôs-se debaixo de uma das árvores nas margens do lago, lá ele dera o primeiro beijo em Lilly. Sua mão foi de encontro ao tronco da árvore em sinal de ódio, não dela, mas dele próprio.
_Idiota! Você estragou tudo! - ele se repreendia com sussurros. - Só por causa da sua sede de poder, idiota!
Tirou a caixinha das vestes e pegou as fotos. Olhou-a por longos cinco minutos em busca de um motivo para não fazer o que pretendia, não encontrou nenhum.
As fotos foram rasgadas em pedaços e, em seguida, esses pedaços foram atirados ao vento. Snape se surpreendeu com seus próprios atos, ele sabia que aquelas eram as únicas fotos de Lilly que lhe restaram. Seus olhos se voltaram para a rosa que permanecia intacta dentro da caixinha, enfim, após buscar avidamente por um motivo, encontro-o, mas nem mesmo ele sabia de qual se tratava o mesmo.
Capítulo Quinto
Uma Pétala
Voltou para seus aposentos no interior do castelo, sentiu um cheiro sufocante, sua flor estava perdendo o perfume. - Não, por favor... - tarde, a rosa perdeu toda a magia de cheiros e essências, Snape se sentiu pior do que já se sentira em toda sua vida. Jogou a flor no chão, mas antes ele guardou uma única pétala da mesma.
Passou várias noites ao léu, buscando avidamente em sua memória o perfume de Lilly, mas não encontrou. Já não mais acreditava que Lilly fora real, o único consolo que possuía é a pétala de rosa, ela lhe dava a certeza de que um dia Lilly fora parte de sua vida.
Capítulo Sexto
Alguns anos depois...
Estava na frente de ataque, mas o Lord o chamava, ele sabia o que lhe aguardava.
Poucos minutos depois, ele estava sobre uma poça de sangue, sangue dele próprio. Sentiu que morreria logo, sentiu suas forças se esvaírem diante o par de lindas esmeraldas sobre si - Potter; olhe para mim... - o garoto olhou no fundo das duas ônix e em seguida saiu. Snape levou a mão insensível à um bolso nas vestes e de lá tirou uma pétala, mesmo sem sentir, ele sabia que ela voltara a ter o mesmo perfume de Lilly. A pétala caiu no chão, Snape morrera. - "Eu ouço seu nome, são os anjos sussurrando algo tão bonito que fere" - Snape pensou.
Epílogo
Felicidade
Snape acordou num lugar muito iluminado, tinha o cheiro do perfume de Lilly. Sentiu o vento formar ondas de pequenas folhas esverdeadas, - Sev? - reconheceu imediatamente aquela voz. - Sev, é você?! - sentiu-se abraçado e viu um monte de cabelos vermelhos cobriu-lhe a face.
_Lilly. - ele, mesmo que timidamente, retribuiu o abraço, sentiu-se amado por ela.
Ela sorriu em resposta, - Vem, vou apresentar-lhe outras pessoas. - uma montanha de rostos passou por seus olhos, Dumbledore se destacou dentre todos; as vestes azul-céu tremulavam sobre uma grama verde e bem aparada.
_Quem bom que nos reencontramos. - sorriu, Lilly ainda segurava sua mão. - espero que não tenha sentido dor ou qualquer outro incômodo. - Snape balançou a cabeça em negação. Lilly o abraçou, ao longe viu James e Sirius os dois estavam carrancudos.
_Vamos a um lugar, quero lhe mostrar uma coisa. - Lilly o puxou, levando-o em direção a um penhasco, lá em baixo o mar punia as pedras de forma incessante.
O sol se punha de forma silenciosa e distinta, os pássaros ficaram em silêncio quando Lilly pegou uma rosa vermelha e jogou precipício abaixo. - Tudo tem um início e um fim, esse é apenas mais um. - os dois permaneceram de mãos dadas ao pôr do sol.
The End
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