Fúria cor de rosa.
Fúria cor de rosa.
(Lilá’s POV)
A maioria das pessoas costuma acreditar que eu não presto para nada. Que não me preocupo com ninguém, que sou só uma garota que não passa de uma criança mimada e fútil. Lavender? Ah, aquela garota com cérebro de jujuba e purpurina?
Mas eu me importo. E muito. Me importei quando meu coelhinho Bínqui morreu - Bínqui, se estiver lendo, mamãe sente muito a sua falta. O Bínqui II não chega aos seus pés -,e era óbvio que me importava mais ainda com o futuro que eu planejava junto ao Ron. Eu me importava com tudo que dizia respeito ao Ron.
Tenho uma consciência, e me arrependo das minhas ações, também. Naquele exato momento, eu estava completamente arrependida de ter usado Rony como parte do meu plano. Estúpido plano! Eu havia machucado meu Roniquinho por um capricho meu. Queria ter ele ao meu lado, mas não todo ensangüentado daquele jeito! Preferia ver ele com a Granger, do que com o nariz quebrado por minha causa. Hm, espera aí. Esquece, eu ainda prefiro ele com o nariz quebrado... Credo, Lilá! Abaixei, ajoelhando-me ao lado do corpo do ruivo – que estava estirado no chão – enquanto agarrava em seus braços, quase demente, e o sacodia com vigor.
- Ron? Roniquinho? Ah, por favor, abra os olhos! – eu chorava, implorando, e o salgado de minhas lágrimas misturavam-se com o sangue do rosto dele. Toda minha alma estava empenhada em fazer com que Rony acordasse. E em sentir raiva de Miguel Corner, também. As poucas pessoas que estavam por ali agora aglomeravam-se ao nosso redor, como se estivessem assistindo a um show muito interessante. Pessoas horríveis! Pessoas como eu.
- Olha só o que você fez, seu trasgo idiota! Olha como o meu Ron está, seu grosso, imprestável! – exaltei-me, em prantos. Em questão de segundos eu estava em pé esmurrando com toda a força o peitoral de Miguel Corner. Minha voz soava trêmula, enquanto eu disparava mais e mais ofensas, e ele tentava, em vão, segurar meus punhos enérgicos. Uma enorme dor no peito me acometia. Culpa? – Olha o rosto dele, você desfigurou o meu bebê, eu vou te MATAR!
- Sua louca, ele teve o que mereceu! – defendeu-se ele - Mas agora eu não quero mais sair com você... você... é demente! – meu ódio só aumentou, e eu agora socava com mais força. Miguel parecia assustado, enquanto tentava desvencilhar-se dos meus socos certeiros, e quem sabe, escapar daquela ceninha. Ele podia ser metido e prepotente, mas não era do tipo que curtia um barraco.
Meus berros chorosos inundavam todo o bar. Eu não ligava, entretanto. Queria apenas fazê-lo se arrepender amargamente de ter socado meu ex-namorado.
Num ímpeto de fúria – e ainda chorando, diga-se de passagem – agarrei com força o punho com o qual Miguel Corner havia socado o nariz do Roniquinho, e constatei que estava muito mais pesado do que uma mão normal pesaria. E mais cinza, também. E meio...rochoso. Estranho, não sabia que Corner era meio deficiente em uma mão.
Foi então que a compreensão surgiu diante de mim, clara como um cristal, e meu olhar se iluminou. Corner não passava de um...
- Covarde! Usou o feitiço do punho de pedra enquanto Ron estava distraído, falando! Você não vale nada! – como ele podia ser tão baixo? Parecia tão óbvio agora! Enquanto eu e Ron falávamos, Corner devia ter usado aquele feitiço não verbal de transfiguração que a Professora McGonagall havia ensinado, sobre auto transfiguração. Não que eu me lembre exatamente da aula, mas... argh! Era tão sujo, que me dava náuseas. Antes de Miguel ter a chance de se defender, segurei seu pulso com as duas mãos, enquanto tentava direcionar a mão do garoto para a própria boca, com toda a força que existia em mim. Eu parecia meio maluca, admito. Meus cabelos estavam meio bagunçados, também. Ele parecia pensar o mesmo, porque arregalou os olhos, tentando fazer o movimento contrário ao que eu fazia, mas eu não me detive.
- Eu vou te ensinar uma lição! Vou te mostrar onde você deve socar, da próxima vez!
O corvino estava sem reação.
- Segurem essa maluca! – foi tudo o que conseguiu dizer, meio abafado, enquanto eu ainda tentava socar a boca dele com sua própria mão transfigurada. Madame Rosmerta e seu funcionário, então, me seguraram e me levaram para longe daquele garoto malvado. Eu continuava a me debater, gritando, cravando minhas unhas em qualquer parte de Corner que eu conseguisse alcançar. Queria arrancar os lindos cabelos dele um a um, com uma pinça! Miguel, aproveitando-se que eu agora estava impossibilitada de socá-lo um pouquinho mais, saiu à francesa sem dar nenhuma satisfação a ninguém. Covarde.
- Acalme-se, querida! Ele já ganhou o que merecia, e seu namorado vai ficar bem. – apressou-se em dizer Rosmerta, enquanto eu ameaçava cair no choro de novo.
- Ele não é meu namorado, infelizmente... – fiz um biquinho e enxuguei as lágrimas com o punho da blusa, de modo infantil – eu sou uma pessoa horrível, que não merece nem unzinho...
Fui interrompida.
- Olha lá, ele está se mexendo! – exclamou um dos expectadores que estavam por ali.
Meus olhos vidrados correram de madame Rosmerta, para Ron.
- Li...lá. Lilá? – ele murmurava, baixinho. Eu me joguei ao lado dele sem nem sequer pensar, acariciando seu rosto com minhas mãos trêmulas delicadamente. Minha voz tremia também.
- Shiii... quietinho... – coloquei um dos dedos sobre seu lábio, onde o pálido de sua pele e o rubro de seu sangue contrastavam. Ele agarrou minha mão livre com força, e uma lágrima contida rolou por minha face – está tudo bem, eu estou aqui com você, não vou deixar que nada aconteça, ok?
- Aquele... miserável... comedor de bosta... tem a força de um trasgo...
- Eu sei, eu sei. Ele já foi embora. Venha, deixa que eu te ajudo a levantar...
Não sei como, mas ajudei um garoto de 1,90 de altura – ou mais! - e o dobro do meu peso a levantar-se com a maior facilidade, apoiando um de seus braços de mal jeito sobre o meu ombro enquanto ele cambaleava, ainda meio zonzo. Devia ser a adrenalina da situação. Se bem que depois de dar a louca com um garoto do físico de Miguel Corner, e socá-lo até minhas mãos incharem, eu não deveria estar surpresa! Em meio a pedidos de desculpas à Madame Rosmerta, e desejos de melhoras das pessoas que ali estavam, deixamos o três vassouras – eu, apoiando Rony -, e partimos. Eu deveria levá-lo à enfermaria, não? Quem sabe isso acalentasse um pouco o meu coração, que teimava em estrebuchar, mandando-me uma mensagem clara como água:
Lilá, você é uma pessoa horrível.
N.A: Oi gente! Primeiro, quero agradecer a todos os comentários. Lai, MiSyroff, Juju, obrigada pelo apoio, meninas! Esse capítulo ficou meio curtinho, mas o próximo já está quase pronto, e vai ser bem maior (bem MESMO O.O). Só tô decidindo ainda quem vai narrar, mas talvez eu faça meio a meio. Beijos!
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