Chiclete e esconde-esconde.
Chiclete e esconde-esconde.
(Ron's POV)
Os risinhos agudos no final do corredor denunciavam a presença dela. Dela e de seus cabelos longos e louros que cheiravam a chiclete, ou do tom suave e melado de sua voz. Tudo em Lilá era excessivamente doce; os olhos, o sorriso, as palavras... os lábios. Uma personalidade enjoativa, diriam uns. Uma personalidade com a qual eu aprendi a conviver. A verdade, é que desde que nós havíamos terminado o nosso namoro, eu vinha me esquivando de Lilá Brown. Sabe como é, ela pode ser bem inconveniente quando quer. E pode chorar muito fácil, também. E a Hermione diz que eu não sou a gentileza em pessoa, então, achei que o melhor a fazer era de afastar dela. É, já deu pra entender, não vou ficar detalhando. Mas eu não podia negar, que havia algo ali, em toda aquela "montanha de açúcar" que me fazia falta. Não, devia ser somente impressão.
— Ron, o que está fazendo parado aí? — a voz familiar me puxou de volta à realidade, e eu pisquei duas vezes, abobado, antes de conseguir chegar a qualquer conclusão. O fato era que eu estava parado no meio do corredor, sozinho, olhando para o final dele como se esperasse que algo surgisse de lá. Girei nos calcanhares e dei de cara com Harry, que me olhava com aquela típica expressão de “Você pirou, cara?”, esperando alguma reação da minha parte. Pigarreei.
— Eu, hãn... nada, eu... esquece, Harry. — acho que devo ter falado tudo muito rápido, porque agora ele me olhava com cara de quem não tinha entendido nada e considerava veementemente a idéia de me mandar direto pro St. Mungus. Eu dei um sorriso meio torto, esperando que aquilo surtisse algum efeito positivo. Qual é, quem tinha a mania de ficar torturando as pessoas com perguntas inconvenientes era a Hermione! O Harry, bem... o Harry devia fingir que não tinha visto nada, como sempre.
— Tudo bem. Mas que você tá estranho, ah, isso está mesmo. — dei de ombros, com cara de nada. Blá, blá, blá. Ninguém te perguntou nada, Harry. Antes que eu pudesse pensar em qualquer resposta mal-humorada para convencê-lo de que eu estava realmente normal, o som da conversa feminina se fez ouvir novamente, e dessa vez acompanhado de passos que vinham em nossa direção. Gelei. Parecia que meu coração estava batendo no lugar do pomo-de-Rony (sim, porque o pomo é meu, e não do Adão), e meu cérebro emitiu um sinal que as minhas pernas entenderam muito bem, e minha boca fez questão de verbalizar.
— Tá, eu tô estranho ou o que você quiser, mas Harry, vamos dar o fora daqui. — choraminguei, empurrando ele para a curva oposta àquela em que Lilá surgiria em breve, provavelmente tagarelando de braços dados com Parvati. Mas Harry fincou os pés no chão, e eu percebi que ele não estava afim de ajudar. Claro, pra que ele ia ajudar se podia atrapalhar? E sim, isso foi uma ironia.
— Qual é, Harry... ou você anda, ou eu vou ter que te forçar a isso. — disse em tom de ameaça, mas uma nota de pânico podia ser notada em minha voz. Lilá ultimamente estava sendo o meu inferno pessoal. Ou eu estava fazendo com que ela fosse, sei lá.
Não adiantou. Droga.
— Vai você, eu quero ver quem é que vem vindo ali. — quatro palavras: ele já sabia quem era. Opa, foram cinco. Harry sempre tentava dar um jeito de fazer com que eu me encontrasse casualmente com Lilá, porque, segundo ele, nós tínhamos que parar com aquela brincadeira de esconde-esconde. E pelo sorrisinho que agora Harry ostentava, ele já tinha descoberto de quem era a voz adocicada. Meu rosto se torceu numa careta de desespero, e eu espiei por cima do ombro. Lá estava ela, caminhando em nossa direção, de braços dados com Parvati, enquanto os cabelos esvoaçavam às suas costas. Voltei a fitar Harry.
— Ahh, meleca. — olhei de um lado para o outro, nervoso, à procura de algum lugar para me esconder mesmo tendo certeza que Brown já tinha me visto. Parei atrás de Harry, que fazia um esforço imenso para não cair na gargalhada. Isso porque ele é o meu melhor amigo, veja bem. Tá, não ia dar pra me esconder atrás dele, eu era um bocado mais alto. Por favor, Merlin, uma solução, praticamente implorei. Uma armadura bem polida entrou em meu campo de visão, encostada em um canto da parede. Nem sequer pensei duas vezes: me enfiei no vão entre a armadura e o concreto, rezando para que por algum milagre ela ainda não tivesse me visto. Bom, parece que eu não sou muito bom nesse negócio de rezar...
— Oi, Harry. — disse Lavender, quando chegou perto o suficiente do lugar onde estávamos. Parei para prestar atenção no tom de voz dela. Estava menos doce que o normal. — Eu estou te vendo aí, Ronald.
Prendi a respiração.
— Ahh, eu só estou... — pensa, pensa! — Só estou olhando como essa armadura foi bem polida, sabe? Olha como ela brilha, que excelente trabalho de limpeza... que-queria saber que tipo de removedor eles usam aqui. — respondi, gaguejando, enquanto passava o punho da minha camisa contra o metal fosco, aparentemente muito concentrado na grande armadura velha. Aquela era a pior desculpa que eu já tinha inventado em toda a minha vida, cara. Harry nem se deu ao trabalho de abrir a boca.
Lilá fez um biquinho e arqueou ambas as sobrancelhas. Eu dei um sorriso nervoso.
— Sei... — ela disse, e a desconfiança estava estampada em sua voz. — Boa sorte com a armadura, Ronald. Vamos, Parvati.
Ela virou, jogando os cabelos, e o cheiro de chiclete atingiu-me como uma chicotada, deixando-me atordoado. Inspirei o ar com os olhos fechados. As lembranças de quando estávamos juntos pipocaram em minha mente, uma após a outra. Devo ter passado quase um minuto ali, de olhos fechados feito um idiota, porque foi Harry quem teve que me chamar de volta à realidade.
— Rony?
Quase pulei.
— Ah, eu tô bem, eu tô bem. — Harry parecia prestes a um ataque de riso, e provavelmente depois dele viriam as perguntas. Me adiantei para impedir isso. — Sem perguntas, e sem gracinhas. Agora vamos, a Hermione disse que precisava falar comigo e deve estar uma fera porque eu não apareci ainda.
Pra piorar, mais essa. Enfrentar a fúria de uma Hermione pontual e que acha que todo mundo deve ser pontual também. A verdade, é que as mulheres me assustam. Quando você diz sim, deveria ter dito não, e quando diz não, elas choram! Que homem sabe como agir diante disso? Harry apenas balançou a cabeça, concordando, e eu saí do lugar em que estava espremido, passando a caminhar junto a ele até a Torre da Grifinória. Minha mente já maquinava mil desculpas para dizer à Mione, mas eu tinha que admitir: uma era pior que a outra.
N.A: Oie pessoal! Bom, essa é minha primeira Fic longa, e eu espero que vocês tenham paciência comigo, e me ajudem a melhorar. Por enquanto, é uma Fic livre, que vai seguir a linha de romance adolescente. Caso os leitores queiram, a gente pode até apimentar as coisas. Esperando comentários ansiosamente, não me deixem na vontade. *-* Comentários ajudam a melhorar e incentivam. Beijos, e obrigada por lerem até aqui!
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