Lembranças de um Amor



   Harry Potter estava sentado em sua confortável cadeira estofada, profundamente pensativo. Qualquer um que passasse por aquelas bandas imaginariam que não havia ninguém na casa, devido a todas as luzes estarem apagadas. O que não podiam imaginar é que, por trás daquelas ilustres e bem polidas portas de carvalho, jazia o maior herói do mundo bruxo, com a cabeça entre as mãos.


    “De que vale todo esse luxo e dinheiro, se não posso compartilhá-lo com alguém amado?” pensava, desolado” De que vale ter derrotado Voldemort, se ele acabou por levar com ele a pessoa que mais me importava no mundo?”


       Sim, naquele dia o Lorde das Trevas finalmente tombou, sem nenhuma de suas Horcruxes como garantia. Mas, antes que Harry pudesse perceber, o ser do mal levava com ele Hermione, a sua Hermione.


 


        Flashback:


 


   Harry apontou a varinha para o inimigo, cheio de ódio. Voldemort estava desarmado, porem não retirava a expressão maldosa de seu rosto.


   - Você vai me matar, Potter? – exclamava ele – Ótimo, vamos! Acho que você não tem coragem!


   Harry mentalizou com todas as forças o feitiço que Dumbledore lhe ensinara, para que não fosse preciso usar uma maldição imperdoável.


    - CAPICITIUNS!


   Voldemort foi atingido, e resolveu usar seu ultimo resquício de podar para levar alguém com ele. Pronunciou um feitiço inaudível e sua mão explodiu em chamas, que guiaram-se diretamente para Hermione.


   - NÃO! – gritou Harry, mas era tarde demais. A amada fora atingida, e nenhuma de suas inúmeras lagrimas poderia trazê-la de volta.


 


         Harry sacudiu a cabeça. Novas lagrimas, idênticas aquelas que um dia derramaram-se sobre o corpo imóvel de Hermione, brotaram de seus olhos. Ele não tentou conte-las. Já perdera a conta da quantidade de vezes que chorara ao relembrar esse dia.


          Uma das suas pouquíssimas armas contra a tristeza era, também, um lembrança daquela época conturbada. Naquele dia, sentira-se o homem mais feliz do mundo.


 


        Flashback:


 


   Eles estavam às vésperas da grande batalha, e todos os que iriam lutar já estavam alojados em Hogwarts. Harry e Hermione estavam à beira do lago, logo em baixo daquela arvore que selara tantas confidencias de amor entre os dois. E estava prestes a selar mais uma.


   -Hermione, eu estive pensando – disse Harry, fingindo uma calma que não sentia – Eu te amo, e acho que sempre senti isso por você. Desde aquele dia, em que você concertou meus óculos.  – ela o olhava curiosa, mas não interrompeu – Me aproximei de você, e selamos nosso primeiro beijo bem aqui, embaixo dessa arvore. Por isso achei que aqui seria o melhor lugar para fazer o que pretendo.


   - E o que você pretende? – perguntou ela, intrigada.


   - Bem, eu... Eu pretendo te pedir em casamento – disse o moreno, de uma vez. Hermione olhou-o espantada – Você aceita ser minha mulher e me acompanhar pelo resto da vida?


    - Eu... Claro que aceito, meu amor! – exclamou ela, abrindo o mais belo sorriso que ele já vira – Eu te amo!


    - Eu também te amo, Mione – disse Harry, tirando de dentro de suas vestes uma pequena caixinha de um tom vermelho escuro, o favorito de Hermione. Lá dentro estavam os dois mais belos anéis, com seus nomes gravados no interior. No que dizia “Harry” havia uma pequena esmeralda encarapitada no topo, e no que dizia “Hermione” o mais belamente lapidado diamante.


  Harry retirou um anel e colocou no dedo da amada. Ela, em seguida, o imitou. Eles então se beijaram ardentemente, e Harry naquele momento sentia a felicidade em uma proporção incrivelmente alta. Nada poderia estragar aquele momento.


 


        Harry sorriu levemente ao se recordar daquele dia. Mirou o anel em seu dedo. Um joalheiro amigo tinha feito um bom trabalho nele. Unira os dois anéis e as duas pedras, de forma que o diamante envolvesse a esmeralda e os nomes, gravados no interior, se entrelaçassem em movimento constante.


         Hermione sempre dizia que a pedra que mais deveria se assimilar a ele era a esmeralda, de um verde tão forte quanto o de seus olhos. Decidira se fiel a esse comentário.


         Já ele escolhera o diamante para Hermione por conta de seu reluzente sorriso, que parecia brilhar até no mais profundo breu. E Harry lembrava-se perfeitamente do sorriso que ela exibira ao contar, meses antes do pedido de casamento, um fato muito especial.


 


            Flashback:


 


      -Harry, eu tenho uma coisa para lhe contar – disse ela, entusiasmada.


      - O que é, meu amor?- perguntou o moreno, olhando-a nos olhos.


      - Lembra-se daquela batalha no México? Quando tivemos que destruir a quarta Horcrux? – perguntou Hermione, levemente apreensiva.


     - Lembro ainda mais perfeitamente da nossa comemoração depois – disse Harry, sorrindo. Fora a primeira vez que tivera Hermione inteira para ele.


     - Bem, acho que fomos um tanto... Irresponsáveis – disse ela.


      - O que você... – Harry a fitou, sério – Mione, você está... Grávida?


       Ela apenas sorriu em resposta. Harry levantou-se e a pegou no colo.


        - Por Merlin, Hermione! Um filho! Eu vou ser pai! – gritava, distribuindo beijos na amada. Não pode esconder algumas lagrimas de felicidade, enquanto a beijava como nunca antes.


 


        Merlin, como ela o fazia feliz! E era justamente por isso que sentia tanto a falta da amada. Se ela estivesse viva... Ah, como seriamos felizes! Uma família, após tantos anos de sofrimento...


        - Pai? Por que você está no escuro? – perguntou uma voz feminina atrás dele. Provavelmente seu único motivo para continuar vivendo.


        - Nada, Lily. Só estava pensando em sua mãe.


         A adolescente de quinze anos era a copia quase exata do que Hermione já fora. Seus cabelos castanhos caiam-lhe até a metade das costas, e sua face delicada era idêntica a da mãe. Apenas os olhos eram de um verde tão intenso quando da esmeralda que carregava no dedo.


          - Você sente muito a falta dela, não é? – questionou a garota, se aproximando.


          - Eu amei muito sua mãe. E ainda amo. Hermione era minha vida. – disse Harry, pensativo – Ainda sofro sua ausência. Me pego pensando como seria nossa família com ela aqui.


           - Ah, pai... – a garota lhe abraçou, e por um momento ele sentiu como se fosse Hermione com ele novamente. Até o cheiro da filha se assimilava ao dela.


           - Você não tem idéia... – disse ele, com serias dificuldades para conter as lagrimas – De como batalhamos para isso. Tínhamos muitos problemas até antes da sua idade... E quando eu pensei que finalmente tinha conseguido... – Harry parou, não conseguindo mais continuar. Contentou-se em dizer – Perder Hermione foi à coisa mais difícil que passei. Se não fosse você, não encontraria mais motivos para viver.


          - Não fale assim... – disse ela, olhando-o. Também tinha lagrimas nos olhos.


           - Já te disse que você é a cara dela? – a garota sorriu. – Eu te amo.


            - Eu também te amo, pai. – disse a garota, recostando-se novamente em seu peito.


            Naquele momento, Harry não soube explicar como, sentiu que Hermione estava ali, com eles. E foi isso que o fez sorrir como há muito tempo não sorria. Ele sempre a teria perto de si, não importava o que acontecesse, pois de uma coisa tinha certeza: um amor como o deles duraria toda a eternidade.


 N/A: Fic curtinha, espero que tenham gostado. Bjos.

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