Primeiras impressões
1° de Setembro – Sexta-feira
James Potter P.O.V
Eu nunca, em toda minha vida, temi tanto a volta para Hogwarts. Padfoot deve estar me esperando com uma machadinha, para me tornar parte do grupo de fantasmas da escola antes mesmo de eu fazer tudo que tenho vontade. Meus pais não pareciam entender a furada que Dumby tinha me metido, uma vez que estavam todos sorridentes. Meu pai havia comentado durante o jantar de ontem:
“- Desde que James começou a falar e andar, essa é a primeira vez que eu me sinto orgulhoso de verdade. – ele disse, sorrindo ao que apanhava as batatas.
Eu, obviamente parei de comer e fiz a minha melhor cara de indignação. – Mas e todas aquelas vezes que você me deu os parabéns por alguma coisa?
- Eu estava com medo de que você nos pregasse uma daquelas suas peças e acabássemos morrendo de infarto, ou algo do tipo, isso sem falar que eu não gostaria que você crescesse complexado e perturbado. – Devo entender como um ato benevolente? Não. – Por isso hoje em dia você é um homem feito e veja! Monitor-Chefe! Que orgulho! – Depois disso eu não comentei nada porque estava tentando assimilar a idéia que meu pai temia que eu virasse um maníaco no futuro.”
Caminhei pela estação King Cross e em pouco tempo já estava a bordo da locomotiva vermelha que me levaria ao meu sétimo ano em Hogwarts. Tomei uma cabine vazia no fundo do vagão e esperei que meus amigos me achassem. Nada. Olhei para o relógio. “Não se esqueça da reunião dos Monitores, querido.” Minha mãe havia dito. Por isso, levantei daquele banco – não tão – macio da cabine e me encaminhei pra dianteira do trem, onde a carta pedia que eu estivesse daqui exatos quinze minutos. Eu, no geral, não sou pontual. Pontualidade é virtude dos desocupados e entediados, e agora faço parte deles, uma vez que meus amigos me abandonaram totalmente.
Entrei no vagão dos monitores, pelo que indicava a placa. Devia ter algum ponto bom em ser monitor. Tinha que ter. Eu precisava que tivesse! Foi aí que uma ruiva tomou um acento à minha frente e eu pude ver – finalmente – os prós da monitoria.
- Potter, você se perdeu? – perguntou Lily entediada, porém calma. Tratei de ajeitar meu distintivo na altura do peito, mas ao contrario do que eu imaginei, ela não pulou nos meus braços agradecendo a Merlin por eu ter me tornado monitor junto com ela e que finalmente seríamos felizes juntos. A reação dela foi igualmente cansada e visivelmente entediada. Essa ruiva não me conhece. – Você roubou isso do Remus?
- Com tantas coisas que eu podia roubar do Moony, por que eu roubaria um distintivo de monitor? – retruquei não surpreso pela falta de credibilidade na minha nomeação, afinal, nem eu estava acreditando.
A expressão dela mudou de entediada para assustada. Estava estática, sequer piscava.
- Isso é sério? – Minha credibilidade com ela é realmente assim, tão baixa? Apenas sorri em confirmação ao que os demais monitores tomavam seus lugares na cabine.
Não demorou muito para que Slughorn entrasse na nossa cabine, com aquela expressão sorridente.
- Bom dia, minhas crianças. – saudou o professor parando no meio da cabine e pigarreando para começar o discurso. – O cargo de monitor-chefe se obtém por excelência, é uma grande honra receber um distintivo como esse. São ao todo oito vagas e apesar de trabalho tem suas gratificações. Apenas pessoas com excelentes pontuações e conduta, como a Sra. Evans... – Ele olhou para Lily e piscou, fazendo-a retribuir com um sorriso. – E o Sr... – Slughorn me encarou e forcei um sorriso. Ele me odeia, eu sei disso. Toda a Hogwarts sabe. Slughorn coçou o olho algumas vezes e tornou a olhar para mim. A expressão dele ficou tão assustada quanto a de Lily. – O que o Sr. Potter faz aqui?
Novamente mexi no meu distintivo. Por que as pessoas não olham pra ele antes de me fazer essa pergunta cretina?
- De quem o Senhor afanou isso? – ele tornou a perguntar e surpreendentemente Lily abafou uma risada. Não era só com ela que minha credibilidade é baixa, temo dizer. Minha expressão não deve ter sido das melhores, porque ele completou. – Você não... Não. – Slughorn arregalou os olhos e tornou a olhar meu distintivo como se procurasse alguma falha. Os demais monitores apenas nos encaravam. – Voc-... Você recebeu a carta?
Revirei os olhos e tirei o envelope do bolso. Sem cerimônia nenhuma, ele arrancou o papel da minha mão. Leu três ou quatro vezes e suspirou derrotado. – Enfim, é uma grande honra. Os horários estão aqui, - entregou outro envelope para Lily. – Entregue aos demais, sim? Preciso urgentemente falar com Minerva. – e saiu atordoado pela porta. É o efeito James Potter.
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