AMIGOS OU INIMIGOS?
Cornélio Fudge contornou a sala e encarou o rosto de cada um dos bruxos que estavam sentados à mesa da enorme sala de conferências. Ali estavam as pessoas mais influentes do mundo bruxo, aquelas que acreditam que dinheiro e poder são capazes de conquistar absolutamente qualquer coisa.
— O poder através do medo. – Ele disse lentamente, saboreando cada palavra. – Isso mesmo, meus caros amigos. Medo. – Ele sorriu - Em algumas poucas horas um antigo faraó egípcio ressurgirá, lançando o terror sobre toda a nação bruxa. Já posso ouvir os gritos, os pedidos de ajuda, as súplicas. A histeria coletiva fará com todos venham diretamente ao Ministério. – Ele sorriu e colocou a mão direita sobre o peito. – E nós, senhores – Ele parou por dois segundos e encarou alguns dos olhos brilhantes que o observavam fixamente - Nós estaremos exatamente aqui, prontos para ajudá-los.
Um dos homens se remexeu na cadeira mostrando um pouco de desconforto e Cornélio o fuzilou com o olhar. O homem ficou ainda mais sem-graça, mas não conseguiu evitar que a pergunta fosse feita.
— Sr. Fudge, - Ele pigarreou, procurando as palavras – É claro que estaremos aqui para ajudá-los. Quer dizer, ajudar a nação bruxa e protegê-la. Mas... E se a situação sair do controle?
— O que o senhor quer dizer com – E nesse momento Cornélio colocou um pouco de cinismo na voz – fugir do controle, Sr. Brown?
— O faraó, ele fugir o nosso controle.
— Ah... – Ele gargalhou e vários outros bruxos o acompanharam na gargalhada – Eu não seria estúpido o suficiente para deixar isso acontecer. Já tomei todas as medidas necessárias. O contrato é muito claro. – Cornélio olhou ao redor, perguntando silenciosamente se alguém tinha outra pergunta estúpida. Como todos permaneceram em silêncio, sorriu. – Caros senhores – A voz dele tinha um tom de pesar - O Ministério da Magia, a IBM e tantas outras instituições foram esquecidas pela nação bruxa depois da queda de Voldemort. Os bruxos simplesmente nem se lembram mais que nós fomos responsáveis por sua segurança durante o período sombrio. E se esqueceram também que nós fomos a luta e derrotamos Voldemort. – Ele deu um soco na mesa – Eles merecem pagar por isso.
Gina deixou que Draco permanecesse na sua frente como um escudo, ela tinha a varinha em punho e o olhar confuso, o que não negava que ela estava em um sério conflito interno. Nenhum dos três adversários segurava varinha, o que provava que eles a esperavam sozinha e acreditavam que tudo seria muito fácil. Um pouco mais para a esquerda e atrás dos três estava o faraó adormecido.
— Isso não será necessário, Elizabeth. – O homem à esquerda da mulher falou em tom de ameaça. – Tenho certeza que Draco não trouxe a garota até aqui para lutar. Não é mesmo, filho?
— É claro que não pai. – Ele sentiu Gina se remexer nervosamente às suas costas. – Ela está apresentando os estigmas e eu a trouxe para que a curem. – Houve uma explosão de gargalhadas e ele aproveitou para sussurrar – Ataque o da direita e corra até o meu pai.
Tudo aconteceu muito rápido. Gina estuporou o homem que Draco tinha mandado e correu pela Sala de Registros até alcançar Lucio Malfoy. Colocou a ponta do canivete na jugular do homem, puxando seus cabelos com força e usando-o como escudo.
Draco correu na direção oposta que Gina tinha feito, lançando azarações e escapando de outras. Até que alcançou o corpo do faraó inerte, deitado em um catre. Liz soltou um profundo grito de desespero e pensou duas vezes antes de lançar um feitiço. Draco segurava um punhal e a varinha; o punhal para acabar com a semi-vida do faraó e a varinha para defender a sua própria vida. Colocou a ponta do punhal no pescoço do faraó e olhou para Liz.
— Cure-a. – Rosnou, indicando Gina com o queixo. – Ou ele volta para o inferno agora.
— Não! – Elizabeth gritou estendendo os braços como se dessa forma pudesse evitar que qualquer mal fosse feito a Seth. – Não!
— Então faça o que estou pedindo. – Ele disse olhando de soslaio para Gina. O pescoço do seu pai começava a ficar encharcado de sangue. As mãos dela sangravam. – Mas faça agora.
— E o que me garante que você não o matará assim que ela estiver salva?
— Absolutamente nada. – Ele apertou a faca e um filete de sangue amarronzado escorreu. Ele sorriu divertido. - Isso é o que chamamos de confiança. Mas como eu não confio em você, coloque sua varinha no chão e chute-a para perto de mim.
Elizabeth olhou para Lucio, Draco, Gina e Seth e pareceu conformada com a situação. Jogou a varinha para perto do garoto, caminhou até uma prateleira e pegou um livro fino e muito velho. Abriu-o com muita má vontade e então olhou para Gina.
— Você já está apresentando o quarto estigma. Não posso oferecer garantia alguma.
— Se ela morrer – Draco respondeu agressivo – ele também morre – indicou o faraó – e você também.
Gina sentiu um filete quente escorrer pelo seu pescoço; suas mãos estavam dormentes e completamente ensangüentadas. Ela apertava o canivete contra a garganta de Lucio com força. Receoso em fazer qualquer movimento brusco e ter a jugular cortada, ele quase não respirava. Observava aquela estranha situação e sua mente trabalhava a toda velocidade. Eles não podiam ser vencidos por dois adolescentes. Pior: Seu filho não podia estar do lado do inimigo.
Elizabeth falou os ingredientes em voz alta e Draco os conjurou, um a um. Eram poucos, como veneno de três escorpiões-rei; água benta; cinco patas de uma viúva-negra, um fio de cabelo do antigo faraó, um pedaço de unha ensangüentada da garota e uma gota de sangue de unicórnio. Gina sentiu um arrepio percorrer sua espinha, sabia que pessoas que matavam unicórnios para beber seu sangue eram condenadas para sempre. Ela abriu a boca, mas Draco a impediu, lendo seus pensamentos.
— Essa gota foi tirada de um unicórnio que morreu de velhice. – Sorriu amavelmente – Não se preocupe, você não estará condenada.
Todos observaram apreensivos a preparação da poção, que adquiriu uma coloração lilás, depois roxa, e por fim preta.
— Preciso da minha varinha para fazer o encantamento. – Liz falou em um tom quase cordial. Draco chutou sua varinha de volta e ela a segurou com firmeza. Em seguida, olhando para o caldeirão e agitando a varinha graciosamente, gritou. – Livegmata! – Ela observou a poção ficar cristalina como água, encheu um copo de madeira e estendeu para Gina, que estava quase desfalecendo. – Está pronta.
Draco olhou para a garota apreensivo. Ela estuporou Lucio e correu até o copo com a poção. Assim que o tocou sentiu um medo terrível, mas não era um medo dela. Algo lhe dizia que alguma coisa não estava certa. Liz parecia um bichinho acuado e não a bruxa tão forte e poderosa como tinha aparentado a poucos instantes. Olhou para Draco, que tinha um misto de medo e raiva no rosto, e sorriu.
A única coisa que ouviu foi um grito profundo de dor antes de tudo ficar escuro.
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