O Estranho Feitiço de Severus
O ESTRANHO FEITIÇO DE SEVERUS
Saí sozinha da masmorra, com o pequeno frasquinho em mãos. A excitação tomava conta de meu peito, que agora pulsava mais forte. Eu nem esperava por tal premiação. A atividade fora tão fácil que não valia tudo aquilo.
Continuei a atravessar a ponte do Viaduto, de volta ao castelo. Não conseguia conter o imenso sorriso que teimava em se expandir em minha face, quando de repente, senti uma mão fria segurar meu ombro.
- Parabéns. – disse a suave e aveludada voz de Severus, enquanto eu me virava para encará-lo.
- Ah... Não... Você me ajudou... Sabia tanto quanto eu. – falei, ainda surpresa por ele ter vindo falar comigo.
- Você sabe que eu não teria conseguido sem a sua ajuda.
Olhei-o meio incrédula. Meu futuro professor de Poções com certeza conseguiria qualquer coisa sem a minha ajuda.
- Não... Estou falando sério. Como eu saberia que aquilo era Amortentia? – respondeu ao meu olhar.
- Ah, não acredito! É muito simples identificar uma Amortentia. Se você encontrar uma poção de brilho perolado e fumaça em forma de espirais... Pode ter certeza de que é uma.
- Ok... Eu deveria ter me lembrado disso, mas...
- Severus, tem uma coisa que eu não entendo...
- Sim? – falou ele, se aproximando um pouco mais. Seu olhar penetrou fundo no meu. Mas por um leve segundo, ele pareceu decepcionado. Continuava encarando-me com curiosidade.
- Bom... Como você deve saber agora, a Amortentia exala o cheiro que mais nos atrai. Mas o que eu não entendi, foi por que você ficou tão mal, quando sentiu o aroma dela.
O olhar dele vacilou e ele olhou para o lado.
- É... Sabe, eu talvez tenha enjoado um pouco... Mas não importa... Você não vai me dizer qual aroma você sentiu?
- Hum... Eu acho que senti cheiro de... – O olhar de Severus exibia mais ansiedade ainda, agora. Mas fora isso, eu percebi que havia mais alguma coisa estranha. – grama recém-cortada, pergaminho e... – Severus ria discretamente, mas agora eu percebi o que realmente havia de diferente em seus olhos. – Você usa lentes de contato?
Severus pareceu confuso com minha pergunta inesperada. Mas eu não podia fazer nada...
- Não.
- Ah... Eu tinha certeza de que seus olhos eram completamente negros, da última vez que o vi. – falei, pensando agora em sua versão professor... Seus olhos jamais haviam sido daquela cor... Estavam de um tom azul escuro desta vez.
- É... É... Tem razão. Eles... É... Um feitiço!
- Um feitiço?
- Sim, sim... Um ótimo feitiço para mudar a cor dos olhos... Estou surpreso que a Srta. Granger não o conheça... – falou com certo sarcasmo.
- É... Realmente não o conheço. – admiti, meio frustrada. – Mas... Eu até gostaria de aprender. – acrescentei, olhando-o de forma suavemente desafiadora.
- Ah... Claro. Talvez eu possa te ensinar um dia desses... – disse ele, olhando mais uma vez para longe.
Movida por um forte impulso, me aproximei mais dele e coloquei uma das mãos em seu queixo, fazendo-o olhar para mim.
- Por que não me ensina agora mesmo?
Quando Snape olhou para mim, seus olhos faiscaram de um modo esquisito. Ele me olhou com mais severidade do que antes e sua face se contorceu na mesma expressão de repugnância de quando ele exalou o aroma da Amortentia. Soltei-o imediatamente, ressentida.
- Acho melhor não. – falou ele, num tom mais sério, que o lembrava quando professor. – E... Não me toque outra vez, Granger. – concluiu, pouco antes de se afastar bruscamente, em direção ao castelo.
Fiquei ali, parada, atônita, olhando para ele, até vê-lo desaparecer. Ao redor, a paisagem estava molhada, refletindo a chuva de outrora. Um vento frio passou sobre mim, e eu me encolhi sob a capa. Olhei rapidamente para trás e dei continuidade a meu percurso.
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