Capítulo final - Reviravoltas

Capítulo final - Reviravoltas



- Um menino?


- Sim, no mesmo dia que...


- Não precisa me lembrar Sírius.


Estavam no saguão do St. Mungus, ela tinha acabado de sair de lá, os medibruxos alegaram que ela não tinha nenhuma seqüela séria e seria melhor ela ver um pouco de vida afinal. Mas alguém tinha que se responsabilizar, e Sírius se responsabilizara.


- Maísa, tem certeza que você está bem?- ele colocou a mala amarrada à moto, estavam numa espécie de garagem bruxa, no alto do hospital.


- Tenho Si, é que foi duro...


- Eu não devia ter te falado nada, absolutamente nada.- ele subiu na moto.


- Não Sírius- ela o olhou seriamente- Foi a melhor coisa que você já fez por mim, a melhor.


Sírius suspirou, estava cansado, meses e meses de luta haviam feito isso com ele, haviam deixado-o acabado. Ela foi provida de um instinto protetor, acariciou-lhe os cabelos, tão rebeldes como naquele dia no quarto dela, olhava cada centímetro do rosto dele, decorava cada traço, até chegar a sua boca...Ela suspirou.


- Maísa, eu...


- Nada Sírius, vamos.- ela subiu na garupa da moto enlaçando a cintura dele com força.


Sírius sorriu, ela se apegava a ele como salvação, a cabeça dela pendendo sobre o ombro dele, os olhos fechados que ele via através do retrovisor...Ela estava cansada, estava infeliz, mas ainda era a bela menina por quem se apaixonara, e que amava intensamente até aquele dia.


Um ronco e a motocicleta tomou o ar, subiu além das nuvens, Sírius queria brincar com ela, deixou que os algodões passassem perto do rosto dela, ela sentia a caricia e sorria, aquela sensação...


- Maísa, antes de te levar pra casa....


- Sim?


- Eu preciso te levar a outro lugar.


- Tudo bem.- ela não abrira os olhos, e as palavras saíram doces daqueles lábios, ela sorria inocentemente. Como ele tinha ódio de James por ter feito-a sofrer tanto, e como era difícil não poder odiar o melhor amigo que tinha.


Maísa se sentia nas nuvens, aliás, estava nelas, e se sentia bem, como uma criança que fora pela primeira vez ao circo, ao parque de diversões, que tomou aquele sorvete enorme.Sorvete...ela abriu a boca para sentir o gosto das nuvens, era estranho, mas bom. Deixou-as apenas tocá-la, acarinhando-a levemente.


De repente a moto desceu, ela não quis abrir os olhos, não sabia aonde Sírius queria que ela fosse, mas sabia que seria algo bom. Sírius sempre queria o melhor pra ela, como poderia ter ficado com James?


A lembrança do rapaz fez com que uma ruga se crivasse em sua testa, mas a moto parou e todos os pensamentos foram varridos assim que ela abriu os olhos.


- Gostou?


Era maravilhoso, era o paraíso, unicamente o paraíso. Uma cachoeira caia lentamente, uma água cristalina, azul, brilhante...Um gramado tão verde quanto seus olhos, flores de todas as cores espalhadas por ele, passarinhos, peixes, esquilos...


E uma casinha, uma linda casinha de madeira, simples, pequena, branca, cujas janelas possuíam pequenos caqueiros floridos, e cuja varanda possuía um banco de namorados também branco, que pendia do teto.


- Sírius isso é...Perfeito! O que você está...


- Eu estou te dando o que você precisa Maisa, felicidade...- ele sorriu


- E será que eu sei o que é essa palavra?


- Vai saber agora...Quer casar comigo?


Ele mostrou um fino anel de ouro, cravejado de brilhantes, que brilhava de um modo indescritível. Ele tinha nos olhos um pedido, uma súplica e... Ela sorriu, um amor imenso.


Aquele homem que sempre fora perfeito para ela, estava ali, pedindo-a em casamento. Aquele com quem deveria ter vivido a vida inteira, estava ali, oferecendo a verdadeira felicidade, sem mágoas do passado, sem receios, somente com amor.


- Sírius...- os olhos dela estavam marejados, brilhavam, sorriam- Eu, eu...Nada me faria mais feliz.


Ele abriu o maior sorriso que possuía, pegou-a pela cintura, levantou-a e girou, girou com ela rindo, cantando, sonhando. E então a trouxe para junto de si e a beijou, a beijou como nunca a tinha beijado.


Quanta saudade havia naquele beijo, quanto amor e paixão misturados, as bocas entreabertas, as línguas que lutavam entre si, os olhos fechados, olhavam dentro dos olhos do outro. Eles se completavam.


E foi naquele cenário paradisíaco, em frente a casa que era deles, que como jovens se descobrindo, se entregaram pela primeira vez um ao outro.


E tudo o que aconteceu ali ficou marcado, tudo que aconteceu ali gravou os sentimentos de ambos dentro do coração deles, cada toque, cada beijo, cada carícia,cada palavra apaixonada... Eles encontraram diversos paraísos àquele dia.


Se casaram um mês depois, com três meses ela descobriu que estava grávida de novo, e aquela luz de felicidade se acendeu nos olhos dela, aquela luz que só a maternidade traz aos olhos de uma mulher. Aquele filho foi festejado, paparicado. Entre as saídas de Sírius para o Ministério, eles viviam no céu.


Ele estava deixando tudo aquilo, Voldemort parecia que tinha sumido, alguns acreditavam que estava morto, apenas comensais continuavam a atacar. Mas ele já havia pedido demissão, ele já havia se disposto a dedicar-se unicamente à sua família.


Mas numa noite, no oitavo mês de gravidez dela, tudo mudou. Aquela paz que reinara até ali... Sumiu. E tudo o que eles haviam construído desmoronou. Àquela noite ela acordou assustada, gritando, ela vira a morte...


  - Maisa o que...- Sírius ainda estava meio sonolento.


- Não temos tempo pra isso, anda, você tem de ir lá.


- Lá onde?


- À casa dos Potters


- São 2 da madrugada- ele olhou no relógio bruxo ao lado da cama.


- Sírius isso é sério, ele está lá.- o modo como ela o olhou o fez entender.


- Não, não pode.


- SÍRIUS, VÁ, RÁPIDO.


- Estou indo Maisa, calma.- Sírius corria apressado pelo quarto atrás de sua varinha.


- Não há tempo ele está em perigo.- ela levantava da cama.


- Eu vou salvá-los.- ele pegou a varinha e aparatou, ela urrou.


- É tarde demais...


Ela olhou o vazio, ela sentia, tinham morrido, todos haviam morrido, ela vira o flash verde refletir na casa, vira tudo. Deixou-se cair na cama sem reação, sem mente, sem nada. Seu filho reclamou, ele estava ali, na sua barriga.


A manhã surgiu e a encontrou ali, ainda só, havia adormecido. Mas os primeiros raios da manhã acordavam aquela mãe, aquela mulher que esperava pelo marido voltar, para que juntos pudessem chorar a morte dos amigos.


Preparou o café com calma e esperou, fazia tudo automaticamente, o tempo passou, ela tomou o café sozinha e ele não apareceu, começou a temer pela vida dele.


Às três da tarde a lareira crepitou e uma velha senhora se mostrou a frente dela.


- McGonagal, como ele...


- Maisa sente-se.- ela obedeceu- Sinto muito mas você tem de saber...Sírius é um traidor.


- O que você está dizendo? -a professora devia estar caduca.


- Eu sei que isso é difícil pra você, mas o Sírius entregou os Potters...Eles morreram...


- O QUE?-ela estava chocada- VOCÊ ESTÁ MENTINDO, ELE NÃO FARIA ISSO, NÃO FARIA.


- Ele fez...- McGonagal saiu deixando a Sra. Black em choque.


- Não, ele não pode ter feito, não pode...


Naquele pequeno pedaço de paraíso abateu-se a tristeza e a dor, a morte. Era tudo tão repentino, ela não conseguia ficar ali nem mais um minuto, não conseguia admitir que estava num paraíso...De mentiras.


 


Entre por essa porta agora


E diga que me adora


Você tem meia hora


Pra mudar a minha vida


 


Enquanto arrumava as malas, com dificuldade pela gravidez, ela olhava a porta, a lareira, qualquer lugar da casa, esperando Sírius chegar e dizer que não era verdade. Ela esperava por isso, era tudo o que queria.


Mas ele não aparecia, ele não ia aparecer, ela meio que sabia. Ela não queria acreditar, mas Sírius havia traído seu melhor amigo. E ela tinha que acreditar nisso, por que sabia que Sírius ficara muito chateado com o amigo, mas entregá-los...


Por isso a lentidão ao se levantar, ele estava dando tempo... Por isso as ausências sem explicação, ele era... Mas ela nunca vira a marca negra nele, talvez não precisasse dela, talvez fosse mais que um... Ela mordeu os lábios, havia acabado de arrumar as malas.


 


Vem Vambora


Que o que você demora


É o que o tempo leva 


 


Se ele dissesse que era mentira talvez ela acreditasse nele, talvez os dois poderiam estar juntos de novo, como sempre...Lá no fundo estiveram. Se fosse preciso ela fugiria com ele, e não só, como estava fazendo agora.


 


Ainda tem o seu perfume pela casa


Ainda têm você na sala


Porque meu coração dispara


Quando tem o seu cheiro


Dentro de um livro


Dentro da noite Veloz


 


Ela passou com as malas pela sala, parecia ter visto-o ali, lendo um jornal, sorrindo, escolhendo o nome do filho. Mas ele tinha um lado obscuro, que nunca soubera, um lado escondido... E ela acreditaria que esse lado existia enquanto vivesse, se ao menos ele estivesse lá para impedi-la, se ao menos ele estivesse lá... Ela jogou o pó-de-flu nas chamas, entrou, se dirigiu para a estação de Londres, ia pra longe, pra muito longe.


 


Ainda tem o seu perfume pela casa


Ainda têm você na sala


 


Sírius tinha acabado de chegar ali. Deixara o menino Potter com Hagrid, confiava no meio gigante, ambos eram da Ordem, lutavam contra o mal... Mal, maldita hora em que deixara o Petter ser fiel do segredo da casa dos Potters, como havia sido tão burro.


Pela primeira vez olhou ao redor. Ela não estava lá. Correu a cozinha, o café ainda posto na mesa, temeu o pior. Correu ao quarto, as gavetas abertas, vazias, nenhum sinal dela, nada..Apenas o cheiro.


Sentou na cama de cabeça baixa, não podia perdê-la também, o que seria dele sem ela? Não, eram muitas perdas num dia só, alguém haveria de pagar por isso, alguém...


Levantou-se e entrou na sala novamente. Parecia ter visto o cabelo dela jeitosamente jogado sobre a poltrona, os olhos divagando no espaço, os lábios finos sorrindo. Ela. Onde ela estaria além dali, na casa deles?


 


Porque meu coração dispara


Quando tem o seu cheiro


Dentro de um livro


Na cinza das horas


 


Num acesso de raiva e incapacidade jogou um vaso no chão, cacos voaram pelo tapete, a água chegou aos seus pés, trazia um fio de cabelo conhecido.


Olhou o retrato na parede, a foto dos dois, o berço estava encostada á mesma, embaixo do retrato. O filho deles... Ela havia sumido junto com ele.Ela havia sumido. Por que? O que ele fizera?


Um estalo na sua mente. Petter. E se ela soubesse, se ela tivesse ido atrás dele? Não, ela não saberia, mas se ela estivesse fugindo se ela... Ele engoliu em seco. Tinha que achar o traidor, precisava dele, precisava achá-la.


Um estrondo e o homem deixou a casa, para onde não mais retornaria por muitos anos. A casa que seria escondida do mundo, e esperaria seus donos retornarem, um dia, talvez...


Maísa subia no trem, já havia embarcado todas as suas coisas, era a última, vestia um vestido preto, de luto, levava numa mão sua varinha, na outra uma foto.


- Aonde você vai?


- Pra longe Dumbledore, pra muito longe...- ela nem se dignou a olhar pra trás, subiu as escadinhas, a foto voou.


O velho de barbas brancas apanhou o papel, ao olhá-lo não conteve uma lágrima, de dor, de saudade, de arrependimento.


A foto trazia os marotos e a marota, trazia Lílian, e ainda havia aparecido dois bebês, um de olhos verdes como o da mãe, outro de olhos negros como o do pai. Era mágica, ali registrava as pessoas importantes para eles, e quem viesse depois deles.


Uma foto de recordação, e as figuras de James e Lílian começavam a ficar cada vez mais distantes. Aquele velho sábio de cabelos brancos olhou o caminho que o trem tinha seguido, dizendo uma única palavra: “Perdão”.


Naquele mesmo momento uma explosão acontecia numa rua trouxa, um homem inocente era preso, perdera a razão por alguns instantes, de dor. Um ratinho então se esgueirou pelas ruas até chegar ao pé de um menino de cabelos ruivos.


- Olha mãe- ele pegou o ratinho nas mãos- Posso ficar com ele?


- Claro filho.- sorriu a Sra bondosamente, aquele era um dia feliz, o mal havia ido embora.


- Vou chamá-lo de Perebas.- o rato se aninhou nas mãos dele, estava cansado- Olha mãe ele não tem um dedo...


- Espere meu filho, olha lá seu pai. Ele tem mais notícias sobre o garoto.


- Como é mesmo o nome dele mãe?


- Harry Potter meu filho, Harry Potter.


 


 


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N/A: E a Fic termina, mesmo com poucos comentários. ^^ Agora vem a continuação da fic. Na verdade a continuação vem dividida em duas fics que acontecem num futuro conhecido, o futuro de Harry Potter. Vocês verão o que acontece quando essa mulher magoada volta à Hogwarts ao saber da verdade sobre o marido. E em algum lugar não identificado, teremos três velhos desconhecidos ajudando a elucidar velhos mistérios sobre esses dias marotos. Espero que tenham gostado da fic e que continuem lendo as que virão. Abraços!

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Comentários (1)

  • Clenery Aingremont

    Foi uma das primeiras fanfics que eu li, faz 1 ou 2 anos...Na época eu não tinha conta e não tinha como marcar. Eu hesitei em a marcar como "já lida", porque a fanfic me balançou muito. Em como Maísa sofre com tudo isso! E quando ela, enfim, encontra a felicidade... Acontece o que aconteceu.Eu não aceito muito bem finais infelizes... eu chorei demais nessa!

    2013-05-11
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