Fuga - INTEIRO



 


11: Fuga


 


Era o começo de uma brilhante e clara tarde de outono e havia um frio distinto permeando o ar. O verão havia sido frio e o outono parecia ter chegado mais cedo, em toda sua glória. Saindo da carruagem, Harry respirou profundamente; ele sempre gostou da estação. Esse tipo de clima o fazia lembrar maçãs, galinha assada e jogos de Quadribol. Ele se deixou levar pela massa de estudantes que se encaminhavam para a escadaria de pedra na grande entrada do Salão Principal de Hogwarts.  Tochas iluminavam o Salão enquanto Harry olhava, com saudade, as enormes escadarias, desejando que ele pudesse pular o banquete e ir direto para a sala comunal da Grifinória. Ele queria apenas sentar a frente da lareira no seu sofá favorito e deixar o banquete acontecer sem ter que realmente fazer parte dele. Harry não tinha certeza do por quê de estar se sentindo tão sufocado, mas seu estomago estava se revirando inconfortavelmente e sua cabeça estava começando a latejar.


Seus amigos haviam notado o quanto retraído Harry tinha ficado durante o caminho do trem para o castelo e tinham todos simpatizado com ele. Determinados a não deixá-lo se fechar nele mesmo, no entanto, Hermione e Gina, cada uma, enlaçou um de seus braços e Rony liderou o caminho enquanto as garotas o seguiam, entrando pelas portas duplas do Salão Principal. Estava esplendidamente decorado para o começo do ano letivo, as longas mesas das casas estavam brilhando com sua finesa. O teto encantado mostrava milhões de estrelas e todas pareciam estar piscando em boas vindas. Rony tomou um assento à mesa da Grifinória e Hermione se moveu para sentar ao seu lado. Harry e Gina tomaram os assentos do outro lado da mesa, oposto ao deles. Neville levou Luna até a mesa da Corvinal antes de se juntar a eles. Harry podia ver Nick-quase-sem-cabeça, o fantasma da Grifinória, flutuando por cima da mesa. “Sem dúvida esperando para chocar alguns primeiranistas puxando sua cabeça.”


- E aí, Harry! – Harry virou para achar Colin Creevey e seu irmão mais novo Dennis, sentando do outro lado de Gina. – Como foi o seu verão? O nosso foi ótimo. Papai nos levou numa viagem pelo litoral e nós fizemos skiaquático. Dennis quase se afogou.


Harry ignorou Colin enquanto ele relatava como haviam sido suas aventuras de verão no mar. Harry só havia visto o oceano brevemente no seu aniversário de onze anos e ele não tinha ficado muito tempo lá. Os Dursleys nunca o haviam levado nas suas viagens das férias de verão. Ele achava que era algo que ele gostaria de fazer algum dia. Talvez se ele pudesse fazer um acordo consigo mesmo: se ele sobreviesse ao confronto final com Voldemort, como recompensa, ele iria tirar umas férias no mar. “Claro! O que aconteceu com sonhar apenas o possível, Potter?” Harry balançou a cabeça, forçando os pensamentos a se afastarem. Ele ainda tinha tempo... tinha que haver um meio para que isto fosse feito, um meio em que ele pudesse sobreviver e ainda poder viver consigo mesmo.


 


Voltando sua atenção de volta para o banquete, Harry olhou para a mesa dos professores. Hagrid estava lá, acenando alegremente para Harry, maior que todo mundo, mesmo sentado. O sorriso de Harry para ele foi genuíno; ele não podia evitar ficar feliz em ver Hagrid. Snape estava no seu assento usual no fim da mesa, franzindo a testa para todos. Seus olhos viajavam através das mesas tentando achar uma pequena pista de mau comportamento.  Do lado esquerdo de Snape, sentava uma bruxa que Harry não reconheceu. Ela tinha cabelos castanhos que ela usava para trás num rabo de cavalo. Ela não era bonita, nem era feia, era comum e simples. Ela tinha o tipo de rosto que você podia jurar que já havia visto, mas apenas porque parecia um rosto que você já havia visto em várias outras pessoas. Harry adivinhou que essa era a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.


Os pensamentos de Hermione eram similares aos seus:


- Essa deve ser a nova professora de DCAT.  Eu espero que ela seja boa. Snape está ignorando-a, mas nada novo ali. – Era do conhecimento de todos que o narigudo mestre de poções queria ensinar Defesa, mas lhe era negado a cada ano. Ele geralmente mostrava uma grande animosidade em relação a qualquer pessoa que pegasse o posto.


- Eu espero que eles se apressem com a seleção; eu estou faminto. – Rony reclamou.


Hermione rolou os olhos.


- E exatamente quando você não está?


- Eu sou um garoto em crescimento, eu preciso de comida. – Era verdade. Apesar do apetite insaciável de Rony, ele nunca parecia engordar, só crescer. Ele era, facilmente, um dos mais altos, se não o mais alto, garoto do seu ano.


As portas do Salão Principal se abriram e o silêncio reinou enquanto a Professora McGonagall conduzia um grupo quieto e aterrorizado de primeiranistas para a frente do salão. Harry se lembrou de como se sentiu e simpatizou com os pequenos estudantes. Ele tinha estado tão preocupado que não seria escolhido para pertencer a nenhuma casa e seria expulso imediatamente. Enquanto Prof. McGonagall colocava o banquinho onde ficava o chapéu seletor em seu lugar, os pensamentos de Harry divagaram mais uma vez para o ano anterior.


Foi no começo do banquete que Dolores Umbridge foi apresentada. Harry já a tinha visto no julgamento do Ministério da Magia. Ela havia interrompido o discurso de boas vindas do Professor Dumbledore e tinha feito seu próprio discurso, chocando o resto dos professores. Hermione tinha entendido o que ela queria dizer nas entrelinhas, que o Ministério estava interferindo em Hogwarts. Harry não tinha prestado muita atenção, mas, olhando para trás, todos os sinais estavam ali.


Depois de encontrar Umbridge na Floreios e Borrões, Harry tinha, novamente, tirado ela de sua mente. Agora, no entanto, ele se perguntava o que ela estaria fazendo e se ela ainda estava conectada ao Ministério. Ela e Fudge eram sorrateiros como ladrões e ele ainda estava, precariamente, mantendo sua posição.


Com um estalo, Harry percebeu que ele tinha perdido a canção de boas vindas do chapéu seletor e a seleção havia começado.


- Baker, William, - McGonagall chamou, e um pequeno, magro garoto loiro subiu os degrais. Ele subiu no banco, tremendo, e o chapéu gritou,- LUFA-LUFA!


A mesa da Lufa-lufa explodiu em aplausos enquanto William Baker se apressava e tomava um assento. Harry viu Hannah Abbott estender e balançar sua mão.


- Bennett, Tracy.


- GRIFINÓRIA!- gritou o chapéu.


Harry rapidamente se juntou aos aplausos da própria mesa enquanto uma jovem garota, com cabelo muito curto se juntava à mesa. Ela não parecia tão aterrorizada quanto Will Baker, mas cautelosa do mesmo jeito.


- Mantenha-se atento para um potencial talento no Quadribol. – Rony murmurou para Harry.


- Como você pode saber se eles vão ser bons no Quadribol apenas de vê-los sentados embaixo de um chapéu? – Hermione ordenou.


- Eu reconheço. – Rony responder, cruzando os braços na frente do peito. - Eu aposto que aquela garota, Tracy, vai aparecer nos testes, espere e verá.


- Nós precisamos de uma nova artilheira, mas será bom ter alguns reservas. Nós vamos perder Katie próximo ano, depois você e eu no ano seguinte. – Harry respondeu.


- Dois novos artilheiros. – Rony esclareceu.


Gina virou e franziu para seu irmão. – O que...


- Você tem que fazer os testes como todo mundo.


 


- Mas eu já estava no time.


 


- Você pode ficar com o lugar de reserva de apanhador se você quiser, mas se quiser ser titular na artilharia tem que fazer os testes.


Gina encarou Rony, mas Harry viu seu olhar determinado e sentiu que Rony teria que engolir suas palavras. Harry abaixou a cabeça e voltou para a seleção.


- Duckett, Nigel.


 


O chapéu seletor demorou um longo tempo nesse garoto e Harry simpatizou com seu desconforto.


- SONSERINA!


Nigel foi em direção à mesa oposta a deles, encostada na parede e foi recebido por Malfoy.


- Elliott, Iris.


Uma garota com uma franja tão grande que cobria os olhos sentou ao banquinho.


- LUFA-LUFA!


Iris correu e sentou ao lado de Will Baker.


O Chapéu Seletor continuou, com as reclamações de Rony pela falta de comida aumentando a cada minuto. Finalmente, a fila havia acabado. Quando McGonagall chamou o último nome, - White, Andrew,- e o chapéu seletor gritou, - CORVINAL!- enormes gritos de alegria soaram por todo o Salão.


- Finalmente, - Rony murmurou. – Agora podemos comer.


 


Quando o Professor Dumbledore ficou de pé, o salão imediatamente se aquietou e olhou para ele em expectativa. Suas vestes em um profundo azul-meia-noite tremeluziam na luz das velas e Harry admitiu que ele aparentava estar melhor que da ultima vez. Dumbledore sorriu benignamente enquanto olhava os ansiosos alunos pelo salão.


- Sem mais nenhum preâmbulo, ataquem!


Instantaneamente, as mesas se encheram com uma vasta variedade de comidas preenchendo os pratos. Seus cálices estavam cheios e Harry teve que suprimir um sorriso quando viu o semblante de Hermione em relação ao trabalho que os elfos domésticos tiveram preparando o banquete. Rony atacou imediatamente e lotou seu prato, ignorando as conversas ao seu redor. Gina e Hermione, no entanto, foram mais seletivas, começaram a encher seus próprios pratos, enquanto Harry olhava ao redor em desconforto. Ele estava se sentindo um pouco enjoado agora e a ideia de simplesmente colocar comida no prato fazia seu estômago se revirar desconfortavelmente. Pegando os olhos de Gina lhe assistindo, Harry se endireitou e colocou algumas batatas e carne e torta de fígado no seu prato. Ele balançou o garfo para frente para trás, mas evitou colocar qualquer coisa na boca.


- Harry, por que você não está comendo? – Hermione perguntou.


- Mamãe nos disse para garantir que seu prato estivesse cheio, Harry. Você não vai deixar de comer enquanto estivermos aqui. – Gina acrescentou.


- Eu estou comendo, - Harry disse franzindo para elas rapidamente. – Só não estou com muita fome.


- Como você pode não estar com fome? – Rony perguntou depois de engolir. Ele estava agora enchendo seu segundo prato. – Já tem horas desde o almoço.


Harry suspirou.


- Olhem, eu sei que vocês estão tentando ajudar, mas eu estou bem, ok?


Rony deu de ombros e voltou para o seu prato. As garotas eventualmente também, mas Harry podia dizer que elas não estavam felizes. Ele se sentia como uma criancinha tentando esconder os vegetais não comidos no guardanapo.


Neville, que estava sentando do outro lado de Hermione, perguntou a Harry sobre a AD.


- Eu consegui um O no meu exame de Defesa dos NOMs e eu devo isso a você, Harry. Vovó disse que estava orgulhosa de mim.


- Bem, ela devia estar orgulhosa de você, Neville. – Hermione virou para ele. – Você trabalhou muito duro por isso. Eu aposto que todos os membros da AD que fizeram os NOMs foram bem. Eles provavelmente foram os únicos, já que Umbridge não estava realmente ensinando.


Enquanto as pessoas eventualmente paravam de comer, os pratos eram magicamente retirados e a sobremesa aparecia. Harry estava se sentindo ainda mais nauseado e a torta na sua frente não estava ajudando. Ele virou para Gina ao seu lado e tentou evitar olhar para a comida na mesa.


- Então Gina, - ele disse suavemente, - eu pude dizer, pelo seu olhar, que você vai tentar a vaga para artilheira. Alguma ideia de quem mais possa ser bom?


Gina se virou para olhá-lo, sua testa franzida, com se estivesse pensando sobre isso.


- Na verdade não. Nós tivemos Katie, Alícia e Angelina por tanto tempo; elas eram bem novas quando entraram no time. Eu não posso recomendar mais ninguém, porque eu não vi mais ninguém jogar, além dos que já estavam no time.


Harry assentiu; essa era outra razão para se treinar um time reserva esse ano.


 


- Harry, você está se sentindo bem? Você parece meio doente.


A negação de Harry já estava na ponta da língua, mas olhando para a preocupação nos seus olhos ardentes e inocentes, ele descobriu que não queria mentir para ela.


- Meu estômago está um pouco revirado. Eu tenho certeza que não é nada.


Os olhos de Gina se arregalaram em surpresa ao conseguir uma resposta honesta.


- Seu estõmago sempre fica nervoso antes de partidas Quadribol também.


Harry sorriu fracamente, mas não disse nada.


 


 Quando as sobremesas foram retiradas, Professor Dumbledore ficou de pé mais uma vez e levantou as mãos em acolhimento.


- Bem-vindos a mais um ano em Hogwarts. Deixe-me começar dizendo aos primeiranistas que a Floresta Proibida é exatamente isso - proibida. Eu acho que vários outros estudantes precisam se lembrar disso. – Os olhos de Dumbledore reluziram quando seu olhar passou pela mesa da Grifinória. Ambos Harry e Rony se mexeram em seus assentos, enquanto Gina parecia se encolher um pouco. – O Sr. Filch, o zelador, tem uma lista de itens banidos disponível em sua sala; essa lista agora inclui o estoque inteiro de itens vendidos nas Gemialidades Weasley. Ele também pede que eu os lembre que não deve haver duelo nos corredores.


 


Gina estava revirando os olhos.


- Ótimo, mal posso esperar até Fred e Jorge ouvirem isso. Será como se eles tivessem ganhando a Ordem de Merlin, Primeira Classe.


- Eles provavelmente vão fazer uma promoção para celebrar.- Rony acrescentou.


Harry estava prestes a entrar na conversa, quando seu estômago se revirou novamente e sua cicatriz de repente explodiu em dor. Parecia que sua cabeça estava no fogo; ele apenas queria arrancá-la de lá. Pegando um copo de água, ele caiu nos seus joelhos enquanto a dor se tornava insuportável. Ele deixou o copo cair, nunca percebendo que ele tinha convocado ele para sua mão enquanto sua varinha continuava no seu bolso. Ele agarrou sua cabeça com as duas mãos e deixou sair um grito agonizante antes de a escuridão o envolver.


******


Quando Harry acordou ele sabia, por olhar para as luzes e os lençóis brancos lhe cobrindo, que ele estava na Ala Hospitalar de novo. Ele grunhiu e se moveu um pouco enquanto Madame Pomfrey vinha apressada.


- Calma agora, Sr. Potter, relaxe, - ela disse, enquanto ajeitava as suas cobertas. Rony, Hermione e Gina estavam atrás dela, todos espiando ansiosamente por cima de seu ombro para poder olhar Harry.


- Eu estou bem, - ele sussurrou, sua voz soando fraca e trêmula até para seus ouvidos. – Eu não consigo acreditar que não consegui passar nem da primeira noite antes de vir aqui. Isso tem que ser algum tipo de recorde.


- Estou feliz de ver que você recuperou seu sendo de humor, Harry, - disse o Professor Dumbledore, vindo detrás das cortinas. – Bom homem. – Ele olhou para os outros. – Eu gostaria de um momento sozinho com Harry, se não se importarem. Ele passará a noite aqui e vocês o verão de manhã.


Eles começaram a protestar, mas Dumbledore levantou a mão.


- O banquete terminou, e eu tenho certeza que dois de vocês tem deveres de monitores para cumprir. Eu asseguro que o Sr. Potter está em mãos capazes. Se vocês se apressarem vão estar de volta antes do toque de recolher.


Eles obviamente não queriam ir, mas não iam discutir com o diretor. Hermione, pelo menos, levava suas obrigações de monitora a sério e puxou Rony pelo braço. Gina os seguiu pela porta, dando uma última olhada para trás antes de sair.


- Você nos assustou lá embaixo, Harry. Como você está?


Harry deu de ombros e pensou por um minuto; ele se sentia bem melhor agora do que no jantar.


- Um pouco dolorido, mas bem.


- O que aconteceu?


- Ele está feliz. Mais que feliz. Askaban. Eu não tenho certeza do que houve ou porquê eu consegui ver. Eu não tenho visto faz um tempo. A Oclumência ajudou.


 


Dumbledore estava pressionando seu dedo horizontalmente ao longo de sua boca.


- Hmm. Ou você estava simplesmente sobrecarregado pelo dia, ou talvez, e mais provavelmente, ele estava tão focado na sua tarefa que não bloqueou você. Eu assumo que Askaban foi tomado?


Harry assentiu.


- Os dementadores se juntaram a ele.


- Eu temi isso. Nós vamos continuar com suas aulas de Oclumência. Você fez progresso, mas ainda há mais a ser feito. Eu também arranjei para ambos, Ninfadora Tonks e Remus Lupin virem para cá para serem seus tutores em alguns feitiços mais avançados do que os aprendido em sala de aula. Eu planejo em deixá-los ensinar você a aparatar.


- Eu pensei que tinha que ter dezessete.


- Devido a circunstâncias especiais, eu obtive discretamente uma licença. Eu prefiro que você mantenha isso para si mesmo, Harry. Seria últil se alguns inimigos não soubessem dessa habilidade.


Harry assentiu. Mais segredos.


- Eu devia manter o fato de estar tendo aulas um segredo também?


 


- Eu acho que é para o melhor. Sinto muito; eu sei que é difícil para você. Você compartilhou o conteúdo da profecia com seus amigos?  


Harry apertou os olhos.


- Não. Eu não os quero em mais perigo do que eles já estão por serem meus amigos.


- É um fardo difícil para carregar sozinho, Harry.


- Não vejo alternativa. O quanto a Ordem sabe?


- Muito pouco. Eles sabem que existe uma profecia envolvendo você. Acho que talvez você descubra que Remus sabe mais, embora ele não tenha confirmado comigo. Talvez você possa confiar a ele? Eu não acho que é uma boa ideia guardar tudo para si, Harry.


Harry permaneceu em silêncio.


- Quando você teve a visão no Salão Principal, você tentou pegar água...


- É. Parecia que minha cabeça estava queimando. Eu acho que eles soltaram fogo em Askaban. Por quê?


- Você convocou um copo sem usar a varinha. Você já fez algo assim antes?


 


Harry franziu a testa em concentração.


 


- Eu acho que sim. Eu lembro de fazer o vidro do zoológico desaparecer uma vez. Ah! Quando os dementadores me atacaram verão passado, Duda tinha jogado a minha varinha pra longe da minha mão e eu convoquei de volta. Por que, o que isso significa?


- Eu não tenho certeza. Talvez nada. É comum para jovens bruxos e bruxas fazerem magia sem varinha quando sob pressão, o que com certeza se aplica aqui. Embora, você já tenha passado da idade. Vamos deixar Tonks e Remus fazerem uns experimentos. Eu gostaria que você ficasse aqui hoje, Harry, para que Madame Pomfrey assista você. Você pode tomar uma poção para dormir se quiser.


- Eu preferiria esperar até amanha, quando eu estiver no dormitório, se for possível.


Dumbledore olhou para Harry com olhos estreitos.


- Os pesadelos não são nada que se envergonhar, Harry.


- Sim, senhor, mas eu ainda não gosto de acordar todo mundo.


- Muito bem, tome amanhã à noite, então. Contudo, durma aqui hoje.


Com isso, ele bateu levemente no ombro de Harry e saiu do aposento, deixando Harry sozinho com seus pensamentos.


 


******


Harry não tinha ideia de que horas eram quando o pesadelo o acordou, mas ele não achava que tinha dormido muito tempo. Ele tentou se virar e se ajeitar, mas não parecia conseguir clarear a cabeça. Ele sentia como se estivesse faltando algo. Ele repassou o dia na mente, tentando lembrar se havia esquecido alguma coisa em Grimmauld Place ou no trem, mas nada vinha à mente. De repente, ficou claro, era como um farol em uma noite de nevoeiro – ele sentia falta de Gina. Ele tinha se acostumado à presença  calmante dela depois de seus sonhos serem arruinados por pesadelos. Ela sempre estava lá, oferecendo conforto e não exigindo nada em retorno. Harry achou estranho que eles nunca falavam sobre seus pesadelos percebeu que a devia um agradecimento decente. Ele estava surpreso por perceber o quanto ia sentir falta do breve conforto, mais do que ele jamais achou que iria.


De repente, a porta da Ala Hospitalar abriu, embora ninguém tenha entrado. Sentido os pelos da nuca arrepiarem, Harry procurou sua varinha e óculos, os olhos varrendo o quarto. Ele relaxou um instante depois quando Gina emergiu debaixo da sua capa da invisibilidade, seu longo cabelo vermelho meio arrepiado nas pontas por causa da estática.


 


- Guarde sua varinha, Harry, a não ser que planeje usá-la.- Ela sorriu e ele corou um momento depois, entendendo a ambiguidade.


 


- O que você está fazendo aqui? Se Filch ou Pomfrey pegarem você, você vai ficar em detenção antes da primeira noite no castelo acabar e antes de algum produto das GW ser usado.


 


Gina sorriu.


 


 


- Rony me deu a capa. Ele e Hermione estão tentando arrumar todos os primeiranistas. Dois garotos já tiveram uma briga por causa da cama na janela e uma das garotas está chorando e quer ir para casa. Você devia ter visto o pânico na cara de Rony quando Hermione disse a ele para consolar a garota.


Harry riu, imaginando, depois ficou sério. Ele não ia querer essa tarefa também.


- Pobre Rony, - ele disse.


 


- Pobre Rony? Tente pobre primeiranista. E pobre Hermione, que vai ter que consolar a garota da consolação de Rony.


 


- Verdade, - Harry concordou. – Gina, eu quero lhe agradecer.


 


- Me agradecer pelo quê?


 


 - Os pesadelos, - Harry começou, ele não tinha certeza do que dizer.- Você ajudou.


 


Gina sorriu, abaixando a cabeça e sentando de um lado da cama.


 


- Fico feliz por poder ajudar, Harry. Pesadelos não são bons. Eu sei melhor que a maioria.


 


Harry olhou para ela, franzindo o cenho.


 


- Você os tem, então?


 


- Eu tive por um longo tempo depois do meu primeiro ano. Eles melhoraram, mas depois da terceira tarefa eles voltaram por um tempo. Ainda tenho um ou outro ocasionalmente.


 


- Sinto muito, - Harry sussurrou.


 


- Eu acho que você é a única outra pessoa nesse planeta que consegue entender o quão ruins eles realmente são – que eles não são normais!


 


- Eu sei! Eu escuto a risada dele o tempo todo. Eu odeio aquela risada.


 


- Comigo, é mais a voz, acalmante e manipuladora.  Você o conhece como monstro que ele se tornou; eu o conheço como um garoto da nossa idade antes de o monstro se libertar. Embora estivesse lá. Puro mal.


 


Harry notou Gina tremendo quando falou isso e ele se adiantou e apertou sua mão. Ela apertou de volta com igual força.


 


- Do que você se lembra sobre a possessão? – Harry perguntou, lutando para fazer sua voz sair. Ele nunca tinha perguntado isso a ela antes, mas ele de repente precisava saber. Ela sentiu a mesma dor associada com a sua experiência? Harry tinha bloqueado sua própria experiência por meses agora, mas, com Gina, ele achou alguém com quem compartilhar esse horrível segredo. Se alguém podia entender como isso lhe fazia sentir, era ela. Ele estava aterrorizado sobre a ideia de que Voldemort podia entra na sua mente, manipulá-lo, ser parte dele, Gina saberia; ela entenderia.


 


Gina estava muito pálida. Ela começou a falar, hesitante no começo, mas ganhando força enquanto continuava.


 


 


- Eu não lembro muito. Tem vários enormes brancos nos meus dias. Eu acordava e percebia que tinha ido a um lugar e não sabia como tinha chegado ali. Ele era tão ardiloso em relação a isso, sempre sabia o que dizer para balançar minha confiança. Ele me dizia que as pessoas me odiariam quando descobrissem o que eu tinha feito. Eu tinha onze anos! Não era como se eu tivesse muita auto-confiança para começar; ele esmagou completamente o pouco que tinha. Ele falava muito de você, e como tola eu era. Ele tentou me fazer odiar você e se eu te defendesse ele ficava colérico e além disso. Ele ficava obsessivo. Ele ficava furioso porque minha lealdade a você não mudava. Até aí, eu já estava tão envolvida nisso que não sabia como sair. Ele podia ser muito cruel e ainda assim muito manipulador ao mesmo tempo.


 


- Quando ele realmente possuía você, você sentia dor?


 


- Não, dor não. Só... vazio.


 


- Você sabia do que estava acontecendo na Câmara?


 


- Não, não até eu acordar e ver você lá e perceber que ele não tinha conseguido. Eu nunca tinha estado tão feliz e tão aterrorizada ao mesmo tempo. Você estava horrível, tão machucado e ensanguentado, eu não parava de pensar que era tudo minha culpa. Eu pensei que com certeza você me culparia. Mas você nunca me culpou, você até tentou me proteger dos meus pais.  Eu acho que nunca disse obrigada.


 


Harry apertou a mão dela, mas descartou o agradecimento como não fosse nada.


 


- Nunca houve nenhum dor física? – “A experiência dela foi diferente da minha, por quê?”


 


- Por que você fica perguntando isso? O que é que você tem, Harry?


 


Harry olhou diretamente para ela por um longo tempo; se tinha alguém que podia entender era Gina, mas ele ainda estava com medo de compartilhar isso. Ele passou a vida inteira escondendo coisas; não era fazia deixar esse hábito de lado.


 


- No Ministério... em Junho… Eu…Ele… - Harry não conseguia achar as palavras. Gina o estava encarando intensamente, mas permaneceu em silêncio e permitiu que ele continuasse. – Ele me possuiu, também, - ele disse finalmente.


Os olhos de Gina se abriram em surpresa.


 


- O que? Quando? Por que você não disse nada a ninguém?


 


- Dumbledore sabe; ele estava lá. Ele tentou fazer Dumbledore me matar. O negócio é, eu consigo me lembrar. Eu consigo lembrar de tudo... e doeu. Doeu mais que qualquer coisa que eu já passei. Pior do que eu posso descrever. Ele me usou para zombar de Dumbledore, mas eu lembro de querer que Dumbledore fizesse, me matasse para fazer a dor parar. Eu estava completamente ciente de nós dois. Por que você acha que foi diferente?


Gina ainda estava em choque com a revelação dele. Ela não tinha nem começado a processar o fato de que Harry quisera morrer.


- Eu não sei. O que Dumbledore disse?


Harry suspirou.


- Ele disse que meu coração me salvou, mas eu realmente não entendo o que isso significa. Na época, eu estava mais preocupado com o fato que Sirius estava morto e eu realmente não ligava para o que ele estava dizendo. Eu vou ter que falar com ele sobre isso cedo ou tarde. Eu só estou torcendo para o “tarde”.


As mãos de Harry e Gina ainda estavam firmemente juntas e eles ficaram ali apenas olhando um para  o outro. Por fim, Gina deitou a cabeça no ombro de Harry e ele descansou sua cabeça no topo da dela. Eles ficaram assim por um bom tempo, cada um perdido nas suas próprias memorias, até Harry finalmente dormir e Gina voltar para o dormitório da Grifinória. Harry, dormindo pacificamente, não viu a expressão de preocupação no rosto de Gina enquanto ela olhava para ele antes de fechar a porta da Ala Hospitalar.


 N/A: OK, a Seleção. Eu fiz várias tentativas de uma música para o Chapéu e finalmente decidi fazer vocês não passarem por isso. Confiem em mim, estavam ruins!


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N/T: Uff, meu pc desliga em 10 min e eu estou num debate se devo postar agora ou revisar... reviso amanha e vou postar agora.. espero que não tenham muitos erros! Demorei muito?? D:
P.S: Tem uns diálogos com um espaço gigante enquanto outros com espaço nenhum.. sorry, eu ajeito isso amanha, ok? :) 

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