(Des)encontros
Lílian se arrumava para sair com Tiago. Já estava atrasada dez minutos, e o maroto estava impaciente. Remo e Sirius tentavam acalmá-lo. E rir da cara dele.
- O Pontas foi abandonado. - disse Sirius, provocando o amigo.
- Eu não levei um fora da Melissa. - rebateu Tiago, sorrindo.
- E eu não levei mais de mil da Evans.
- É, mas hoje ela vai sair comigo.
- Mas você nunca ficou com ela.
- Fiquei sim.
- Você agarrou ela, é diferente.
- Calem a boca, vocês dois. - interrompeu Remo, apontando para a escada. Ouviram as vozes das três meninas, rindo, e Tiago abriu um sorriso radiante. Melissa atravessou o Salão Comunal e saiu, Marlene foi para perto de Remo e Lílian para perto de Tiago.
- Você está perfeita. - disse Tiago, fazendo a menina corar. Os dois saíram do Salão Comunal conversando.
- Para onde estamos indo? - perguntou a ruiva, quando Tiago foi em direção a passagem da bruxa de um olho só.
- Dedosdemel, achei que você quisesse ir lá. - respondeu.
- Eu quero, mas a gente passa por aqui mesmo? - perguntou desconfiada. Tiago se virou para ela.
- Você confia em mim? - a garota hesitou. Por fim, assentiu silenciosamente. - Então, me segue. - Os dois passaram pela passagem que levava ao porão da loja. Quando Tiago o abriu, Lílian perguntou:
- Isso é contra as regras da escola?
- Claro. Sou um maroto, o que você achava? - Ele riu, porém ela não o acompanhou. Era uma monitora, e deveria agir como tal. Não deveria desrespeitar as regras da escola.
- Eu não achava nada. - limitou-se a dizer, suspirando. Se era pra quebrar as normas, que fizesse direito. Além disso, seu histórico escolar era impecável, exceto por uma detenção que ganhara no ano. E por culpa do garoto.
- Você e o John terminaram? - perguntou ele, interrompendo as ideias que se passavam na cabeça de Lílian.
- A gente deu um tempo. - Ela sorriu, porém Tiago não. - E você, tá com alguém?
- Nada de mais. Só tenho olhos pra você, lírio. - Sua pele ficou rubra. Para fugir, foi até o balcão da loja e comprou uma delícia gasosa, enquanto Tiago não comprou nada.
***
Enquanto isso, no Castelo...
- Black. - chamou McGonagall, após o jantar, quando o garoto estava indo para o Salão Comunal de sua Casa. - Onde está o Poter? Preciso falar com ele.
- O Pontas tá... - Sirius tentava pensar em uma desculpa plausível - passando mal, é. Por isso ele não veio jantar. É alguma coisa importante, professora?
- Nesse caso, avise a ele que o Lloyd marcou o primeiro treino para o jogo contra a Sonserina amanhã, às sete horas da noite. Boa noite.- ela cumprimentou, saindo dali. Sirius suspirou aliviado. Não era desta vez que seu melhor amigo levaria mais uma detenção.
***
- Mas me explica, ruivinha, porque você tá aqui? - pediu Tiago, quando os dois estavam conversando enquanto passeavam pela loja de doces.
- É uma longa história, Potter.
- Nós temos tempo. - falou ele, sorrindo. Ela começou a narrativa. Ao fim de tudo, estava mais impressionado ainda. Lílian aceitava sair com uma pessoa que odiava pra fazer sua amiga feliz.
- E é a segunda vez que eu faço isso, lembra do Natal? - perguntou ela, rindo.
- Falando nisso, você nunca mais usou o colar que eu te dei. Nem os brincos.
- Eu não uso muitos acessórios. - mentiu a garota. Ele não fez nenhuma objeção. Tiago olhou no relógio de pulso.
- Já são nove e quarenta. O que acha de voltar?
- Acho que já passou da hora. - respondeu ela, indo em direção ao porão da loja. Quando já estavam chegando ao Salão Comunal, Tiago puxou-a pelo braço, e deu um selinho na garota.
- Seu retardado! - exclamou ela, dando um soco em Tiago.
- Só pra não perder o costume, ruivinha. - ele disse, com um sorriso maroto no rosto.- Você sempre consegue estragar tudo, Potter, quando eu finalmente já estava conseguindo me convencer de que você era uma pessoa legal, você vem e me agarra, como sempre faz. Eu já devia saber, você sempre foi, é, e sempre será um idiota.
- Lílian, espera, eu... - Ele tentou, mas ela não ouviu. A garota entrou no Salão Comunal com bufando de raiva, nitidamente irritada. Lupin e Marlene, que estavam juntos, olharam torto. Logo em seguida, Tiago irrompeu no Salão Comunal, o semblante fechado.
- O que foi que você fez dessa vez, Tiago? - quis saber Marlene.
- Beijei ela. - admitiu o garoto, a contragosto.
- De novo?! - ela exclamou. - Você conseguiu irritar ela mais uma vez. Aonde você quer chegar com isso? Não percebe que assim nunca vai conseguir conquistar ela de vez? Ela tem razão, você é mesmo um idiota. E não se culpe por isso. A culpa é minha. Por tentar juntar minha melhor amiga com um babaca que nem você. - Ela subiu também, deixando os dois garotos estupefatos. Porém, estava de consciência tranquila. Não era a primeira nem seria a última vez que o maroto faria sua amiga ficar furiosa, mas ela não aguentava mais segurar as palavras.
***
- A Minnie tá te procurando, Pontas. - falou Sirius, quando Tiago entrou no dormitório masculino aquela noite. Ao ver a expressão do amigo, porém, parou de falar abruptamente.
- O que ela quer? - perguntou ele, se jogando na cama.
- Treino amanhã, as sete.
- Merda.
- Você tá reclamando de treino de Quadribol? O que aconteceu com você? - Sirius o olhava, estupefato.
- Não é pelop Quadribol em si. Tem o John. - explicou ele. - Quando ele tava com a Lílian, eu tinha raiva dele, aí eles deram um tempo, e nesse meio tempo ela saiu comigo. É, Almofadinhas, ele vai estar bem satisfeito comigo amanhã.
- Mas a Evans tá com raiva de você. E só saiu com você por causa de uma aposta, ou sei lá o quê.
- Como você sabe que a minha ruivinha tá com raiva de mim? - perguntou ele, pensando em como as notícias corriam rápido naquela escola.
- Porque você sempre faz algo que a deixa irritada, Pontas. - sirius respondeu, rindo.
- Mas não é só ela. A Lene me chamou de babaca e idiota. No fundo, talvez eu mereça.
- Deixa de ser dramático. - Sirius jogou uma almofada na cara do amigo. - Amanhã ela já vai ter esquecido, e tudo vai voltar a ser como antes.
- Como antes? Merda. Ela vai voltar e me xingar e me tratar com um idiota.
- Talvez, no fundo, você mereça. - Tiago retribuiu a almofada que levou de Sirius. Depois de um tempo na guerra, resolveram dormir.
***
O mês de março se passou em velocidade impressionante. Quando deram conta, já era dia 27. Para Lílian, um dia como outro qualquer. Para Tiago, porém, não. Seu aniversário de dezessete anos começou com travesseiradas na cabeça à virada do dia 26 para o 27, e a coruja que recebia frequentemente da família veio recheada com doces e um bolo. Os amigos atacaram a comida antes que Melissa confirmasse:
- Hoje é seu aniversário, né? - ele assentiu, impossibilitado de falar, devido a boca cheia. Ela levantou-se e o abraçou, desejando-lhe felicidades. Lene fez o mesmo, no entanto Lílian não.
- Parabéns, Potter.
- Não vai me chamar de Tiago nem no dia do meu aniversário? - perguntou ele, sorrindo.
- Parabéns, Tiago. - ela sorriu amargamente, deixando transparecer o quanto a incomodava o uso do nome do maroto.
- Não vai me dar um abraço? - Lílian levantou-se da mesa, a contragosto, após os chutes que levara de suas amigas. Ele abriu um sorriso de 32 dentes, quando ela friamente o abraçou. Porém, ele colocou uma das mãos em sua cintura, e a prendeu. Mais uma vez, toda a mesa da Grifinória os observava. Mas ela pode reparar que alguns olhares de pessoas de outra Casa eram dirigidos aos dois. Ele se afastou um pouco dela.
- Muito melhor agora. - Ele manteve a mão em sua cintura, e as palavras sussurradas ao lóbulo da orelha da garota a fizeram ficar arrepiada. Ela tentava se soltar.
- É, parabéns e... AH, POTTER, ME LARGA! - berrou ela, quando percebeu que suas tentativas de se afastar dele eram quase inúteis. McGonagall levantou-se da mesa dos professores.
- Algum problema, Potter? - perguntou ela, as sobrancelhas arqueadas. Tiago a largou na mesma hora, entretanto ainda exibia um sorriso de canto de lábio. - Agora podemos jantar em paz? Todos comendo, agora. - ralhou ela, o semblante impassível. Lílian desvencilhou-se dele, carregando um sorriso enigmático no rosto.
***
- Onde está o meu presente? - perguntou Tiago, à noite daquele dia. Ela sequer desviou o olhar dos deveres que estava fazendo em cima de uma cadeira do Salão Comunal. - Pode ser alguma coisa simples. - ele continuou, e ela revirou os olhos. - Um beijo de boa noite? - ele sugeriu, esperando a reação dela.
- Só nos seus sonhos, Potter. - ela desdesnhou.
- Então você vai negar? - perguntou ele, pondo-se de pé. Ele foi se aproximando da poltrona em que a garota estava reclinada vagarosamente, o que lhe deu tempo para pensar. Lílian, contudo, não conseguiu ao menos esboçar uma reação. Permaneceu estática, prevendo o que estava por vir. Somente quando seus rostos estavam ridiculamente pertos ela se distanciou.
- B-boa n-noite. - ela balbuciou, e adiantou-se um passo a frente para dar um beijo no rosto dele. Ele abriu um sorriso radiante.
- Sonhe comigo, ruivinha. - ela revirou os olhos, recolhendo as penas e pergaminhos que deixara na mesa. Corando levemente, perguntava-se porque havia feito aquilo. Dar um beijo no rosto do Potter? Só posso estar delirando devido ao sono, pensou ela. Olhá-lo ali, tão radiante, a fazia se sentir estranha. Um simples beijo no rosto o fizera ir as nuvens. Decidamente, pensou ela, subindo as escadas, Tiago Potter não era um garoto normal.
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