Eu nunca
Depois do pseudo-beijo entre Remo e Marlene, o mês de fevereiro se passou normalmente. De repente, já era março, e os ânimos de todos estavam melhores. Lene ficou com Tom por uma semana, até eles oficializarem o namoro. Ela decidira que tirar Remo da cabeça era a melhor coisa a se fazer, pois gostava realmente de Tom, e tinha certeza de que o maroto também não sentia nada especial por ela. Remo, por sua vez, era cobrado pelos amigos sobre quando iria "chegar" na menina, como frisava Tiago.
- Eu achei que quem era o veadinho aqui era o Pontas. - disse Sirius.
- Ha ha. Você é realmente muito engraçado. - Respondeu Tiago, jogando uma almofada no amigo. - E a Melissa, Sirius? Ela desistiu de você? - provocou ele.
- Não. E nem eu desisti dela.
- O quê? - perguntaram os três, em coro.
- Então vocês continuam juntos? - perguntou Pedro.
- Mais ou menos. A gente fica ás vezes, sem compromisso. Pra quê mudar isso? - indagou Sirius, recebendo um olhar de desaprovação de Remo. - Mas não mudem de assunto. O papo aqui é sobre o nosso querido Reminho. - Sirius lançou um falso olhar apaixonado ao monitor, fazendo todos rirem.
- Você nunca vai chegar nela? - Perguntou Potter. Remo suspirou.
- Por enquanto, não. Ela tem namorado, vocês sabem.
- E daí? - Perguntou Sirius, como se fosse uma coisa banal, o que fez Remo olhá-lo de novo com o olhar que chamavam de "olhar de monitor".
- E além do mais, ela não tá nem aí pra mim. - confessou Remo. Se arrependeu do que havia dito. Os olhares dos amigos estavam deixando-o assustado.
- E o quê você pode fazer pra ela ficar? - perguntou Sirius, olhando pra Tiago.
- Sabe, eu tenho uma ideia. - respondeu o garoto, lançando um olhar cúmplice ao melhor amigo.
- E o que é? - perguntou Pedro. Remo continuava calado, esperando que os amigos desistissem da prematura ideia que eles tinham em mente. Convivendo com esses dois há quase seis anos, sabia que não eram coisas boas. Ou decentes.
- Nem adianta. - respondeu o batedor olhando Pedro. - Vocês não vão conseguir tirar isso de nós.
***
- Você entendeu, Melissa?
- Claro, Sirius. Você acha que eu sou uma idiota ou o quê? - perguntou a garota, irritada. Sirius já lhe dera as informações do "plano" que ele e Tiago haviam elaborado. Os dois agora estavam na Sala Precisa, e ele interrompera os beijos para explicar-lhe o que devia fazer. A menina entendera da primeira vez, porém o garoto vivia insistindo que ela confirmasse a história.
- Eu acho que você é a única menina que tem um cérebro e usa que eu já fiquei. Tá, na verdade não era exatamente isso que eu estava pensando sobre você, - ele lançou um olhar safado às pernas dela, apenas metade das coxas cobertas por um short jeans. - mas se eu dissesse você seria obrigada a me bater. Ai! - acrescentou, quando ela lhe deu um tapa no ombro. - Eu nem falei nada... - E os dois voltaram de onde tinham parado.
***
No sábado seguinte, que seria o dia que os dois marotos e Melissa haviam combinado de se encontrar na Sala Precisa, foi com muito custo e desculpas esfarrapadas que conseguiu convecer Lílian de ir lá. O falso motivo que alegara era conversarem, em um lugar que tivessem tempo ou privacidade de falar o quanto e o que quisessem. Já no dormitório masculino, Tiago convencera Remo a ir, falando que ele tinha que treinar quadribol, e precisava da ajuda dos amigos. Pedro e Maggie não quiseram ir. Então, quando as três garotas já estavam chegando, foi a ruiva que avistou os marotos primeiro.
- Ah, não. O Potter e os amigos deles já estão indo pra lá. - lamentou-se.
- Vamos voltar. - Disse Marlene.
- Não, - retorquiu Melissa - a gente expulsa eles de lá e pronto.
- Oi garotas, o que fazem aqui? - perguntou cinicamente Sirius.
- A gente tá indo pra Sala Precisa, então tchau. - disse Lílian bruscamente.
- Espera aí, ruivinha. Nós é que estamos indo pra lá. - discordou Tiago.
- Não, somos nós. - disse Marlene.
- Não, nós - retorquiu Remo. Os olhares dos dois se cruzaram, e a menina desviou o olhar pra Lílian.
- Ah, gente, agora que não tem jeito, - disse a ruiva, olhando pras amigas - vamos voltar.
- Quer saber? Nós vamos entrar aí e pronto! - decidiu Melissa, olhando para o "ficante", que respondeu:
- Então nós também vamos. - disse Sirius, passando pela porta três vezes. Olhou para os cinco, e convidou-os a entrar. A Sala Precisa estava simples, com apenas uma mesa e algumas cadeiras encostadas no canto. A sala era iluminada pela luz do sol que entrava pelas janelas. Porém, era no canto esquerdo que estava o mais impressionante. Um minibar, com cadeiras americanas, e várias garrafas de bebidas chamavam atenção. Seis copos estavam na mesa.
- Não Sirius, você não vai nos embebedar. Quer ganhar outra detenção? - ralhou Lílian.
- Relaxa, Evans. - limitou-se a dizer.
- O que nós vamos fazer aqui? - perguntou Marlene.
- Eu proponho um "Eu Nunca". - respondeu Tiago. - É assim, o jogo começa com uma pessoa falando alguma coisa que nunca fez. Por exemplo, sei lá, eu nunca fiquei com alguém da Sonserina, e aí quem já tiver ficado tem que beber. Concordam?
- Não. - respondeu Lílian. - Isso é uma idiotice. E além do mais, dá pra roubar. É só você não beber nada.
- Na verdade, não. - retorquiu Sirius. - Porque esses copos são enfeitiçados. Vamos fazer um teste, ninguém bebe. Vai lá, eu nunca fiquei com ninguém da Sonserina. - Na mesma hora, os copos que estavam dispostos na mesa bateram na cabeça de Melissa, Sirius e Tiago. - Isso é porque nós já ficamos com pessoas da Sonserina. Entendeu? Mesmo se você não quiser, o copo vai bater na sua cabeça até você beber. Vamos lá. - Sirius se sentou no chão, e os outros o imitaram. Os copos foram voando, um na frente do outro, até ficarem cada um com um copo à sua frente. No centro da roda que formavam, tinha uma garrafa de uísque de fogo. Lílian estava relutante.
- Que coisa idiota.
- Está com medo, lírio? - Perguntou Tiago. - De ter que revelar que já sentiu vontade de ficar comigo?
- Até parece. Vamos começar logo. - Ela suspirou. - Eu nunca senti vontade de beijar um maroto. - Todos anisaram pela reação. Melissa bebeu na mesma hora, porém Marlene relutou. Ela mesma não sabia se sentira vontade de beijar Remo. Porém, esperar que o copo batesse em sua cabeça seria muito pior. Tremendo, pegou a garrafa, encheu um copo e bebeu. Sirius e Tiago se entreolharam felizes. Tiago olhava para o copo de Lílian, que continuava parado. Ela lançou um falso sorriso doce ao maroto, que continuou jogando:
- Eu nunca peguei uma detenção por ficar me agarrando com alguém. - Desta vez, todos beberam, menos Lílian, que novamente sorriu.
- Eu nunca correspondi ao beijo de um maroto. - disse Sirius, lançando um olhar diretamente a Lílian. Ela ficou chocada. Sabia que aquela primeira vez que saíra com Potter, em Hogsmeade, havia correspondido por uns quatro segundos. Quando o copo já vinha em sua direção, ela apanhou-o no ar, encheu-o e virou de uma vez só. Tiago abria um sorriso radiante, enquanto Melissa reclamava que ela bebia todas.
- Eu nunca deixei de chegar em alguém por insegurança. - Marlene lançou, olhando para Remo. Ele apenas pegou o copo, encheu-o com um pouco da bebida e tomou. As três sorriam. Foi a vez de Remo falar.
- Eu nunca corei ao ficar sem camisa na frente de alguém. - Marlene ficou sem reação. Ela não esperava isso. Ela nem lembrava de quando o maroto tinha pego ela e Tom na hora H. Porém, ele se lembrava. A garota ainda muda, sentiu o copo bater em sua cabeça. Nenhum dos outros bebeu. Ela pegou o copo com as mãos levemente trêmulas, enquanto todos anotavam mentalmente para perguntar aos seus respectivos melhores amigos que história era aquela. Marlene corou. Melissa, para quebrar o clima, disse:
- Eu nunca azarei ninguém por diversão. - Tiago e Sirius beberam na mesma hora. A garrafa chegara ao fim. Lílian convocou outra por um feitiço, e eles continuaram a jogar. Tiago falou de novo:
- Eu nunca fiquei secando o corpo do Aluado. - Todos olharam diretamente para Marlene, mas foi a ruiva que pegou o copo e bebeu, diante da estupefação de Melissa e Sirius.
- Eu nunca levei mais de dez nãos de uma pessoa só. - A garota revidou, porém sua tentativa de fazer o garoto ficar abalado não deu certo. Ele riu antes de beber um gole. A garrafa já estava quase no fim. Desta vez, foi Sirius que convocou outra com um feitiço. Eles ficaram jogando por mais meia hora, quando o nível do jogo começou a cair, pois Sirius estava cada vez mais bêbado e falando coisas que deixavam todos constrangidos. Foi quando Lílian decretou:
- Já tá bom por hoje né? Vamos. - disse às amigas, que levantaram-se. Tiago arriscou:
- Vamos jogar verdade ou desafio.
- Me respeita, menino. Eu tenho namorado. - disse Marlene, que não estava muito sóbria.
- Deixa pra próxima... - comentou Lílian simplesmente. Quando já estavam saindo, completou baixo, somente para as amigas ouvirem: - Vida.
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