O LEPRECHAUN E A FÊNIX
CAPÍTULO DOIS:
O LEPRECHAUN E A FÊNIX
A viagem para a Irlanda foi gelada, e talvez rápida, Emily achara assustadora e Rose decidira que jamais voaria em um Hipogrifo novamente antes de chegar no terceiro ano. Will parecia um pouco tonto e Alvo apenas olhava para os lados na busca a Ernesto.
Hagrid ordenara aos Hipogrifos que fossem para a Quebrada dos Covertos, o que na verdade não passava de um beco sujo e cheio de muros pichados com um buraco aberto escondido atrás de uma caçamba vazia de lixo.
_Será que estamos no lugar certo? – Rose perguntou e no momento seguinte um grito ocorreu ao seu lado. Emily se afastou correndo e então Alvo viu algo saindo do buraco, uma cabeça.
_Potter? – uma voz grossa, porém alegre, perguntou.
_S-sim – Alvo respondeu olhando para aquela cabeça com curiosidade.
O homem que estava ali olhou para todos e fez um sinal positivo para que entrassem no buraco.
_Isso é realmente necessário? – Rose perguntou relutante.
_Não demorem – o homem disse calmo antes de desaparecer.
Alvo puxou a sua varinha e foi primeiro, descendo por uma escada escorregadia que havia no túnel, chegando assim a um lugar que parecia um esgoto gigante, mesmo que não houvesse nenhum cheiro forte ou lixos em qualquer lugar. Havia apenas passagens de pedra e uma água que escorria ao meio, desaparecendo na escuridão.
_Admito que pensei que seria pior – Rose disse batendo a mão nas vestes.
_Isso nem é tão ruim – Will falou – Pra falar a verdade parece as masmorras do Professor Esvatus.
_O senhor é Ernesto Mughlin? – Emily perguntou com sua voz sonhadora.
_Exatamente senhorita – o homem respondeu e pela primeira vez Alvo o olhou de verdade. Ele era gorducho, mas não muito baixo, o rosto era gordo e sem nenhuma barba, os cabelos cinzas estavam despenteados e as vestes eram marrons e amarelas. – Os levarei até a estátua do Portrai, eu nunca pensei que esse dia chegaria, mas as lendas contam que ali é o lugar mais certo para se obter dicas sobre o Leprechaun de ouro.
_Estátua do Portai? – Alvo perguntou enquanto eles começavam a andar, Ernesto segurando um lampião grande.
_August Portrai – Will respondeu – Um dos bruxos que lecionava no vilarejo de Bounstouns há centenas de anos, foi morto cruelmente durante a guerra que se abateu na Irlanda. Homenageado com a única estátua de ouro dessa região, dizem que seu ouro atrai visitantes e ladrões do mundo todo, mas que protegido com feitiços, jamais sofreu um arranhão sequer.
_Correto – Ernesto falou parando em uma entrada redonda, da forma de um barril e seguindo por ela. – O ouro de Portrai atrai o Leprechaun de ouro também, boatos dizem que o Leprechaum almeja toda a relíquia ali existente.
_O que é aquilo? – Emily perguntou apontando para a escuridão mais a frente.
_Imagino que Hagrid lhes disse que possuo um modo, digamos, diferente de aparatação, aquele é o meu segredo.
Alvo apertou os olhos tentando enxergar melhor e viu apenas um círculo dourado no chão, iluminando tudo ao redor.
_Eu criei esse feitiço com meu pai para podermos viajar pelo mundo todo, ele era historiador e nunca foi muito bom com aparatações, então projetamos isso para podermos ir a qualquer lugar que precisássemos.
_Ótimo! – Will disse enquanto todos paravam em frente ao círculo.
_E como se chama? – Rose indagou.
_Lughlin – Ernesto respondeu – Era muito comum, naquela época, bruxos colocarem seus nomes nos feitiços que criavam. Meu pai juntou nosso sobrenome, Mughlin, com Luz, devido a luz que há círculo e criou esse nome.
_Legal – Alvo disse encarando o belo círculo de luz por um instante.
_Tomem cuidado – Ernesto disse entrando no círculo e pedindo que todos também adentrassem – Não é como a rede de flú, isso é bem mais selvagem, e por esse motivo nunca foi aceito pelo Ministério.
Alvo engoliu seco e trocou um olhar rápido com todos os outros.
_AUGUST PORTRAI! – Ernesto exclamou e Alvo viu paredes de fogo se levantarem e cobrindo todos os jogarem para os lados enquanto as chamas iam desaparecendo e raios negros formavam um furacão furioso. A ventania era realmente forte e quando Alvo pensou que todos seriam atirados para muito longe, caíram de costas em uma grama alta.
Alvo se levantou depressa procurando os outros e a primeira coisa que surgiu a sua visão foi uma alta e dourada estátua. Era um bruxo muito feio, com um dos olhos tampados com uma espada quebrada e com apenas metade dos cabelos no centro da cabeça. As roupas eram largas e estavam remendadas, os sapatos com vários rasgos e na mão direita apenas três dedos. A expressão no rosto era triste, a boca estava ferida e não haviam sobrancelhas.
_Pavoroso – Will disse em meio a grama alta – Me disseram que ele havia sofrido, mas não fazia idéia do quanto.
_Eu cai em cima disso – Emily disse se levantando e mostrando um colar com um símbolo dourado na ponta, com uma mancha vermelha ao meio.
_Parece sangue – Rose disse apanhando o colar.
_É o colar de um Leprechaun fugitivo – Ernesto falou – O sangue é do próprio, pois quando fogem, os Leprechauns devem abandonar o colar que usam pois senão são pegos. A luta para retirá-los é muito grande, e pode envolver muito sangue.
_Vamos aonde agora? – Alvo perguntou olhando ao redor, mas então uma pedra voou no ar o atingindo na testa.
Will, Emily e Rose se viraram rapidamente com as varinhas apontadas na direção da onde a pedra viera e dispararam jatos de luz.
_QUEM ESTÁ AÍ?! – Ernesto perguntou sério.
_Saíam daí! – uma voz ríspida disparou detrás de um arbusto.
_Saí você! – Will falou receoso.
Alvo disparou um jato de luz no arbusto e então um bruxo magrelo, com cabelos dourados e olhos grandes e redondos surgiu depressa.
_Não posso ir aí – ele falou receoso – Venham até aqui.
Alvo andou rápido, sentindo-se aborrecido.
_Cuidado Alvo – Rose disse sem andar – Pode ser uma armadilha.
_Se tentar algo, você já era! – Will falou sacudindo a sua varinha.
Alvo se aproximou do bruxo e viu que ao lado dele, no chão, haviam dezenas de mapas e um pequeno caldeirão, com alguns frascos mais embaixo.
_O que está fazendo?
_O Leprechaun de ouro – o bruxo respondeu – Ele deve aparecer aqui hoje a noite, por poucos segundos, e tenho de estar preparado.
_Com poções? – Alvo perguntou enquanto os outros se aproximavam.
_Duas poções – o bruxo disse irritado – Uma para paralisá-lo no momento que aparecer e outra para marcá-lo, assim vai ficar registrado no mapa todo lugar que passar.
_Você deve estar brincando! – Ernesto murmurou – Já tentaram isso dezenas de vezes e nunca deu certo, é apenas um boato.
_NÃO! – o bruxo retorquiu – Desta vez vou conseguir porque não estou sozinho!
Alvo olhou ao redor e não viu ninguém mais ali, apenas escuridão.
_Atrás de cada arbusto há um bruxo preparado para atingir o Leprechaun quando aparecer, as pessoas sempre tentaram fazer tudo sozinhas, mas quando se está encurralado é mais difícil escapar. – o bruxo se abaixou detrás do arbusto e fez um sinal para todos também se aproximarem. – Vocês têm de escolher, ou se escondem ou saem daqui, não podem estragar nosso plano.
Rose riu, se abaixando em seguida.
_A chance desse Leprechaun aparecer aqui está noite é impossível, vocês estão delirando!
_Há cada sete anos ele aparece – o bruxo falou – Por poucos segundos, tentando uma nova armadilha contra a estátua de ouro, e então sempre tentam pegá-lo, mas nunca conseguem.
_Ele deve ter a sua própria forma de camuflagem, nem o veremos quando se aproximar. – Emily disse entediada.
_Sim, ele consegue se tornar invisível – o bruxo falou – Com exceção dos pés, você consegue ver os pés descalços, ele não consegue esconder por causa da falta dos sapatos.
_Quando ele deve aparecer? – Will perguntou olhando ao redor com atenção.
O bruxo puxou um relógio das vestes e respondeu:
_Em onze minutos, ele sempre aparece nesse horário. É a única chance que temos.
Os próximos dez minutos se passaram em absoluto silêncio, Alvo ficava tentando se lembrar de qualquer feitiço que poderia ajudá-lo contra o Leprechaun, as histórias que seu pai contara ajudariam em uma estratégia rápida e talvez de grande sucesso.
Quando o próximo minuto chegou, um cheiro forte preencheu o ar e Alvo reparou que o pequeno caldeirão estava borbulhando um liquido verde vivo, enquanto em um outro frasco havia um liquido vermelho, que fora preparado há poucos minutos.
_Agora – o bruxo murmurou e Alvo apontou a sua varinha para a estátua do Portrai, o coração acelerando e os olhos atentos a qualquer ruído.
Quando o minuto estava para acabar uma coisa branca com uma pequena listra cinza surgiu em meio a grama, correndo com uma rapidez impressionante.
Alvo cutucou Rose que quase deixou escapar um murmúrio e então quando viu melhor o que era a coisa branca reparou que eram duas meias, andando muito rápido.
O bruxo ao lado apanhou o frasco com o liquido vermelho e todos os arbustos da praça se mexeram, uma chuva vermelha voou por todos os lados na direção da estátua de ouro e um resmungo no ar denunciou que o Leprechaun fora atingido.
Conforme o líquido escorria pelo seu corpo, a sua forma foi surgindo diante dos olhos de todos.
Ele parecia paralisado, como se cordas invisíveis tivessem o prendendo, e assim se sacudia tentando escapar.
O bruxo sacudiu a sua varinha no momento seguinte e o liquido verde voou até a cabeça do Leprechaun, havia tantos líquidos voando pelo ar que Alvo mal conseguia ver o rosto do gnomo.
Assim que um líquido amarelo atingiu o Leprechaun ele foi imediatamente solto e saiu a correr, ele não estava invisível mais.
Alvo saiu do arbusto no mesmo momento e sacudindo a sua varinha disparou:
_PETRIFICUS TOTALUS! – o Leprechaun tropeçou na rua quase sendo petrificado, mas então se levantou e saiu a correr ainda mais depressa.
Alvo corria ainda mais, disparando raios por todos os lados, ninguém estava nas ruas aquela noite então ninguém seria atingido injustamente.
_NÃO FUJA! – gritou quando chegaram em um caminho cheio de árvores e então o Leprechaun entrou nele. - ME DESCULPE PAI, MAS É PRECISO! – Alvo gritou para si mesmo e então sacudiu a sua varinha sentindo uma imensa raiva contra o Leprechaun: - CRUCIO! – um jato dourado cruzou as árvores e um grito aconteceu, Alvo correu em direção a ele e então jogou a caixa com os sapatos no ar, eles flutuaram ao seu lado e quando encontrou o dourado e reluzente Leprechaun de ouro caído no chão, agoniando, pegou um dos sapatos e colocou em um dos seus pés.
Ele imediatamente se levantou e fazendo um movimento linear com a mão disparou um jato roxo e negro que passou muito próximo da orelha esquerda de Alvo.
_NUNCA VAI ME PEGAR! – o Leprechaun gritou disparando mais dois raios, Alvo correu para detrás das árvores e enquanto elas queimavam, ficou cara a cara com o Leprechaun, veloz e assustado.
_JÁ TE PEGUEI! – disse e girando a sua varinha disparou um raio que atingiu o Leprechaun no alto chapéu. Ele foi petrificando aos poucos e então caiu na grama, com apenas um pé com o sapato.
Apanhando o outro sapato flutuante, o colocou no pé que faltava e todos chegaram naquele exato momento, boquiabertos e raivosos pela traição que ocorrera na estátua.
Um dos bruxos estava amarrado em cordas e a boca tampada por um pano.
Assim que os sapatos foram postos, uma explosão de luz arremessou todos para longe e então uma voz gritou em meio a confusão:
_DESFAÇA O FEITIÇO!
Alvo sacudiu a sua varinha e o Leprechaun deixou de estar petrificado, correndo até ele, o olhou nos grandes olhos e apontou a varinha para o seu coração.
_Aprisionar almas de heróis apenas para se manter vivo foi algo horrível, você sempre soube que algum dia teria de pagar por isso.
Alvo afundou a varinha na direção do coração do Leprechaun e uma luz prateada cercou o seu corpo, uma nova explosão aconteceu e dezenas e dezenas de espíritos dispararam do seu corpo, voando e dizendo coisas.
Alvo se levantou e enquanto os espíritos faziam um grande círculo em sua volta e do Leprechaun, apenas ouviu murmúrios e tudo ficou branco de repente, como se o mundo tivesse sido consumido por está cor.
_ACORDE MÃE FÊNIX! – os espíritos disseram muito alto e Alvo pode ver Rose chorando muito do lado de fora do círculo.
Do chão branco vários círculos prateados começaram a surgir e voando para cima da cabeça de Alvo se uniram no formato de um pássaro pequeno, quase transparente, mas de uma beleza incrível.
Quando a Fênix voou por cima da cabeça de todos os espíritos, ela se virou para Alvo e passou em meio a seu peito, e Alvo sentiu seu corpo aquecer como se fosse explodir.
_IMORTALIDADE! – os espíritos disseram e Alvo sentiu-se maravilhosamente bem, como se nenhuma dor pudesse ser sentida dali em diante. – FORTUNA! – e o chão branco se preencheu de milhões de moedas de ouro. – PAZ! – e a Fênix prateada adentrou o peito de cada espírito, fazendo-os desaparecer e então ela desapareceu, assim como o Leprechaun de ouro e o branco desapareceu.
A floresta havia voltado e todos estavam ali, milhares de barris de ouro por todos os lados.
_Você é imortal agora! – Rose disse chorando muito – Foi a coisa mais linda que já vi na vida.
_E você deve ser o bruxo mais rico do mundo também – Will falou apanhando uma moeda em um dos potes.
_E você deu ao mundo a paz eterna – Emily disse sorrindo – A Fênix de Prata voltou para o Templo da Paz na Montanha Sagrada, e ali ela manterá a paz em todo mundo por toda a sua vida.
_Acho que deveríamos voltar – Ernesto falou e haviam lágrimas em seu rosto – Isso vai render muitas manchetes Sr.Potter, você mal começou e já está igual ao seu pai.
Alvo sorriu.
_Meu pai – disse – Imaginem a cara dele quando descobrir que mal comecei o primeiro ano e já sou imortal, rico e que trouxe a paz eterna ao mundo.
_Só espero que ele não tente te matar – Will falou brincando e todos riram.
_Eu também espero que não – Alvo disse olhando para todos os potes de ouro – Minha mãe vai ficar brava, não sei se temos espaço suficiente para tantos potes e o nosso cofre no Gringotes não é um dos maiores.
_Tenho certeza que achará uma solução – Emily disse apanhando um girassol próximo e o colocando na orelha direita. – Dinheiro é algo realmente necessário, mas nada na vida é mais importante do que a paz.
E todos sorriram, felizes por terem cumprido a missão e por terem dado liberdade aos espíritos dos heróis, que agora também poderiam descansar em paz, sempre protegidos pela eterna paz da Fênix de Prata.
FIM
PS: Espero que tenham gostado, é apenas uma shortfic, para uma leitura rápida, mas eu gostei muito de escrever. Comentem por favor, eu tenho novos planos para o mundo das fics, fiquem de olho nas minhas fics por favor. Muito obrigado por lerem e aguardo os comentários.
Fernando Cesar
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