Tranquilidade suspeita



Harry e Rony chegaram ao salão comunal da Grifinória quase meia hora depois que Hermione. Sentaram-se em um dos sofás próximos à lareira e esperaram até poderem pegar a resposta da amiga. Alguns garotos do segundo e terceiro ano que já estavam lá, depois de uns cinco minutos subiram para seus respectivos dormitórios. Aproveitaram que ficaram sozinho e Harry foi até a estante, suspendeu o castiçal e dessa maneira pegou a carta de Hermione.




_ Vamos pro nosso dormitório. É mais seguro. – disse Rony. Harry apenas assentiu e os dois rumaram para seus dormitórios. Este também ainda estava vazio, o que facilitou a leitura da carta. Harry a abriu, começou a ler, mas foi interrompido por Rony – Ei, também quero saber o que tem ai. – falou um pouco aborrecido pelo amigo tê-lo esquecido durante a leitura.




_ Desculpa – disse Harry. Ele então começou a ler em voz alta, de modo que Rony na cama dele pode ouvir tudo que Hermione havia escrito.




“Alguém que me gosta muito,
Confesso que hesitei muito em responder sua carta, pois havia a possibilidade de ser tudo uma brincadeira. Convencida de que isso seria meio improvável, mudei de idéia. É interessante seu novo método de conquista, mas não sei se ele irá funcionar. Achei que seria mais justo com você se soubesse que meu coração já tem dono, então será mais difícil me conquistar. Entretanto não é um amor correspondido, e esse tem me machucado muito, portanto decidi que devo esquecê-lo. Se acha que seria capaz de me fazer esquecer esse amor (informo que será difícil, essa pessoa é mais que especial pra mim), aceito que me conquiste, até mesmo desse seu jeito diferente. Esperei sua resposta.
Beijo,
Hermione Granger.”




Quando Harry terminou de ler, Rony estava boquiaberto. A reação de Harry não era muito diferente. Nunca souberam daquele amor da amiga que pelo visto parecia muito forte. Como não perceberam?




_ Eu não acredito, cara! – Rony falou espantado.




_ Confesso que nem eu. Quem será? Por que nunca nos contou? – Harry agora parecia aborrecido, será que a amiga não confiava neles?




_ Não faço idéia de quem seja, agora porque não nos contou deve ser porque é mulher, aí você sabe como é...só falam dessas coisas entre si, a Gina por exemplo é que deve saber.




_ Mas pelo que tinha na carta ela não era correspondida e estava sofrendo. Ela podia ter pedido nossa ajuda. – Harry disse, ainda parecia magoado. Não esperava aquela atitude dela, ainda mais porque ele sempre lhe contara tudo.




_ Eu ia arrebentar a cara desse idiota, por fazer-la sofrer.




_ Quem não gostaria dela? Como ele não a corresponde? Eu aqui querendo que ela goste de mim, e um outro desperdiçando o amor dela.




_ E o que você vai fazer? – perguntou Rony. Harry pensou um pouco. Tinha ficado surpreso, magoado, aborrecido, mas lembrando-se de uma passagem da carta agora estava feliz.




_ Eu vou tentar Rony. Ela quer esquecer essa pessoa que está magoado-a, e eu além de não querer vê-la triste, também quero namorar com ela. – agora sorria. Pegou um pergaminho ao lado de sua cama e uma pena. – Vou responder agora mesmo e amanha quando tiver uma chance coloco no dormitório dela de novo.




_ É isso ai! Com certeza você vai conseguir. Vamos lá, começa aí a falar o que você quer escrever dessa vez. – E assim começaram a escrever a nova carta. Demoraram quase uma hora, até que acharam boa o suficiente e Harry passou a limpo. Depois foram dormir.




O sábado amanheceu chuvoso. Harry, Rony e Hermione foram tomar café da manhã. A manhã não era o momento adequado para entregar aquela carta, pois muitas garotas permaneciam nos dormitórios até mais tarde. Hermione achou Harry um pouco estranho, este estava preocupado com os sentimentos da amiga e por isso a olhava com ternura enquanto está comia sua torta de abóbora.




_ Harry, o que foi? – perguntou quando engoliu um pedaço do bolo. Esse tentou disfarçar.




_ Nada não. – respondeu.




_ Tem certeza? – Rony comia com tanta vontade que nem percebeu que os amigos estavam conversando.




_ Eu só queria saber se você poderá me ajudar nas lições. – mentiu.




_ Claro Harry. Vocês devem estar com um monte de lições acumuladas não é? – disse olhando feio pra Rony que enchia a boca de torta de abóbora. – Quando terminarmos aqui, se quiser podemos ir para a biblioteca.




_ Perfeito. – respondeu aliviado por ela ter acreditado.




Terminaram de comer e seguiram em direção a biblioteca. Chegando lá escolheram uma mesa e começaram a estudar. Hermione esqueceu um livro que ela disse que ajudaria bastante e foi pega-lo no seu dormitório. Depois que chegou a torre da Grifinória foi até seu dormitório, e pegou o livro. Aproveitou para ver se tinham-lhe respondido, mas não encontrou nenhuma carta. “Será que ele desistiu?” – pensou. Sem demorar mais voltou para a biblioteca. Em seu caminho passou pela sala do professor Lupin, que voltou a ensinar DACT. Pôde vê-lo conversando com professora Minerva e não pôde deixar de ouvir uma parte da conversa.




_ Estamos preocupados, Remo – dizia a professora.




_ Também estou achando esse sumiço de Você-sabe-quem muito suspeito. – respondeu Lupin. Quando ouviu aquilo, resolveu parar e ouvir tudo. Sabia que aquilo não era certo, mas achava importante manter Harry informado.




_ Dumbledore acha que talvez ele esteja armando alguma emboscada, talvez para atrair Potter. – disse a professora preocupada.




_ Por essa razão as proteções desse castelo foram aumentadas. Acredito que aqui ele estará protegido.




_ Temos que mantê-lo sempre aqui. Dumbledore fez certo de proibir as visitas a Hogsmeaed. Os alunos é que não ficaram muito satisfeitos.




_ É para o bem de todos. Essa tranqüilidade em que estamos no momento é muito suspeita. Os comensais parecem ter desaparecido, e o mesmo podemos dizer de Você-sabe-quem. Ele pode estar realmente aprontando alguma e todo cuidado é pouco. – eles ficaram em silêncio. Hermione ouvia tudo com atenção. A professora então pareceu que ia sair da sala, e ela teve que sair rápido e discretamente dali para que não fosse vista. Foi quase correndo para a biblioteca. Ela então disse:




_ Vocês não vão acreditar no que eu ouvir da professora Minerva e professor Lupin. – Rony rindo disse:




_ E desde quando você escuta a conversa dos outros Mione? Isso é coisa que monitora faça? – perguntou provocando a amiga.




_ Deste que seja algo importante para meus amigos. – Rony parou de rir. – Estavam falando sobre Voldermot. – agora ele fez uma careta. – Pelo amor de Deus Rony quando é que você vai parar com isso?




_ E o que disseram Mione? – Harry perguntou interessado. Lembrou-se então que ainda não havia contado sobre a profecia aos amigos.




_ Estavam preocupados porque Voldermot está muito quieto sabe? Os comensais não tem mais aprontado, é como se estivéssemos em paz. Por isso reforçaram a segurança do castelo e vão proibir a ida a Hogsmeaed.




_ Não podem fazer isso. – Rony disse. Harry apenas ouvia atento.




_ Claro que podem. Eles acham que sair do castelo não é seguro. Principalmente você viu, Sr. Potter. Nada de sair do castelo, principalmente se for sozinho. – alertou para o amigo. Ela parecia preocupada.




_ Não precisa se preocupar Mione, não vou fazer nenhuma besteira dessa vez. – lembrou-se de Sirius e ficou um pouco triste. Percebendo que Harry estava diferente ela falou:




_ Não foi isso que eu quis dizer. Só acho que você deve ter cuidado, pois Voldermot deve estar aprontando alguma.




_ Certo. – ele ainda continuou meio cabisbaixo. Hermione os ajudou nos deveres. Tinham deixado quase tudo pro fim de semana e ela não pode deixar de dar uma bronca neles:




_ Quando é que vocês vão tomar jeito? – dizia enquanto corrigia uma lição de Historia da Magia de Rony. A manhã voou e eles foram almoçar, deixando ainda algumas tarefas para a tarde, que de acordo com Rony seria tão chata quanto fora a manhã.




Gina que passara a manhã estudando no salão comunal da Grifinória, resolveu dar uma pausa para almoçar. Quando voltava do almoço deu de cara com Malfoy.




_ Oi. Boa tarde Weasley. – ele disse.




_ Olá Malfoy, boa tarde. – ela queria sair logo dali, desde que estudara com ele ficava sempre pensando em como ele estava diferente.




_ E como tem sido suas aulas de Poções. – parecia interessado.




_ Estão bem melhor agora. Confesso que tenho que te agradecer. – disse. – Agora tenho que ir, tenho outras coisas para estudar. – foi andando. Ele a seguiu.




_ Será que não quer minha ajuda novamente? – ele também não parava de pensar na garota. Faria de tudo para conquista-la, ela era tão especial.




_ Acho que não.




_ Eu aprenderia qualquer matéria, é só pedir, só pra te ajudar e poder ficar perto de você. – ele andou amis rápido que ela e parou na sua frente. Ela o olhava assustada. O que ele estava tentando fazer?




_ Por que está fazendo isso Malfoy? – tinha curiosidade no jeito de falar, mas agora sua voz estava mais doce.




_ Por que eu quero poder ficar sempre ao seu lado. – ele atreveu-se a tocar seu rosto, ela deixou. Ficaram se olhando por algum tempo, até que ele disse: - E então? Posso ficar com você?




_ Você poderia perguntar de outro jeito Draco. – ela ficou um pouco vermelha por ter dito aquilo. Entendendo o que a garota quis dizer ele aproximou-se aos poucos dela ainda acariciando seu rosto. Passou a outra mão pelos seus cabelos e foi aproximando bem devagar seu rosto do dela, o que fez tanto seu coração quanto o de Gina dispararem. E ele a beijou. Foi um beijo lento, demorado, cheio de carinho. Foi capaz de transmitir o que estavam sentindo. Um sentimento totalmente novo para ambos. Quando terminaram olharam-se de novo. Ele a abraçou com cuidado e carinho. Depois a afastou um pouco e olhando para seus olhos perguntou:




_ Será que você namoraria comigo Gina? – perguntou ansioso. Sabia que seria difícil devido as diversas brigas do passado, mas a resposta dela o fez ir ao céu de felicidade.




_ Com certeza. – e voltaram a se beijar. Ele, no entanto parou o beijo e olhando para ela disse:




_ Ei mocinha, não ia estudar? – ela sorriu.




_ Eu vou estudar. Mas eu preciso de uma ajuda sabe...estou cheia de duvidas em quase todas as matérias. – disse com um sorriso maroto nos lábios. – Será que você conhece alguém que poderia me ajudar?




_ Conheço. Só que ele cobra pelos seus serviços. Beijos e abraços como formas de pagamento está bom para você? – sorria para ela.




_ Perfeito. Você me espera enquanto pego meus livros?




_ Claro. – ela foi e pegou seus livros. Depois foram em direção à biblioteca, lá viram Rony, Hermione e Harry e acenou para eles. Rony pareceu um pouco aborrecido, mas não foi motivo para discussão. Hermione percebeu o sorriso no rosto da amiga e sabia que algo tinha acontecido. Não via a hora de poder perguntar-lhe tudo.




Harry depois que falaram sobre Voldermot ficou um pouco triste. Resolveu terminar os outros exercícios depois e foi para seu dormitório. Os amigos sabiam que devia ser saudade de Sirius, então preferiram deixa-lo um pouco sozinho. Harry chegou no seu dormitório e involuntariamente pegou o seu medalhão e logo estava vendo seus pais e Sirius. Como sentia a falta deles. Faria o máximo para nunca mais perder alguém que amava. Logo a imagem do medalhão se tornou a de Hermione. Morreria se a perdesse, pensou. Balançou a cabeça. Não queria nem pensar nessa possibilidade. Olhou para a carta que deveria ser entregue a amiga e a pegou. Resolveu levar agora para o dormitório. Pegou sua capa de invisibilidade e foi até lá. Teve que esperar uma menina que estava se penteando, mas assim que ela saiu colocou em cima do travesseiro de Hermione. Deixou o quarto e voltou para o seu. Estava cansado e sem fome, tentaria então dormir agora mesmo.




Rony depois também resolveu deixar o resto das lições para o dia seguite, e foi comer algo antes de ir para o dormitório. Hermione decidiu esperar Gina, mas percebendo que aquele “estudo” da amiga talvez demorasse muito, resolveu que iria dormir. No dia seguinte perguntaria a Gina, sobre o que estava acontecendo entre ela e Mlafoy. Não estava com fome, sentia-se mal por ter feito Harry sentir-se culpado novamente. Há tempos ele não ficava daquele jeito. Entrou no quarto, sentou na sua cama, os pensamentos em Harry, fizeram com que ela nem percebesse o envelope em cima do seu travesseiro. Só quando ela deitou que sentiu algo estranho. Quando olhou notou que amassou um pouco a carta. Mas então sentiu seu coração disparar. Que será que ele respondeu? Será que tinha desistido dela? Abriu com cuidado. Sentiu o cheiro de rosas que vinha do pergaminho e não pôde deixar de sorrir. Como ele era romântico, pensou. Começou a ler o pergaminho que dizia:




“Querida Hermione,
Admito que fiquei um pouco chateado com sua resposta. Não só porque seu coração já tem dono, como também pelo fato desse garoto ser um idiota (desculpe a ofensa) por não corresponder seu amor. Por outro lado, isso me deu a chance de ficar com você, pois digo que aceito tentar fazer esquecer dele. Farei de tudo para conseguir você para mim. Sempre vou te escrever, quero saber sempre como estas e que tens feito. Farei o possível para ser o único no seu coração.
Com carinho,
Alguém que te gosta muito.”




O coração de Hermione ainda batia acelerado. Nunca tinham escrito nada parecido com isso para ela antes. Harry sempre foi gentil, com certeza se namorassem seria o mais gentil dos namorados, mas como eram só amigos suas gentilezas não passam de gestos de amizade. E aquele garoto além de querer namorar com ela, tinha o jeito parecido com o de Harry, e fora isso dele que lhe conquistara. Tratou de responder ao garoto e depois saiu correndo em direção ao salão principal. Teve que fingir pegar um dos livros da estante para colocar sua carta embaixo do segundo castiçal. Depois voltou para seu dormitório. Depois de tomar um banho, foi se deitar. Cochilou um pouco, mas acordou em seguida. Não conseguia dormir. Resolveu então ir até o salão comunal ler um pouco. Pegou um de seus grossos livros e desceu.

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