Capítulo O1
Capítulo O1 Como previsto, a viagem não fora longa. Foi até mais rápida do que James esperava, já que não havia movimento na estrada. Ele foi sozinho para a casa dos avós, no carro que seu pai lhe dera de aniversário de 18 anos. Não era um carro novo, nem muito potente, mas dava para o gasto. Fazia dois anos que ele não visitava a cidade, mesmo sendo perto, quase nunca tinham tempo, mas ela continuava sendo a mesma, tanto que achou a casa dos avós sem nem mesmo olhar as placas das ruas. Era uma casa grande e azulada, com dois pisos e muitas janelas. Estacionou o carro na calçada da garagem, e puxou a mochila para fora. Era apenas quatro horas, ainda levaria mais algumas horas até o anoitecer. Bateu na porta, mas ninguém atendeu, então a abriu devagar, olhando rapidamente a grande sala de estar vazia. - Vó? – chamou alto, mas não recebeu resposta. – Vô? – continuava chamando enquanto subia as escadas. O corredor de cima estava vazio também. Andou até a porta que geralmente era seu quarto, e a abriu, jogando a mochila em cima da cama e abrindo a janela para que o quarto ventilasse. Era realmente estranho que seus avós não estivessem em casa e deixassem a porta da frente aberta. Decidiu que deixaria um bilhete para eles na sala, e iria até o tal parque. Ao passar pela porta do quarto de seus avós, ouviu uns ruídos estranho, e estancou no lugar. Os barulhos não pararam, eram abafados e baixos, mas audíveis. James ergueu a sobrancelha e chegou com o ouvido mais perto da porta, para em seguida se arrepender de ouvir seus avós… bem, fazendo amor. Fazendo caretas e querendo arrancar os ouvidos fora, escreveu um rascunho do bilhete e grudou na porta deles. Pegou as chaves do carro e correu para fora. James mal conseguiria olhar para os dois depois disso. Ele só torcia para que eles não soubessem que ele tinha ouvido. Dirigiu até o parque, que ficava na beira de um lago enorme, onde tinham várias pessoas em pedalinhos em forma de cisne. Largou o carro no estacionamento, e passou pelo enorme arco com o nome do parque em luzes vermelhas brilhantes e piscantes: MAGIC LAND. Não conseguiu deixar de rir. O lugar era brega, Sirius devia estar odiando trabalhar ali. Tinham muitas crianças correndo por todo o lado, e barracas com jogos de argola, ou atirar uma bola para derrubar alguma coisa, e todas as variações destes. Carrinho-choque, roda-gigante, carrossel, montanha-russa, castelos infláveis, pessoas fantasiadas de animais ou comidas, barracas de guloseimas e palhaços. Até que achou a que estava procurando. Uma barraca de madeira, assim como todas as outras, mas esta com várias pilhas de latas de metal, um cesto cheio de bolas de meia de náilon, e um moreno entediado, olhando para um ponto mais distante, vestindo uma camiseta azul desbotada que dizia “Jogos”. Uma criança empolgada se pendurava no balcão a atirava e gritava toda hora. - Acho que vou querer uma tentativa. – James disse também se apoiando no balcão, e sorrindo para o amigo. - Prongs! – Sirius pareceu acordar ao ver o outro parado em sua frente, e ficou em pé direito. Parecia que ele tinha crescido uns bons vinte centímetros desde a última vez que James o vira. – Sabia que você viria! – disse fazendo um comprimento de mãos. - Eu falei que viria. Muito empolgante por aqui, não? – James riu. - Agora é começo de temporada, fica meio parado mesmo. Segundo meu chefe o movimento começa só na semana que vem. – Sirius suspirou, e voltou seu olhar para o mesmo ponto que observava antes. A criança continuava jogando, e aproveitou a distração dele para pegar mais bolas. James correu os olhos pelo caminho que o outro olhava, e viu uma barraca circular, que era aberta em toda a circunferência, e não apenas na frente como todas as outras. Ali estava uma garota com uma camiseta rosa, escrito “Doces”, um boné também rosa, os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo, e um sorriso contagiante no rosto. Ele a conhecia, também foram colegas de escola. - Marlene parece estar se divertindo. – James comentou casualmente, e Sirius pareceu despertar novamente. – E é bom você parar de secar ela antes que ela desidrate ali. - Ela gosta de trabalhar aqui. – Sirius riu. – Não pense que não vi você pegando mais bolas, pode ir passando o bilhete! – exigiu do garotinho que ainda estava por ali, e o olhou feio, mas entregou os bilhetes, e saiu pisando duro. – Eles acham que eu sou idiota. – resmungou. - Mas você é. – James falou divertido. - Mas então, como está a grande Londres? – Sirius ignorou o comentário do amigo. - Como sempre esteve. Cinza e cheia de gente. – ele torceu o nariz. - E as garotas? – perguntou interessado. - São bonitas. – riu-se James. – Mas eu já tenho a minha. – falou com um sorriso. Então contou a Sirius sobre Melissa, o namoro que completara seis meses, e o semi-ataque que ela teve no começo da tarde quando ele falou que viajaria. - E porque não terminou com ela? – Sirius quase gritou chocado, sem acreditar. - Porque não acho que eu vá arranjar alguém nesses três meses, aliás, nem quero ninguém. Gosto da Mel. – James deu de ombros, e pegou três bolas para atirar nas latas. - Já eu acho que você está enganado. Aposto como você vai sim se interessar por alguém, e isso vai acontecer em menos de um mês. – falou como quem sabe das coisas. - Quer mesmo apostar? – James perguntou com a sobrancelha erguida, e o outro concordou. – Cinqüenta euros? - Fechado. Aposto como em até um mês você se interessa por outra garota. – Sirius falou com um sorriso enigmático, e eles apertaram as mãos, para depois James derrubar a pilha toda com apenas uma bola e sorrir orgulhosamente. - Meu prêmio. – pediu estendendo a mão, e Sirius jogou um ursinho cor-de-rosa para ele, que fez cara feia, mas ficou segurando a pelúcia. - Você aparece aqui e nem dá bola para os amigos. – um garoto com uma camiseta verde escrita “Corrida”, cabelos claros, e olhos cor de mel surgiu ao lado deles. - Moony! – James diz o cumprimentando. – Passei pelo carrinho-choque, mas não vi você. - Estava no meu intervalo. – Remus apontou para uma pequena casinha, com uma placa de funcionários na porta. Eles conversaram por um bom tempo. Remus falou que já tinha encerrado seu expediente de hoje e deixado um garoto esquisito, de cabelos pretos e oleosos cuidando dos carrinhos. Sirius ignorava praticamente qualquer pessoa que chegasse para jogar, e James fingia que era ele quem estava jogando o tempo todo. Até que o chefe dos garotos, um senhor muito alto, muito magro, e com um bigode muito cheio chegou e tirou James e Remus de lá, dizendo que sabia o que eles estavam fazendo, mandando Sirius se concentrar no trabalho, e parar de conversar e olhar para a garota do algodão-doce. - Achei que você nunca fosse voltar. – Remus falou enquanto eles caminhavam pelo parque. James ainda rodava o ursinho nas mãos. - Eu precisava voltar. Vocês fazem falta, cara. Londres é meio estranha, e é muito grande. Prefiro cidades menores e mais tranqüilas. – James falou tranquilamente, olhando ao redor. Tinha bem mais gente agora, já tinha anoitecido, e as luzes coloridas piscavam loucamente por todos os lados. - Tem mais gente que voltou. – o outro falou no mesmo tom enigmático que Sirius havia falado antes. - Quem seria? – James perguntou desconfiado. - Você vai acabar vendo. – Remus riu. James não conseguia pensar em quem poderia ter voltado. Nem se lembrava de alguém ter se mudado, quanto mais estar voltando agora. - Vocês e seus segredos. – reclamou, e o outro riu mais ainda. – Acho que vou ter que ir para casa, meus avós já devem ter chegado. – comentou olhando no relógio. Ele havia dito aos garotos que seus avós não estavam em casa, ao invés de contar a verdade. - Hey, se importa em me dar uma carona? Eu geralmente vou com o Sirius, mas ele ainda vai levar pelo menos mais uma hora pra sair. – Remus pediu. - Claro, vamos. – eles entraram no carro, e foram até a casa de Remus, que ficava apenas há dez minutos da de James. Era uma casa modesta, de apenas um andar, e com a pintura branca um pouco desbotada. No caminho não falaram sobre muitas coisas. James contou a ele sobre a aposta com Sirius, e Remus riu, como se também soubesse de alguma coisa. E também falara sobre Oxford, no próximo semestre. Praticamente todos eles iriam para lá, James, Remus, Sirius, Marlene, Melissa. James chegou na casa dos avós por volta das oito da noite, e eles estavam na sala conversando animadamente. Seus avós eram incrivelmente jovens, tanto que as pessoas achavam difícil de acreditar que já tinham netos. Andrea sorriu abertamente ao ver o rapaz entrar na sala, e correu para abraçá-lo. - Senti tanto a sua falta meu pequeno. – ela falava o sufocando em um abraço. James era pelo menos duas cabeças mais alto que ela. - Também senti vovó. – James falou, tentando discretamente afrouxar os braços dela ao redor de seu pescoço. – Como vocês estão? - Ótimos. – seu avô falou. Alan era quase da altura de James, e não o sufocou como Andrea, mas lhe deu umas palmadas fortes nas costas, fazendo ele quase perder o equilíbrio. - Consigo ver isso. – James falou alisando as costas, e escondendo uma careta. Seus avós eram um pouco… exagerados. - Vou terminar o jantar. – ela falou prontamente e saiu para a cozinha. - Bem James… - Alan começou, sem o encarar diretamente. – Sabemos que você passou aqui antes, e acho que ficou meio óbvio que nos pegou em uma situação um tanto… embaraçosa, mesmo que não tenhamos ficado sabendo na hora. - Er, desculpa vô, eu não fazia idéia, e… - Tudo bem James, afinal, eu e sua avó ainda somos jovens, e com uma vida sexual bem ativa, diga-se de passagem. – ele piscou para o garoto, que tremeu e só pensava em dar um jeito de fugir dali. – Eu sei que vocês, jovens, acham isso errado, mas… - Está na mesa! – Andrea chamou da sala de jantar, e James suspirou aliviado. Fez um lembrete mental de evitar seu avô, ainda mais se ele fosse querer dar algum tipo de aula teórica para ele. Mesmo sua avó sendo jovem, era uma excelente cozinheira. Ela fez strogonoff de carne e arroz, a comida favorita de James, que comeu como nunca, já sua mãe não era das melhores na cozinha, e Andrea ficava servindo seu prato constantemente, e reclamando de como ele estava magro. Ele deitou cedo nessa noite por estar cansado da viagem, mas principalmente para fugir de Alan, que ainda parecia disposto a ter uma “conversa adulta” com ele. Não estava conseguindo dormir, e enquanto tentava achar uma posição confortável, seu celular apitou. Não deu bola, iria ver o que era amanhã. E então apitou novamente. James bufou e pegou o telefone. “Já sinto sua falta. Me ligue quando puder. M.” Ele revirou os olhos impaciente. Desde quando Melissa era tão grudenta? E depois se repreendeu por pensar assim dela. A outra mensagem era de Sirius. “O que acha de um emprego no parque? Sr. Mathews quer mais escravos por lá. Apareça amanhã.” E o celular apitou mais uma vez. “Afinal, você vai me dever cinqüenta euros no final do mês, nada melhor que ter de onde tirar isso.” Como se Sirius fosse vencer essa aposta. Ele pensou rindo e muito confiante. Seria muito fácil não se interessar por alguém, era só se lembrar de Melissa, e não aceitar o flerte de nenhuma outra garota. Mas então lembrou do sorriso de Sirius, e a desconfiança tomou conta dele. Sirius sabia de alguma coisa, ele trapacearia. De volta aos velhos tempos. James pensou com um sorriso. Por esses três meses, e provavelmente os próximos anos de faculdade, eles voltariam a ser os Marotos que foram antes de ele se mudar. E então ele dormiu. n/a: o capítulo é curtinho mesmo :D mas o próximo vai ser mais longo, prometo :D esse me pareceu, lendo de novo agora, mais uma continuação do prólogo do que um capítulo em si, mas enfim. Eu queria me enrolar pra postar, mas não vou conseguir, como sempre u.u então vou aproveitar e postar cedo, já que tenho que estudar para uma apresentação sobre desenvolvimento pré-embrionário de amanhã (segunda). Desejem-me sorte, eu vou precisar de muita. Haha, Melissa vai ter mesmo algo com que se preocupar, coitada. Até que eu gostei dela, mas alguém tem que se dar mal pra outra pessoa se dar bem (?) Por enquanto é isso, o segundo vem quando o terceiro estiver finalizado :D beeijos.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!