Epílogo
Oi, pessoal. Aqui vai o epílogo. Espero que tenhm gostado. Essa é a história que mais gostei de escrever. Ayla Teresa, você esteve comigo, comentando e realmente gostando, até o fim. Eu te agradeço profundamente por isso, eu já teria desistido do site há muito tempo. Fiquei realmente feliz por ter gostado da fic e do final que dei a ela, tanto a parte de ação quanto a de romance. Bjs
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Epílogo
To mudou desde o dia da batalha final em que Voldemort foi derrotado e morto, e boa parte de seus asseclas, subjugada. Muita coisa precisava ser reconstruída, e não só Hogwarts. Durante seu reinado de pavor como Ministro da Magia autoimposto, Voldemort tinha modificado imensamente a vida da sociedade bruxa inglesa e influenciado muito nas relações com os demais países. A Grã-Bretanha teria de passar por grandes transformações, não só físicas, mas também psicológicas, e mudanças no modo de viver do povo. A nação bruxa vivia uma crise coletiva de identidade, um trauma profundo por tudo o que vivenciara naquele tempo de terror com a segunda ascensão de Voldemort ao poder.
A primeira coisa feita, poucas horas após a batalha, fora a indicação de um bruxo ao cargo de Ministro da Magia provisório, até que o próximo e seus assessores e membros do Parlamento Bruxo e do Tribunal Bruxo pudessem ser devidamente escolhidos. O Ministro permanente iria ser escolhido por meio de um Plebiscito Popular, pois não havia outra maneira de escolha, dados os assassinatos, por ordem de Voldemort, dos que ocupavam todos os cargos públicos quando de seu ataque ao Ministério da Magia. Os demais seriam escolhidos pelo Ministro que fosse eleito.
Por insistência de muita gente, Dumbledore assumiu o cargo, embora ser Ministro da Magia jamais fora algo que ele quisera, por mais que já o tivessem indicado para o cargo. Por isso ele ficaria apenas como Ministro provisório, voltaria depois para Hogwarts, o único lugar onde queria ficar até o dia de sua morte... ao menos a “segunda” morte. Ser Ministro da Magia provisório iria ser algo bastante difícil, pois muitas coisas teriam de ser feitas com urgência. Dumbledore nomeou boa parte dos membros da Ordem da Fênix como assessores provisórios, pois precisaria de muita ajuda para aquela difícil empreitada.
A primeira medida de Dumbledore como Ministro da Magia foi dar novamente os cargos de aurores aos bruxos de quem Voldemort tinha tirado esse privilégio, como Kingsley e Tonks, e nomear como auror Moody, que decidiu não mais continuar na aposentadoria. Em seguida ele providenciou a prisão dos Comensais da Morte que tinham sobrevivido à batalha. Eles foram enviados a Azkaban antes mesmo que o dia após a batalha chegasse à metade. Os feridos mais graves foram imediatamente enviados ao St. Mungus, para poderem se recuperar das consequências da batalha.
Todos os Weasleys, Harry, Hermione, Ana, Aberforth, a tia de Harry (tinha se separado terminantemente de Válter) e vários outros foram descansar na mansão de Ana, a nova sede da Ordem da Fênix, e muita gente ficou na casa do Largo Grimmauld. Tudo ainda era muito incerto, e foram necessários vários dias de descanso, cuidados e alimentação decente para que as pessoas se recuperassem.
Três dias após a batalha, Dumbledore decretou luto oficial pela morte dos corajosos bruxos que morreram em batalha. Uma parte do amplo terreno de Hogwarts foi transformada em cemitério de guerra, e lá eles foram enterrados. O dia dos funerais foi muito triste para todos. Muitas pessoas e seres mágicos incríveis tinham morrido naquele dia, e muitos dos mortos tinham sido jovens, com muita vida e experiências pela frente. Pelo menos cem pessoas entre alunos tanto de Hogwarts quanto de Beauxbatons, membros da Ordem da Fênix mais novos, bruxos vindos por vontade própria naquele dia e moradores de Hogsmead, e um outro tanto de seres mágicos, tinham perdido suas vidas, contra mais de quinhentos mortos entre os Comensais da Morte. Mas estes tinham sido enterrados em cemitérios bruxos comuns.
Muita gente compareceu à cerimônia, tantas que os terrenos de Hogwarts ficaram lotados. Um sacerdote bruxo, druida, oficializou os funerais, fazendo uma prece pelos mortos e lendo um belo discurso a favor de sua coragem e desprendimento. Os túmulos mais visitados foram os dos alunos que Hogwarts tinha perdido. Os alunos em peso da escola vieram se despedir de seus amigos. Todos puseram flores em seus túmulos.
Hermione e Gina choraram bastante ante os túmulos de Simas Finnigan, Olívio Wood, Katie Bell, Cho Chang e Colin Creevey. Os gêmeos estavam muito tristes pela morte de Simas, seu maior amigo da época de Hogwarts. Rony e Harry abraçaram suas namoradas, tentando confortá-las, mas também sofriam pela perda dos amigos. Em certo momento, sentindo vontade de visitar o túmulo de seus pais, Harry, sozinho, aparatou no cemitério de Godric’s Hollow. Precisava conversar um pouco com eles, encontrar forças para os novos dias que viriam.
***
O cemitério de Godric's Hollow estava bastante calmo. As árvores filtravam os raios de luz solar e uma brisa gostosa soprava sobre as folhas verdes e viçosas do verão. Ao pisar no solo sagrado daquele cemitério, Harry sentiu uma sensação de paz e serenidade que há muito não sentia. Lembrava claramente como ir ao jazigo da Família Potter; jamais esqueceria aquele caminho. Entrou dentro do jazigo que, comparado com a luz clara de fora, estava bastante escuro, mas não o suficiente para precisar usar a varinha. Caminhou diretamente para o lugar onde lembrava que ficavam os túmulos de seus pais. No caminho acenava de volta para as fotos dos demais parentes, que sorriam para ele.
Ao ficar em frente aos túmulos de seus pais, Harry sentiu uma grande emoção, mas dessa vez não chorou. Surpreendentemente tinha se reconciliado consigo mesmo e finalmente tinha aceitado a morte dos seus pais. Aquilo já não era mais um peso para ele; a batalha contra Voldemort o fizera amadurecer e aceitar o que não podia ser mudado. Encostou as mãos nas fotos de Tiago e Lílian. Os dois sorriam para ele com doçura e muito amor, mesmo as fotos sendo apenas um eco do que um dia tinham sido.
— Meus pais, finalmente fiz justiça às suas mortes... Sei que a vingança não é algo que devemos cultivar, mas nesse caso não foi uma vingança... Era realmente necessário... Finalmente o mundo está livre de um ser perverso como Voldemort... E gostei de eu ter participado tão ativamente disso tudo... É bom sentir o gosto da missão cumprida... Meu destino finalmente se cumpriu e agora eu posso realmente viver, sem o peso de uma Profecia me esmagando.
Harry continuou conversando com seus pais por mais ou menos meia hora e depois retornou ao outro cemitério dentro de Hogwarts. Gina e os demais já estavam preocupados com ele, que não aparecia, mas Harry os tranquilizou. Nesse dia, à noite, Dumbledore programara uma solenidade no Ministério da Magia, onde todos os mortos seriam homenageados e os principais “guerreiros” da guerra, os que mais deram de si pela vitória, seriam honrados com discursos e medalhas de honra ao mérito. E Harry receberia, mesmo contra a vontade, sua Ordem de Merlin, Primeira Classe. Seria o pedido de concessão de uma Ordem mais rapidamente aceito da história. Normalmente a comissão julgadora levava meses para decidir se alguém merecia ou não uma Ordem de Merlin, e Harry receberia a sua em três dias após os “feitos” pelos quais a receberia. Após a solenidade, seguir-se-ia um baile de confraternização pela vitória.
***
No Ministério, Dumbledore, como Ministro da Magia provisório, presidiu toda a solenidade. Os mortos tiveram seus nomes gravados em letras de ouro numa placa de mármore emoldurada em platina, e algumas pessoas fizeram emocionados discursos em honra deles.
Em seguida as pessoas que mais tinham se sobressaído na guerra, mais corajosamente tinham lutado, principalmente da Ordem da Fênix e da AD, receberam suas medalhas de Honra ao Mérito. Harry recebeu a sua por último, pois ainda ia continuar no palanque que tinha sido erguido no átrio do Ministério, onde toda a solenidade e o baile ocorreriam.
Sozinho lá em cima, enquanto esperava que lhe trouxessem a Ordem de Merlin, Harry estava bastante nervoso e envergonhado. A gola das suas vestes de festa estava apertada, ou então era apenas ele que a sentia assim. Bem, não importava, o fato era que ele se sentia meio sufocado. Enfiava o dedo na gola e a puxava. Nesse momento o líder da Comissão Julgadora que lhe outorgara a Ordem de Merlin subiu ao palanque junto a Dumbledore. O tipo era um cara muito espigado, tão velho quanto Matusalém, vestido com roupas tão formais que não pareciam pertencer à época atual. Quando parou na frente de Harry, olhando-o com sisudez, Harry imaginou que o tipo jamais sorrira na vida.
— Harry, tenho o prazer de te apresentar o Sr. Nicolau Flamel.
O queixo de Harry foi ao chão. Então o homem ainda estava vivo, mesmo não podendo mais produzir o Elixir da Longa Vida? Por isso parecia tão velho, mais velho ainda que Dumbledore, o que não era pouca coisa. Pelos murmúrios agitados que percorreram o povo que assistia à solenidade, era mesmo uma surpresa que o famoso Nicolau Flamel, tão recluso, viesse apenas entregar a Ordem de Merlin a Harry. Harry se sentiu subitamente orgulhoso.
— É um prazer conhecê-lo, jovem Harry — sua voz era um som rouco de tão velha que era. — Queria conhecer o poderoso bruxo que mandou Lord Voldemort para o inferno, onde ele merece estar. É uma honra muito grande para mim, pôr sobre seu peito a Ordem de Merlin, Primeira Classe, a mais alta condecoração em magia oferecida em nosso mundo.
O bruxo tirou de dentro de uma caixinha de couro acolchoada em veludo vermelho uma pequena medalha de ouro com uma fita. Na medalha, o rosto de Merlin de um lado, uma fênix no outro. Harry não tinha querido a Ordem de Merlin, antes, mas ao vê-la sendo pregada à sua roupa, uma grande emoção o tomou. Pôs a mão sobre ela enquanto todos o aplaudiam com estrépito.
— Obrigado, Sr. Flamel. É uma honra muito grande para mim te conhecer e receber a Ordem de Merlin de suas mãos.
Os dois apertaram suas mãos e, logo depois, para frustração e vergonha de Harry, um bruxo do Ministério ofereceu a ele os papeis e comendas que lhe davam o título de Conde de Gryffindorbrogh. Quando todos desceram ao chão, o palanque brilhou levemente e, no que antes não havia nada, a não ser a plataforma de madeira e uma cortina atrás, surgiram instrumentos musicais. As cortinas se abriram e o grupo jovem de cantores bruxos que mais estava “bombando”, As Esquisitonas, surgiu, dirigindo-se cada integrante da banda aos seus instrumentos. O baile estava começando. E pela gritaria e alegria das pessoas, ele seria um sucesso.
Harry se aproximou de Dumbledore.
— Parabéns pela Ordem, Harry. Você a mereceu. E também pelo título.
— Obrigado, Dumbledore.
— Ah, tenho uma notícia bastante boa. Todas as pessoas que tinham perdido suas almas para os dementadores e que ainda estavam com seus corpos físicos vivos voltaram a si, como aconteceu na noite da batalha. Bom, não é?
— Mas que notícia maravilhosa, Dumbledore! Muita gente boa que não merecia esse destino vai poder retomar as suas vidas! Assim como outras vão poder pagar por seus crimes... — nesse momento Harry pensava em Bartolomeu Crouch Júnior, que recebera o Beijo do Dementador e não pagara por seus crimes. — Ei, foi sua a ideia de contratar As Esquisitonas para a noite de hoje?
— Não, Harry, nem estava pensando em algo tão grande assim, ia enfeitiçar uns instrumentos para tocarem sozinhos. Foram eles mesmos que, quando souberam da solenidade e do baile, interromperam uma turnê que faziam pelo Brasil e se ofereceram para tocar de graça para nós. Disseram que iam se sentir honrados, ao menos era uma contribuição que faziam, animar os corajosos bruxos guerreiros que lutaram em prol de um mundo melhor. Deram também uma contribuição no valor de cem mil galeões para a reconstrução de Hogwarts. Deus sabe o quanto vamos precisar de ajuda, Voldemort dilapidou os cofres públicos, querendo formar um grande exército e viver como um rei.
— Que bom, Dumbledore! De uma coisa tenha certeza, todos nós vamos ajudar com o que pudermos. Todos queremos ver Hogwarts novamente de pé e em funcionamento o quanto antes. Afinal, quero me formar! Só poderei concorrer ao cargo de auror se terminar a escola, não é? — Harry piscou para Dumbledore e foi procurar Gina.
***
Ana estava sentada a uma mesa, triste. O baile já ia pela metade e Carlinhos ainda não aparecera para a festa. Ele não recebera sequer sua medalha de Honra ao Mérito. Ela a guardara junto com a sua para dar a ele quando ele chegasse, mas As Esquisitonas já tocavam há uma hora e nada de Carlinhos. Queria dançar, já recebera vários convites, mas só queria dançar se fosse com ele.
De repente, mãos grandes, calosas e quentes cobriram seus olhos e uma boca firme disse sensualmente em sua orelha, arrepiando sua pele:
— Adivinha quem é?
— Alguém que, se não tiver uma explicação muito, muito boa para o atraso, vai se ver comigo!
Carlinhos sentou ao lado dela, espalhando beijinhos por seu rosto todo enquanto murmurava entre um e outro:
— Nossa, que zangada... Sabia que fica ainda mais linda com essa carinha de menina com raiva? Não sei, mas tenho esperança que o motivo do meu atraso faça surgir um grande sorriso nesse rostinho lindo...
Ela amoleceu ante os beijos e as palavras dele, entregando-se às suas doces carícias, enfiando as mãos em seus cabelos ruivos e macios.
— Se me beijar sempre, vai ter eternamente uma namorada devotada...
— Bom saber disso... Venha, venha dançar... Essa música mais romântica que As Esquisitonas estão tocando é perfeita para o que quero te falar.
Ambos foram até a improvisada pista de dança, onde muitos casais a lotavam, e caíram nos braços um do outro. Mal se preocuparam em seguir o ritmo da música, apenas ficaram se balançando de lá para cá, olhando de forma embevecida os olhos um do outro.
— Bem, vai me contar ou não? O motivo tão importante para ter me deixado plantada naquela mesa até agora?
— Nossa, realmente a minha gatinha ficou com raiva... Vou guardar bem isso para o futuro, jamais te deixar esperando!
— É bom mesmo! — ela comentou sorrindo, encostando o rosto no peito forte dele sobre a camisa branca, na abertura da jaqueta preta de couro de dragão. — Hum... Adoro o seu cheiro...
Carlinhos soltou brevemente uma das mãos e a levou ao bolso da sua jaqueta. De dentro tirou uma pequena caixinha. Ao vê-la, Ana começou a tremer.
— Isso é... o que estou pensando que é? — perguntou arfante.
Ele sorriu calidamente.
— Tenho receio que sim... Sou bastante previsível e certinho demais... Mas creio que isso não a incomoda, anh?
— Tem razão, não me incomoda... — ela sussurrou, os olhos marejados. — Ao contrário, me fascina...
Carlinhos abriu a caixinha e tirou de dentro dele um anel que era lindo. Era de ouro e tinha uma pedra de um brilhante tom de amarelo. Subitamente parecia nervoso.
— Ana, você já sabe o quanto eu te amo. Eu... não tenho muito a te oferecer, a não ser uma vida confortável e meu amor, e uma grande família, pois os Weasleys já te acolheram com os braços abertos. O que mais desejo na vida é te amar, Ana, cuidar de você, ser seu porto seguro. Você quer casar comigo, Ana?
Ela mal podia respirar. Carlinhos não saíra muito da Romênia, e não devia saber da imensa fortuna que ela tinha. Ele realmente queria se casar com ela por amá-la, e não por sua herança, embora ela jamais desconfiara que ele tivesse essas intenções.
— Carlinhos, seu amor é tudo o que eu quero... Viver com você o resto de minha vida seria a coisa mais maravilhosa... Claro que eu quero casar com você!
Carlinhos tremia inteiro de emoção e alegria, enquanto punha no dedo de Ana o anel.
— Fui eu mesmo que fiz esse anel... Essa pedra é um citrino, conseguida lá mesmo, na Reserva. Perto do lugar onde nós fizemos amor.
Ela sorriu, beijando anel.
— Vai ser sempre minha jóia mais querida e preciosa. Só quero que a gente espere um pouco para casar.
Ele franziu as sobrancelhas, sem ter esperado aquilo.
— Mas por quê? A coisa que mais quero é casar logo e morar contigo... mas como minha esposa!
— Você não deve saber, Carlinhos, mas até um ano atrás eu sequer sabia que era uma bruxa. Estudei bastante, e quero fazer provas supletivas relativas aos quatro primeiros anos da escola de Hogwarts, o que só vai ser possível quando a escola finalmente for reconstruída e volte a funcionar. Depois a gente se casa, e eu fico indo à escola, para completar os outros três anos de ensino, durante o dia, e volto à noite... Isso te incomodaria muito?
Ele sorriu.
— Isso é algo muito importante para você, não?
— Sim... Eu quero, não, preciso disso. Preciso completar meus estudos bruxos e assim me sentir mais... antenada a esse mundo... Meu mundo, agora.
— Sim, meu amor. Por mais que me custe esperar, farei isso por você. Agora me dê um beijo. Vou ficar com ciúmes desse anel, não tira os olhos e a boca dele!
Ela sorriu entre lágrimas e o beijou. Continuaram a dançar.
***
Levou cerca de seis meses para que Hogwarts fosse reconstruída e voltasse a pleno funcionamento. A quantidade de doações que o fundo para reconstrução da escola recebeu foi tamanha que sobrou dinheiro inclusive para fazer melhorias que eram para terem sido feitas há muito tempo. Para que o calendário letivo não fosse atrasado, enquanto as partes destruídas da escola estavam sendo reconstruídas ou reformadas, os alunos das quatro Casas passaram os seis meses de ano letivo indo assistir às aulas todos os dias, nos lugares seguros do castelo, mas dormindo em suas casas. Dumbledore e McGonagall, ainda diretora da escola enquanto Dumbledore não reassumisse o cargo, instituíram um sistema de transporte que envolvia aparatação, uso de Pó de Flu nas lareiras de algumas casas e Chaves de Portal, tudo em Hogsmead, e ficava a critério dos alunos e seus pais decidirem qual dos três transportes usariam para irem e virem da escola todos os dias. Era muito mais complicado, mas era melhor que cancelar as aulas, o que prejudicaria a vida escolar de todos os alunos.
Harry passou a morar com Ana, Aberforth, Sirius e Petúnia na grande mansão de Ana, a pedido da garota, que não se sentiria bem morando sozinha num lugar tão grande. A casa continuou a ser a nova sede da Ordem da Fênix, o que significava que sempre estava cheia, o que era uma alegria para todos. Sirius, que detestava a casa de seus pais, a vendeu e doou o dinheiro da venda para a reconstrução de Hogwarts.
Durante os seis meses de reconstrução da escola, Dumbledore empreendeu uma caça aos Comensais da Morte que não tinham lutado na noite da batalha. Dumbledore tinha certeza que Voldemort tinha mantido algumas dezenas de Comensais fora da batalha de propósito, como um pequeno exército caso as coisas não dessem certo. Não que Voldemort esperasse poder morrer “de verdade” nessa batalha, pois ele não imaginava sequer que alguém soubesse sobre suas Horcruxes, quanto mais que elas tinham sido destruídas. Os aurores que tinham reassumido seus postos e mais alguns que receberam o título de aurores temporários passaram muitos de seus dias atrás deles, até conseguir prender o que puderam.
Harry, Rony e Hermione, bem como outros alunos que ou tinham largado a Escola por causa da nova diretoria ou tinham sido impedidos de estudar por serem Nascido-trouxas voltaram a estudar. Para Harry, Rony, Hermione e outros, esses seis meses foram muito puxados. Como estavam fazendo o sétimo ano, era ano de N.I.E.M.s (Níveis Extremamente Exaustivos de Magia), ano também em que se eram escolhidas as disciplinas que tinham a ver com a profissão que cada bruxo seguiria. Harry e Rony estudaram as disciplinas mais requeridas para a profissão de auror, já Hermione enveredou nas disciplinas que melhor a auxiliariam no mundo jurídico bruxo. Ela gostaria de poder lutar pelos direitos dos seres mágicos mais rebaixados pelos bruxos. Neville estudou para quem sabe se tornar professor de Herbologia no futuro, e Luna, professora de Trato das Criaturas Mágicas. Gina foi a que menos precisou se esforçar, pois já tinha decidido que se dedicaria ao Quadribol.
Ana aproveitou os seis meses que Carlinhos lhe dera para estudar intensamente todas as disciplinas de Hogwarts pedidas para os quatro primeiros anos, tanto as exigidas quanto as optativas, para fazer provas supletivas de todas elas pouco antes de o novo ano letivo começar e ela poder continuar o estudo do quinto, sexto e sétimo anos da maneira usual. Poucos dias antes do ano letivo começar, ela se casou com Carlinhos numa cerimônia muito bonita, bonita mesmo pelo fato de ser uma cerimônia tripla: na mesma hora e no mesmo templo bruxo, o mesmo de Ottery St. Catchpole onde Gui e Fleur tinham se casado, ela e Carlinhos, Madame Maxime e Hagrid e Minerva e Dumbledore se casaram. A festa foi maravilhosa, cheia de alegria, harmonia e muito, muito amor. Na hora da festa, Tonks e Lupin anunciaram que “estavam grávidos”, o que coroou aquele dia perfeito.
Foi nesse dia, durante o baile de casamento, que Petúnia e Snape se declararam um ao outro e começaram a namorar! Durante esses seis meses, como membro da Ordem da Fênix, ele visitara muito a casa de Ana, e lá ele e Petúnia tiveram muito contato. Ele se dispusera a ajudá-la com sua magia recém-descoberta e ainda incontrolada, e os dois acabaram se apaixonando. Válter Dursley tinha se divorciado dela por procuração menos de um mês depois de descobrirem que ela era bruxa, e Petúnia não se sentiu nem um pouco mal por se apaixonar por outro homem.
***
No final do ano letivo, houve um plebiscito popular e um novo Ministro da Magia foi escolhido: Kingsley Shacklebolt. Kingsley jamais imaginara um dia se tornar Ministro da Magia, mas Dumbledore o convencera a se candidatar, por sua honestidade, força e carisma. Quando ele foi eleito, tornou-se o primeiro bruxo negro a se tornar Ministro da Magia na história da Grã-Bretanha. Dumbledore finalmente pôde voltar ao lugar que sempre considerara um lar e fazer o que sempre gostara realmente de fazer: voltou a morar em Hogwarts e dirigi-la, tendo Minerva McGonagall, sua esposa, novamente como sua vice-diretora.
Como primeiro ato como diretor reintegrado, ele presidiu o primeiro baile de formatura que Hogwarts promovia em mais de cinquenta anos. Como nesse ano, por causa das dificuldades, não se pudera fazer a disputa entre as Casas, não se fez a festa de premiação da Casa vencedora, e se fez o baile no lugar dela. No dia seguinte a esse baile, muitas das pessoas que dançavam no Salão Principal transformado especialmente para esse dia, começariam de verdade suas vidas, partiriam para começar a trilhar seu destino.
Lupin, reintegrado como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, cargo que, com a morte de Voldemort, deixara de ser amaldiçoado, andava ao lado de Tonks, muito orgulhoso da barriga de sete meses de gravidez que ela ostentava, embora ele ainda sentisse um leve medo de que o bebê nascesse com alguma característica lupina. Um pai que também parecia orgulhoso era Gui, que viera à festa com Fleur e Gabrielle e trouxera sua filhinha Victoire, de quatro meses. Ela era loira como a mãe, tinha todas suas características de veela, embora seus olhos fossem castanhos como os do pai. Era tão linda que chamava a atenção de todos.
Foi na hora da valsa que Harry e Gina e Hermione e Rony se tornaram noivos, o que deixou a dança bastante caótica, cheia de beijos, gritos, risadas e choros emocionados fora de hora. Mas aquilo não incomodou ninguém — bem, talvez alguns Weasleys super-protetores... — ao contrário. Todos ficaram bastante felizes por verem mais alegria e amor no ar. Entretanto o noivado dos dois casais iria se estender, por comum acordo, por muito tempo. Decidiram não se casar antes de cada um estar com a vida e suas profissões escolhidas encaminhadas.
Em certo momento, Ana, vestida num lindo vestido de baile, aproximou-se de Harry. Ela tinha passado com louvor há um ano atrás nas provas supletivas relativas aos quatro primeiros anos, e agora terminava de fazer o quinto ano, tendo passado com louvor em doze N.O.M.s, dois a mais que os N.O.M.s que Hermione tinha conquistado quando fizera o quinto ano.
— Harry, eu tenho um presente para você — ela disse, estendendo-lhe uma caixinha envolta em papel de embrulho verde como os olhos de Harry.
Sorrindo, ele pegou a caixinha e a desembrulhou. Ficou surpreso. Dentro dela, estava o Amuleto de Merlin, completamente montado!
— Mas... Ana... Eu não posso aceitar... Isso é muito, muito valioso...
— Por isso mesmo, Harry. Você merece. E você faria um uso melhor dele do que eu.
— Acho que é poder demais para ficar concentrado nas mãos de uma só pessoa, Ana...
— Bem, eu estou te dando para você fazer o que quiser com ele, seja usar, guardar, dar ou jogar fora. Você decide, Harry. Ele é seu. Manterei comigo o livro de Merlin. Agora que sei ler em runas antigas, vou lê-lo. Já sabe, quando terminar Hogwarts estudarei para me tornar uma Inominável e historiadora e pesquisadora de Merlin e de todos os legados que ele deixou... É possível que ainda haja coisas dele perdidas por aí, e quero fazer o maior acervo possível de obras e objetos mágicos do meu ancestral. Bem, dinheiro para isso não me falta!
Harry pegou o Amuleto com mãos carinhosas e reverentes.
— Muito, muito obrigado, Ana. Esse é o presente mais precioso que jamais recebi, e não só por seu valor monetário ou pelo poder que ele contém. Ele é valioso porque me foi dado com grande abnegação e carinho. Mas eu já sei o que fazer com ele. Como sabe, muitas pessoas acabaram sabendo da existência do Amuleto. Eu não sou ingênuo para achar que ninguém procurará vir atrás dele e roubá-lo, ou conquistá-lo por meio de alguma luta. É melhor que as partes dele estejam desconcentradas. Ainda somos uma Aliança, não? Eu, você, o Rony e a Mione? Ou a Aliança acabou com a morte de Voldemort?
— Mas é claro que não! Somos uma Aliança, sim, é claro!
— Sempre seremos, Harry — disse Rony que, com Hermione, acabavam de chegar onde ele e Ana estavam.
— Não importa o que aconteça — retrucou Hermione.
Harry sorriu. Então ele, fazendo um pouco de esforço, separou as quatro partes do Amuleto. Se quisessem uni-las de novo, teriam de fazer o mesmo ritual que tinham feito na parte de dentro da porta secreta do Departamento de Mistérios do Ministério da Magia (não mais tão secreta assim...). Ana expressou um sorriso orgulhoso e de aprovação. Sabia que Harry sempre faria o que era certo.
Harry estendeu a Ana o Amuleto do unicórnio, a Rony, o Amuleto do sereiano, a Hermione, o Amuleto do dragão, e pôs em seu próprio pescoço o Amuleto da fênix — como não podia deixar de ser.
— Agora, estamos ainda mais unidos. Quem quiser o Amuleto, terá de vir enfrentar nós quatro — Harry disse. Logo sorriu com malícia e ferocidade ao mesmo tempo. — Ah, e vai encontrar uma grande, grande resistência...
Os quatro deram-se um abraço grupal. Eram uma Aliança. E se comprometiam a manter o poderoso — e perigoso — Amuleto de Merlin a salvo das mãos gananciosas daqueles que, como Voldemort e Grindelwald, queriam o poder e a imortalidade a todo custo. Harry ergueu seus olhos verdes por cima dos ombros de um dos amigos e eles miraram os muito azuis de Dumbledore, que o encarava com ar enigmático. De alguma forma, o velho bruxo sabia o que ele tinha feito, e aprovava. Os dois sorriram um para o outro. Harry sentia, os dois ainda passariam por muitas coisas mais, e igualmente perigosas. Mas ambos enfrentariam tudo de frente, como sempre, e venceriam. Ah, sim, eles sempre venceriam!
FIM
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