Na Terra dos Faraós
Oi, pessoal! É com orgulho que trago o capítulo mais longo até agora e o mais difícil a ser escrito. Este reúne tudo o que eu disse que teria no resumo: aventura, ação, fantasia, viagem incrível e romance. O romance, bem, não ia ter, mas mediante a aprovação que foi a cena de amor entre Ana e Carlinhos, resolvi colocar uma cena entre dois de nossos casais, mas só lendo para saber quem é!! Rsrsr bem, espero que gostem, e POR FAVOR, POR FAVOR, PLEASE, ONEGAI, COMENTEM!! Fiquei muito triste, desde que o FEB saiu do ar, e até antes, a fic está praticamente abandonada.
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Capítulo vinte e cinco
Na terra dos Faraós
Para consternação da Sra. Weasley, os “garotos” tiveram novamente que desaparecer para o cumprimento dessa missão. Ela não gostara nem um pouco quando eles chegaram em casa e lhes comunicaram a partida. E enquanto os via preparando-se para uma viagem que ela não tinha sequer a ideia de onde seria, tinha que conter as lágrimas, pois não queria preocupá-los mais do que eles pareciam preocupados.
Apesar do sofrimento de Rony por ter de entrar mais uma vez num avião, esse era o único meio seguro de viajarem, na atual conjuntura. A viagem para o Egito demorava demais, e só conseguiram passagens para viajar de madrugada. Quando o avião se aproximou da cidade do Cairo, a capital do Egito, estava amanhecendo e eles todos estavam acordados. A imagem, mesmo para Rony, era impressionante: uma imensidão de areia dourada era cortada por um largo e impressionante rio de um azul único, o famoso Nilo, em cujas margens férteis, fora da cidade, havia zonas verdes de plantações. O horizonte era fantástico, todos os tons do amarelo, vermelho, dourado e rosa prenunciavam a alvorada, e os primeiros raios de sol deixavam a região sob um brilho único que ressaltava as cores fortes e os contrastes. A cidade era contrastante demais, com regiões modernas cheias de arranha-céus e outras regiões mais antigas, com minaretes e mesquitas. Tudo brilhava sob o sol nascente, de uma maneira que fascinava os olhares — pelo menos a uma primeira vista, ou uma vista de cima, como era o caso deles. Isso porque a cidade, como toda metrópole de país subdesenvolvido tinha muitos problemas ligados à pobreza e subdesenvolvimento, como falta de saneamento básico, favelas e falta de planejamento. Apesar de tudo, o Cairo fascinava, com o contraste que havia entre o novo e o velho, as várias culturas, algumas milenares, que conviviam. Visto de cima, o mais impressionante era o que havia ao longe, já em pleno deserto: a Grande Pirâmide. Ela era realmente incrível.
Desembarcaram, e o calor realmente era extremamente forte como sempre imaginaram. Pegaram um táxi no aeroporto e quando desembarcaram em frente a um hotel simples onde se hospedariam, um monte de crianças morenas e esfarrapadas apareceu, todas gritando uma só expressão:
— Bakshish! Bakshish!
Hermione reconhecia essa expressão. As crianças estavam pedindo dinheiro, esmola. Antes que ela pudesse dar alguma coisa, um senhor que estava na frente do hotel e que trabalhava ali espantou as crianças, pois não gostava delas incomodando os hóspedes do hotel.
O quarto era abafado, mas ao abrirem as janelas, um vento bastante refrescante soprou desde o Nilo.
Ana estava olhando um livro sobre escolas de magia e bruxaria, para ver se encontrava o endereço da Escola de Magia do Cairo; tinham que ir atrás do Prof. Tarek Hassan Al Rachid para tentar descobrir o que acontecera ao Medalhão de Slytherin.
— Pena que a gente não possa fazer um pouco de turismo... O Egito é lindo demais, mas não temos tempo... Temos que continuar com a busca às Horcruxes e à outra parte do Amuleto... — disse Ana.
— Por falar no Amuleto, você já imaginou um lugar onde a parte do Sereiano pode estar, Ana? Eu já tentei, mas nada vem à minha cabeça... — perguntou Harry.
— Estava pensando que, se os lugares em que as partes do Amuleto estão têm características que as atraem, como aconteceu com a parte do Amuleto do Dragão, a parte do Amuleto do Sereiano deve ter sido atraída por algum lugar onde impere a água. Algo como um rio, lago, mar, não sei...
— É, você deve estar com a razão... Mas são tantos os lugares...
Após tomarem café-da-manhã, Harry e os amigos passaram o dia descansando da longa viagem, mas logo no dia seguinte foram atrás do endereço da Escola de Magia do Cairo. Não era fácil para eles, pois não tinham ideia de onde ficava aquele endereço e não sabiam se qualquer motorista de táxi trouxa poderia encontrá-lo.
Tudo, ao final, foi mais fácil do que eles achavam que seria. Os trouxas achavam que a escola era uma escola “normal”, uma escola para eles, só que muito seleta, só pegando os melhores alunos para ensinar. Na verdade, ela era seleta em relação a quem tinha magia e quem não tinha. Um motorista de táxi os levou à rua onde a escola ficava, uma rua muito larga e arborizada, e que todos achavam que era arborizada por causa de irrigação. Mas eles sentiam: era pura magia. A magia estava impregnada em todos os lugares, em todas as coisas ali. E só os bruxos sabiam reconhecer que poder era aquele que emanava do lugar. A escola era um prédio imenso e de estilo romano, devendo datar da época em que o Império Romano dominara o Egito. Hermione se apaixonou ao primeiro olhar.
Subiram as escadarias de mármore até uma grande porta, onde havia um segurança vestido em roupas trouxas, por precaução. Ele ficava numa guarita ao lado da porta e devia controlar o acesso ao interior da escola. Quando se dirigiram a ele, ele estendeu um aparelho para eles como um detector de metais; logo perceberam que era um similar ao que a bruxa gerente do museu em Godric's Hollow tinha, um detector de bruxos. O aparelho piscou ao ser passado em todos eles.
— Boa tarde. Somos estudantes ingleses e gostaríamos de fazer uma visita à Escola de Magia do Cairo.
— Boa tarde. Um momento, por favor.
O bruxo se comunicou com outro através de um aparelho que se assemelhava a um walkie-talkie, mas que funcionava à base de magia. Logo um outro bruxo aparecia pela porta, dizendo, com um sorriso:
— Alunos ingleses? Então devem ser de Hogwarts... Me acompanhem...
Os quatro acompanharam o bruxo, entrando pela grande porta. Lá dentro, Harry, Rony e Hermione sofreram um baque. A saudade da escola que tanto gostavam os atravessou, pois após a porta, havia um pátio de mármore imenso com aberturas para todos os lados. No centro do pátio, centenas de alunos caminhavam. Seus uniformes eram bem diferentes. As meninas, como as trouxas egípcias, usavam véus cobrindo seus cabelos, e muitos dos meninos traziam em suas cabeças turbantes ou véus presos com faixas. Quase todos os alunos eram morenos, o que era típico dos povos daquela região.
— Sou Sahib Hussein, responsável pelos visitantes à nossa escola. Vocês terão que nos entregar suas varinhas, por favor. Somos mais cuidadosos desde que uns rapazes de uma tribo de bruxos tuaregues, irritados por não terem passado no nosso rigoroso teste de admissão, fez estragos aqui dentro, inclusive matando dois alunos e um professor. Ah, e terão também de assinar um termo de compromisso de manter a ordem em nossa escola. E pegar crachás de identificação.
Eles estavam impressionados com a segurança naquela escola, bem maior que a de Hogwarts. O problema, pelo que Sahib Hussein lhes contou, era que não eram apenas os trouxas que viviam com problemas relativos a disputas territoriais e rixas étnicas naquela região. Havia tribos e raças bruxas tradicionalmente rivais, e tinham que manter um ferrenho controle tanto dos alunos quanto dos visitantes para evitar desgraças, uma vez que todas as raças, tribos e clãs eram admitidos naquela escola, que estava além dos preconceitos milenares existentes.
Quando Sahib soube quem era o rapaz moreno de óculos que o acompanhava, ficou muito entusiasmado, pois Harry Potter era uma lenda em todo o mundo bruxo. De maneira ainda mais afável ele tratou a ele e a seus amigos, levando-os para conhecer as dependências da grande e famosa escola de magia africana, a maior e mais importante de todo o continente.
Após o tour, Harry perguntou o que realmente importava.
— Sr. Hussein, além de vir conhecer a Escola de Magia do Cairo, a gente queria também conhecer um dos seus professores. Precisamos nos encontrar com o Prof. Tarek Hassan Al Rachid.
Os olhos de Sahib no mesmo instante ficaram entristecidos.
— Tudo bem, venham comigo. Ele deve estar na Sala dos Professores.
Eles não entenderam o porquê da expressão triste de Sahib ao falar sobre o professor até que entraram na Sala dos Professores. Lá, havia um único homem. Um dos mais magros que já tinham visto. As roupas estavam tão folgadas que não pareciam dele, mas imaginavam que o motivo era o fato de o homem ter emagrecido bastante. Seu rosto estava encovado como se ele estivesse doente, olheiras profundas contornando seus intensos olhos negros.
— Prof. Al Rachid?
O homem olhou para os visitantes, o cenho franzido.
— Sim, Sahib?
— Esses jovens desejam falar com você.
— Não creio que os conheça. Sentem-se, minhas crianças.
Os quatro se encararam, pois sabiam não ser mais crianças.
— Vou deixá-los a sós — disse Sahib, saindo da sala.
— Oi, Prof. Al Rachid. Não nos conhecemos, mas precisamos falar com o senhor — como aprendera com Moody a usar Legilimência, Harry a usou com o professor, para saber se podia confiar nele e saber se não era um partidário de Voldemort disfarçado, e percebeu que ele era sincero. — Eu sou Harry Potter. Creio que já ouviu falar sobre mim?
Os olhos do professor se arregalaram ligeiramente e deram a famosa espiada na testa de Harry em busca da não menos famosa cicatriz.
— Quem não ouviu falar sobre o Garoto que derrotou o Lord das Trevas? Mesmo para nós, que vivemos tão distante do mundo europeu, você é bem conhecido, meu rapaz. E os outros?
— Esses são meus amigos, Hermione Granger, Rony Weasley e Ana Christie Gryffindor.
Tarek sorriu ligeiramente.
— Conheço dois dos sobrenomes. Gryffindor, um nome muito honrado... Foi um grande amigo do fundador da Escola de Magia do Cairo, Mustafah Al Kareem. E você deve ser parente de Gui Weasley, desfazedor de feitiços do Gringotes, não, meu rapaz? — falou para Rony. — Seu sobrenome e cabelos ruivos não negam. Nos conhecemos quando ele trabalhava aqui, no Gringotes do Egito. Bem, o que posso fazer por vocês?
Harry ficou meio envergonhado de já ir tocando no assunto, mas era o melhor.
— Professor, soube que o senhor foi à Inglaterra ano passado e adquiriu de um vendedor um medalhão prateado com uma serpente incrustada. Viemos saber desse medalhão.
O bruxo empalideceu e olhou para baixo. Ele tremia, e era claro o quanto o assunto o perturbava. De repente, aparentando ainda mais doente que nunca, ele se sentou à mesa, escondendo o rosto nas mãos.
— Sim, o medalhão... O objeto que transformou minha vida num inferno.
Aquelas palavras impressionaram Harry e os outros, que se sentaram à mesa também e ficaram olhando para o professor. Esse revelou o rosto emaciado e perturbado, seus olhos agora com um brilho que era meio desespero, meio loucura.
— Desde que o adquiri, não soube mais o que foi sanidade e paz. Há algo muito, muito maligno naquele objeto, não sei se é uma maldição, mas o verdadeiro mal se encontra ali, eu sei. Nada na minha vida deu certo desde que cometi a imprudência de adquiri-lo.
— Mas... qual o efeito dele sobre o senhor?
— Ele vem lançando uma maré de má-sorte em cada aspecto da minha vida. É como se ele me amaldiçoasse! Aposto que vocês devem ter notado o quanto pareço acabado, como se estivesse doente. Não consigo comer, nem dormir direito! Ele não deixa... Sua malignidade se transferiu para cada aspecto de minha vida, me adoeceu, matou a minha família, prejudicou os meus alunos e minha carreira acadêmica... E jamais, por mais que eu tentasse, não importa os meios que usasse, consegui destruí-lo. Ele é o mal, o Mal personificado...
Harry sabia o quanto a definição dele para a Horcrux estava perto da realidade. Parte da alma negra de Voldemort habitava aquele objeto, e não podia haver melhor descrição para o Lord das Trevas que “o Mal personificado”.
— E o que senhor fez com o medalhão, se não conseguiu destruí-lo?
— Eu... não pude deixá-lo mais nenhum momento perto de mim. Descobri que quanto mais perto ele estava, mais me amaldiçoava. Ele estava roubando minhas forças, minha vida, minha vontade. Estava me controlando, de tal modo que me fazia praticar maldades sem que eu sequer percebesse o que estava fazendo. Decidi aprisioná-lo para diminuir o seu efeito sobre mim.
— Onde o senhor o deixou? — Hermione perguntou, nervosa. Se fosse num lugar muito inviável, ia ser muito difícil recuperá-lo para destruí-lo.
— Eu o encerrei dentro de uma pirâmide por meio de magia... Uma pirâmide de alguém não muito importante, como um faraó, a umas horas de carro do Cairo. Um lugar que sei que não será fácil de ser penetrado, cheio de armadilhas! — isso Tarek falou num tom que parecia até demente, seus olhos com um brilho intenso e doentio. — Um lugar onde um pobre incauto não o pegue e sofra as mesmas consequências que eu!
O gemido dos quatro foi muito audível, tanto que Tarek os olhou com uma expressão confusa.
— Ora, não fiz certo? Agora o seu mal vai ficar aprisionado para sempre, e ninguém mais vai sofrer por tê-lo pegado. E por que vocês querem saber tanto sobre o medalhão e onde ele está? Por certo não pretendem pegá-lo, não é? Por Alah! Ele é maldito!
— Nós sabemos como destruí-lo, Prof. Al Rachid. E precisamos. Temos que acabar com o seu mal de uma vez por todos, para assim ajudar a acabar com o ser amaldiçoado e maléfico que o construiu. Voldemort.
O bruxo se arrepiou ao ouvir aquele nome. Até nos confins da Terra o nome do Lord das Trevas era temido. Os olhos de Tarek estavam assombrados.
— Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear? Eu já devia ter desconfiado... Só alguém realmente devotado ao Mal poderia ter a capacidade de criar algo tão avesso à bondade...
— Sim, e para destruirmos Voldemort pela segunda, e definitiva vez, precisamos destruir os objetos mais maléficos que ele já criou em vida. Esse medalhão é um deles.
— Não será fácil para vocês vencerem as armadilhas que existem dentro daquela pirâmide. Eu mesmo nem sei quais são, e duvido que alguém saiba. Só consegui encerrá-lo lá por intermédio da magia. Mesmo com as tecnologias trouxas que conseguiram desvendar os mistérios de todo o Egito, ninguém, seja bruxo ou trouxa, conseguiu sair de dentro da pirâmide de Anksunamon, bruxa amante do faraó Amenophis I, muito amada, na verdade idolatrada pelo faraó, deus vivo na Terra. Seus funerais foram extremamente ricos, e ela foi mumificada sob todas as honras. Dizem que ninguém, seja bruxo ou trouxa, consegue sair de lá por causa da quantidade de feitiços e armadilhas mágicas que foram postos lá. Claro que isso não consta da História dos trouxas, apenas da História da Magia.
Harry estava com os punhos cerrados. Droga, droga, droga! Por que tudo tinha que ser uma provação para eles? Por que não tinha maneira alguma fácil de conseguir encontrar as Horcruxes e as partes do Amuleto de Merlin?! A cada vez parecia que o nível de perigo de sua busca subia mais, já tinham enfrentado um lobisomem, centenas de dragões, dezenas de homens perigosos com afiadas cimitarras. E agora era uma pirâmide cheia de perigosas e, aparentemente, insuperáveis armadilhas. Olhou para os outros, inconsolável. Rony o olhava de volta verde. Hermione lhe deu um sorriso trêmulo.
— Bem, Harry, já enfrentamos coisas piores, não? Até agora fomos imbatíveis, por que não teremos a mesma sorte?
— Bem, não importa — disse Rony. — A gente tem de destruir o medalhão de qualquer jeito. Não importa o perigo. Voldemort tem que ser derrotado!
As palavras de Rony deram um novo ânimo a Harry, que o olhou com um sorriso de agradecimento. Era isso. Tinha que manter o foco no que era importante, e Rony resumira muito bem: a destruição de Voldemort.
— Sim, Rony. Isso mesmo — voltou-se para Tarek. — Prof. Al Rachid, poderia nos levar até essa pirâmide? Vamos tentar entrar e encontrar o medalhão. É a única maneira possível.
— Sim, Sr. Potter. Irei ajudá-los no que puder.
***
No tapete mágico de Tarek, os cinco partiram rumo à pirâmide da qual o professor falara. Estava muito abafado e o sol refletindo na areia clara encandeava seus olhos, mas o vento impediu que sentissem as agruras do calor durante a viagem. Essa pirâmide ficava há uns quilômetros das três famosas pirâmides de Gisé, dos faraós Keops, Kefren e Miquerinos.
Quando o tapete desceu e eles apearam, o ar quente soprou forte em seus rostos. O calor parecia escaldá-los, penetrando por seus pés, como se irradiasse do próprio chão. A pirâmide não era grande. Mas também não era minúscula, e daria para todos eles entrarem sem dificuldade pela abertura.
Harry tentou atrair o medalhão através de magia, como Tarek fizera para encerrá-lo lá dentro, mas não conseguiu. Estranhou. Por que a magia não podia trazer o Amuleto, se fora capaz de colocá-lo lá dentro?
Ao chegar perto da pirâmide, Tarek começou a passar mal. Sentou-se no tapete, seu fôlego curto, pálido como um fantasma e com uma expressão de dor. Era a maligna influência do Medalhão de Slytherin. Por ter ficado tanto tempo com ele, havia sido feita uma ligação entre as auras dele e de Tarek, talvez para que a Horcrux pudesse dominá-lo de maneira mais poderosa.
— Vão sem mim... Eu serei apenas um estorvo... Às vezes perco o controle quando estou perto do Medalhão, ele me domina completamente e não ajo mais de acordo com meu eu... Posso me voltar contra vocês, como fiz com vários amigos...
— Claro, professor, o senhor está claramente passando muito mal — disse Harry. — Acho melhor o senhor conjurar um guarda-sol enquanto a gente tenta recuperar o Medalhão.
Enquanto o professor seguia a sugestão de Harry, eles se encaminharam à abertura da pirâmide que tentariam devassar em busca da Horcrux, a pirâmide da qual nenhuma pessoa tinha conseguido sair com vida. Ao menos tinham suas varinhas. Os quatro se olharam, dando um ao outro coragem, e então deram o primeiro passo, entrando na escuridão total.
Nas demais pirâmides, geralmente havia sistemas de iluminação postos nos dias atuais para guiar os estudiosos e turistas, entretanto essa não tinha nenhuma forma de iluminação. Tiveram todos que acender suas varinhas em potência máxima. Os focos de luz iluminaram um caminho estreito que só permitia passarem duas pessoas de cada vez. Nas paredes tão altas que não se dava para ver o teto, hieróglifos belos e assustadores eram notados a cada foco de luz que recebiam, e as sombras dos corpos deles eram intimidantes, sombras imensas que davam a impressão de serem espectros vigilantes.
— Isso é amedrontador... — murmurou Hermione, e todos deram um salto, pois o murmúrio dela parecera muito alto e ecoou por vários segundos de uma maneira muito funesta. Arfando, ela segurou firme na mão de Rony, que lhe rodeou o corpo com o braço.
Em silêncio, caminharam por alguns metros até encontrarem uma bifurcação. Na estreita parede entre as entradas dos corredores, havia uma espécie de aviso em escrita hieroglífica. Devia ser um aviso, ou talvez um enigma que indicaria qual o melhor caminho a se seguir.
— M... — sussurrou audivelmente Harry. — Como a gente vai poder escolher? Apenas na sorte? É muito perigoso...
— Não se preocupe, Harry — falou Ana no mesmo tom. — Como disse a vocês certa vez, eu me formei numa faculdade trouxa e comecei a fazer mestrado. Fiz faculdade de História e o mestrado em Egiptologia. Me dediquei ao estudo da escrita hieroglífica. Posso decifrar hieróglifos de qualquer época com relativa facilidade. Iluminem melhor a parede, para eu poder ver.
Ela se aproximou da parede iluminada por três potentes focos de luz e começou a tentar decifrar a complicada escrita em símbolos e desenhos. Murmurava consigo mesma enquanto passava delicadamente as pontas dos dedos sobre as coloridas e belas figuras. Quando olhou para os três, não tinha cara feliz.
— Tanto um quanto o outro corredor levam a perigos. Só que um não leva a lugar algum a não ser à morte, e o outro pode levar ao lugar que se almeja ir. Ou seja, a câmara mortuária, a parte principal de qualquer pirâmide. Onde está a múmia de Anksunamon. Que deve ser onde a Horcrux se alojou.
— Por que você acha que foi justamente aí que ela foi parar?
— Rony, Voldemort se acha importante, todo-poderoso. É arrogante. Onde acha mais que parte de sua alma ia querer se alojar a não ser o lugar mais importante da pirâmide, o lugar onde se acumulam os tesouros que supostamente os mortos vão usar quando voltarem à vida, de acordo com a antiga religião egípcia?
— Então é para aí que a gente tem de ir... — murmurou Hermione, nervosa. Quando criança, sendo de família trouxa, ela assistira uma vez ao filme antigo A múmia e desde esse tempo tomara pavor a elas.
— Sim, Mione — respondeu Harry. — E então, Ana, diz mais alguma coisa? Alguma dica que pode nos ajudar na escolha da rota melhor?
A garota tornou a olhar para as inscrições.
— Parece que tem algo nesse sentido... “Apenas a luz de um bastão com Nobreza pode levar à rota da ventura”. Que coisa estranha...
Ao ouvir as palavras de Ana, Hermione ficou pensativa.
— Tem certeza do significado dessas palavras? Bastão não poderia significar varinha?
— É bem possível... Por quê?
— Por que lembro de uma antiga lenda que fala sobre as Varinhas Nobres... Varinhas pertencentes apenas a grandes Magos, Magos ícones entre os bruxos. Como o grande Mago Egípcio Imothep, o Mago Druida Merlin... Falei isso porque sua varinha, Ana, é uma Varinha Nobre. Se a inscrição estiver se referindo a Varinhas Nobres, sua varinha vai servir.
— Não custa nada tentar...
No centro da pequena parede divisória onde estavam os hieróglifos, tinha uma fenda. Ana pôs a ponta de sua varinha na fenda e disse o feitiço Lumus. A luz da varinha pareceu ser sugada pela fenda, percorrendo veios estriados da parede, veios esses que continuavam pela parede de um dos corredores, que subitamente foi totalmente iluminado por causa desses veios cheios de luz mágica, como se fosse uma luz líquida.
— Voilá! Aí a resposta! — disse Harry entusiasmado.
Rony sorriu.
— Ainda bem que agora a gente vai andar por um lugar iluminado!
Ana tirou sua varinha da fenda, mas no mesmo momento toda a luz se apagou, deixando o corredor nas trevas.
— Só funciona se o feitiço estiver ativo e constante... — ela disse. Tornou a pôr a varinha na fenda, o que tornou a iluminar o corredor. Ela olhou para a varinha com o coração partido.
— Na volta eu te pego... — murmurou.
— Não! — Harry disse. — Não, Ana, não a sua varinha! Você pode precisar dela, e deixá-la aí... Uma Varinha Nobre...
— É preciso, Harry. Como eu disse a você, esse é o corredor mais seguro, não totalmente seguro. A gente vai enfrentar muitas coisas perigosas daqui para frente, isso aqui é só o começo, e é morte certa a gente entrar por esses corredores escuros. É um sacrifício que precisa ser feito. Acho que isso foi planejado pelo arquiteto da pirâmide. Logo de primeira encontra um jeito de a varinha mais poderosa de qualquer grupo não poder ser usada mais à frente. E aposto como gradativamente nós vamos nos desfazer do restante de nossas varinhas, até ficarmos com apenas uma ou talvez... nenhuma.
Harry suspirou, desanimado e dando o braço a torcer.
— Bem, vamos em frente. Ana, fique entre nós, pois agora você é a mais vulnerável. A gente vai ter que proteger você. Vamos ficar todos juntos, pessoal, e tomem cuidado com tudo, inclusive onde pisam. Isso está parecendo com os filmes do Indiana Jones...
Harry se pôs na frente. Agora, com a iluminação, tinham uma clara visão do corredor. Suas paredes eram brancas e os veios onde escorriam a luz da varinha eram de ouro, de tal modo que o lugar não estava apenas iluminado, mas reluzente. O piso era formado por grandes ladrilhos, alguns de ouro, outros brancos. Harry deu um passo e na mesma hora, graças aos seus ótimos reflexos adquiridos com o Quadribol, pôde se salvar, inclinando o torso para trás de tal modo que ficou com o tronco quase na horizontal. Da parede, magicamente, uma afiada e brilhante lança prateada saíra com uma alta velocidade, cravando-se de maneira mágica na outra parede.
O grito das meninas ecoou durante os vários minutos em que Harry, aturdido, se endireitava e recuava. Ele olhou, boquiaberto, a lança que quase o partira ao meio. Hesitante, a tocou. Era de um metal frio e cortante, tão afiado que o simples fato de Harry o tocar lhe causou um pequeno corte no dedo. Quando o sangue tocou a lança, ela voltou a desaparecer magicamente na parede de onde saíra. Harry levou o dedo à boca.
Rony, verde e de olhos arregalados, disse, sua voz totalmente estranha.
— Isso é... cruel demais... Quem construiu isso aqui era mesmo do mal. Apenas o sangue faz com que essa coisa volte “pro” seu lugar... Vai ver por isso, por essa malignidade, a Horcrux pode ficar aqui sem problema algum. Ambos têm a mesma alma perversa: Voldemort e o arquiteto.
— Mas agora tem um problema, como a gente vai poder entrar?
— Espera — disse Ana — eu já assisti a tantos filmes do Indiana Jones e do Alan Quatermain que acho que sei a solução. Você lembra em que tipo de ladrilho pisou? Dourado ou branco?
— Meus olhos estavam mais a frente, Ana, não estava prestando atenção aonde eu pisava. Mas acho que sei onde você quer chegar. Alguém tem alguma coisa que eu possa testar? Um broche de cabelo, carteira, qualquer coisa?
— Tome — Hermione tirou dos cabelos uma presilha e deu a Harry, que se agachou e a pôs primeiro sobre um ladrilho dourado. Na mesma hora a lança prateada saiu rapidamente da parede, cravando-se na outra. Testou, então, com o ladrilho branco; nada aconteceu.
— Genial... Coisa de uma mente perturbada, mas mesmo assim, engenhoso.
Ele espremeu seu dedo, deixando que uma gota de sangue caísse sobre a lança, que voltou ao seu lugar oculto.
— Então, pessoal, me sigam. Já sabem, nada de pisar nos ladrilhos dourados. Ana, fique entre dois de nós.
Os ladrilhos tinham um bom tamanho e dava para cada um deles ficarem com os dois pés dentro. E por causa mesmo desse tamanho, tinham que se esticar bem e manter o equilíbrio para conseguir passar de um ladrilho branco para outro, sendo que entre eles havia um dourado. Hermione, que jamais tivera muita coordenação motora para nada que envolvesse esforço físico e equilíbrio, pois detestava qualquer tipo de esporte, se desestabilizou e quase pisou num ladrilho dourado, mas Rony se esticou inteiro e conseguiu passar o braço por sua cintura, salvando-a.
Ao chegarem ao fim do corredor, que era muito extenso e enveredava por várias curvas, já estavam cansados e doloridos. Como Ana bem dissera sobre o uso de sua varinha, aquele corredor devia ser mais uma armadilha para deixar os intrusos cansados para, talvez, terem dificuldade de enfrentar coisas piores mais adiante.
O corredor dava para algo que parecia ser uma sala pequena cheia de imagens de deuses egípcios nas quatro paredes, principalmente o deus Anúbis. Era muito sombria, pela imagem de cabeça de chacal do deus que estava relacionado à morte aparecer tanto. Na parede oposta, em frente a eles, tinha uma porta dourada com hieróglifos e algo que parecia uma pequena maçaneta de ouro com uma fenda central rodeada de lápis-lazúli. O piso dessa sala era diferente do corredor de onde tinham saído, era completamente branco, do mesmo material dos ladrilhos brancos. Cauteloso, Harry jogou no chão o broche de Hermione, mas quando nada aconteceu, ele respirou aliviado.
Todos entraram, e Ana foi direto à porta tentar decifrar os hieróglifos. Os outros a seguiram. Cansado, Rony se recostou a uma das paredes, apoiando o cotovelo sobre uma das imagens dos deuses. Nessa mesma hora, alarmada, Ana falou:
— Gente evite se encostar às paredes. Diz aqui que sofrerá uma dolorosa morte quem insultar Anúbis. Deixa eu ver o que diz mais, como a gente faz para sair daqui...
Mal Ana acabou de falar e Rony deu um pulo, se desencostando da parede, ouviu-se um estrondo, como se algum mecanismo tivesse sido ativado. Pó caiu sobre eles, e olharam sobressaltados para o teto. Sob velocidade constante e rápida, o teto vinha descendo ao encontro deles, e pequenas lanças de metal desencravavam-se dele, para que a morte do “profanador” de Anúbis fosse a mais horrenda possível.
— Rony, seu idiota! — gritou Hermione, segurando-o pela gola da camisa. — Você não sabe fazer nada que preste?! Tinha que desencadear uma armadilha horrível dessas para cima da gente?! Seu estúpido!
O garoto primeiro empalideceu com as cruéis palavras da namorada, em seguida ficou tão vermelho que suas orelhas pareceram que tinham acabado de sair do forno. Em voz sumida, disse:
— Sinto muito. Sinto muito pelo que fiz, e ainda mais por não estar à altura da inteligência da grande Hermione Granger.
Para surpresa deles, a porta começou a subir.
— Que bom! — disse Ana. — Parece que quando o teto desce, ativa a abertura da porta!
— Sim, Ana, mas olhe! Ela sobe muito lentamente, enquanto o teto desce rápido! Não vamos conseguir passar! — Harry disse, nervoso.
— Espera, tem mais coisa para ser decifrada aqui, nos hieróglifos! Tentem alguma coisa, um feitiço de retardamento, sei lá, alguma coisa para me dar tempo de decifrar essa coisa! Talvez haja uma saída!
Harry, Rony e Hermione tentaram usar o único feitiço de retardamento que sabiam.
— Arestum Momentum!
Os três feitiços, mesmo combinados, não conseguiram retardar em nada a velocidade com que o teto, inexoravelmente, descia para matá-los. Rony, então, teve uma ideia. As pequenas lanças de metal já estavam quase tocando sua cabeça, pois ele era o mais alto, quando ele imaginou que uma escora poderia fazer o avanço diminuir de velocidade. Conjurou uma grande e grossa barra de aço.
— Harry, me ajuda, vamos colocar essa coisa de pé!
Com um feitiço, fizeram a barra ficar na vertical. Quando as lanças de metal tocaram na barra, o teto pareceu parar. Na verdade, não parou, mas diminuiu em muito a velocidade em que descia. Lentamente a força do teto ia entortando a barra. A porta, entretanto, subia muito, muito lentamente. Dava para eles passarem apenas a cabeça.
— Isso foi um paliativo, Ana, não vai durar! Não teve nenhuma ajuda com os hieróglifos?
— Estou tentando, Rony, é difícil, afinal, não sou uma expert! Estudei os hieróglifos mais por prazer, só ia estudá-los a fundo quando começasse o doutorado! Mas, espere... Sim, sim, isso mesmo, bem como eu tinha imaginado! Temos que deixar aqui outra de nossas varinhas! É o único jeito!
Hermione, que vira o esforço de todos para conseguirem se livrar daquela sala, resolveu fazer algo. Estendeu sua varinha a Ana.
— Vamos, Ana, use a minha! É a minha contribuição para nos ajudar aqui dentro!
Ana pegou a varinha de Hermione. Nesse momento, a barra de ferro se entortou e caiu e o teto voltou a descer rápido. Harry e Rony tiveram que se abaixar para não serem atingidos pelas lanças do teto. Ana enfiou então a ponta da varinha de Hermione na fenda rodeada de lápis-lazúli da maçaneta de ouro da porta. Na mesma hora o teto parou de se mover e a porta começou a subir com velocidade. Todos respiraram de alívio. Arrastaram-se para fora da perigosa sala e ficaram sentados sem sequer olhar o novo lugar onde estavam. Tinham primeiro que respirar.
Enfim, prestaram atenção ao lugar em que estavam. Era uma sala retangular e enorme. Nela, não havia absolutamente nada. Eles ficaram impressionados. Aquela sala devia ser ainda mais perigosa que os demais, pois parecia inofensiva, e nada inofensivo devia ter sido construído naquele maldito lugar. Eles se levantaram. Hermione, culpada por ter destratado Rony daquele jeito, aproximou-se dele, um desesperado pedido de desculpas no rosto enquanto falava:
— Unh... Você está de parabéns, Rony... Aquela ideia que teve, da escora, foi brilhante...
Ele a olhou com ar frio.
— Mesmo? Pensei que fosse uma ideia simplória perto da inteligência da grande Hermione Granger.
Ela mordeu o lábio inferior.
— Eu... eu...
— Estou cansado, Hermione. Me esquece.
E se afastou dela ostensivamente. A garota, sentindo a rejeição, fechou os olhos com força, dizendo para si mesma que era culpada por aquilo e que merecia aquele castigo.
A porta diante deles era muito ostensiva. Era a única coisa que havia de diferente naquela sala. Era uma porta muito rica, de ouro maciço e cheia de pedras preciosas, principalmente rubis, esmeraldas e lápis-lazúlis.
— Pela aparência da porta, creio que estamos na ante-câmera da câmara mortuária — Harry disse. — Quer dizer que falta pouco para conseguirmos encontrar a Horcrux. Bem, vamos, então. E seja o que Deus quiser.
Quando começaram a andar, sentiram o solo se mexer. O solo começou a se transformar num material viscoso, mas que não melava, no qual eles iam afundando os pés. No centro da sala, um remoinho no material começou a se formar, e ia aos poucos aumentando de diâmetro, de tal forma que em breve ia chegar até eles e os sugaria para o seu centro. Era por esse motivo que a sala não tinha nada, para que os supostos intrusos não tivessem nada para se segurar e evitar a morte naquela espécie de areia-movediça mágica.
— Ana! — Harry gritou. — A porta! Ela não tem nenhum hieróglifo formado pelas pedras preciosas?! Nada que possa nos ajudar?!
A garota, que já tinha os pés afundados até os tornozelos, olhou ansiosamente para a porta. Mas nela não havia símbolo algum, exceto figuras decorativas sem significado.
— Não, Harry! Acho que o construtor quis isso mesmo, se certificar que qualquer profanador que tivesse a sorte de chegar até aqui morresse antes de encontrar a múmia de Anksunamon!
— Pelas barbas de Merlin! O que vamos fazer?
— Mas está claro! — disse Hermione. — Tem que haver uma forma de a gente passar, e só pode ser algo que nos desfaça de mais uma varinha, como das demais vezes! Acho que a única maneira é... um sacrifício. Alguém tem que conseguir chegar à porta e abri-la, e a chave só deve ser uma varinha!
As duas únicas varinhas que tinham sobrado eram a de Harry e a de Rony. Em pânico, eles se olharam. Com dificuldade, Rony andou até Harry, pois já tinha metade das canelas afundadas.
— Tem que ser a minha! Harry, você é o melhor de nós! Você pode não achar isso, mas é a mais pura verdade, apenas você enfrentou o verdadeiro Mal, tem que ir até aquela sala com a sua varinha! Eu vou, Harry!
— Não, Rony, vocês todos estão se sacrificando!
Nesse momento, o remoinho se tornou muito maior e mais forte. Eles começaram a ser realmente arrastados. Não conseguiam ir contra aquilo. Rony tentava ir contra o remoinho, para chegar até a porta e sua fechadura, mas não conseguia.
— Preciso... de ajuda! — ele falou entre os dentes.
Os braços de Harry, como dos demais, estavam começando a ficar presos pela estranha substância que era, incrivelmente, ao mesmo tempo líquida e sólida. Ele ouviu o pedido de Rony e tentou livrar da substância a mão em que segurava sua varinha. Rangendo os dentes, fez força para livrar seu braço, mas enfim conseguiu. Apontou-a para Rony e gritou:
— Levi Corpus!
Ao mesmo tempo Rony foi levantado no ar. Esse segurou forte a sua varinha para não deixá-la cair no movimento de levitação. Então Harry gritou outro feitiço:
— Mobile Corpus!
E fez o corpo de Rony se mover até a porta. Estava muito difícil para Harry se manter à tona, pois já estava perto de atingir o centro do grande círculo que era o remoinho, como as meninas. Mas com um último esforço conseguiu fazer Rony chegar ao ponto onde a fechadura ficava, uma fenda rodeada de jóias, como na sala anterior. Rony enfiou a ponta de sua varinha na fenda, gritando:
— Alorromora!
Foi incrível. Na mesma hora em que a varinha entrou na fenda, foi como se nada tivesse acontecido até aquele momento naquela sala. Eles não perceberam como o solo voltou a ser novamente rijo, reto e liso como no início, com eles de pé nas posições em que tinham estado quando tinham sentido o solo começar a se liquefazer e o remoinho aparecer. Estavam limpos, sem nenhuma mancha que deviam estar por causa da substância estranha com que tiveram contato. Olharam-se incrédulos.
— Não acredito! — falou Rony. — Foi tudo uma ilusão?
— Ilusão coletiva? — murmurou Harry. — Acho que não, olhem!
E apontou para a porta, que tinha a varinha de Rony espetada na fenda da fechadura.
— Foi na verdade apenas mágica, mágica da poderosa e muito, muito engenhosa...
Nesse momento, por causa do feitiço que Rony tinha lançado quando estava enfiando a varinha na fechadura, as portas, que eram duplas, começaram lentamente a se abrir.
Os quatro olharam fixos para o lugar que começava aos poucos a se revelar. Mas não puderam ver nada. Os veios da parede cheios da luz mágica da varinha de Ana não continuavam na câmara mortuária, que estava completamente escura. E tinham agora apenas uma varinha, extremamente necessária, da qual não podiam se desfazer. Cautelosos, foram começando a penetrar na escuridão.
Harry acendeu sua varinha. Ela iluminou fracamente apenas a parte onde estavam, que era como um grande tablado, como se a sala fosse mais funda no centro. De repente, algo no teto recebeu o raio de luz da varinha e brilhou. A luz refletiu-se e um raio partiu para outra coisa que havia no teto, voltando a refletir e bater em outra coisa e assim sucessivamente. Aos poucos, a sala foi se iluminando e só então eles puderam perceber o que fazia aquilo. Espelhos mágicos posicionados estrategicamente para captar luz e refleti-la de maneira a formar um sistema constante de iluminação. Por fim o último espelho refletiu-se no primeiro e assim a sala continuou iluminada mesmo sem Harry continuar com o feitiço de iluminação. O sistema parecia ser mágico, pois a luz não acabava. Só então eles olharam para baixo e deram murmúrios de encanto e deslumbre ao mesmo tempo.
Lá embaixo, o brilho era tanto que chegava quase a cegar os olhos. Esculturas, baús, móveis ricos e fantásticos, a maior parte formada de madeira-de-lei e ouro cravejados de pedrarias preciosas cintilavam sob a luz que iluminava a sala, que era imensa. As paredes tinham ricos hieróglifos que, segundo Ana, a um primeiro e rápido olhar, pareciam contar a história da vida de Anksunamon. Era fascinante. Eles desceram as ricas escadas talhadas em pedra polida e brilhante cravejada de rubis até a preciosa câmara mortuária da amante bruxa de Amenophis I. Seus deslumbrados olhares não deixavam as riquezas que iam encontrando a cada passo, como as esculturas em tamanho natural de ouro maciço de guerreiros egípcios, que seguravam enormes lanças de aparência afiada. Ou os baús, alguns abertos e outros fechados, alguns cheios de barras de ouro, outros de jóias maravilhosas, outros apenas de pedras preciosas, lapidadas ou em estado bruto. Também havia todo tipo de móveis lindos, caros e femininos de madeiras-de-lei raras ou de metais preciosos, como ouro e prata — que apesar do tempo, estavam perfeitos, talvez por efeito de magia. Tudo aquilo para a suposta “volta” de Anksunamon à vida, como os egípcios antigos acreditavam. Enfim, avistaram o seu sarcófago. Ele era imenso, de ouro ricamente trabalhado e cravejado de rubis, esmeraldas e lápis-lazúlis. Ao seu lado, havia potes de cerâmica trabalhada com ouro.
— Nesses potes estão as suas víceras... — disse Ana. — E seu sarcófago é tão grande provavelmente porque há vários, um por cima do outro, como geralmente acontece com os faraós que já foram encontrados. Isso é incrível, pois Anksunamon, apenas amante do faraó, teve um “enterro” digno apenas dos faraós, tidos como deuses na Terra.
Ela viu ainda algo mais: uma pequena chave no sarcófago. Se a girasse tinha certeza que o sarcófago — ou sarcófagos — se abriria.
— Bem, acho que está na hora de procurar a Horcrux — disse Harry.
Todos olharam desanimados para a imensa quantidade de coisas que tinha naquela sala imensa. Encontrar o Medalhão de Slytherin em meio há tantas jóias ia ser como procurar uma agulha num palheiro.
— Idiota... — murmurou Harry para si mesmo. — Tenho uma varinha! Por causa dos feitiços defensivos e armadilhas, aposto que não poderia usar um feitiço convocatório lá fora, mas aqui dentro acho que funciona... Accio Horcrux!
O sarcófago de Anksunamon tremeu.
Todos deram um pulo.
— Aposto que a Horcrux está dentro... — disse Rony, tremendo e esverdeado. — Não pode sair...
— Mas se é assim, como ela entrou?
— Não sei, Harry... Mas o feitiço do Prof. Al Rachid deve ter sido muito potente ─ Hermione disse. ─ A magia pode coisas aparentemente impossíveis... vai ver a magia negra presente no sarcófago atraiu a Horcrux, e essa mesma magia que a atrai a mantém presa aí dentro, como se estivesse numa espécie de campo magnético formado pela magia negra.
— O jeito é a gente abrir... — disse Ana, muito pálida. — Mesmo com a múmia aí dentro...
Ela, então, girou a chavezinha que encontrou no sarcófago. No mesmo momento, ouviram um barulho alto e chiado. Depois, de coisas se deslocando. E em seguida a camada superior do sarcófago ergueu-se aos poucos, parando inerte no ar há uns metros de altura. Eles se aproximaram, mas só viram um novo sarcófago, um pouco menor. A tampa desse novo sarcófago era um trabalho de ourivesaria e marchetaria maravilhoso. Havia incrustada a imagem de Anksunamon, como acontecia com os sarcófagos dos faraós. Ana girou outra chavezinha, e essa nova tampa deslocou-se e levitou, como a primeira. E assim aconteceu três vezes, sendo que cada nova tampa era mais rica e perfeita que a anterior. Então, não havia mais tampas. Uma veste esplêndida de tecido fiado com fios de ouro e prata cobria o corpo magro e conservado com faixas de linho, resina e formol. Sobre o rosto, uma máscara deslumbrante e pesada, com o formato do antigo — e formoso — rosto da importante amante real. Era a múmia. Sobre o magro peito, pesadas jóias cintilavam, e seus braços cruzados também estavam cheios de jóias. No peito, sobre um incrível e pesado colar de fileiras de várias pedras preciosas diferentes e enormes, jazia o Medalhão de Slytherin.
— Isso! — gritou Harry, dando um soco no ar. Então, sem medo nem repugnância, apenas com vontade de pegar logo aquilo e destruir, ele pegou o Medalhão e o puxou. A corrente fina de prata se rompeu e ele trouxe para perto o Medalhão de prata com a serpente da Sonserina em alto-relevo.
Os outros o olharam, sorrindo e impressionados com a coragem de Harry de enfiar a mão dentro de um sarcófago e arrancar uma corrente do pescoço de uma múmia de milênios de idade. Mas então, todos ficaram sérios. Mais que isso, aterrorizados. As estátuas dos guerreiros de ouro passaram a se mover. Elas se desprenderam das plataformas onde estavam fixadas e começaram a andar na direção deles.
— Profanadores... — murmurou Ana. — Harry, somos profanadores do túmulo sagrado de Anksunamon! Despertamos a ira divina! Ou ao menos os feitiços guardados há milênios contra profanadores de túmulos...
Eles recuaram, indo em direção às escadas que tinham descido para o interior da câmara mortuária. Entretanto, o barulho de um golpe de ar e de uma retumbante batida lhes indicou que a porta acabara de ser fechada. Harry, como único que tinha como se defender, ficou na frente dos amigos, que tinham sacrificado suas varinhas para chegarem até ali. Ele lançava feitiços contra as estátuas moventes, mas eles apenas ricocheteavam no material duro de que eram feitas. Suas mãos seguravam imensas e afiadas lanças e espadas na direção deles, movendo-as de forma ameaçadora.
— Mas o que eu posso fazer? Como derrotá-las? Só teria um jeito se destruísse o bruxo que as fez, que armazenou nelas esse feitiço... Mas como?!
Hermione arregalou os olhos e ficou paralisada.
— Mas é claro! Harry, o bruxo que as enfeitiçou deve ter sido a própria Anksunamon, quando viva, pensando na profanação do lugar onde esperaria pela vida eterna! Ela fez suas armadilhas pensando em acabar tanto com trouxas quanto com bruxos... Trouxas, porque não teriam a mínima condição de vencer armadilhas que precisariam de varinhas mágicas; bruxos, talvez pensando na dificuldade de desvendar os enigmas ou então imaginando que os que conseguiam chegariam à câmara mortuária sem poder se defender, por terem deixado suas varinhas pelo caminho, e caso o grupo fosse grande, chegaria à câmara bastante desfalcado, com poucas varinhas para defender muitas pessoas. A múmia, Harry, destrua a múmia!
Ele, desesperado, olhou para o sarcófago, que estava há uma boa distância agora, e para as estátuas, que já estavam perto demais. Era um dilema. Protegeria os amigos ou destruiria a múmia de Anksunamon?
— Mas... e vocês? O que faço?!
— A gente dá um jeito, Harry, corre, destrói a múmia, senão aí é que não vai haver jeito algum de a gente se salvar! — gritou Rony. — Corre, cara, salva a gente!
O rosto de Harry se contorceu numa careta de indecisão, mas ele logo cerrou os dentes, determinado, e correu em direção ao sarcófago, desviando-se de uma das estátuas que passou a persegui-lo. Rony, Hermione e Ana também começaram a correr, tentando fugir do alcance das demais estátuas.
Harry lançou o Feitiço Bombarda no sarcófago, que o fez, junto com a múmia, explodir, mas nada aconteceu com as estátuas, que continuavam firmes e fortes como sempre. Ele ficou confuso e desesperado, mas logo percebeu que explodir a múmia não acabava com ela. Apenas se destruísse todos e cada pedaço seu poderia acabar com aquele feitiço. Então, lembrou de um feitiço perigoso e potente que aprendera no livro raro e proibido que Hermione encontrara no Mercado Negro da Travessa do Tranco, Magia Antiga Muy Poderosa. Apontando a varinha para todos os destroços do sarcófago e da múmia que via, gritou:
— Fogomaldito!
Uma imensa labareda de um fogo forte, mágico e poderoso que ora tomava a forma de um dragão, ora de um leão e de outras bestas poderosas irrompeu de sua varinha. Essa chama, se usada por pessoas que não tinham aprendido a controlá-la, se descontrolava facilmente, saindo da varinha a ponto de queimar tudo o que encontrasse, inclusive quem lançou o feitiço, mas Harry sabia dominá-la, mantendo-a sob rédeas curtas. Com movimentos de sua varinha fez queimar até desaparecer todos os pedaços da múmia que encontrava. Lembrando que o Fogomaldito era uma das substâncias mais poderosas que existiam, Harry lançou a Horcrux no meio das imensas e ardentes labaredas. Quase na mesma hora ouviu-se um lamento de dor enquanto o Medalhão explodia.
Enquanto isso se passava, Ana, Rony e Mione corriam desesperados pela sala atravancada. Certo momento, Rony tropeçou e caiu no chão. Uma das estátuas estava muito próxima dele. Rony sabia muito bem que não ia ter tempo de se levantar. Fechou os olhos, aguardando seu destino.
— Não!
Era a voz de Hermione. Ele abriu os olhos, em pânico, e a viu na sua frente, os braços abertos, disposta a morrer por ele, morrer para salvar a sua vida.
— Mione, não! — gritou bem na hora em que a estátua erguia a sua lança e começava a movê-la na direção do peito de Mione. Justo quando a ponta da lança estava a três centímetros do peito da garota, a estátua se paralisou. Harry agira bem a tempo. De repente, todas as estátuas se imobilizaram, perdendo seu poder. Soltas dos pedestais que as mantinham presas ao solo, se desequilibraram. Rony, prevendo o que aconteceria, empurrou Mione para o lado, pondo-se sobre o seu corpo. A estátua caiu de frente, a lança se espetando no chão bem no lugar onde segundos antes ele e Mione estavam.
Harry veio correndo até eles, um grande sorriso no rosto. Matara dois coelhos com uma só cajadada, como dizia o ditado, bloqueando o feitiço antigo que fazia as estátuas atacarem e destruindo a Horcrux. Hermione e Rony se sentaram, as respirações ofegantes, pálidos com o susto que tinham acabado de passar, e Ana também veio para perto, muito nervosa, mas com um sorriso trêmulo nos lábios.
— Você conseguiu, Harry! Conseguiu! — ela disse pulando no pescoço do rapaz, que a abraçou meio sem jeito. — E a Horcrux, onde está?
Abrindo um sorriso muito amplo, Harry disse:
— Aproveitei! Nem me lembrava mais desse feitiço, mas quando me lembrei, recordei que o Fogomaldito é capaz de destruir as substâncias mais perigosas e maléficas que existem! Destruí a Horcrux!
Rony e Mione se levantaram sorrindo e se abraçando, esquecidos já da rusga passada na sala da armadilha do teto. De repente, ouviram uma série de estrondos. Pedaços pequenos de estuque e pó começaram a cair em suas cabeças e eles olharam para cima, alarmados. Logo pedaços grandes caiam, e eles então perceberam o que acontecia; a pirâmide, agora que fora profanada em seu grau máximo — a destruição de sua múmia — estava desmoronando. Talvez uma última armadilha bem pensada como uma vingança contra profanadores que conseguissem destruir a tumba.
— Vamos, pessoal! “S’embora” daqui! — gritou Harry, que corria em direção às escadas e à porta da câmara mortuária, já lançando um feitiço que abriu as portas fechadas. O remoinho não tornou a aparecer. Com a destruição da múmia, todos os feitiços de defesa tinham também se extinguido. Ao passar pela sala, Rony recuperou a sua varinha, e os demais viram que tinham a possibilidade de recuperar as suas, os que os encheu com um momentâneo alívio. Corriam em ziguezague, tentando se desviar dos pedaços de estuque e pedras que choviam sobre eles. Passaram pela sala da armadilha no teto se curvando, para não baterem as cabeças nas pequenas lanças de metal que dele saiam. E puderam correr sem problema pelo longo corredor que disparava lanças, pisando nos ladrilhos dourados sem problema, pois não havia mais feitiços para manter as armadilhas. Hermione e Ana puderam recuperar as suas varinhas, e continuaram a correr pelo corredor das paredes de hieróglifos, rumo à saída.
Lá fora, estava anoitecendo. No horizonte, o pôr-do-sol era magnífico, de uma coloração deslumbrante, cheia de todos os matizes do dourado, amarelo, laranja, rosa, vermelho e púrpura, um verdadeiro festival de cores. Mas eles não prestaram atenção àquela maravilha da natureza. Estavam preocupados em se salvar, pois nada que estivesse por perto da pirâmide quando ela desabasse, como Tarek e seu tapete mágico, ficaria de pé.
Tarek estava lá fora, olhando assustado para a pirâmide, que fazia ruídos fortes e muito altos. Mas apesar disso a expressão dele estava relaxada e saudável como Harry e os outros não tinham visto. Quando o professor os olhou vindo correndo para o tapete, seu rosto se iluminou num sorriso, pois duvidara que eles sairiam lá de dentro, como centenas de outros bruxos e trouxas que tinham tentado em milênios de existência. E sorria também porque sentia a quebra da maligna influência do Medalhão sobre ele.
— E então, garotos, vocês consegui...
Mas Harry o cortou, dizendo, afobado e ofegante enquanto os quatro subiam no tapete.
— Agora não, professor! Depois! Sobe logo e sai daqui, a pirâmide vai desmoronar e com ela todos nós se a gente não sair logo daqui!
Percebendo o alarme nos rostos de todos, Tarek não fez mais perguntas por mais que ardesse sua curiosidade. Subindo no tapete, partiu como um raio em direção ao glorioso horizonte com seu pôr-do-sol único enquanto, atrás deles, uma pirâmide quase inviolável desmoronava até não sobrar pedra sobre pedra.
***
Na casa ampla de Tarek, Hermione não conseguia dormir. Ela sofria pelo que tinha dito a Rony naquele dia. Ela não sabia por que, mas sempre estragava tudo. Mesmo tendo sido capaz de dar sua vida por ele, sentia que ainda não era o bastante para pagar por todas as coisas ruins que ela já dissera a ele. Enervada, ela se levantou e foi até o corredor onde os quartos se situavam. Ele dava para um pátio com uma fonte, e era rodeado por um parapeito. Ela se recostou contra ele, olhando a lua. Então se virou de costas, apoiando-as na fria pedra. Qual não foi sua surpresa quando viu, a uma certa distância, perdido em pensamentos, Rony. Seu rosto estava banhado pelo luar.
Hermione sentiu que precisava falar com ele. Ora, ela tinha que pedir desculpas, mil vezes se fosse possível! E mesmo assim ela sentia que ainda seria pouco. Temerosa do que ele pudesse lhe falar, ela caminhou até ele, silenciosa. Quando chegou perto, aspirou o cheiro que mais gostava em todo o mundo: o perfume dos cabelos de Rony, tão único. Hesitante, ergueu uma mão, tocando uma das mechas ruivas que, àquele tipo de iluminação, ficavam de um cobre escuro, quase castanho.
─ Rony... ─ ela sussurrou. Sobressaltando-se, o rapaz se voltou para ela, uma mão pressionando o peito.
─ Mione... Quer me matar de susto? ─ ele murmurou, segurando cuidadosamente a outra mão dela e a levando ao seu rosto. Hermione abriu a palma e a deslizou pelo rosto dele, afagando-o. Rony fechou os olhos e virou levemente o rosto, beijando a pele macia.
Hermione estremeceu. Ele estava sendo tão terno, tão sensível. Aquilo não era normal para ele. No passado, ela sempre dissera que ele tinha a sensibilidade de um legume, mas não podia negar, seu namorado estava realmente amadurecendo. Sentindo-se ainda mais mal, ela fechou os olhos e duas lágrimas escorreram de sob suas pálpebras fechadas.
─ Por que está chorando? ─ Rony sussurrou, deslizando um dedo por uma lágrima. Ela estremeceu.
─ Estou... decepcionada comigo mesma. Pela forma como te tratei hoje. Eu... não te mereço, Ron... Nossa, eu sempre meto os pés pelas mãos. Como você pode aguentar namorar uma pessoa tão difícil como eu? Não entendo. Eu sempre te magoo, Rony!
Soluçando, ela se virou de costas para ele. Rony a abraçou por trás.
─ Não vou negar que, sim, é verdade, você não sabe, muitas vezes, o momento de ficar coma boca fechada, e precisa aprender a usar as palavras. Mas você também é tão incrível tantas e tantas vezes! Como hoje mesmo. Para mim, querida, você se redimiu totalmente do que me disse, com sua estúpida tentativa de me salvar ─ ele a virou com força para ele, e em seu rosto havia uma miríade de emoções turbulentas. Ele grunhiu, os olhos ferozes ─ Tentativa realmente estúpida! Como pôde fazer aquilo comigo?! Se arriscar daquele jeito?! Até agora eu tenho ganas de te estrangular! ─ as mãos dele passaram aos ombros dela, sacudindo-os. ─ Hermione, se eu tivesse te perdido, eu preferiria ter morrido!
Apesar dos ombros sacudidos, ela sorriu. Adorava quando Rony ficava protetor daquele jeito. Ele logo parou de sacudi-la e a puxou para perto de si, abraçando-a forte. Hermione encostou seu rosto no peito dele, aspirando seu cheiro, deleitando-se com a sensação macia da flanela de sua blusa. A noite estava fria, como normalmente acontecia naquele lugar, que tinha grandes variações de temperatura entre a noite e o dia. Para esquentar as mãos geladas, ela as enfiou sob a blusa de Rony, sentindo o calor da pele dele. Rony, a princípio, sobressaltou-se com o choque térmico, mas logo ele gemeu ao sentir a delícia do toque de sua amada em sua pele nua.
Hermione lambeu os lábios. Precisava tanto de Rony naquele momento! Ela jamais permitira que as coisas entre eles ultrapassassem certo limite. No íntimo, porque tinha medo. Mas agora, tinha vontade de jogar tudo para o ar. Precisava se sentir mais íntima do homem que amava. Ficando na ponta dos pés, Hermione traçou os lábios de Rony com sua língua. Sempre amava sentir a doçura de seus lábios vermelhos.
Os braços de Rony se tensionaram em torno dela.
─ Rony... eu... ─ ela ficou rubra ─ Eu te quero. Não posso mais... esperar.
No mesmo instante ela sentiu contra seu ventre a prova rija do desejo de Rony ante aquelas palavras. Ele fechou os olhos e apoiou a cabeça contra um dos pilares que haviam em intervalos por toda a amurada.
─ Não sabe há quanto tempo esperei você dizer isso. Já estava ficando... louco. Mas nunca te forçaria ou induziria. Queria que você me escolhesse. Quando chegasse seu momento. Eu, desde sempre, já estou preparado.
Hermione deu um beijo úmido no pescoço exposto de Rony, que se arrepiou inteiro e gemeu. Mais rubra ainda, mas tentando ser ousada, ela disse, sua voz maliciosa:
─ Ah, mas eu sinto quanto você está preparado...
Os olhos azuis de Rony se abriram de repente. Cada um dos três estava ocupando um quarto na ampla casa de Tarek. Rony pegou Hermione nos braços e a levou ao quarto em que estava dormindo. Fechou a porta atrás dele e a levou até a grande cama cheia de véus e almofadas, depositando-a no centro. Então ficou ali parado, apenas olhando-a, durante vários e longos minutos, e com tanta intensidade que fez Hermione se sentir incômoda.
─ O... o que foi?
─ Estava apenas te admirando. Você é tão, tão linda, Mione!
Ela corou ainda mais.
─ Você é cego...
─ Não... ─ ele disse, apoiando um joelho na cama e se inclinando sobre ela, para então beijá-la intensamente, num beijo ardente que cortou o fôlego dos dois. Ela enlaçou-o pelos ombros largos e o puxou, de modo que ele desabou sobre ela.
Rony não se fez de rogado. Ele sentia a paixão explodir entre eles, e sabia que não ia conseguir ser muito delicado, não tinha... experiência. Precisava confessar algo a Hermione.
Rubro, os olhos fechados, ele disse:
─ Preciso te dizer uma coisa... Eu... eu não... Droga! Eu sou... eu sou virgem!
Ela abriu os olhos, surpresa.
─ Mas... e Lilá?
─ Jamais consegui ir mais além com ela... porque eu só pensava em você! Eu... queria que minha primeira vez fosse com você!
Ela sorriu, emocionada.
─ Comigo é o mesmo...
─ E o... Victor? ─ ele grunhiu o nome.
─ Jamais tive algo mais sério com ele. Naquela época eu já te amava!
─ Então... nós vamos aprender juntos.
No começo, foi uma profusão de toques experimentais. Os dois tiraram as roupas um do outro, aproveitando para sentir seus corpos excitados a cada momento. As mãos trêmulas faziam carícias ora suaves, ora ousadas, ou tímidas. Lentamente cada um aprendeu sobre o corpo do outro, descobrindo seus lugares mais sensíveis e as formas mais deliciosas de provocá-los. Logo os lábios substituíram as mãos, e as carícias molhadas eram ainda mais excitantes. Hermione lamuriava de prazer com os lábios suaves, carnudos e vermelhos de Rony, que deslizavam por toda sua pele, fazendo um caminho que começava em seus lábios, percorria o pescoço, ombros e colo, deslizava pelos seios e descia pelo ventre a baixo. Por sua vez, Rony se arrepiava e grunhia quando ela fazia o mesmo caminho pelo corpo dele, sentindo cada uma das sardas em seu corpo, o caminho de cada veia e músculo.
Sentindo seu corpo inteiro arder, Rony, deitado de lado, abraçou e puxou o corpo de Hermione contra o seu. Seu corpo todo estava tenso, seus olhos, enevoados.
─ Me desculpe, Mione, mas eu não posso mais esperar... eu cheguei ao meu limite... ─ dizendo isso, ele ficou de costas e a trouxe para cima de seu corpo. Hermione mal teve tempo de murmurar de surpresa e já o sentia dentro de si. E foi tão natural e fácil que ela ficou surpresa e pensando no quanto seus temores tinham sido infundados.
As sensações, misto de leve dor, amor, alegria, excitação e muito prazer os dominavam totalmente. Apenas os instintos e o amor que sentiam um pelo outro os guiavam naquela busca que era quase desconhecida. O prazer máximo chegou para eles, então, de uma forma totalmente mágica. Hermione se retesou sobre o corpo de Rony, soltando um grito rouco, seu corpo se arqueando. Rony segurou os lençóis com força, tensionando seu corpo, mordendo seu lábio inferior.
─ Amo você, Hermione Jane...
─ Também te amo, Rony Bil...
Rapidamente Rony se ergueu, sentando-se com ela em seu colo, e a beijou, impedindo-a de falar seu famigerado segundo nome. Sorriu e disse:
─ Jamais fale um palavrão assim!
Hermione riu e enlaçou os ombros dele, aconchegando-se ao seu corpo.
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Respostas aos Comentários:
Raissa Rochadel: Realmente, o Dunga é muito ordinário! Viu, fingindo estar doente para não ter de trabalhar! Só quer saber de vida e grana fácil, esse rato!
É, eu não quis mudar essa parte, colocar outra pessoa para ser o RAB. Para mim estava bem sendo o Régulos, e foi bom, deu um tempo pros meninos descansarem, nossa, foi correria demais nos capítulos anteriores, e agora nesse, nem se fala, e nos próximos também!
Ah, feliz aniversário super, hiper, mega atrasado, e me desculpa novamente, me enganei, é que tem uma outra menina, a Hannah, que sempre me manda comentários mais longos e que prestam, como os seus. Mas tudo bem, você já aceitou as desculpas!! Rsrsrs bjs
Ayla Teresa: Dunga é simplesmente a mais completa escória, Ayla! Engraçado, ele é tão nojento, que toda vez que leio sobre ele a imagem do Rabicho sempre me vem à mente, acho que os dois deveriam ser irmãos. Sim, a horcrux estava longe, mas nossos heróis como sempre deram conta do recado, e fala sério, dessa vez foi demais, né? Aventura, ação, tudo de bom! E, como você disse que queria, algo “mara”, uma cena entre dois de nossos heróis favoritos! Bjs
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Pessoal, até o próximo, que demorará mais ou menos, dependendo da aprovação ao capítulo (em outras palavras, comentários!)!
Beijos,
Ana Christie
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