Surpresas e Assombros
Olá, pessoal! Finalmente apareço com um novo capítulo. Enfim a linda bruxinha loira que não sabe nada sobre o mundo mágico entra em cena novamente. Espero que gostem. E, por favor, comentem! Não sabem o quanto isso é importante para um autor. Ah, ao menos me deem comentário de presente, meu aniversário é nessa segunda-feira, dia 26/10! Parabéns para mim!!!!
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Surpresas e Assombros
Ana Christie e Aberforth passaram ainda alguns dias no Brasil. Ela tinha muitas coisas a resolver antes de se mudar definitivamente para a Inglaterra. Após os funerais de seus pais (não fora descoberta a causa mortis pelos trouxas, que não abriram inquérito), através da magia de Aberforth, conseguiram de maneira rápida o visto para ela morar na Inglaterra. Em seguida, ela vendeu o imóvel onde se situava a casa e o antiquário dos pais, bem como o negócio. Enquanto tudo isso se passava, estavam hospedados numa hospedaria para bruxos, e Ana estava encantada, mas ao mesmo tempo assustada com o mundo da magia. Era tudo tão diferente da sua vida anterior, com a qual estava acostumada!
Ao chegar perto da hora de viajar, Aberforth a levou à filial do Gringotes, o banco dos bruxos, que ficava na cidade do Rio de Janeiro. Ficava num prédio abandonado ao qual nunca prestara atenção. Por fora, parecia estar em ruínas, mas por dentro! Era incrível... Enquanto caminhavam, seres pequeninos e de cara mal-humorada, que seu padrinho dissera serem duendes, passavam apressados.
— Esse é o banco dos bruxos, Ana. Aqui você poderá trocar o seu dinheiro trouxa por dinheiro de bruxo.
— Quer dizer que é preciso dinheiro no mundo em que a magia impera? — ela perguntou surpresa.
— Mas é claro! Não usamos a magia para conjurar moedas, nem temos um feitiço para isso. Se fosse assim, o nosso dinheiro não iria valer nada, iria se desvalorizar e a inflação subiria muito. Há algumas coisas que não podem ser conjurados por magia, sofrem uma restrição, como comida, e dinheiro é uma delas, isso está de acordo com a Lei Elementar de Transfiguração de Gamp, que tem cinco exceções em relação a Feitiços e Transfiguração.
Chegaram até um balcão em que um duende de cara fechada anotava algo num grande livro. Ele tinha orelhas grandes e pontudas, nariz enorme e batatudo e um rosto cheio de rugas.
— O que desejam? – resmungou.
— Minha afilhada deseja trocar dinheiro de trouxa por dinheiro bruxo.
— Apresente-me a quantia.
Ana pôs uma pequena maleta que continha alguns milhares de reais em cédulas de cem e cinqüenta.
O duende conferiu e mandou outro trazer de um cofre em sacos o valor em dinheiro de bruxo.
— Aqui estão 50 mil galeões, 15 sicles e 25 nuques.
— Um bom dinheiro, Ana! Vai te ajudar muito num país desconhecido. Eu poderei te ceder minha casa e alimentação, mas para o resto, receio não ter condições. Assim, você estará provida até conseguir alguma colocação no nosso mundo.
— Obrigada, Aberforth.
— Ah, quando chegarmos à Londres, a primeira coisa que vamos fazer será irmos às compras. Você precisa de algumas coisas urgentes.
— Tudo bem...
Estavam saindo do Gringotes. Era quase onze horas da manhã, a hora marcada para a viagem.
— Como vamos viajar, de navio ou de avião?
— Como? O que é um avião?
— Você não conhece um avião?! Como viajaremos, então? O avião é uma máquina feita pelos trouxas que voa e nos leva aonde queremos ir. Parece um pássaro gigante de metal.
— Ah, eu já vi! Só não sabia o que eram e para que serviam... Nós, bruxos, podemos viajar de várias maneiras. A principal delas é a aparatação, mas você não pode fazer antes de ter feito o curso e o teste. Na aparatação, nós sumimos de um lugar e aparecemos no que queremos. Poderia te levar, mas não quero correr o risco que você estrunche, ou seja, deixe alguma parte do corpo para trás.
— Incrível, essa aparatação! — Ana estava de olhos arregalados.
— Antigamente podíamos viajar de tapetes mágicos, mas eles foram proibidos na Europa. Viajamos através de vassouras voadoras, pela Rede de Flu, que são lareiras interligadas, e por Chaves de Portal. É através dessa que viajaremos.
— Chave de Portal?
— Sim. São objetos mágicos que abrem um caminho entre dois lugares específicos numa hora específica. Nós vamos através de Chave de Portal.
— Muito interessante... Ei, eu vou poder usar varinha como você? Ou terei que freqüentar aulas?
— Eu darei aulas a você, pelo menos os feitiços mais simples e necessários. Entretanto, se você quiser ter uma profissão, terá de se formar. Talvez possa se matricular para um curso intensivo que permitirá que se forme na metade do tempo, ou fazer provas supletivas.
— Interessante... Eu tenho dezenove anos, mas é como se, no seu... quer dizer, no nosso mundo, eu fosse ainda uma criança. Nada sei...
— Mas não se preocupe! Aprenderá tudo! Soube por fontes seguras que você sempre foi uma pessoa mais inteligente que o normal.
Ela corou.
— Na verdade eu sou superdotada, mas meu potencial só pode ser explorado quando meus pais adotivos me pegaram para criar, aos 14 anos... Nessa idade eu tinha terminado o segundo ano do Ensino Médio, quando tinha potencial para já estar cursando uma faculdade, que foi o que eu fiz assim que meus pais me adotaram. Eles reconheceram meu potencial e fizeram de tudo até eu terminar o terceiro ano mais cedo, de modo que aos princípios dos meus 15 anos eu entrei para a faculdade de História, a qual cursei em dois anos e meio. Atualmente eu estava fazendo mestrado em Egiptologia, uma espécie de pós-graduação que os trouxas têm, faltava apenas meio ano para eu terminar.
— Nossa, você vai se dar muito bem nos estudos bruxos... Não fica triste por não terminar seus estudos trouxas?
Ela riu.
— Nem um pouco. Apesar de eu gostar do assunto, jamais me senti pertencente a lugar algum, a povo algum... Agora sei por quê. Não pertenço mesmo àquele mundo. Tenho que conhecer meu verdadeiro mundo.
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Faltavam poucos minutos para as onze horas, o momento da partida. Aberforth marcara àquela hora, por que assim, por causa da diferença de fusos horários, chegariam a Londres às duas da tarde. Eles estavam numa das lindas praias cariocas, num lugar particularmente deserto. Ana olhou com tristeza e alegria ao mesmo tempo o ambiente tão bonito. Sentiria saudades daquele lugar que era o único que conhecia, e que ganhava em beleza de todas as praias européias.
— Bem, minha querida, vamos?
— S-sim... Como faço?
Na frente dos dois estava um casquito de sorvete.
— Bem, vamos tocar e esperar.
Os dois tocaram no casquito. Ana estava se sentindo meio maluca. Aquilo não podia ser realidade! Entretanto, ao sentir como se um gancho imaginário a puxasse pelo estômago para cima, acreditou. Sentia-se rodopiar e seus dedos pareciam grudados naquele objeto. Logo sentiu enjôo.
De repente, caiu no chão.
— Ai!
Sentou-se e pôs a mão na testa. Olhou em volta. Logo Aberforth apareceu, caindo suavemente em pé. Ela se levantou. Será que algum dia cairia daquele jeito?
— E aí, Ana, como você está? A primeira viagem de Chave de Portal geralmente nunca é boa!
— Eu estou bem... Onde estamos?
— Ora, onde mais? Em Londres, minha cara!
Ana olhou em volta. Estavam num parque muito bonito. No ar se sentia a diferença. O dia estava claro e bonito, mas as cores não tinham a mesma intensidade das do Brasil, além de o clima ser diferente, mesmo percebendo que devia ser verão. Incrível! Nunca imaginara que um dia iria à Europa, pois seus pais, apesar de terem sido arqueólogos e donos de um antiquário, não tinham sido ricos.
— Irado! Aonde vamos agora, Aberforth?
— Ao Beco Diagonal. Venha, temos uma boa caminhada pela frente.
Os dois caminharam bastante. Ana estava muito feliz, afinal, pela primeira vez via um país que há tanto tempo queria conhecer. A cidade de Londres era linda! Havia muitos parques e bulevares, que eram cheios de árvores de clima temperado. Ao longe, ela via o Big Ben, o relógio mais famoso do mundo, e a “Câmara dos Lords”. O rio Tâmisa corria por perto, e percebia-se, ao longe, a famosa “Tower Bridge”. Logo entraram numa rua e Aberforth a fez se voltar para uma das calçadas. Na parede, espremida entre duas portas, estava uma porta velha e com uma placa de madeira e metal desgastada que trazia a inscrição “O Caldeirão Furado”.
— Vamos, Ana.
— Que lugar é esse, Aberforth?
— É o bar bruxo mais famoso de Londres. Por ele, nós chegamos ao Beco Diagonal.
Ambos entraram no Caldeirão Furado. Ana se impressionou. Todos se calaram ao ver os dois no interior do bar. Admirada, ela via pessoas vestidas da mesma maneira estranha de Aberforth e Pedro Pettigrew, que moviam colheres sem encostar as mãos, comiam enquanto liam livros que pairavam no ar diante seus olhos. No bar, o barman não usava as mãos para limpar o balcão, um pano limpava para ele. Todos os olhavam com os olhos tão arregalados que ela se assustou. Aproximou-se mais de Aberforth e murmurou:
— O que está acontecendo? Por que estão nos olhando dessa maneira?
Logo alguém falou:
— Alvo Dumbledore? Não é possível!
Ana se lembrou que aquele fora o nome pelo qual Rabicho chamara Aberforth. Afinal, quem era esse tal de Alvo Dumbledore, qual sua importância? Parecia ter muita...
Os murmúrios aumentaram, e algumas pessoas chegaram a se levantar para ir até eles. Aberforth, bem humorado, falou:
— Será que a idade me fez ficar tão parecido assim com meu velho irmão? Sou mais novo que ele...
Todos ficaram impressionados. Irmão?
Um bruxo, Tom, o barman do bar, falou, a voz descrente:
— Você deve ser Alvo Dumbledore! Aposto que não morreu, fez aquilo tudo porque tinha um propósito em mente.
Aberforth riu.
— Tenham certeza de que não sou Alvo. Sou o irmão do Alvo, não estão me reconhecendo? Sou Aberforth!
Todos murmuraram, espantados. Aberforth Dumbledore havia sumido há muito tempo, anos, na verdade. Todos achavam que devia ter morrido.
— Estou vivo... Vivi por muito tempo tentando encontrar a herdeira de Gryffindor, e assim, limpar o meu nome. Vocês devem se lembrar de que fui acusado de fazer feitiços com bodes e de ser simpatizante com as forças das trevas, o que não era verdade. E a encontrei, finalmente. Encontrei a descendente direta de Gryffindor, de Morgana, e do grande Merlin. Ela está aqui!
Aberforth tocou no ombro de Ana. Ela estava tremendo de medo e emoção. Todos a olhavam com ar de espanto, admiração e até adoração. Um bruxo se aproximou, a mão estendida.
— Sinto-me honrado em poder conhecer uma descendente direta do maior bruxo que já existiu em todos os tempos!
Uma bruxinha mirrada e idosa falou, timidamente:
— É uma grande alegria saber que a filha de minha grande amiga, Morgana Gryffindor, está viva.
Praticamente todos os bruxos presentes no Caldeirão Furado foram cumprimentar Ana Christie, que sentia emoções nunca sentidas antes. Só nesse momento, rodeada por seu povo, sentia-se em casa, sentia-se num lar. Mesmo sempre tendo vivido no Brasil, nunca se sentira como se pertencesse a ele, apesar de amá-lo. Só agora não se sentia estranha, como se fosse diferente de todas as pessoas à sua volta. Agora ela estava entre os seus, e a sensação era muito boa. Aquelas pessoas pareciam gostar muito dela, e pela primeira vez na vida ela não era censurada, ao contrário, parecia ter, para aquelas pessoas, a mesma popularidade que outras tantas meninas que conhecera na vida tiveram e que ela queria tanto para si.
— Bem, agora me desculpem, nós não podemos mais ficar aqui. Temos que ir ao Beco Diagonal. Eu só parei porque achei que vocês mereciam saber que ela estava viva, que o Lord das Trevas não conseguiu matar aquela que é a descendente de Merlin. E também porque, assim, vocês iam perceber quem é, na verdade, Aberforth Dumbledore, um bruxo que não é o traidor que todos pensavam e que é digno de ter um irmão como Alvo Dumbledore. Até mais.
Ele levou Ana consigo até a porta dos fundos do bar. Ela olhou para trás e, numa parede mal iluminada, viu um homem com capuz negro que parecia olhá-la atentamente. Suas feições macilentas eram tão sinistras que Ana sentiu um arrepio. Aproximou-se mais de Aberforth, que lhe passava uma sensação de segurança. Pararam em frente a uma parede de tijolos.
— Bem, minha filha, o que achou de ter tanto reconhecimento?
Os olhos da moça brilharam.
— Foi uma sensação inesquecível! Nunca tive amigos, pois todos me achavam estranha. Agora, entre os meus, me sinto muito bem! Ninguém mais me despreza, ao contrário. Para os trouxas, eu era a moça estranha; para os bruxos, sou alguém importante! Isso é bom... Ei, Aberforth, quem era aquele homem de capuz que estava lá dentro? Tinha um olhar tão estranho...
— Homem de capuz? — ele perguntou, interessado.
— Sim. Era um homem de cara macilenta, sabe, magro e com olhar vidrado. Não senti nada de bom ao olhar para ele.
Aberforth preferiu ficar calado e não assustar Ana, mas imaginava que aquele homem deveria ser um espião de Voldemort. O Lord das Trevas com certeza deveria saber que Ana e Aberforth teriam que vir de qualquer jeito ao Beco Diagonal. Era um fato ruim, mas ele sabia que os dois eram previsíveis demais. Desde que Rabicho voltara ao seu Lord sem o Amuleto, alguém deveria se manter no Caldeirão, espionando. Aberforth, entretanto, não se arrependia de mostrar Ana a todos, pois não podiam viver para sempre escondidos. Tinham que se manter atentos, mas não ser covardes.
— Não se preocupe, minha menina. Bem, vamos ao Beco?
— Mas... eu não estou vendo nada! Só essa parede.
— Ainda não entendeu que no mundo da magia as coisas podem não ser o que parecem?
Ele estendeu sua varinha e tocou um tijolo da parede. Qual não foi a surpresa de Ana quando os tijolos começaram a se mover diante seus olhos e abrir uma passagem para um lugar que parecia pertencer a outra época! A rua torta e estreita que via à sua frente era cheia de pessoas que se vestiam com as roupas e acessórios mais estranhos que ela já vira na vida. O Beco Diagonal fervilhava de gente. Nas calçadas, as pessoas se aglomeravam diante de vitrines de lojas que vendiam coisas que ela não tinha a mínima idéia de para que serviam.
Os dois começaram a andar. Havia lojas de animais que não vendiam cachorros, passarinhos e peixes, mas morcegos, ratos, corujas, sapos e gatos, aliás, o único animal que parecia ser de estimação tanto para trouxas quanto para bruxos. Garotos vibravam em frente a lojas de vassouras que deviam ser as vassouras voadoras que Aberforth já lhe falara. As lojas eram muito variadas, desde lojas de material escolar — que vendiam pergaminhos, penas e tinteiros ao invés de cadernos e canetas! — a lojas de ervas. Imperava no lugar uma estrutura imensa e torta que Ana logo reconheceu pelo nome: Gringotes. Era o banco dos bruxos, a matriz.
Com as sobrancelhas franzidas, ela notou que muitas lojas pareciam fechadas, com papéis cobrindo as vitrines, e uma delas se chamava “Olivaras”. Não era aquela a loja que Aberforth lhe falara que vendia varinhas? Se estava fechada, como ela poderia comprar a sua varinha? Já tinha percebido que um bruxo sem varinha era como um cego em tiroteio, ficava perdido. O que acontecera com os donos daquelas lojas?
— Aberforth, porque tantas lojas estão fechadas? Não só fechadas, elas parecem abandonadas! E pior, a “Olivaras” também está!
O bruxo suspirou.
— É esse o resultado da ação dos Comensais da Morte, os bruxos das trevas seguidores de Voldemort. Eles aterrorizam os bruxos de bem, os que não querem ser seus comparsas. Pior, eles matam por prazer, principalmente se o bruxo for mestiço, ou seja, fruto de uma união entre bruxo e trouxa, Nascidos-Trouxas, bruxos nascidos apenas de trouxas, ou se for o que eles chamam de “traidores do sangue”, isto é, bruxos puros-sangues que gostam de trouxas ou de mestiços. Alguns dos donos dessas lojas abandonadas foram mortos, outros estão escondidos, temerosos de mais ações dos Comensais no Beco Diagonal.
— Que coisa triste... — Ana suspirou, com pena desses bruxos assassinados e perseguidos. — Como vamos fazer para comprar minha varinha?
— Não se preocupe, Olivaras não morreu, ele está escondido, e eu sei onde. Eu mandei uma mensagem via correio-coruja para ele, falando da varinha especial que ele precisa vender — falou ele sorrindo e deixando Ana vermelha de timidez. — Mas antes vamos a Madame Malkins. Ela é a melhor costureira do Beco Diagonal.
— Vou ter de vestir essas roupas?
— Pode vestir suas roupas de trouxa, mas precisa de algumas vestes bruxas para os momentos em que precisar ir até o Ministério da Magia, ou a um evento bruxo qualquer. Você vai ter de tentar fazer um curso rápido, ou ao menos estudar e fazer provas para se formar em magia, e na hora de ir fazer uma prova, ou procurar um emprego, qualquer coisa relacionada ao nosso mundo, é bom se vestir como um de nós.
— Tudo bem.
Ela o acompanhou de bom grado, pois, bruxa ou trouxa, qual a mulher que não gosta de comprar ou mandar fazer roupas? A loja, Roupas para todas as Ocasiões, era muito bonita e percebia-se o quanto o ambiente era de bom gosto. Uma mulher sorridente os atendeu. Quando os viu, empalideceu.
— Aberforth?!
Ele sorriu.
— Você foi a única, Patrícia, que me reconheceu.
Ana Christie logo percebeu que havia, ou houvera, algo entre os dois. A mulher o olhava com adoração e saudade. Aberforth sorria com ternura nos olhos. Foi até ela, tomou-lhe a mão e levou-a aos lábios, cavalheirescamente a beijando.
— Seja bem vindo de volta, filho pródigo!
— É um prazer revê-la, Patrícia. Ana, aproxime-se. Quero que conheça Patrícia Malkins.
Timidamente, Ana foi até os dois.
— Patrícia, minha querida, minha missão foi cumprida.
Madame Malkins arregalou os olhos.
— Quer dizer que você finalmente encontrou a...
— Sim. Quem eu procurava há tanto tempo. Essa é Ana Christie de Carvalho, descendente de Merlin, Gryffindor e Morgana, a filha de nossos amigos assassinados por aquele... — Aberforth estremeceu, visivelmente emocionado. — Aquele monstro.
Madame Malkins sorriu para Ana.
— Eu gostava muito da sua mãe. E você é idêntica a ela. Tão linda quanto.
Ana, emocionada, sorriu e falou:
— Obrigada... Eu não conheci meus pais verdadeiros. Na verdade, nem sabia que eu era uma bruxa, ou que a magia existia. É um prazer conhecê-la, Madame Malkins.
— Me chame de Patrícia, era assim que sua mãe me chamava.
— Tudo bem... Patrícia.
Aberforth saiu e, enquanto isso, Madame Malkins tirou as medidas de Ana e com auxílio de magia, costurou as suas vestes novas rapidamente. Enquanto isso, conversaram muito, e Ana pôde saber muito sobre seus pais, o quanto eles eram pessoas boas e corajosas, que combateram enquanto puderam o Lord das Trevas e seus seguidores.
Quando Aberforth chegou, os três conversaram mais um pouco enquanto tomavam chá com bolinhos. Depois da promessa de virem de novo visitá-la, Ana e Aberforth despediram-se de Madame Malkins e saíram da loja. Foram, então, às “Floreios & Borrões”, a livraria bruxa, onde compraram uns livros que auxiliariam Ana nos seus estudos sobre magia e que a ajudariam a fazer um exame e a ensinariam a praticar feitiços; à “Botica”, onde compraram material para ajudá-la nos estudos sobre Poções. Compraram também material para escrita, estudos astronômicos e aritimânticos. Na loja de animais, ela decidiu comprar uma coruja, pois, além de ser um animal de estimação, ela lhe possibilitaria enviar cartas. Ana só não quis comprar uma vassoura, pois não gostaria, pelo menos por enquanto, de experimentar aquele tipo de transporte tão “diferente”. Munidos de todas as compras, os dois foram, então, ao andar de cima de uma loja numa rua muito sombria, cheia de bruxos mal-encarados. Aberforth lhe disse que se chamava Travessa do Tranco, e que nessa rua eram onde se encontrava todos os materiais possíveis para se praticar as artes das trevas.
— Para onde estamos indo? — ela perguntou. O corredor por onde seguiam era escuro.
— Eu marquei com Olivaras encontrá-lo aqui. Ninguém iria imaginar que ele viria justamente à Travessa do Tranco, que é um lugar onde geralmente só ficam bruxos duvidosos.
Com esse “ninguém”, Ana sabia que Aberforth estava se referindo aos Comensais da Morte e ao próprio Voldemort. O que ela não sabia, mas ele sim, era que os dois deviam estar sendo espionados, e estavam, desde que entraram na Travessa do Tranco, sob um feitiço, o Feitiço da Desilusão, feitiço usado para fazer com que as pessoas ficassem difíceis de serem notadas por outras.
Aberforth bateu numa porta e ouviram uma voz envelhecida:
— Três dragões foram ao Ministério, o que queriam lá?
Aberforth sorriu e falou:
— O Rabo-córneo queria a cabeça do Ministro, o Verde-galês, descobrir o mistério do véu do Ministério, e o Meteoro-chinês... Ai, sempre esqueço essa resposta!
A porta foi aberta e um senhor idoso de cabelos brancos e curtos e olhos azuis por trás de pequenos óculos apareceu e falou:
— O terceiro queria descobrir a Profecia dO Menino que Sobreviveu, Aberforth! Você não tem jeito!
Os dois amigos sorriram um para o outro e se abraçaram.
— Há quanto tempo, meu amigo... — falou Olivaras.
— Creio que quase vinte anos, Marcos.
Todos entraram no cômodo.
— Bem, foi difícil despistar um bruxo que estava me seguindo, Aberforth, mas consegui. E a mocinha, não vai me apresentar?
Ana sorriu ao ser chamada de mocinha. Pelo que Aberforth lhe dissera, já era adulta, para os bruxos, há dois anos.
— O seu sorriso... — murmurou Olivaras. — É igual ao do seu pai, que Deus o tenha.
Ana sorriu novamente. Simpatizara bastante com aquele senhor.
— Bem, mocinha, não temos tempo a perder! Ficar aqui não é seguro para mim. Depois nós daremos um jeito de nos encontrarmos para pormos a conversa em dia, Aberforth. Eu trouxe uma varinha só para você, Ana. E não se preocupe, através da carta que Aberforth me mandou, ele me disse seu nome. Eu trouxe só uma varinha porque tenho certeza de que apenas ela servirá. Ela é uma relíquia, a venho guardando desde muito tempo, pois sabia que um dia ela seria extremamente útil. Essa varinha pertenceu a Merlin, Ana, e também a sua mãe, Morgana — disse ele, desembrulhando uma varinha.
Ana suspirou de emoção e encantamento. A varinha era linda! De madeira lustrosa, com acabamento em ouro e esmeraldas da cor dos seus olhos.
— Uma varinha especial — murmurou Olivaras, olhando para a varinha. — Trinta e cinco centímetros, madeira de azevinho retirada da sagrada floresta dos druidas e com alma formada com a pena da fênix cujo poder se encontra nesse seu Amuleto.
Ana tocou o Amuleto, que estava quente e parecia vibrar, como se sentisse a proximidade da varinha.
— Ela foi de minha mãe... e de Merlin, o maior bruxos de todos os tempos, comentado até entre os trouxas. É muito preciosa. Quanto devo por ela, Sr. Olivaras?
— Nada! Ela é sua por direito! A mantive comigo com a esperança de um dia poder legá-la ao herdeiro de Merlin! Sua mãe queria que ela ficasse com você, por isso me enviou pouco antes de morrer. Queria que sua filha a herdasse e que ela não caísse nas mãos de Voldemort. Mas agora ela está nas mãos de quem pertence por direito, e foi enfeitiçada para que, na hora em que quem tenha nas veias o sangue de Merlin a toque, e enquanto essa pessoa viva, não possa ser usada por mais ninguém. Segure-a.
Estremecendo, Ana pegou a varinha. A sensação que sentiu foi indescritível. Era como se um fogo brando, mas não doloroso lhe trespassasse o corpo, erguendo-lhe os cabelos e arrepiando toda sua pele. Sentia uma conexão se formando, como se seu sangue e a alma da varinha fossem um só. O Amuleto também aqueceu e vibrou soltando raios de luz. Então tudo voltou ao normal.
— O que acabei de sentir foi inimaginável... Sinto que ela é minha, não no sentido de posse, de materialismo, mas no sentido de conexão entre almas.
— Foi a mesma coisa que sua mãe falou ao recebê-la de minhas mãos, Srta. De Carvalho.
Ana sorriu.
Depois de se despedirem, pois, como dissera antes, Olivaras estava apressado, Aberforth e Ana voltaram para a Travessa do Tranco, de onde voltaram ao Beco Diagonal (Aberforth os livrou, enfim, do Feitiço da Desilusão). Após irem ao Gringotes, onde Ana depositou o restante do seu dinheiro, começaram a retornar à entrada do Beco para poderem ir embora. Iam conversando sobre a possibilidade de Ana recorrer ao Ministério da Magia para reaver a sua herança, calculada em milhões de galeões, pois se ela era a única herdeira de Merlin, de Gryffindor e de Macquay-Howell, também uma família próspera e que deixara fortuna, mas não herdeiros reconhecidamente vivos, seria uma mulher muito rica. Se Ana pudesse provar que era na verdade Melanie Gryffindor, se tornaria a bruxa mais rica da Inglaterra.
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Cometários:
Raissa Rochadel: Oi, Raissa, obrigado pelo comentário. E é verdade o que você disse, todos temos um pouco de tudo dentro da gente... Há um pouco de grifinórios, senserinos, lufa-lufa e corvinais dentro de cada um, a gente tem que ver os tons de cinza entre o preto e o branco. O Harry tem um pouco de sonserino, sim, senão o Chapéu Seletor não teria a mínima dúvida na hora de selecioná-lo para as Casas. Ah, e também sou Harry e Gina sempre! Para mim, jamais escreverei uma fic em que algum deles tenha parceiro diferente! Bjs
Claudiomir José Canan: Ai, Claus, você sempre com seu comentários, mesmo quando não tem muito a dizer, muito obrigada pela solidariedade! É, finalmente o idiota do Harry fez alguma coisa, né? Ele devia mesmo é fazer isso, namorar a Gina sem pensar no futuro, tem que aproveitar momentos que podem ser os únicos, e não ficar agindo sempre com esse senso de honra de herói. Bjs
Lais Corso: Lais, obrigada pelo comentário! Estou muito feliz que esteja gostando de minha fic. Li a sua fic, que você recomendou, aquela ainda sem nome, e postei um comentário, viu? Bjs
Carolz: Obrigada por ter visitado minha fic e deixar um comentário mesmo por solidariedade, garota! Espero que leia a minha fic e goste dela, como estou AMANDO a sua fic de suspense. Bjs
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Bem, pessoal, espero que tenha gostado!
Beijos,
Ana Christie
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