O ataque aos Alfeneiros
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Os dias passaram, e Harry foi ficando cada vez mais inquieto com o aproximar do dia 31 de Julho. Completaria, enfim, 17 anos. Seria, enfim, adulto (pelo menos para os bruxos). Válter e Duda nunca estiveram tão felizes quanto naqueles dias. Finalmente, Harry iria embora da casa deles e não mais teriam contato com nada relacionado à magia. A cada momento, o peito de Harry se apertava de saudade de seus amigos. Saber que talvez nunca mais os visse o entristecia muito. Edwiges já estava cansada de não ter nada para fazer a não ser caçar. Harry não mandava cartas pra ninguém. Nem mesmo a assinatura de “O Profeta Diário” pôde fazer, e assim ficar mais antenado ao seu próprio mundo, pois o tio Válter o proibira e, para evitar mais confusões, uma vez que já estava perto de ir embora para sempre daquela casa, ele não discutira.
No dia de seu aniversario, Harry acordou realmente mal-humorado. Sabia que aquele dia seria uma reminiscência dos dias de aniversário completados antes de se descobrir bruxo: um dia comum, em que ninguém se lembraria dele. Uma data tão importante na vida de um bruxo, mas passado de maneira tão sem graça. Fazia alguns dias que parara de receber as cartas de Rony e Hermione, que deviam estar preocupados com seu silêncio. Finalmente ele conseguira o seu intento, fazer com que seus amigos se afastassem dele, mas isso não o fazia feliz. Outra coisa que o deixava chateado era que, agora, não importaria tanto o fato de poder utilizar magia a vontade, já que não iria mesmo para Hogwarts.
Com os cabelos despenteados, Harry pôs os óculos e desceu as escadas. Graças a Deus, Duda e tio Válter tinham ido fazer compras (o “Dudinha” queria porque queria a mais nova versão do videogame mais caro que Harry já tinha visto, mesmo tendo a versão poucos meses atrasada). Foi até a cozinha e, quando entrou, ficou surpreso. A cena era surreal: tia Petúnia, Rony, Gina e Hermione na mesma cozinha? Estaria ainda dormindo? Não, era verdade. Os quatro estavam lá, sentados à mesa, e no centro dessa, havia um lindo bolo com cobertura de chocolate.
Os amigos se levantaram e pularam sobre Harry de tal maneira que ele quase caiu derrubando todos com ele. Olhou para eles ainda não acreditando.
— O... o que vocês estão fazendo aqui?
— É uma surpresa! — falou tia Petúnia. — Parabéns, para você...
Todos a acompanharam, cantando a música.
— Parabéns, Harry! — falou Hermione, lhe dando um forte abraço, no que foi acompanhado por Gina, Rony e Petúnia. Harry não sabia o que dizer ou como agir. Estava desnorteado. Como teria coragem de dizer pessoalmente que não queria mais estar perto deles? Mesmo que fosse verdade, o que não era, seria muito deselegante após uma surpresa tão bonita.
— Vocês não deviam ter se incomodado... — ele murmurou.
— Nada disso, Harry. Pense na quantidade de aniversários decentes que estou lhe devendo. Pelo menos um último eu deveria fazer, não é? Vamos, corte o bolo!
— Mas... mas não estou entendendo nada... De onde você conhece Rony, Gina e Hermione, tia? Você não queria contato com pessoas bruxas!
— Não vê que estou me esforçando para mudar, Harry? Eu queria fazer uma surpresa. Por isso mexi nas suas coisas, me desculpe por isso, peguei suas cartas, pois queria saber quem eram os seus amigos, escrevi cartas e mandei, sem que você soubesse, pela sua coruja.
Era por isso que Edwiges parecia tão feliz! Fazia muito tempo que ela não voava para tão longe. Harry queria saber mais coisas, mas achou melhor esperar quando estivesse a sós com os seus amigos. Por isso cortou o bolo e todos comeram. Enquanto comiam, Harry, calado, via a interação surpreendente que estava acontecendo entre sua tia e os amigos. Nunca em sua vida sequer sonhara que aquilo poderia acontecer um dia.
Finalmente, Petúnia fez com que Harry, Rony, Hermione e Gina a deixassem a sós na cozinha, para preparar o almoço, e os enviou à sala de estar. Harry se sentou num sofá e logo Gina se sentou ao seu lado, encostando-se nele e causando-lhe uma sensação de amor muito forte. Os outros se sentaram em poltronas.
— Harry, estamos muito zangados com você! — falou Mione. — Você fez com que nós achássemos que algo muito ruim tinha acontecido. Não respondeu uma das cartas que enviamos. Já estávamos pensando em vir até aqui com uma tropa de aurores quando recebemos as cartas de sua tia. Você não respondeu às cartas porque não quis, não foi?
Harry tentou fazer uma cara de entediado, imitando Draco Malfoy.
— Sabe, eu estava cansado de vocês... Quero novos amigos, acho que posso, não?
Ele sentiu Gina ao seu lado se enrijecer e se detestou por isso.
— Como?! — gritou Rony se levantando.
Hermione sorriu.
— Acha que me engana, Harry? Pode tirar essa cara de Draco Malfoy de seu rosto, ela não combina com você. Nem você sabe imitá-lo.
Harry devia saber que não podia enganar Mione. Por que sua amiga tinha de ser tão inteligente? Bem, era bom ela ser, pois fora sua inteligência que o ajudara vezes sem conta.
— Ah, ele não estava falando sério — falou Rony sem graça e se sentando de novo.
— É claro que não, seu idiota! Harry, por algum motivo, queria que nos mantivéssemos longe dele, como se desejasse que nós não o quiséssemos mais como amigo. Estou errada, Harry?
Diante o ar de Professora McGonagall que Hermione fazia, Harry não teve como mentir. Baixou os olhos para o chão e murmurou:
— Como sempre, você está certa, Mione.
— Ora, Harry, devia saber que nós sempre iremos nos considerar seus amigos! — falou Rony, revoltado. — O que você queria com isso?
— Eu queria que vocês se decepcionassem comigo, para assim ficar longe de mim e de todos os problemas que eu poderei trazer. Problemas piores que todos os que já passamos. Eu prometi algo a Dumbledore, e não poderei ir a Hogwarts esse ano.
— Isso você já nos contou. Você precisa vencer Você-Sabe-Quem e... outras coisas — ele não podia falar das Horcruxes perto de Gina.
— Sim, mas será muito perigoso! O Eleito sou eu e apenas eu. Vocês não devem arriscar as suas vidas por algo que eu terei de fazer. Além disso, eu sou descartável, sou órfão, vocês tem famílias. Se eu morrer não fará muita diferença, mas se vocês morr...
— Você está louco? — gritou Gina, fazendo Harry olhar para ela. — Como pode dizer que é dispensável?! E para nós, você acha que não significa nada?! Se você morrer, Harry, será a coisa mais triste do mundo para mim!
— Harry, seu doido, você é o meu melhor amigo! Eu sofreria muito se o perdesse, cara! — falou Rony.
— E para mim não é diferente — falou Mione com os olhos úmidos. — Você é o garoto mais idiota que eu conheço, Harry.
Os amigos se levantaram e se abraçaram num abraço coletivo, emocionados. De repente, a porta da casa foi aberta. Válter e Duda entraram por ela. Harry arregalou os olhos.
— Meu tio... — murmurou.
Todos ficaram se olhando. Logo Duda pôs a mão na boca, pois reconheceu, nos cabelos ruivos do rapaz próximo a Harry, um parente daqueles que fizeram a sua língua crescer, uns anos atrás.
— Mas o que diabos “esses” estão fazendo aqui?!
— São meus amigos, tio Válter.
— Amigos?! Mas eu falei que não queria ver gente da sua laia dentro da minha casa, seu moleque atrevido!
— Não sou mais “moleque”! Hoje completei a maior-idade para os bruxos. Não precisa se preocupar que amanhã mesmo eu vou embora da sua casa, tio. Meus amigos não vão te perturbar, só vieram para me parabenizar. Eles vão embora daqui a pouco.
— Não estou gostando disso...
Nesse momento, Petúnia entrou na sala.
— Válter, não brigue com o Harry. Ele nem sabia que seus amigos viriam aqui. Fui eu que os convidei.
Válter e Duda estavam abismados.
— É que hoje é o aniversario dele, Válter, e achei justo que ele tivesse pessoas que gostam dele e de quem ele gosta por perto nesse dia. Nós já o tratamos mal demais, pelo menos hoje vamos respeitá-lo. Ele irá embora.
— Eu não acredito nisso! O que está acontecendo com você, Petúnia?! Desde quando você tem “peninha” desse... desse aí?! Ao contrário, você sempre esteve do meu lado! — ele teve de respirar fundo várias vezes. Acalmou-se um pouco, embora ainda não a entendesse. — Tudo bem, Petúnia, mas que seja a última vez que você convida gente dessa laia para nossa casa.
Petúnia, constrangida, voltou à cozinha, Duda se trancou no quarto e Válter foi ao seu escritório, pois queria ficar o máximo de tempo longe de gente “da laia de Harry”. Harry e seus amigos continuaram na sala, conversando e relembrando tristes e bons momentos.
A hora do almoço foi muito tensa. A todo o momento, Válter e Duda criticavam Harry e seus amigos, pela sua origem bruxa, pela sua educação e outras coisas sem motivo, fazendo Petúnia, que vinha mudando lentamente, quase morrer de vergonha. Em varias ocasiões, Harry e Rony estiveram a ponto de lançar um feitiço neles, e agora podiam sem problema, pois todos os bruxos presentes à mesa, exceto Gina, eram maiores de idade.
Ao fim da refeição, todos elogiaram Petúnia pelo excelente almoço e foram para fora, esperar Tonks, que fora quem os trouxera num carro trouxa usado pelos aurores à paisana (que Scrimgeour não soubesse que ela usava os carros para outras coisas fora espionagem e perseguição a bruxos das trevas!).
De repente, gritos assustados foram ouvidos no interior da casa. Os bruxos e Petúnia, que estavam lá fora, assustaram-se.
— Oh, meu deus, Duda! — gritou Petúnia, que idolatrava seu filho. Correu para dentro e todos os acompanharam.
Acuados numa parede estavam Duda e Válter. Dois bruxos os ameaçavam, as vestes e as capas negras, as varinhas erguidas nas mãos.
— Me diga onde está Potter, seu trouxa gordo!
Harry e os demais se assustaram. Quando puderam ver direito o rosto dos bruxos, perceberam que um deles era muito conhecido. Conhecida, na verdade. Era Belatriz Lestrange. O outro era um bruxo das trevas desconhecido. Ao ver a bruxa maldita que empurrara Sirius, seu padrinho, para dentro do Véu da Morte do Ministério, Harry sentiu seu sangue ferver e uma raiva surda encher seu peito. Jurara vingar a morte de seu padrinho, e era isso o que faria, agora que tinha a chance.
— Lestrange! — gritou, a voz irreconhecível.
A bruxa de olhos dissimulados e de pálpebras pesadas o olhou, um sorriso cruel no rosto.
— Estava te esperando, Potter, para fazer com que você se encontre com seu querido Sirius... Ele deve estar muito triste no seu mundo dos mortos... Faz tanto tempo que eu queria poder entrar aqui e te levar para o meu mestre para ele enfim te matar... Finalmente a proteção que existia nessa casa desapareceu com a sua maioridade... Agora posso pegá-lo e, de quebra, matar uma Sangue-ruim, três trouxas e dois traidores do sangue! Meu Lord vai ficar muito satisfeito, mas não mais do que eu, que vou poder limpar o mundo dos bruxos da escória!
— Não se esqueça de deixar alguns para mim, Bela! Também estou tinindo de vontade de matar...
— Como?! Você é Henrique Slythower... — murmurou Hermione. — Mas você não é o jornalista que escreve matérias contra os Comensais da Morte numa revista bruxa importante dos Estados Unidos, a The New York Witch Times?
— Ora, ora, o que temos aqui! Que menina mais atualizada! Sim, minha linda Sangue-ruim, sou o Slythower. Me disfarcei bem, não foi? Todos pensaram que eu era contra o Lord das Trevas, quando na verdade, eu o idolatrava! Consegui muitas informações com as minhas credenciais de jornalista americano. E vou conseguir mais, já que nenhum de vocês vai sobrar para anunciar a verdade.
— Belatriz, você é minha e de mais ninguém! — falou Harry. — Vou me vingar pelo que fez com o Sirius!
— Não se sinta, rapaz... Você não é páreo para ninguém! Encarcereous Totales!
Nenhum deles conhecia esse feitiço, que faz aprisionar a todos de uma vez com cordas. Todos na sala, exceto os bruxos das trevas, estavam presos.
Harry soltou um grito de raiva e impotência.
— Quem matamos primeiro, Henrique? Bruxos ou trouxas?
— Vamos deixar o melhor para depois... Matemos primeiro os trouxas, que são tão sem graça...
— É, você tem razão... Avada Kedavra neles será muito simples e rápido... Pena que não tenhamos tempo para torturar a todos... Senti tanta falta disso lá em Azkaban... Mas teremos tempo e muitos bruxos e trouxas para torturarmos quando enfim o nosso Lord conseguir o seu intento... Imagine o Lord Voldemort como Ministro da Magia... Será o máximo!
Hermione arregalou os olhos. Lord Voldemort como Ministro da Magia seria o pior pesadelo para cerca de noventa por cento da população bruxa, que não era puro-sangue. Ela mesma com certeza seria eliminada por ter pais trouxas.
Belatriz ergueu sua varinha, apontou para Válter e sorriu cruelmente.
— O que você acha de ser o primeiro, seu trouxa idiota? — apontou para Duda. — Ou você, seu filhote de dragão? Se bem que de um dragão deve ter só o peso...
Harry estava muito nervoso. Seus tios e seu primo estavam sendo ameaçados, e ele prometera que nada aconteceria a eles. O que faria, por Merlin? Assustado, Harry moveu sua mão, que ainda segurava a varinha. O Encarcereous não imobilizava todos os membros da vítima, como o Petrificus Totales, só os braços. Esforçando-se muito, ele conseguiu encostar a varinha nas cordas mágicas conjuradas pelo feitiço e murmurou:
— Finite Incantatem...
As cordas se soltaram e, sem perda de tempo, Harry se ergueu, correu e se jogou sobre Belatriz, bem na hora em que ela lançou a Maldição Imperdoável da Morte contra Duda. O feitiço, um jorro de luz verde e brilhante, se chocou contra a parede.
— Seu moleque idiota! — gritou ela, que tentou se soltar. O joelho de Harry apertava-lhe a mão e a varinha no chão, impedindo-a de lançar qualquer feitiço, e seu peso não a deixava se livrar dele.
— Henrique, me ajude, tire esse idiota de cima de mim!
— Bela, o que é isso, dominada por um bruxo ainda nem formado! — ele riu. — Tudo bem, lhe farei esse favor.
— Mas não o mate! O Lord das Trevas quer fazer isso!
Enquanto esses acontecimentos se sucediam, Hermione também conseguiu se soltar e, assim, soltar todos os outros.
— Vão lá para fora, é melhor para vocês...
— Mas... e vocês e o Harry? — falou Petúnia.
— Não se preocupe, somos bruxos. Temos mais como nos defender do que vocês.
Eles saíram. Hermione e os outros olharam para Harry e o viram sob a mira de Slythower, e não tiveram tempo antes de ele dizer:
— Expelliarmus!
A varinha de Harry voou de sua mão e, aproveitando sua distração, Belatriz se livrou de Harry, erguendo-se, depois, num salto. Rony, aproveitando a distração de Slythower, o desarmou da mesma maneira que ele fizera com Harry.
— Se fizer algo com o Harry, Lestrange, nós acabamos com o seu comparsa.
— Devia saber que nós, os Comensais da Morte, não somos amigos uns dos outros. Nenhum de nós irá se preocupar se outro morrer, caso a nossa missão seja cumprida. Slythower não vale nada, mesmo... Poderia matá-lo agora, mas no momento estou precisando dele.
— Ora, Bela, vamos com calma aí! — afirmou Slythower. — Ainda tenho muito para viver.
Nesse momento, Harry correu e pegou sua varinha.
— Somos quatro contra dois. Vocês vão encarar?
— Três de vocês não seriam páreos para um de nós, seu tolo! Quando vocês nem sonhavam em nascer, nós já matávamos!
— Nós quatro já enfrentamos mais coisas do que muitos da nossa idade! Vocês devem se lembrar do episódio no Ministério! Nós os combatemos com raça e coragem, e tivemos bons resultados! Vocês não conseguiram pegar o que queriam não foi? — provocou Hermione. — A Profecia... Seu Lord deve ter ficado tão contente com vocês...
Belatriz se enfureceu.
— Quem é você para nos julgar, sua Sangue-ruim?! Bem, você será a primeira!
Belatriz ergueu a varinha. Antes, entretanto, de poder lançar a Maldição da Morte sobre Hermione, Harry apontou sua varinha para ela e gritou, com todo o ódio que possuía no peito:
— Crucio!
Na hora do lançamento do feitiço, ela riu, pois achava que ia ser da mesma maneira que no episódio do Ministério, quando Harry lançara nela a Maldição Cruciatus, mas não conseguira o efeito desejado, pois não conseguira desejar realmente que ela sentisse dor. Entretanto, agora ele estava com essa vontade elevada ao máximo no peito, pois fora juntando ódio por ela nesse ano que se passara desde a morte de Sirius. Surpresa, Belatriz começou a sentir as dores horrendas que aquela Maldição acarretava. No chão, começou a se contorcer e gritar.
— Harry, essa Maldição é Imperdoável! — gritou Hermione — Você pode ir para Azkaban!
Ele, entretanto, não a ouviu. Continuou com o poderoso e malévolo feitiço, que a própria Belatriz já usara inúmeras vezes, tanto que enlouquecera dois aurores, os pais do colega de Harry, Neville Longbottom. Teria continuado se os bruxos das trevas não tivessem recebido ajuda: um dementador, que entrou pela porta de trás da casa e seguiu com suas longas vestes pretas e mãos cheias de feridas apodrecidas até onde os bruxos estavam duelando. Logo tudo escureceu e todos sentiram frio e a sensação de que nunca mais seriam felizes na vida. Enquanto Harry torturava Belatriz, Slythower recuperou sua varinha e paralisou Hermione. O dementador foi até Rony, que estava tão nervoso que não conseguiu pensar em uma lembrança feliz na hora de lançar o Feitiço do Patrono. Logo o rapaz se sentiu fraco, sendo sugado de todos os seus sentimentos bons e bonitos, sentindo apenas suas piores lembranças. Caiu no chão e o dementador se abaixou, com seus movimentos fluidos e suaves e sua respiração rascante, aproximando o rosto do de Rony, para lhe dar o beijo fatal — sugar a sua alma.
Hermione desesperada, só pode olhar como Rony era atacado pelo dementador, impotente.
Quando o garoto viu o perigo que seu amigo estava correndo, nem se lembrou mais que Belatriz existia. Correu até Rony enquanto vasculhava a mente em busca de uma lembrança feliz e forte. Pensou na sensação que tivera ao pensar que poderia sair da casa dos Dursley e morar com Sirius. Então gritou, em alto e bom som:
— Expecto Patronum!
Um jorro de luz que, para quem estava na frente do feitiço, tinha a forma de uma grande fênix atingiu o dementador em pleno peito, fazendo-o fugir. Harry se abaixou e pôs a mão na testa do amigo. Ele estava muito pálido e frio, com aparência doentia.
— Rony, fale comigo! Você está bem?
O rapaz murmurou:
— Estou, não se preocupe... Eu vi uma fênix, Harry...
— O que?! — Harry se perguntou se o dementador mexera com a mente de seu amigo. — Depois você me fala sobre a fênix, Rony, preciso ajudar a Mione!
Todavia, Belatriz, já de posse de sua varinha, falou:
— Agora você me paga! Crucio!
Harry estava sentindo dores tão potentes que em sua mente só rezava para morrer logo. Rony estava muito fraco, e Hermione, paralisada mediante um feitiço de Slythower. Os bruxos das trevas já tinham certa a vitória quando, na sala, irrompeu Tonks. Ela foi tão rápida que, quando eles perceberam, estavam todos sem suas varinhas. Ela chamou outros aurores por sistema especial de comunicação que eles tinham, e ao ver isso, Belatriz e Slythower apanharam as varinhas do chão e desaparataram em pleno ar.
Tonks correu até Harry, que estava no chão, ofegante devido às dores que sentira.
— Meu Deus! Você está bem, Harry?
— Sim... Aquela mulher me amaldiçoou, mas quem está precisando de ajuda é o Rony, e você precisa libertar a Hermione do feitiço de paralisação... Um dementador quase beijou o Rony, e ele está precisando de um chocolate... Pega um na cozinha, por favor, Tonks.
— OK.
Após desenfeitiçar Hermione e dar o chocolate a Rony, Tonks alterou as mentes de Duda e de Válter para que eles não se lembrassem do incidente e não fizessem nenhum escândalo. Alguns aurores chegaram, mas se dispersaram ao ver que tudo já estava sob controle. Enquanto Petúnia fazia um chá para acalmar os ânimos de todos, eles eram induzidos a irem dormir em seus quartos, os bruxos se reuniram na sala, sentados no sofá e nas poltronas.
— Harry, definitivamente você vai ter de ficar sob vigia. A casa não é mais segura.
— Não tem problema, eu vou sair daqui mesmo...
— E para onde você vai?!
— Vou morar na casa que Sirius me deixou, a do Largo Grimmauld.
— Menos mal, mas quero te pedir algo. Fique mais uns dias... Eu ficarei por perto para te ajudar caso tenha problemas de novo.
Harry maneou a cabeça.
— Harry, por favor! Faça isso por mim.
Harry não teve como não prometer.
— Harry, queria te falar algo — falou Rony. — O seu Patrono mudou.
— Como?!
— Ele não tem mais o formato de um cervo, mas de uma fênix.
Harry estava abismado.
— Tem certeza, Rony?
— Claro! Eu o vi!
Harry lembrou que o Patrono de Tonks mudara e, pensativo, analisou os motivos da mudança. Logo percebeu e sorriu. Dumbledore. Com essa, Harry sabia que ele sempre estaria com ele, jamais o abandonaria, pois estava para sempre eternizado no seu coração. Agora seu Patrono era uma fênix como a Fawkes de Dumbledore.
Na hora da despedida, quando Gina, Rony e Hermione entraram no carro, Tonks chamou Harry para um canto e falou:
— Algo aconteceu. Scrimgeour preferia que eu não falasse, mas eu vou te falar. Houve uma nova Profecia, Harry.
O rapaz ficou pasmo.
— Ela diz que — continuou Tonks — “a feiticeira que não conhece a magia oferecerá ao Menino Marcado como Igual pelo Lord das Trevas a arma que poderá vencê-lo”. Pense sobre ela, OK?
Ela entrou no carro do ministério e partiu. Harry ficou fitando o vazio. “Feiticeira que não conhecia a magia”? Aquilo estava lhe lembrando o dia em que descobrira que era um bruxo.
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