chá gelado, com água e gelo.




 


 - Ok, Alice, respira. – Lílian fez gestos com as mãos, juntando as palmas, fechando os olhos e inspirando profundamente, meio zen.


 - O que você está fazendo? – Alice segurou o impulso de socar a ruiva.


 - Eu aprendi isso quando foi a minha vez. – ela respondeu.


 - Quanto tempo está atrasada? – Lene perguntou, concentrada nas instruções da caixinha rosa e branca que segurava a centímetros dos olhos, resmungando sobre o tamanho mínimo das letras. Arght, aquilo estava tão estressante para Alice.


 - Três semanas. – gemeu, passando uma mão pela barriga, sentindo-se estranha.


 - Não é motivo de desespero, ok? – Lily estava segurando-a pelo braço calmamente.


 - Lils! – Alice quase gritou – Por favor, pare de tentar me acalmar!


 - Faça. – Marlene lhe entregou uma coisa muito parecida com um termômetro que havia saído de dentro da caixinha.


 - Faça o quê?


 - Dã! – a outra revirou os olhos enquanto Lily ria – Faça xixi encima disso!


 Alice segurou o termômetro com o indicador e o polegar, cuidando para que não tocasse mais nada do próprio corpo, fazendo uma careta.


 - Isso aqui já foi usado por alguém?


 - Alice! – as duas riram – Óbvio que não. Os trouxas não são uns porcos. – Lily explicou, ainda com aquela voz melosamente calma que estava dando nos nervos de Alice.


 - Ok... – ela passou as mãos pelos cabelos.


 Que raios. Tinha que se acalmar. Tudo bem, sua menstruação não era realmente... Regulada. Não que tivesse atrasos tão consideráveis. Mas talvez não fosse isso.


 - Por que xixi? – ela enrolou.


 - Oh, Deus! Lice, você escolheu fazer o teste trouxa pra que ninguém no Mungus ficasse sabendo e contasse para o Frank. Faça isso logo antes que eu te force! – Lene ameaçou, e Lily espremeu um riso.


 - Você não teria coragem – ela estreitou os olhos para a outra, pensando até que ponto poderia enrolar com aquilo.


 - Eu teria, querida – Lene sorriu maquiavelicamente para ela – Faça xixi! – e a voz dela subiu várias notas.


 - Não precisa gritar pro boticário inteiro ouvir, Lene. – retrucou.


 - Primeiro, se chama farmácia – Lily continuava calma. Qual era o problema dela? – Segundo, faça logo essa porra desse xixi ou eu e a Lene vamos te forçar.


 - Podem me dar licença, pelo menos? Não consigo sob pressão.


 Lene e Lílian riram, e saíram do banheiro fazendo comentários sobre o mal-humor da morena. Alice bufou e olhou-se no espelho, tentando se acalmar. Mas não era como se fosse tão fácil. Três malditas semanas. Ela não tinha exatamente certeza se era isso que queria agora. Antes que seus pensamentos se aprofundassem naquele assunto, ela decidiu ter certeza. “Ok, vamos lá.”


 Respirando fundo e, ainda com uma inconsciente vontade de atrasar o máximo de tempo possível aquilo, ela chacoalhou a garrafinha de suco de laranja encima da pia. Estava vazia. Já a tinha tomado inteira. Ela sabia que estava morrendo de vontade de fazer xixi. Ah, o que ela estava fazendo? Estava realmente com medo. “Medo de quê, Alice?” ficou repetindo para si mesma enquanto sentava-se na patente e fazia o que lhe fora falado.


 Depois, ergueu as calças e conferiu no pacotinho. Ali falava que tinha que esperar três minutos para saber o resultado. “E três minutos viram três anos...”, pensou enquanto lavava as mãos e o rosto. Chamou as outras duas, que correram para dentro do banheiro com ela.


 - Já saiu? – Lily entrou pululando pelo banheiro, as mãos entrelaçadas, ansiosa.


 - Três minutos. – ela grunhiu, insatisfeita.


 - Tudo bem – Lene sentou-se encima da pia – Qual é o problema? – atirou, decidida.


 - Problema com quê? – Alice ergueu as sobrancelhas.


 - Você e Frank estão casados há um ano. Todos esperam filhos depois disso. – Lene explicou – Por que está tão nervosa?


 - Ah, céus. – Alice enterrou o rosto nas mãos, confusa – Eu não tenho certeza. Nunca havia parado pra pensar se Frank fala sério sobre termos um filho. E se ele estava brincando todas as vezes que disse? E se ele... Não... aceitar?


 - Alice. – Lílian ergueu o rosto dela pelo queixo e olhou-a bem nos olhos negros – Cala a sua boquinha. Frank é seu marido. Não seu namorado de dezesseis anos. E eu falo sério quando digo que todo homem quer ter um filho.


 Lene riu baixinho.


 - Bem, há algumas exceções – adicionou Lily, lembrando-se do que Lene havia dito sobre os comentários de Sirius e sua responsabilidade nada fenomenal com crianças – Mas é só porque o Sirius já está tendo a experiência paterna com o Harry. Se Frank alguma vez mencionou que gostaria de ter um filho com você, é porque ele quer. Acredite. Homens são meio viajados, acham que a gente leva tudo o que eles falam à sério.


 Alice não conseguiu pensar em como Lily estava falando como se ela tivesse trezentos maridos para comparar ao seu redor. Ela só conseguiu gaguejar:


 - Mas ele... nós não...


 - Alice, foi a melhor experiência da minha vida. – contou a ruiva, os olhos verdes com aquele brilho sonhador que adquiriam quando falava do pequeno Harry – É assustador até, no começo, pensar como eu posso amar tanto uma pessoa que eu nem conheço...


 - Ok, não alimente minhas esperanças – ela interrompeu, começando a fraquejar, sentindo seu pensamento traidor deixar uma pontinha de felicidade brotar – Pode mesmo ser só um atraso.


 Lílian riu e Lene a acompanhou, mais divertida.


 - Qual é o problema de vocês, hoje? – Alice rugiu, nervosa.


 - Amor, normalmente você não é um leão selvagem – Lene explicou – Está tão furiosa sem motivo que é quase óbvio. E você passou mal quando a gente foi comer ostras, ontem. – ela lembrou calmamente.


 Pessoas calmas deviam ser banidas da superfície terrestre e enterradas nas profundidades vulcânicas, além das placas tectônicas, bem longe. Era a nova ideologia de Alice.


 - Eu sempre passei mal com ostras. – disse, monótona.


 - Ah, sim, mas você não estava comendo ostras. – Lene disse como se estivesse esperando aquela resposta, contente – Você estava comendo camarões. E você lembra!


 - Parem de tentar me convencer! Só uma coisa vai me dar certeza absoluta...


 Ela lançou uma olhadela para o objeto ao lado de Marlene na pia, por reflexo. E percebeu que estava rosa. O resultado já tinha saído. Com um susto, ela conferiu o relógio e sentiu as pernas bambas – já haviam se passado cinco minutos desde o tempo em que fizera xixi encima daquilo. Malditas as duas pessoas calmas que a distraíram. Bem, os três minutos não haviam sido tão longos, afinal. Suspirando pela contrariedade dos próprios pensamentos, ela fechou os olhos e inspirou, como Lílian havia dito. Lene já havia agarrado a caixinha pra ver o que rosa significava.


 E a olhou com os olhos escuros realmente brilhantes. E soltou um grito e pulou em Alice, abraçando-a.


 - Parabéns! Parabéns! – as duas cantarolaram envolta dela, abraçando-a e beijando-a.


 Alice não conseguiu pensar em nada. Nem percebeu quando foi puxada para fora do banheiro da farmácia, sob o olhar de ditador do farmacêutico, ou quem quer que fosse o senhor de branco e crachá. As outras duas pagaram o teste para ela enquanto fitava vidrada, a prateleira de esmaltes sem prestar atenção alguma. Só quando saiu na calçada e a claridade do sol do verão quase cegou seus olhos, foi que ela caiu em si. “Meu Merlin. Eu estou grávida.”


 Lene e Lílian aparataram no apartamento com ela. Eram quase três horas da tarde de sábado, e Frank, James e Sirius haviam saído para fazer qualquer coisa referente à quadribol no Beco Diagonal. Alice lembrou-se de quando ela e Marlene haviam ido lá comprar as roupinhas de bebê para Harry. Todas tão pequenininhas e cheirosinhas... Todos aqueles enfeites fofos.


 - Claro que a gente vai montar o guarda-roupa, Lily – Lene estava procurando alguma coisa nos armários da cozinha.


 - Óbvio, isso já é tradição – a ruiva riu, abraçando Alice de lado e acariciando seu braço.


 Ela só conseguiu sorrir, sentindo-se meio mongolóide.


 - Laranja ou Morango? – quis saber a primeira, referindo-se aos pacotes de popa e às frutas na pia.


 - Café. – respondeu Alice, como se fosse óbvio.


 - Na-nã-nina – Lily fez um gesto com os dedos de um jeito engraçado – Laranja. – respondeu por ela.


 Marlene deu de ombros e começou a pegar a jarra de vidro e o gelo, tudo com a varinha, e preparou o suco.


 - Vai tirar o café de mim? – Alice quis saber, erguendo as sobrancelhas, raivosa.


 - Cafeína, Lice. É um superexcitante, estimulante, ou coisa assim. Os trouxas costumam afirmar que não é bom para o bebê.


 - E o que os trouxas...?


 - Bem, querida, é uma bebida deles. Eles devem entender. E está muito calor para café, Alice, não tem dó não?


 - Ok... – ela suspirou profundamente e começou a andar de um lado pro outro, concentrada.


Já havia começado errado. Precisava começar a falar.


 - Ah, que droga. E se eu só fizer coisas estúpidas? Como deixar ele sozinho, por exemplo? E se eu for uma péssima mãe? Quer dizer, eu nunca fui boa para cuidar de plantas, imagine de uma pessoa! E se... E se ele não gostar de mim? E se me achar uma idiota sem noção? Ah, eu vou ser a pes...


 - Aaaaaaaaaah, não. – Lene interrompeu, farta, segurando um copo cheio de líquido amarelo em uma das mãos – Já tive ataques de grávidas demais na minha curta vida.


 Lílian riu e pegou o copo da mão da amiga, e o deu para Alice.


 - Acredite, você vai saber o que fazer.


 - Vocês vão me ajudar? – ela perguntou, esperançosa, depois de dar uma golada no suco.


 Lene e Lily se entreolharam e depois trocaram sorrisos cúmplices.


 - Eu não gosto desses sorrisos – avisou.


 - Nós vamos ser as segundas mães dele. Quer dizer, eu vou ser a segunda, e a Lily a terceira, porque ela já tem filho – explicou Marlene de um jeito distraído, fazendo Alice suspirar aliviada.


 - Ah, ótimo. Tenho que ligar pra minha mãe. – lembrou-se, e foi para a sala.


 Suas mãos tremiam quando ela discou o número, pensando nas gritarias com uma felicidade quase sobrenatural. Então, aquilo estava mesmo tomando conta dela. Ela teria um filho. Alguém que faria parte dela, que nasceria dela e carregaria seus genes pelas gerações e gerações até que...


 - Mãe? – Ela nem esperou a mulher responder, e começou a falar quase sem controle da voz, desenfreada.


 Contou desde a hora em que havia desconfiado, ligado para as amigas, e então foram até o boticário de trouxas porque lá era mais discreto, então o teste deu positivo e lá estava ela, grávida da vida. Quer dizer, de Frank. Ela gargalhou quando falou aquilo. E quando terminou, ouviu um silêncio não habitual de sua casa se instalou estranhamente. Então, uma voz masculina rouca falou:


 - Ham, senhora? Fico feliz pela sua gravidez. Mas acho que discou o número errado.


 Alice começou a gargalhar, e gargalhar, até que se tocou que ainda estava com o homem estranho na linha e falou um rápido “desculpa, senhor, tchau”, para continuar gargalhando até seus olhos marejarem. Sentou-se no chão ao lado da mesinha do telefone e limpou o rosto com as mãos. Então, começou a chorar.


 - O que aconteceu? – Marlene chegou na sala, preocupada.


 - Eu liguei... eu liguei o número da mamãe e... – ela começou a chorar e rir ao mesmo tempo.


 - Ahm, Lily, podemos dar um calmante pra ela? – perguntou Lene.


 - Não! – a ruiva chegou na porta – Que foi, Alice?


 Alice não conseguia falar. As lágrimas escorriam de seus olhos e ela estava sem fôlego. Tentou recuperá-lo, mas então lembrou-se da voz do homem, dizendo que ficava feliz pela gravidez dela, e novamente as risadas saíram de sua garganta.


 - Acho que ela pirou – Lene comentou, fazendo uma careta – Quer dizer, algumas mulheres não aceitam bem isso. Eu ligo pro St. Mungus ou você? – perguntou para Lílian.


 A ruiva revirou os olhos e se aproximou de Alice, que se contorcia, sentada no chão perto do telefone, rindo. Ela segurou um braço da amiga e balançou-o, chamando-a. Alice teve a impressão de ouvir alguém chamá-la do horizonte, bem ao longe. Então Lily berrou e ela parou de rir, focando os olhos.


 - Ah, céus... – ela estreitou os olhos, repelindo a imagem de Lily – seus cabelos brilham.


 Marlene gargalhou e comentou:


 - Pelo menos ela ainda não perdeu o senso de humor.


 - Conseguiu ligar pra sua mãe, retardada? – quis saber Lily.


 - Não. Eu liguei pra um cara que não era a minha mãe.


 - Sabe, só pelo fato de ele ser um cara, a gente desconfiou que não fosse ela.


 - Vocês são espertas – Alice piscou um olho pra elas e se levantou com a ajuda de Lily.


 Pegou o telefone.


 - Acho que minha mãe vai pirar.


 - O ditado antigamente era “tal mãe, tal filha”... mas as coisas nunca são normais por aqui – Lene riu.


 - Liga logo – disse Lílian – Ela vai ficar muito feliz.


 E ela tinha razão. Alice sinceramente nunca havia pensado que sua mãe tivesse tanto fôlego para gritar durante quase um minuto inteiro e depois atirar perguntas uma após a outra. A maior preocupação dela parecia ser a certeza. Ela quase pirou mais quando Alice disse que havia uma chance de haver algum erro, porque o teste era de trouxas e na caixinha vinha avisando. 4% de margem de erro.


 - Vá ao Mungus – sua mãe repetiu quinhentas vezes – Tenha a certeza mais absoluta antes de contar ao Frank, querida.


 - Ok, mãe. Estou correndo pra lá agora.


 - Ai, isso é tão excitante!


 - É, eu...


 - Vai! – foi a ultima coisa que ela gritou antes de desligar o telefone.


 Antes que Alice pudesse raciocinar o telefone estava tocando de novo na sua mão.


 - Alô? – ela atendeu.


 - Não esqueça de me ligar imediatamente quando souber o resultado!


 - Ok, mãe, eu...


 - Bip, bip, bip...


 - Nossa, ela está ansiosa. – disse debilmente.


 - Não sei se eu ficaria ansiosa para ser avó – gemeu Lene.


 - Vamos para o Mungus, como a sua mãe disse. – Lily adiantou-se.


 - E se der negativo? – indagou Alice, repentinamente medrosa.


 - Se der negativo – começou a ruiva – você vai se acalmar, tomar um copo de água com açúcar e procurar um psicólogo, porque os seus nervos não estão bons.


 - Boa. – retrucou enquanto ia até o banheiro.


 Alice olhou-se no espelho pela segunda vez daquela maneira avaliadora. Haviam pontos vermelhos em suas bochechas e ela sentia uma alegria imensa dentro de si. Se fosse mentira, iria desabar. Respirou fundo e lavou o rosto. Prendeu os cabelos negros em um rabo de cavalo e tentou se acalmar. Sentiu uma vontade imensa de dormir e esquecer tudo o que estava acontecendo. Não que não estivesse gostando, não. Aquilo era simplesmente demais para os seus nervos sensíveis. Aai..., gemeu, quando viu a roupa que as amigas haviam escolhido e colocado encima de sua cama para ir ao hospital.


 - Não é como se eu já estivesse grávida ou enorme – resmungou, pegando a bata de renda branca nas mãos – Mas tudo bem, eu gosto dessa.


 Lene e Lílian ficaram fazendo mil planos enquanto Alice se trocava. Mas na verdade, a cabeça dela só zunia e, quando passou o batom, notou que seus lábios estavam levemente mais carnudos, embora isso fosse impossível, mesmo se ela estivesse grávida. “Eu devo estar ficando louca...”


 Elas aparataram perto da loja supostamente abandonada, cheia de manequins velhos com roupas rasgadas. Entraram ali antes que Alice percebesse, e também antes que Alice percebesse já estavam no corredor muito claro e branco.


 - Com licença – Lene estava se adiantando na fila de pessoas – Por favor, com licença, obrigada. Licença? Obrigada.


 Lily e Alice ficaram para trás olhando a amiga cortar a fila dos outros e receber olhares feios e palavrões. Havia gente de todo tipo ali, e Alice tentou se distrair com elas e com o enorme quadro de avisos que dizia onde as pessoas deviam ir. Não obstante, Lene voltou com as bochechas coradas:


 - Terceiro andar!


 E elas foram. Esperaram um pouco em um banco em um corredor. Alice não sabia o que pensar – e aliás, não queria pensar. Não conseguia sentir nada. De repente havia ficado eufórica com a idéia de ter um filho, e do nada a dúvida plantou em sua cabeça. Se aquilo fosse só um enorme atraso... Alice balançou a cabeça, passando as mãos pelos cabelos, e Lily passou o braço pelo seu ombro, abraçando-a. Lene começou a dizer coisas tentando distraí-la, e acabou conseguindo, porque mais rápido do que ela havia previsto havia um curandeiro chamando-a. Sozinha, por favor. Ela trocou um olhar apreensivo com as amigas antes de entrar na salinha.


 Era muito iluminada e tinha tantos aparelhos estranhos que a mente de Alice não pôde registrar. Coisas demais. Sensível demais.


 - Como tem se sentido, senhora Longbotton? – ele já estava conferindo seus olhos e sua língua – Aliás, me chamo David Hasher.


 Alice cumprimentou-o com a mão, ainda com a boca aberta sob o olhar avaliador do curandeiro.


 - Nervosa – ela falou quando ele se afastou – Não consigo dormir direito de uns dias pra cá. E estou me sentindo super inchada.


 - Inchada, hum? Hum... – ele começou a conferir os cabelos dela, perto do topo da testa.


 Alice achou tudo aquilo muito estranho.


 - Ham, doutor? Doutor Hasher? Como eu vou saber se esto...


 - O seu ciclo foi alongado?


 - Quê?!


 - Está com a menstruação atrasada?


 - Ah, sim. Três semanas.


 - Oh – ele fez um gesto de surpresa – Por que demorou tanto para vir?


 - Bem, normalmente meu ciclo não é exatamente regulado – ela sorriu, constrangida. Não era como se ele fosse a sua ginecologista e ela estivesse acostumada a falar dessas coisas com homens. Mas enfim, ele não fez nenhum comentário realmente construtivo sobre aquilo além de:


 - Ok.


 - E eu fiz um teste trouxa.


 David parou de concentrar-se nas partes estranhas do corpo de Alice para olhar nos olhos dela, surpreso.


 - Como é?


 - É que, sabe – ela sentiu a bochecha corar e um calor subir pelo pescoço – Eu sei que o meu marido conhece muita gente por aqui e... Não queria que ele ficasse sabendo que eu desconfiava, então fomos à um lugar onde os trouxas vendem essas coisas e eu fiz.


 - Oh – ele exclamou, baixinho – Com certeza, muita gente conhece o senhor Longbotton por aqui. Tem razão, tem razão.


 Pela maneira distraída com que ele falou aquilo ela tinha certeza que ele a considerava biruta. E aquilo não era bom. Ah, raios. Porque estava ligando pro que o curandeiro estava pensando dela? Idiota, idiota...


 - Vá ali no banheiro e faça xixi nisso – o curandeiro deu-lhe um potinho raso, branco.


 - Desculpe – Alice riu, sem acreditar – Você quer que eu faça o quê?


 - Xixi, senhora Longbotton. Aí encima. Tem um banheiro ali – ele ia apontando quando ela o interrompeu.


 - É que, doutor. – olhou para o potinho com uma careta engraçada – Eu já vi essa cena antes.


 Diante do olhar de David, ela continuou:


 - Eu fiz isso hoje. O teste trouxa.


 - Ah, os trouxas estão avançando cada vez mais. Que progresso, que progresso. – repetiu, fazendo gestos para Alice ir ao banheiro.


 Ela entrou e fechou a porta, ainda rindo. Riu um bom tempo até se lembrar do porquê havia entrado ali, e então o fez. Uma tristeza começou a invadi-la. E se nada daquilo fosse verdade? E se fosse um sonho idiota? E se ela não pudesse ter filhos?


 Sua mente pifou por alguns instantes enquanto ela, chocada, lembrava-se de ter estudado alguma coisa sobre mulheres estressadas terem problemas nos hormônios femininos. Não que ela fosse tremendamente estressada, mas às vezes era. Um pouco. Ela ficou tão chocada com o flash que nem percebeu quando o potinho transbordou de xixi. Só acordou para a realidade quando o doutor deu batidinhas na porta:


 - Está tudo bem, senhora Longbotton?


 - Só um minuto – ela murmurou, sem voz.


 Sem pensar. Lavou as mãos e saiu do banheiro sentindo a blusa grudar em suas costas com o suor. Desgraça de nervosismo, pensou, passando as mãos pelos cabelos.


 - Uau – ele exclamou para o potinho.


 Ela o olhou. Estava azul berrante, e Alice nem tinha reparado ao entregar para o curandeiro. Suspirando, sentindo-se derrotada e esgotada, Alice perguntou, com medo de não querer saber a resposta:


 - E o que isso significa?


 - Que você está muito grávida. – ele sorriu com todos os dentes, sinceramente alegre. – Parabéns, senhora Longbotton, você vai ter um bebê!


 Alice arregalou os olhos. Pela milésima vez no dia, sua mente pifou. E pifou. E mais uma vez.


 E de repente ela estava no seu apartamento de novo, cercada por Lily e Marlene que estavam falando alto, com uma música animada ao fundo. Ligou para sua mãe e avisou, sem nem se lembrar o que havia dito depois. Então, ia acontecer. Ia mesmo acontecer!


 - Você tem que contar ao Frank agora. – Lily cantarolava na sua frente.


 Ela estava falando normalmente, mas quem se importava? Alice estava imaginando-a cantar, e ela cantava bem. Rindo, pegou o celular e ligou.


 - Amor?


 - Frank? Hãm, onde você está?


 - Já estou no campo, Lice. O jogo vai começar em alguns instantes. Aconteceu alguma coisa?


 Alice começou a rir.


 - Não, mas vai acontecer. Pode vir para casa, querido?


 - Ah, Alice... Eu paguei caro pra conseguir um ingresso agora. O que aconteceu?


 - Amor, eu realmente preciso que você venha embora, agora.


 - Não pode falar por telefone? O jogo, ah... Acabou de começar! Alice? Pode falar por telefone? Qual é o problema?


 - Frank. – ela falou, séria – Esteja em casa em vinte minutos, ou não me encontrará mais aqui quando chegar.


 - O qu... – mas ela não terminou de ouvir a objeção e desligou.


 E as três começaram a rir. Lene disse que aquela havia sido boa, que tentaria usar com Sirius da próxima vez que eles se juntassem para fazer qualquer coisa de quadribol e a deixasse em casa.


 Frank passou pela porta, batendo-a ao passar, e ficou ligeiramente surpreso por encontrar Lilian e Marlene com sorrisos enormes ao lado de Alice na sala. Ele parecia estar nervoso. Colocou as mãos na cintura e olhou para os lados, bufando. Depois, olhou-as:


 - Então? – perguntou, erguendo as mãos, impaciente.


 - Bem, nós já estamos indo – disse Marlene, levantando-se rapidamente e pegando sua bolsa na mesinha de centro.


 Ela olhou para Lily significativamente, e ela fez a mesma coisa na hora. Frank continuava fitando-as com as sobrancelhas franzidas e a expressão confusa. Elas se despediram rapidamente e acenaram para Frank ao passar por ele. Alice levantou-se quando ouviu a porta fechar.


 - Por que fez isso? – ele perguntou, passando as mãos pelos cabelos nervosamente.


 - Amor... – ela chamou docemente – Vem cá. – e esticou os braços.


 Frank hesitou por um instante, incrédulo para o que ela estava chamando para fazer. Então, Alice o viu começar a andar, olhando para qualquer lado que não fossem os olhos dela. Quando chegou a um palmo de distância da mulher, ela esticou a mão para ajeitar seu cabelo encima da testa, e a outra mão foi para o quadril dele. Ela sentiu os músculos dele relaxarem quando este esticou os braços para abraçá-la.


 - O que aconteceu, Alice? – ele perguntou com a voz rouca perto do seu ouvido. Ela se arrepiou gostosamente, e sorriu. – Por que me tirou de algo tão importante para...


 - Isso é mais importante – ela enfatizou, afastando a cabeça do pescoço dele para encontrar seus olhos negros.


 - É claro que é – Frank concordou prontamente – Abraçar você é a melhor coisa que eu...


 - Não estou falando sobre abraços.


 - Primeiro, pare de me interromper. – ela riu baixinho – E segundo, o que é, então?


 - Frank, eu... Eu não sei se você quer, mas, se não quiser, por favor, que seja a primeira coisa que vá falar para mim depois que disser porque então eu vou embora.


 Os olhos dele arderam como fogo por um instante sob aquela possibilidade. As mãos apertaram as costelas de Alice de uma maneira quente, e ela soube que teria que suplicar para que ele aceitasse antes de ir embora. Sabia que não sobreviveria um instante lá fora sem aquele calor.


 - Alice, do que você está falando?


 - Eu já... – os olhos dela se encheram de lágrimas na primeira vez que ela foi falar em voz alta – É como Lily falou. É assustador no começo. Amar tão rápido alguém que eu nem conheço.


 As sobrancelhas dele se arquearam com a confusão de sua cabeça. Mas Alice precisava falar tudo antes. Embora estivesse vendo nos olhos dele que Frank estava tirando as conclusões erradas.


 - Frank, desde o ano passado, temos sido... temos sido só nós dois e... droga, como eu vou dizer isso?


 De repente, sob o olhar julgador, foi como se ele não quisesse. Alice afastou-se dele e passou as mãos pelos cabelos, olhando para os lados. Por que ele não adivinhava? Por que ela tinha tido a maldita idéia de ir fazer a porra do teste trouxa? Assim ele ficaria sabendo mais rápido e, se ele fugisse, ela saberia que ele não queria ter um filho.


 Ela própria nunca havia parado para pensar se realmente queria um. Via Lily com Harry e achava linda toda aquela relação mãe-filho, mas nunca havia imaginado a si mesma. E agora que estava acontecendo, ela sabia mais do que nunca que era o certo. E que o amaria independente de qualquer fator externo. Independente até mesmo de Frank.


 Então, seus olhos negros se encheram de lágrimas e o sol se escondeu lá fora em alguma nuvem carregada. Assim era Londres. E o apartamento de encheu de sombras, assim como os pensamentos dela ao imaginar a sua vida sem ele. Tenho que ser forte, repetia, como um mantra, embora eu não vá sobreviver sem qualquer um dos dois.


 - Você está saindo com alguém? – a voz macia dele, com apenas um tom furioso, feriu seus ouvidos.


 Alice ergueu os olhos brilhantes, espantada. Que merda, tinha que dizer logo, antes que ele não quisesse mais ouvir.


 - Não, Frank, eu estou grávida.


 A expressão de Frank ficou impassível. Por um segundo, ela pensou que ele não havia escutado, então ele passou as mãos pelos cabelos e umedeceu os lábios. O que era aquilo no olhar dele? Aquilo era um... um brilho de...


 - Grávida? – ele repetiu com a respiração ofegante – De mim, certo?


 - Claro que é de você, paspalho – Alice revirou os olhos, batendo as mãos nas pernas sem acreditar.


 Antes que pudesse pensar em qualquer reação do marido, Frank estava tentando triturar seus ossos. Quer dizer, só podia ser essa a intenção do abraço dele. Ele a levantou do chão, dando uma risada alta e beijando seu pescoço e tudo o que alcançava enquanto girava seu corpo no ar. Alice riu e segurou-se nos ombros dele para se equilibrar, a mente totalmente asfixiada pela onda de felicidade que a invadiu. Afinal, ele não estava tendo das piores reações.


 - Ah, meu Deus, amor, isso é maravilhoso! – ele a colocou no chão, segurando-a com a maior delicadeza possível – Desde quando você sabe?


 - Desde... hãm, você não está bravo por eu ter te tirado do jogo? – ela quis saber, sorrindo.


 - Bravo por... quê?! Ah, Alice, por favor.


 - E... Você quer? – ela perguntou, sorrindo mais largamente ainda.


 - Eu quero o quê?


 - Um filho.


 Os olhos de Frank brilharam tanto que ela achou que explodiriam. Ele segurou-a pela mão e a fez sentar no sofá fofo. Ajoelhou-se na frente dela.


 - Eu amo você – ele falou daquele jeito instantaneamente profundo, olhando dentro dos olhos dela, e Alice sentiu-se derreter e o coração acelerar – Eu amo você mais que tudo. Isso é uma parte de mim e de você. – Frank ergueu sua blusa branca e pousou a mão em sua barriga, ainda lisa, como se pudesse sentir algo.


 - Eu amo você também, Frank – ela disse, as lágrimas já contornando sua bochecha livremente – Estava com medo de que talvez você não... Você sabe, de que talvez você não quisesse ou coisa parecida.


 - Querida – Frank segurou seu rosto entre as mãos com os olhos também cheios de lágrimas – É claro que eu quero um filho seu. Eu quero... Muito. E eu sei, é assustador – ele tornou a olhar para a barriga de Alice – Amar tanto alguém que você nem conhece.


 - Ele vai ser muito amado – ela murmurou com a voz cortada pelo choro.


 - Vai – Frank beijou sua testa e levantou-se para sentar ao seu lado e passar o braço por cima do ombro de Alice – E vai ser jogador de quadribol também – falou com o olhar longe.


 Alice riu e socou o ombro de Frank.


 - Quem disse que vai ser um garoto, hãn?


 - Não há problema algum com jogadoras, querida – ele riu baixinho, e então aproximou-se para falar com a boca encostada no ouvido de Alice – De qualquer maneira, vai ser o nosso bebê...


 Ela empertigou-se no calor do corpo de Frank, sorrindo meio debilmente, mas tremendamente feliz.


 


(...)


 


 - Arght, você é tão tapada – Lílian estava ajeitando a própria franja ruiva no espelho do banheiro mal-iluminado – Como pôde pensar algo assim de Frank?


 - É tapada mesmo! – Lene gritou de dentro de uma das repartições.


 - Eu só estava confusa – Alice sorriu para o próprio reflexo, jogando os cabelos negros para trás.


 - Ah, é terrível – a ruiva encostou-se na pia para se virar para a amiga – A gente muda de felicidade extrema para o fundo do poço em segundos. A coisa é inconstante demais.


 - Quando eu vou começar a parecer ter engolido uma bola de basquete? – perguntou, ansiosa.


 Lílian e Marlene riram alto. A segunda estava abrindo a portinha, e foi até a pia para lavar as mãos enquanto falava:


 - Não dê atenção aos comentários de Sirius, querida – ela piscou um olho – Eu ouvi ele falando com James que está morrendo de inveja dele e de Frank.


 Marlene virou-se para frente com o queixo empinado, conferindo a maquiagem escura. Lílian e Alice trocaram um olhar surpreso e a atacaram com perguntas sobre aquilo.


 - É claro que ele nunca vai admitir pra mim – ela disse quando estavam saindo – Sirius é do tipo mais patético de cachorro.


 - São apelidos tão carinhosos – comentou Alice, rindo.


 - Ele deve falar pior de mim para os meninos – ela segredou, avistando os três de longe.


 Sirius, James e Frank estavam em uma mesinha redonda perto da enorme vidraça que deixava mostrar a rua movimentada da noite de Londres. Havia muita gente apinhada ali, no barzinho/boate onde estavam, gente de todos os tipos, que dançavam tanto perto das mesas quanto na pequena pista montada ali. Eles as avistaram também e os risos altos foram quase que imediatamente diminuindo quando fizeram aquilo.


 Enquanto se desviavam das pessoas, Lily beliscou-as e apontou para um grupo de mulheres perto da mesa onde eles estavam. Haviam três loiras e uma morena. Alice ainda não havia se acostumado totalmente com as loiras. Elas estavam falando baixo entre si, dando risadinhas e espiadas freqüente à mesa onde eles estavam. Marlene cerrou os punhos e estreitou os olhos.


 - Vadias – ela murmurou, baixinho.


 - Da pior espécie – riu Lily quando notou que a morena, de saia curta, estava encarando a mesa e se movendo para frente e para trás, no som da música, de uma maneira muito insinuante.


 - Bem, se as peruas não notaram as alianças de ouro nos dedos deles – Alice sorriu para as amigas, de cujos olhos brilharam – Vamos mostrar isso para elas.


 - Alice, você é minha ídala! – Lene abraçou-a pelo ombro, rindo, enquanto a outra as puxava para a pista, bem na frente da mesa onde os três já estavam rindo alto de novo de alguma coisa que James falava.


 A música estava alta e percorreu as veias de Alice loucamente. Ela estava totalmente sóbria. Haviam acabado de chegar no lugar e sentia-se tão animada que poderia estar ali há horas. Se aquilo fosse gravidez, estava gostando. Lílian e Marlene entenderam do que ela estava falando e dançaram, as três juntas, às vezes de um jeito engraçado e outras vezes sensual. Alice acabou se esquecendo da intenção de chamar a atenção dos três ali perto, e só quando deu uma espiada e percebeu que Frank, Sirius e James estavam com a cara fechada, bebericando a cerveja e olhando feio para os lados foi que se lembrou e começou a rir, junto com as outras. Marlene segurou o pulso das duas e falou:


 - Não olha agora, mas tem bem uns sete caras ali perto do balcão olhando pra gente.


 - Vingança completada! – Lily ergueu os braços para cima, triunfante.


 - Vamos nos divertir! – Alice completou, e elas começaram a dançar de novo.


 Ela deu uma rápida olhada para os homens que Lene havia falado. Alguns estavam em pé, segurando garrafinhas de cerveja, e outros sentados. Um deles percebeu o olhar dela e mandou uma piscadela. Assustada – porque não gostaria de ter encarado um deles, Alice desviou o olhar e só conseguia pensar em uma coisa: nenhum deles, por mais bonito que fosse, fazia sobre ela o efeito que o seu marido exercia. E ela se orgulhava tanto disso!


 Animada de novo, tornou a dançar com as meninas, ignorando os olhares dos homens e se esquecendo por um instante porque estava ali na pista. Afinal, a expressão dos três já havia sido gratificante o bastante. Marlene estava contando uma coisa engraçada que havia acontecido com ela no trabalho, e Lily gargalhava, mas Alice não conseguiu prestar atenção. Urght, aquilo estava tão estranho e...


 Ofegou quando sentiu uma mão quente em sua cintura, abraçando-a por trás, e instintivamente pulou para fora do abraço do sujeito. Quando virou para ver quem era, suspirou de alívio e seu coração se acalmou.


 - Você está tensa, meu amor... – ele puxou-a pela cintura para perto.


 Alice sorriu abertamente para Frank, abraçando-o e o acompanhando na dança que não tinha nada a ver com a música. James e Sirius também haviam se juntado a eles e estavam cada um com suas mulheres. Rendidos.


 Lene piscou marotamente para Alice, por cima do ombro de Sirius, e ela riu em resposta. Os três casais ficaram ali, se divertindo, até que voltaram quase todos juntos para a mesa. Lene e Sirius haviam embalado uma discussão em voz baixa que incluía várias demonstrações sensuais do que eles fariam quando fossem embora, entre palavrões e palavras doces. Alice riu enquanto pensava nisso, e sentou-se na cadeira ao lado de Frank.


 As mesmas mulheres de antes ainda estavam ali perto, algumas com olhares curiosos e outras meio desapontadas. A morena parecia raivosa. Alice e Lily trocaram um olhar significativo, acompanhado de um sorriso malicioso. Alice virou-se para Frank cuidadosamente:


 - Qual é o problema delas?


 - Não sei – ele respondeu, quase inocentemente – Elas é quem estão fazendo as coisas, Alice, você pode ver.


 - Eu não disse que você estava fazendo alguma coisa, Frank – ela sorriu, acariciando a bochecha dele.


 Frank sorriu.


 - Só estou falando... Vocês deviam deixar as mãos mais expostas em situações como esta – ela avisou, desapontada.


 - Querida, não vamos discutir agora – Frank aproximou-se perigosamente de seu rosto. Alice sorriu torto. – A gente saiu pra comemorar, lembra?


 - Quando eu ficar gorda e elástica – ela falou baixo para ninguém mais ouvir – Você ainda vai se sentir atraído por mim?


 Alice teve um rápido flash de quando Lily lhe perguntou isso, falando de James, é claro. E alargou o sorriso sem se conter.


 - Alice – ele começou, falando pausadamente, como se fala com uma criança. Frank se inclinou para falar em seu ouvido – Você é minha mulher. – explicou pacientemente, e então colou a boca na sua orelha, arrepiando-a de uma maneira incrível – Eu me casei com você porque eu tinha certeza que você me atrairia para sempre. E porque eu te amo, é claro.


 Alice sentiu os olhos marejarem enquanto sorria. Ah, bela hora pra chorar. Não deixou as lágrimas rolarem e afastou a cabeça de seu pescoço para sorrir largamente para ele. Aproximou os centímetros que os separava e acariciou o nariz dele com o seu, antes de sugar seus lábios devagar, apreciando a maciez. Bem, no fim das contas, ele tinha razão. Aquele beijo nunca deixaria que levá-la às nuvens e nem de fazê-la ver estrelas. Nem que passassem mil anos, e eles ficassem velhos e enrugados.


 - Hey, o que vão querer? – Lily estava perguntando.


 Eles se separaram e Alice notou o garçom ali, o rosto tão corado que lembrava ligeiramente um tomate inchado.


 - Outra – Frank ergueu a garrafinha de cerveja, passando o braço pelo ombro de Alice.


 - Você? – quis saber o garçom, referindo-se à ela.


 - Ahm, três dedos de Blue Label, por favor.


 James riu alto enquanto Lílian interrompia rapidamente:


 - Alice, querida, por que você não toma um chá gelado ou um guaraná?


 - E por que diabos eu tomaria isto? – ela perguntou, confusa.


 Frank acariciou levemente sua barriga, com os olhos brilhando e um sorriso perfeito e gigante com todos aqueles dentes brancos e brilhantes. Alice corou, percebendo que talvez seu bebê não gostasse tanto assim de álcool ainda, e sorriu.


 - Ahm, tudo bem. Chá gelado.


 O garçom anotou no bloquinho, ligeiro, e já ia saindo quando ela lembrou-se de falar:


 - Com água e gelo pra acompanhar, por favor!


 









n.a: ok, eu tinha escrito um texto de pelo menos quinze linhas pra essa n.a e esqueci de colocar o título do capítulo. Sabe o que a floreios fez? Excluiu tudo e mandou eu voltar e preencher todos os campos. Não que ela esteja errada, mas eu não vou escrever tudo de novo, francamente. Eu me lembro de algumas partes, então aí vai. Primeiro, essa é mesmo a última short da trilogia Bloody Mary e Dry Martini :] e eu achei que foi a mais ruinzinha entre as três que eu fiiz, mas essa sou eu e estes são meus rabiscos :P e Segundo, muuuito obrigada ao Math *--* por me dar a luz pra fazer essa seqüência, ao Charlie do Two and a Half Men, por levar uma juíza para sair em um episódio e também dar a luz à esta seqüência, e à Lizzie, que sempre comenta e eu sempre adoro :D well, outro texto, então lá vou eu. Comentem, amores! Beijo beijo,
 Nah Black.

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