26 a 29 de Outubro

26 a 29 de Outubro



Capítulo 9
de 26 a 29 de Outubro


Dia 28, Segunda


“Você derrubou suco na gravata”, Draco disse enquanto terminava de arrumar os livros na mochila.


“Ah… valeu”, Potter acenou com a varinha e limpou a sujeira, sem interromper a busca pela mesa. “Você viu meu tinteiro?”


“Não. Você viu minha gravata?”, Draco perguntou, e o grifinório pensou por um momento antes de apontar para o sofá da sala. “Obrigado”.


“Pronto?”, Potter perguntou baixinho alguns minutos depois, já tendo evidentemente encontrado seu tinteiro.


“Sim. Vamos”. Os dois saíram do dormitório e acenaram em agradecimento para Sir Xander quando o quadro lhes desejou boa sorte. Andaram em silêncio pelo corredor vazio do sétimo andar. Draco parou no começo das escadas.


“Esqueceu alguma coisa?”, Potter perguntou, e o sonserino negou com a cabeça, sem saber como dizer o que estava sentindo ou por que parara no topo das escadas.


Não importava, disse ele a si mesmo. Não havia por que relembrar o fato de que, quando eles acabassem de descer aquelas escadas, estariam efetivamente de volta ao mundo exterior, abandonando aquele confinamento semi-solitário que parecera uma idéia terrível há quatro dias, mas que tinha acabado sendo mais ou menos como uma… bem, lá estava aquela palavra idiota novamente, “lua de mel”, por falta de um termo melhor…


“Não, vamos”, Draco disse de modo brusco, começando a descer as escadas. Parou quando Potter colocou uma mão no seu ombro. “O que foi?”, perguntou, virando o corpo.


Os olhos de Potter estavam turvos, sua expressão era impossível de decifrar. Draco esperou que ele respondesse e estava prestes a dizer alguma coisa quando Potter se aproximou, levantou gentilmente o queixo do sonserino e o puxou para um beijo demorado e profundo. Draco fechou os olhos e se entregou ao beijo por alguns minutos antes de relutantemente se afastar.


“Errr, má idéia, Potter, nós temos aulas de Poções, lembra?”, disse, meio sem fôlego. “Eu realmente não quero chegar atrasado no nosso primeiro dia de volta”.


Potter sorriu. “Eu sei. Eu só… é que parece que… como se nós…”


“Eu… eu sei”, Draco respondeu rápido. “Eu também. Mas… não. Simplesmente, não”.


Potter concordou com a cabeça, correndo uma mão pelo cabelo e começando a descer as escadas. Draco refletiu que essa última conversa não tinha feito sentido algum.


Mas não queria saber se eles dois estavam falando da mesma coisa. Porque suspeitava que sim.


ooooooo


“Eu tenho anotações para você das aulas de quinta e de sexta”, Pansy disse quando eles entraram na sala de poções quase vazia.


“Ótimo, obrigado”, Draco respondeu, começando a arrumar os livros, as penas e a tinta em cima da mesa. Passou os olhos no bloco de notas que Pansy lhe entregou, agradecido por poder usar isso como desculpa para não ter que conversar com ninguém enquanto a sala enchia.


“Abram na página 394”, Snape falou, e qualquer outra coisa que Pansy — ou mais alguém — quisesse falar foi impossibilitada pela entrada do professor.


Ótimo, porque Draco estava se sentindo mais incomodado do que antecipara. Ele não tinha pensado em como seria estranho voltar da suspensão agindo como se nada tivesse mudado. Porque as coisas tinham mudado. Ele e Potter estavam sentados com as mesmas pessoas, na mesma sala de aula, com o mesmo professor e a mesma matéria — mas os dois estavam diferentes. Muito mais do que no dia em que haviam entrado naquela mesma sala recém-casados, porque naquele dia não existia nada além do elo entre eles.


Não era bom pensar naquilo, ele disse a si mesmo firmemente e tentou acompanhar as palavras de Snape. Parecia que eles tinham acabado as poções anti-resfriado e agora começaram a estudar poções que produziam ilusões sensoriais. O que era bastante fascinante. O sonserino tinha lido a matéria por conta própria durante o verão, sem saber que teria aquilo nas aulas daquele ano.


Potter bocejou, e Draco o encarou. “Você está bem?”, murmurou.


“Sim, só entediado”, Potter respondeu, correndo a mão pelo cabelo bagunçado. “E perdido”.


“Não se preocupe com a parte teórica, a gente estuda isso juntos hoje à noite. Concentre-se nas propriedades dos ingredientes”.


Potter concordou, riscando parte de suas anotações e ouvindo a explicação de Snape com atenção renovada. Draco foi encher a carga de tinta de sua pena novamente e notou uma troca de olhares estranha entre Pansy e Blaise.


“Que foi?”, sussurrou para Pansy. Ela balançou a cabeça e olhou para a lousa.


“E por que é imperativo que a poção seja mexida no sentido anti-horário… alguém sabe?”. Snape nem se importou em olhar para Granger quando ela levantou a mão e esperou. “Alguém?”. Ele fez uma pausa. “Potter?”


Draco suprimiu um grunhido impaciente. Primeiro dia de volta, era claro que Snape escolheria Potter. Era a oportunidade perfeita para humilhá-lo, e é claro que o grifinório ficou tenso imediatamente. Draco tocou no braço de Potter devagar e projetou calma. O grifinório olhou para ele antes de reler as anotações na lousa.


“Porque…”, ele disse enquanto tentava compreender a resposta. “… se você não mexer no sentido anti-horário, o veneno vai destruir a Crataegus oxyacantha… e então a poção não vai poder induzir à ilusão auditória, pois o princípio ativo estará destruído”.


A sala caiu em profundo silêncio.


Os olhos de Snape passaram de Potter para Draco, seu rosto ilegível.


“Sim”, ele respondeu, e virou de volta para a lousa, continuando a explicação.


“Draco…”, a voz de Pansy estava estranhamente suave, e ela não levantou o rosto das anotações. “Preste atenção”.


Depois de um momento de surpresa, Draco tirou a mão do braço de Potter e continuou a anotar. Ele escorregou a perna para junto da do grifinório por debaixo da mesa, enganchando seu calcanhar no dele, sem levantar o rosto para encontrar o olhar questionador do moreno.


ooooooo


“Isso não é bom sinal”, Potter sussurrou no pescoço de Draco. Os dois estavam tentando se manter alertas e acordados, esperando que ninguém entrasse naquela sala de aula desativada. Tinham encontrado o lugar depois da aula de Transfiguração para uma sessão frenética de amassos, que resultou na letargia atual.


Draco inclinou a cabeça contra a parede, todos seus impulsos pedindo para que ele simplesmente escorregasse para o chão com Potter, fechasse os olhos e se entregasse ao sono. “Não vamos estar em condições para a aula de Feitiços”, ele disse, pegando a varinha e tentando lembrar o feitiço de limpeza.


“Nós não estaríamos em condições de qualquer jeito, duas aulas é tempo demais. Eu não consigo me concentrar quando você está… quando… hmm…”, os olhos de Potter estavam fechando por vontade própria enquanto Draco lançava o feitiço.


“Não, não durma”, cutucou Potter com a varinha.


“Não vou dormir… só estou cansado”.


“Nós precisamos pedir poção reanimadora para Pomfrey”.


Potter suspirou. “E se ela disser que nós não deveríamos correr o risco de a poção reagir com o elo?”


“Potter, não tem como continuarmos nas aulas desse jeito. Até perdemos o almoço”.


“Eu não estava com fome mesmo. E nós vamos voltar para o quarto assim que a aula acabar”.


“Achei que você fosse querer voltar para a Torre”.


“Eu queria… eu quero. Mas vamos dormir um pouco antes de ir para lá”.


“Tudo bem”, Draco lutou para manter os olhos abertos. Dormir um pouco era sua idéia de paraíso naquele momento.


“Na verdade…”, Potter começou.


Draco estava prestes a se certificar que o outro não tinha dormido de pé quando ele voltou a falar. “Eu acho…”, o grifinório disse devagar, “Acho que a gente deveria ir para a Sonserina hoje à noite”.


Aquilo acordou Draco. “Você ficou louco?”


“Você está afastado de lá faz um mês”, Potter observou, o rosto ainda enterrado no pescoço de Draco.


“E...?”


“E eu sei como o seu status está caindo entre os sonserinos. Você está correndo o risco de perdê-lo”.


Draco inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. Sim, ele sabia daquilo. Tinha ficado longe por tempo demais. Não estava lá para manter seu lugar na hierarquia, fazer parte dos jogos de influência, e agora… se dar bem com Potter era a única maneira de sobreviver ao elo, mas, a não ser que ele fizesse algo para contrabalencear esse fato, a nova e melhorada relação com o seu cônjuge iria afundá-lo entre os sonserinos. E, conseqüentemente, enfraquecer sua família ainda mais.


“Por que você se importa?”


“Com o quê?”


“Com o fato de eu perder status na Sonserina, com a minha família perder poder… isso só pode ser boa coisa para… para o lado em que você deve acreditar”.


E lá estava o assunto sobre o qual eles não podiam conversar. Potter mordeu o lábio, se endireitando, e se recusou a olhar para Draco. Houve um silêncio longo e pesado.


“Não vai me ajudar em nada se você ficar chateado porque seus colegas de casa estão te rebaixando”, o grifinório comentou bruscamente, e então olhou para o relógio. “Nós temos que ir para a aula de Feitiços”. Potter jogou a mochila no ombro e puxou Draco para longe da parede. O loiro pegou a sua mochila sem muita vontade e o seguiu para fora.


ooooooo


“Intervalo na Grifinória?”, Weasley perguntou algumas aulas depois, se misturando aos alunos que saíam da sala de Aritmancia.


"Ahn?", Potter piscou, lutando contra a exaustão.


“Tem um intervalo de duas aulas antes de Astronomia. Vamos para o salão comunal?”


“Oh… não. Eu acho-”, Potter olhou para Draco. “Acho que vamos para… errr… para o nosso dormitório. Te vejo na aula de Astronomia”.


Atrás deles, Theodore Nott deu um sorriso maldoso e se aproximou de Draco. “Seu pervertido”, disse baixo o suficiente para que apenas o loiro ouvisse. "Escapando para transar duas vezes num único dia. A pequena lua de mel convenceu Potter do seu charme e agora ele está querendo o tempo todo, é?”


Draco quase tropeçou quando foi invadido por uma onda de indignação completamente inesperada. Mordeu o lábio para se impedir de insultar Nott, optando pelo que ele esperava que fosse um tom casual. “Nós só temos muitas lições atrasadas”.


“Oh, ele ainda está resistindo?”, o sorriso de Nott aumentou. “Malfoy, você tem idéia de quanto dinheiro está correndo na aposta de você ter deflorado o Potter antes de voltar para as aulas? Blaise vai querer morrer”.


“Nott-”


“Ou talvez Draco apenas tenha deixado Potter exausto mais cedo”, disse Millicent quando ela e Pansy se juntaram aos dois. O grupo se aproximou mais quando um monte de garotos do primeiro ano se misturou a eles, correndo atrás de Madame Hooch.


“Não preciso perguntar qual foi sua aposta, então, Bulstrode”, Nott falou, e Potter e seus amigos viraram para encará-los com curiosidade. Draco balançou a cabeça para Potter, indicando para ele se virar de novo e não prestar atenção nos sonserinos.


“Ótimo, vamos ver quem ganhou, então”, Nott pegou a varinha e apontou para Potter. “Virgo Acclaro”, disse e riu quando o rosto de Potter foi iluminado por uma luz azul-claro.


“O que você-”, “Nott!”, “Caramba!”, Potter e seus amigos disseram ao mesmo tempo.


“Eu te disse, Bulstrode”, Nott balançou a cabeça, em uma simpatia debochada. “Potter é teimoso-”


Harry avançou contra Nott, e Draco o segurou e o forçou a ir para trás, encarando Nott. “Nott, que merda é essa?”


“É óbvio. Virgo Acclaro”, ele apontou a varinha para Draco antes que o loiro pudesse desviar, e Draco se sentiu estranho quando o mundo ao redor ficou meio manchado de vermelho. “Azul-bebê patético para os virgenzinhos e vermelho-fogo para os homens de verdade”. Os garotos do primeiro ano tinham acabado de passar por eles, mas não estavam se movendo, e todos os alunos do sétimo ano observavam Draco, Potter e Nott.


“Nott”, Pansy disse por entre os dentes, “você tem a delicadeza de uma joelhada no saco, e é o que você vai ganhar se não-”


“Oh, você está certa, não é justo fazer isso só com os dois. E se eu-”, Nott rapidamente acenou a varinha em um círculo e murmurou algumas palavras, a última delas sendo ‘Virgo Acclaro’. Ele sorriu quando os rostos de vários alunos foram iluminados pelo feitiço, entre exclamações de surpresa e raiva.


Draco olhou ao redor, curioso, apesar de indignado. Interessante. Goyle, Millicent, Ernie Macmillan e, surpreendentemente, Parvati Patil estavam brilhando em azul. Nott, Pansy, Crabbe, Susan Bones, Padma Patil, Granger, Weasley e, inexplicavelmente, Neville Longbottom brilhavam em vermelho. E Draco não era o único observando os rostos dos outros.


“Nott!”, cerca de dez vozes diferentes esbravejaram e várias varinhas foram apontadas para ele.


Finite incantatum”, Nott disse. Todo mundo respirou aliviado, lançando alguns olhares curiosos. “Isso decide o status da aposta por hoje, não é mesmo?”


Draco respirou fundo, pronto para acabar com a raça de Nott-- e então sentiu a mão de Potter em seu ombro, e o grifinório o puxando para trás com urgência. “Não faça nada”, Potter sussurrou em sua orelha. “Não faça nada. Só vamos embora”.


Ele engoliu a seco, um milhão de pensamentos e impulsos diferentes passando pela sua cabeça. Como Nott ousava… Não era nada da conta dele… qual era a importâcia de… quem ele pensava que era para- e então as palavras de Potter de algumas horas atrás ecoaram em sua cabeça. “E eu sei como o seu status está caindo entre os sonserinos. Você está correndo o risco de perdê-lo”.


Ele se afastou de Potter e encarou Nott. “Faça essa merda de novo”, disse friamente, “e eu lançarei alguns feitiços bem reveladores em você. Há alguns fatos do terceiro ano que eu ainda não esqueci”, ele ameaçou e teve a satisfação de ver Nott empalidecer um pouco. Afastou-se e começou a caminhar para longe, Potter o seguindo de perto.


“Malfoy?”, Potter disse com cuidado quando eles chegaram no andar do dormitório.


“O quê?”


“Malfoy, não vale a pena-”


“Cale a boca”, Draco retrucou, quase trombando com o quadro de Sir Xander. “Hades!”, ele grunhiu, e a porta foi aberta abruptamente. Eles entraram no dormitório, e Draco jogou a mochila no chão.


“Malfoy, se enxerga”, Potter disse. Draco girou nos calcanhares.


“Não me mande ‘me enxergar’!”


Potter se afastou, levantando as mãos. “Ele estava fazendo aquilo para constranger a mim, não a você, seu idiota. E, julgando pela reação dos outros, ele não conseguiu muitos amigos espalhando o feitiço daquele jeito. Eu achei que Bulstrode iria explodir”.


Draco riu, inesperadamente. A expressão de Millicent havia sido impagável. Potter se aproximou. “Malfoy, não vale a pena se chatear por causa dele”.


“Isso não é- não foi direcionado só para você, você não entende-”


“Sim, eu sei, ele também queria mostrar que você não é capaz nem de consumar seu maldito casamento. Mas, sinceramente, não acho que é disso que a maioria das pessoas vai lembrar depois do que ele fez”.


Draco se jogou em uma poltrona e deitou a cabeça no assento, mais calmo. Potter deixou a mochila no chão e sentou em uma cadeira próxima.


“Você ainda acha que nós devemos ir para a Sonserina hoje à noite?”, Draco perguntou de modo seco.


“Sim”.


Ele encarou o grifinório, incrédulo. “Gostou da idéia de andar com o rosto azul o tempo todo, é?”


Potter deu de ombros. “Estou ficando imune às brincadeiras dos sonserinos, por alguma razão. E mantenho o que disse antes. Mais até, depois do que Nott fez, e você sabe disso”, ele passou a mão pelos cabelos. “Agora, nós vamos ficar falando sobre casas e Theodore Nott ou vamos aproveitar a nossa privacidade? Porque, se for assim, é melhor a gente começar, ou ficaremos imprestáveis para a aula de Astronomia”.


Draco riu de novo, seu humor melhorando, e então Potter de repente estava em seu colo, se inclinando para um beijo. “Caramba, Potter!”, ele conseguiu dizer, meio ofegante entre os beijos. “Você está cheio de sutileza e romance hoje, hein?”


“Não tenho tempo para nenhum dos dois agora”, Potter respondeu, começando a desabotoar a camisa de Draco. O sonserino decidiu que ele tinha razão e resolveu ajudá-lo.


ooooooo


“Você… você vai para a Sonserina?”, Weasley repetiu as palavras de Potter durante o jantar, como se não conseguisse acreditar.


"Sim”, Potter disse, indiferente. “Nós provavelmente voltaremos daqui alguns dias, mas é justo… ele ficou afastado da Sonserina bastante tempo”.


“Ele não pareceu se importar com isso antes. E estou surpreso que ele queira ir, ainda mais depois do que aconteceu com Nott hoje”.


Draco se inclinou de modo que pudesse ver Weasley, que estava sentado ao lado de Potter. “Weasley, eu estou lendo na mesa do jantar porque nenhum de vocês tem algo remotamente interessante a dizer, mas não lancei um feitiço de silêncio”.


Weasley se assustou, e franziu a testa para Harry. “Você sabia?”


“Do quê?”, Potter perguntou, meio irritado.


“Que ele não tinha lançado o feitiço?”


“Eu não sou dono dele, Ron”, ele murmurou, empurrando a comida no prato. “E ele só está sendo educado, te deixando saber que está ouvindo o que você diz. Deveria agradecê-lo por avisar”, ele colocou o garfo de lado e esfregou os olhos.


Weasley levantou as sobrancelhas e trocou um olhar com Granger, sentada na frente dos dois, antes de limpar a garganta e, visivelmente confuso, dizer. “Obrigado, Malfoy”.


“Harry?” disse Granger. “Você está bem?”


“Ahn? Sim, estou bem”.


Granger olhou para Potter e Draco. “Você não comeu muito”. Ela hesitou. “Nenhum de vocês. E parecem estar bem cansados”.


“Dia longo”, disse Potter secamente. “E vai ficar mais longo ainda, nós estamos bem atrasados com as lições”. Ele começou a levantar. Draco esfaqueou seu bife intocado mais algumas vezes, fechou o livro e ficou de pé também.


“Você quer revisar a lição de Aritmancia-”, ela começou.


“Amanhã, Hermione”, Potter retrucou, cansado, e então percebeu que havia sido rude. “Amanhã, está bem?”, repetiu em um tom mais educado.


“Tudo bem…”, Granger desistiu, os observando enquanto eles se afastavam.


“Ela é sempre tão maternal desse jeito?”, Draco murmurou.


“Sim”, Potter respondeu. “Olha que sorte, agora ela está agindo assim com você também”.


“Eu não preciso que uma sangue-ruim-”, Draco começou a dizer, e então revirou os olhos com o olhar magoado de Potter. “Oh, me desculpe. Que uma trouxa metida a sabe-tudo fique se intrometendo na minha vida, obrigado”.


“É a maneira dela de mostrar afeição”.


Draco fez uma careta. “Você está certo, nós precisamos mesmo ir para a Sonserina, se Hermione Granger está começando a gostar de mim. Que perturbador”.


ooooooo


“Draco? Oh, meu deus… Draco!”, Pansy gritou quando ele e Potter entraram no salão comunal da Sonserina. Todas as conversas pararam quando ela atravessou o cômodo e parou em frente a ele, gritando. “Maldito elo! Eu me penduraria no seu pescoço por uma hora se não tivesse medo de acabar tendo que te levar para o hospital, cheio de queimaduras!”. Draco começou a rir.


“Melhor não, acho que Madame Pomfrey já está me vendo o suficiente nesses últimos dias”, ele disse, e o salão comunal retomou a vida, risadas e conversas por todos os lados. Draco foi cercado por um monte de sonserinos, que o acolheram de volta, e aceitou as boas-vindas graciosamente, fazendo questão de notar quem não havia se aproximado — e deixando-os saber que os havia notado. Poucos, como Theodore Nott, apenas lhe devolveram o olhar. Ficou satisfeito em notar que a maioria abriu sorrisos e se aproximou dele.


“Olha, certo, estou feliz de estar de volta, mas tenho que guardar minhas coisas”, ele disse depois de alguns minutos, e se virou para Potter, a quem ninguém tinha cumprimentado. “Venha”, apontou com a cabeça para os dormitórios, e Potter o seguiu em silêncio.


“Bem diferente da Grifinória, não é mesmo?”, ele murmurou para Potter quando eles chegaram no dormitório.


“Não esperava que fosse igual”.


“Ótimo”. Ele colocou as coisas dentro do malão no pé da cama e se endireitou. “Pronto para voltar lá?”


“Sim, sem problemas”, Potter disse e pegou sua varinha e o livro de Astronomia.


“Draco?”, Pansy chamou. “Conseguimos cerveja amanteigada!”


“Estou indo”, Draco respondeu e se juntou aos amigos, ocupando um sofá perto da lareira e abrindo espaço para Potter do seu lado. Potter acenou com a cabeça para as poucas pessoas que se deram o trabalho de olhar para ele, se ajeitou no canto do sofá e lançou um feitiço de silêncio ao redor de si mesmo.


“Então, por que Potter não está choramingando por estar longe dos amiguinhos?”, Blaise disse, olhado para Potter com desprezo.


“Não sei e não me importo”, Draco deu de ombros e mudou de assunto, se adequando ao ritmo do seu salão comunal muito mais rápido do que suspeitara.


Que alívio, estar entre seu tipo de gente de novo. Não que os grifinórios tivessem sido tão ruins, mas não era a mesma coisa. Apenas ver os sonserinos nas aulas e no Grande Salão por tanto tempo… ele não tinha percebido o quanto sentia falta deles.


Aquilo era maravilhoso. E tão divertido, entrar no jogo deles, perceber quem estava fazendo o que, quem queria ou precisava do que, competir por poder e status. E também meio assustador, notar o quanto ele estava desatualizado. Por exemplo, quando Queenie¹ e Nott tinham virado um casal? E desde quando Crabbe e Goyle estavam seguindo Millicent? Aqueles dois eram imprestáveis, mesmo. Seguir Millicent Bulstrode. Sim, ela tinha uma personalidade forte. Só que também possuía a elegância, a discrição e a habilidade política de um martelo. Parecia que, sem a liderança de Draco, Crabbe e Goyle estavam completamente perdidos.


“O Chapéu Seletor não estava brincando sobre a coragem dos grifinórios, estava?”, Blaise comentou algumas horas depois, dando uma cotovelada em Millicent. Draco olhou para Potter quando Blaise completou. “Corajoso, mas extremamente estúpido”.


Draco mordeu o lábio, dividido entre várias sensações: riso, alarme, exasperação e uma estranha… afeição, por falta de palavra melhor. Porque Potter estava dormindo. No meio do salão comunal da Sonserina, cercado por mais de setenta estudantes hostis, a maioria dos quais o odiava por princípio sonserino e muitos dos quais o odiava por preferência pessoal ou necessidade política. E ele estava profundamente adormecido, ainda encolhido no canto do sofá, o livro de Astronomia caindo do seu colo.


“Por Merlin, Potter”, Draco resmungou e balançou a cabeça, decidindo que uma condescendência bem-humorada era provavelmente a melhor reação em público. Colocou o livro de Potter de lado, marcando a página em que ele tinha parado, e decidiu deixar o outro de óculos mesmo.


“Ele não é muito esperto, hein?”, Nott disse. “Quer dizer… dormir? Aqui? Nós poderíamos fazer qualquer coisa com ele. Abre espaço, Malfoy-”


“Ele não é tão idiota assim”, Draco disse calmamente, lançando um sorriso frio para Nott. “Potter sabe que eu não deixaria nada acontecer com ele. Nunca subestime seu inimigo, Nott”.


Houve um silêncio carregado.


“Nott tem uma certa tendência a fazer isso”, Pansy sorriu maliciosamente. “É de família, eu ouvi dizer”.


Draco suprimiu o impulso de levantar as sobrancelhas. Era prática comum entre os sonserinos usar tudo o que sabiam um contra o outro, e essa não era a primeira vez que Pansy usava as infelizes circunstâncias familiares de Nott para perturbá-lo. Mas Pansy não tinha idéia de como era doloroso ser lembrado que seu pai estava em Azkaban. Draco agradeceu aos céus que seu pai não estava mais lá, e que Pansy estava ao seu lado. Ele se virou para encarar Nott, que tinha corado e agora estava pálido de fúria.


“Você está bem, Nott?”, disse ele inocentemente.


“Ótimo”, Nott resmungou.


“Eu estou dizendo, Bryant é pior do que Weasley quando começou como goleiro, é inacreditável”, disse Blaise em voz alta, aparentemente retomando a conversa que estava tendo com Millicent, que aproveitou a deixa.


“Er - sim, mas o resto do time da Corvinal não é tão ruim”, disse ela. “Vamos precisar de sorte para vencê-los, o apanhador deles é muito melhor do que o nosso”, seus lábios se retorceram em desgosto. “Nós estamos perdidos sem você este ano, Draco”.


Draco franziu a testa, incerto de como aceitar o comentário. Por um lado, a frase apontava que ele era um excelente apanhador e faria falta para o time. Por outro, lembrava a todos que ele não poderia jogar e por quê.


Mas, quando a razão de ele não poder jogar estava dormindo bem ao seu lado, não dava para os outros esquecerem dos fatos. E Millicent não era maldosa o suficiente para fazer elogios com outras intenções.


“Sim, obrigado, não me lembre”.


“Vocês deveriam fazer mais daqueles jogos de apanhadores”, Pansy disse. “Eles ficaram muito populares. Deixaram os grifinórios mortos de raiva por ver que, sem o resto do time por trás, você é mais do que páreo para o precioso pequeno Potter. Nós conseguimos status graças a você”.


“Por que vocês passaram para jogos de cinco sets?”, Blaise perguntou. “Vocês estavam fazendo sets de sete no sábado”.


“Lição de casa demais”, Draco respondeu, “Estou tão atrasado que não quero nem pensar. Aliás”, ele olhou para o relógio, aliviado por ver que já era decentemente tarde, “Vou acordar o Belo Adormecido aqui e ir estudar. Eu sei”, ele levantou a mão quando alguns de seus amigos protestaram. “…mas fiquei afastado por quatro dias e tenho que recuperar esse tempo”. Chacoalhou Potter pelos ombros. “Potter?”.


“Mhm - quê?”, Potter se espreguiçou, meio desorientado.


“Confiante você, hein?”, Draco disse, e seus amigos riram. “Levanta. Estou indo para o dormitório estudar”. Ele projetou calma em Potter, ainda o segurando pelo ombro, esperando que ele não agisse de modo lesado demais.


“Certo”, Potter sentou, meio corado, e começou a procurar pelo livro de Astronomia.


“Está aqui comigo. Vamos”, Draco fez um aceno de boa noite para os amigos e começou a caminhar para o dormitório.


“Malfoy?” Potter disse. “Você está bem?”


“Sim, por quê?”


“Você está cansado. Quer dizer, você sabe, pelo elo-”


“O banheiro é por aqui”, Draco o interrompeu e o obrigou a segui-lo. Ele se inclinou para perto quando os dois pegaram suas escovas de dente e começaram a se arrumar para a cama. “Estou exausto, mas estamos nas masmorras, será que você pode tentar lembrar disso?”, ele sussurrou. Os olhos de Potter se arregalaram um pouco e concordou com a cabeça.


“Certo. Desculpe, eu esqueci”.


“Não esqueça”.


“Me desculpe, está bem? Eu acabei de acordar”.


Draco esfregou os olhos, sentindo a energia que estava usando para se manter atento junto aos colegas de classe se exaurir.


“Malfoy, desiste de estudar agora, você vai acabar dormindo-”


“Eu não iria estudar de qualquer modo, seu idiota. Só disse aquilo para poder ir embora. Vamos”, eles entraram no dormitório masculino e se jogaram na cama, puxando as cortinas e lançando feitiços de privacidade nelas. Draco fechou os olhos, meio perturbado ao perceber como se sentia exausto.


“Malfoy?”


O quê?


“Eu acho que isso é um não”.


“Para que pergunta?”


“Se você quer… errr… você sabe…”


“Você só pode estar brincando”.


“Eu dormi um pouco”, disse Potter, se desculpando.


“Eu não”.


“Eu sei…”


Draco suspirou quando percebeu que uma parte do seu corpo não tinha recebido o recado de quão exausto ele estava. “Sabe, é uma coisa ótima que você não tenha casado com uma garota”, ele murmurou, se virando para o lado de Potter. “Se você quer… errr… você sabe…- isso foi extremamente romântico”.


“É você que vive fazendo brincadeiras sobre casamentos serem românticos”.


“Talvez você tenha me corrompido”, disse, falhando em suprimir um bocejo.


“E talvez você tenha me corrompido. Porque, nesse exato momento, eu gostaria muito de sentir sua mão dentro da minha calça, e não me importo de ter que te agradar para conseguir isso”.


Draco deu um sorriso, pegou sua varinha e murmurou alguns feitiços nas cortinas.


“O que você está fazendo?”


“Você não acha que eu vou confiar nos feitiços de privacidade comuns, não é? Agora, sobre a minha mão nas suas calças…”, ele bocejou. “Tire minhas roupas que eu te recompenso”.


“Certo”, Potter rapidamente se livrou das roupas de Draco e das suas, tão sensual quanto alguém que se despe para um exame médico. E imediatamente começou a beijar e acariciar Draco.


“Encantador”, Draco ofegou enquanto eles investiam um contra o outro. “Não dá para entender como você ainda fica azul com aquele maldito feitiço”. Ele inclinou a cabeça para trás. “Não… oh… não que eu esteja reclamando, se você quer saber. Não mesmo. Só que você não parecia tão… hmmm… eficiente durante nossa suspensão… ah-”


Potter riu alto — e então uma luz laranja e um grito abafado fizeram os dois pularem de susto.


“Mas que diabos-”


Draco riu. “É bom estar em casa de novo”.


“O que foi isso?”


"Quem será que vai estar com as palavras ‘Voyeur Perva’ na testa amanhã? Foi essa pessoa que tentou desfazer nosso feitiço de privacidade”.


Potter o olhou, surpreso. “Como é que você vive com essas pessoas?”


“Eles te mantêm atento”, Draco deu de ombros e puxou Potter para perto de novo. “Potter, eu não quero falar sobre eles agora”.


“Não, nem eu”, Potter disse, afobado, e eles retomaram suas atividades anteriores e terminaram rapidamente.


Draco sentiu a agora familiar onda de letargia e estava prestes a se entregar a ela quando Potter limpou a garganta.


“Oh, o que foi afora?”


“Nada”. Potter ficou quieto por alguns instantes, e então disse. “Te incomoda que a gente ainda… você sabe, que eu ainda fico azul com o feitiço?”


"Nesse exato momento, não”, Draco bocejou. Ele rolou na cama e abraçou Potter, correndo a mão pelo seu cabelo bagunçado. “Sério, Potter, a gente não pode falar sobre isso amanhã?”


“Um. Sim”, Potter respondeu, e acomodou o rosto sobre o ombro de Draco.


“Boa noite, Potter”, Draco disse e se entregou à escuridão.


ooooooo


Dia 29, Terça


“Ficou lindo, Blaise”, Malfoy riu no dia seguinte quando ele e Harry emergiram detrás das cortinas. Blaise lhe lançou um olhar cortante enquanto Crabbe e Goyle engoliam as risadas.


“Muito engraçado. Se importaria de dar um jeito nisso?”


“Ah não, combinou tanto. Pense nisso como uma propaganda. Garotas exibicionistas vão se atirar em cima de você”. Malfoy e Harry caminharam para o banheiro e Blaise bloqueou a porta.


“Vamos, Draco, por favor. Você teria feito a mesma coisa e você sabe disso”.


“Provavelmente”.


“Olha, eu faço o seu dever de Transfiguração-”


“Por favor. Eu poderia escrevê-lo dormindo”, Malfoy desdenhou, e Harry rodou os olhos enquanto os dois barganhavam.


“Malfoy”, ele interrompeu, “você se importa de fazer isso no banheiro, para que a gente não se atrase para a aula?”


“Sim, tudo bem”, Malfoy respondeu, e eles foram para o banheiro, ainda conversando.


Era fascinante assistir à interação entre os sonserinos, Harry pensou enquanto se arrumava e ouvia Malfoy e Blaise discutirem sobre o que Blaise estava disposto a fazer para ver removida a marca de “Voyeur Perva” da sua testa. Tudo era tão calculado. Nenhuma ação era tomada sem considerar as ramificações sociais. Não havia interações honestas e espontâneas entre amigos, como na Grifinória.


E Malfoy estava completamente dentro do seu ambiente lá. Se Harry não o tivesse visto com as barreiras abaixadas durante a suspensão, poderia jurar que aquele era o jeito natural dele. E, se não fosse o elo para mostrar os sentimentos verdadeiros de Malfoy, ele acreditaria que o que estava estampado no rosto do outro era genuíno. Que o olhar calmo de condescendência para Nott aquela manhã era real, e não guardava uma pontada de temor. Que o tratamento quase gentil reservado para Goyle e Crabbe não tinha por trás a determinação de colocá-los sob sua influência completa e publicamente, para mostrar para o resto dos sonserinos que, ainda que Crabbe e Goyle tivessem se enveredado para o lado de Millicent Bulstrode durante sua ausência, os dois ainda respondiam a ele, e não a ela.


Ele teria até pensado, sem o elo, que Malfoy não tinha se importado quando o rosto de Harry ficou azul de novo no salão comunal.


“Essa cor fica bem em você, Potter”, ele riu. “Combina com seus olhos”. Ele olhou pelo salão comunal, onde uma dúzia de alunos de todas as idades se aprontava para o café da manhã e comentava sobre o rosto de Harry. Limpou a garganta, esperando e ganhando a atenção de todos os presentes.


Ele olhou ao redor mais uma vez e suspirou com uma decepção debochada. “Que pena. Nott não está por aqui, então acho que não posso culpá-lo”. Os outros riram. “Vamos combinar uma coisa, certo?”, ele sorriu friamente. “Cada vez que Potter receber esse adorável feitiço, eu irei pessoalmente lançar Virgo Acclaro em todos os presentes. Então, não usem esse feitiço, a não ser que não se importem em anunciar para o mundo o seu status sexual e o dos seus amigos. Estamos combinados?”


Parecia mesmo que ele estava apenas se divertindo e seguindo a tradição de jogos de poder da Sonserina. Mais ninguém poderia dizer que Malfoy estava possesso, e não apenas pelo dano à sua reputação. Uma parte dele, e Harry podia sentir isso, estava genuinamente com raiva por alguém estar tentando fazer Harry passar por bobo.


Quando isso tinha acontecido? Quando eles tinham se aproximado tanto para que Malfoy se sentisse daquele jeito a respeito de Harry? Como se Harry por si só importasse, não porque o que ele sentia era refletido em Malfoy? E quando eles tinham se tornado próximos o bastante para que Malfoy confiasse em Harry coisas que ele não diria nem para seus amigos? Para que Malfoy fosse conscientemente diferente com Harry em relação ao resto do mundo?


Quando eles tinham se tornado um casal?


ooooooo


“Harry”, Hermione murmurou no ouvido do grifinório durante a aula de Herbologia. “Ele está bem?”


Harry se virou na direção de Malfoy para encontrá-lo dormindo, a cabeça apoiada no braço e a pena prestes a escorregar por entre os dedos. Sorriu, cansado, pegou a pena de Malfoy e colocou-a junto ao tinteiro.


“O que ele tem?”, ela murmurou, preocupada.


“Só está cansado”. Harry tirou um livro grosso da mochila e cuidadosamente o colocou sob os braços de Malfoy, para que ele não se sentisse muito desconfortável quando acordasse. Sem perceber o que fazia, acaricou os fios loiros que caíam sobre a testa, afastando-os dos olhos do outro.


“Ele nunca dorme durante a aula”, Hermione disse. “Ele está cansado demais. E você também”, ela acrescentou, acusadoramente. “Harry, o que está acontecendo?”


Harry esfregou os olhos, cansado.


“Harry”, Ron sussurrou do outro lado. “O que foi? Por que vocês dois estão parecendo como se não tivessem uma boa noite de sono há muito tempo?”.


“Nós estamos bem”.


“Harry-”


“Olha, eu não posso dizer para vocês, está bem? Não sem conversar com ele antes”.


“Por que não?”


“Estou casado, lembra?”, Harry retrucou. “Devo a ele um pouco de discrição. Ele não é exatamente o maior fã de vocês dois e não ia ficar muito feliz se eu começasse a contar para vocês coisas da nossa vida particular”.


“Você está mantendo segredos de nós dois por causa dele?”, Hermione perguntou, devagar.


“Não, não é… isso não-”, Harry se interrompeu. “Sim, estou”.


Ron e Hermione o encararam.


“Sou eu que tenho que viver com ele. É por esse motivo que nós ficamos afastados por quatro dias. Para que aprendêssemos a viver juntos sem nos matar. E se isso significa que eu tenho que esconder algumas coisas de vocês, então é assim que vai ser. Vocês são meus melhores amigos, mas ele é meu… cônjuge. Eu não pedi por isso e não estou feliz por esse fato, mas tenho que tomar o partido dele de vez em quando. Desculpem”.


“Mas-”


“E ele faria a mesma coisa por mim”.


“Eu duvido muito disso, Harry”, Ron resmungou.


“Você não-”


“Se você acha isso porque ele lançou aquele feitiço idiota em todo mundo durante a aula de Aritmancia hoje quando alguém fez isso com você-”, Hermione começou.


“Sim, por coisas desse tipo. E por não deixar ninguém encostar em mim quando eu dormi no meio do salão comunal da Sonserina ontem”.


“Você dormiu no salão comunal da Sonserina?”, as sobrancelhas de Ron desapareceram debaixo da sua franja.


“Eu estava cansado-”


“Por quê?”


“E por que… você não precisa passar todo o seu tempo livre com ele, Harry”, Hermione disse. “Ninguém espera que você-”


“Eu não estou passando todo o meu tempo livre-”


“Nós só te vemos na aula”, ela respondeu. “Vocês ficam desaparecendo nos intervalos… nem fazem mais as refeições no Grande Salão”.


“Todo mundo quer saber para onde vocês vão quando desaparecem”, Ron disse.


“Para o nosso dormitório, está bem? Nós vamos para o nosso dormitório- vocês sabem, porque é imposível que a gente se concentre o dia inteiro se não formos. E eu realmente gostaria que as pessoas parassem de fazer esse tipo de pergunta, como se elas tivessem todo o direito de se intrometer”. Ele mordeu a língua, esperando que não tivesse soado rude demais, mas sabendo que tinha.


“Mas Harry-”


Malfoy se mexeu devagar, levantando as sobrancelhas, e Harry pôs uma mão em seu ombro, desejando que ele próprio pudesse dormir também. O loiro abriu os olhos, encontrando o olhar de Harry, e sorriu preguiçosamente para ele. Malfoy levantou a cabeça devagar e o beijou, ainda meio adormecido, e Harry se inclinou para o beijo, sem se importar com quem os visse. Não se importou nem quando ouviu Ron soltar uma exclamação de nojo. As mãos de Malfoy brincaram um pouco com o cabelo de Harry, e então ele quebrou o beijo, bocejando.


“Um, desculpe”, ele bocejou de novo. Sentou, esfregando os olhos e lentamente se orientando. “Por quanto tempo eu apaguei?”


“Acho que não muito”, Harry disse. “Não se preocupe, eu te empresto as minhas anotações”.


“Mm. Queria que a gente estivesse em casa. É difícil demais ficar acordado nessa maldita aula”, ele bocejou.


“Malfoy, o que está acontecendo?”, Ron disse baixinho, e Harry lhe lançou um olhar cansado.


“Com quem?”


“Você não costuma dormir nas aulas”.


Malfoy se virou para Harry. “Você não contou para eles?”


“Não… você não se importa?”


“Não, pode falar”.


“Você não contou para ninguém na Sonserina”.


“Eu conheço meus amigos”, ele disse de modo seco. “E também sei que seus amiguinhos iriam preferir se matar a machucar você. Pode contar o que você quiser”. Ele pegou a pena e olhou para a lousa, tentando entender onde Sprout estava na lição.


“Nos contar o quê?”, Hermione perguntou, aflita.


“Shhh. É que… Pomfrey não tem muita certeza do que está acontecendo, na verdade…”, e Harry se viu grato pela preocupação deles enquanto confidenciava a situação para seus dois amigos mais próximos.


ooooooo


Dia 31, Quinta (madrugada)


Draco acordou, vagamente excitado e confuso. Aquele sonho tinha sido… interessante. Não muito vívido, mas havia algo… algo acolhedor nele…


Olhou para o relógio. Três da manhã. Potter estava dormindo ao seu lado, e Draco o abraçou, sorrindo quando o grifinório automaticamente acomodou a cabeça em seu ombro. Devagar, o sonserino acariciou o cabelo de Potter e fechou os olhos, esperando voltar a dormir, mas sua mente continuava zunindo e repassando as imagens do sonho. Ele bocejou e fez uma careta de irritação.


Precisava dormir. Os níveis de energia dos dois estavam mais baixos a cada dia, e Pomfrey estava fazendo um milhão de perguntas para tentar descobrir o motivo. A poção reanimadora funcionava um pouco, e estar na Sonseriva ajudava muito Draco — o desafio de ter que compensar pelo elo era bem estimulante — mas o fato era que os dois estavam enfraquecendo cada dia mais. Com sorte, Esposito encontraria uma solução logo, ou eles teriam que voltar para a Grifinória antes que os sonserinos percebecessem que havia algo errado.


Correu devagar a mão pelas costas despidas de Potter, sentindo um prazer sensual na sensação de pele contra pele. Moveu suas pernas para entre as do grifinório e sua excitação aumentou quando encostou na virilha de Potter e sentiu algo duro.


Potter estava sonhando também, aparentemente. E Draco precisava voltar a dormir antes que ficasse excitado demais por causa disso. Fechou os olhos, só para os arregalar de novo quando Potter se moveu contra ele e gemeu.


“Potter?”


Potter acordou, surpreso por se ver em um abraço tão firme, e imediatamente começou a se esfregar contra Draco. Draco riu.


"Seu tarado! Por Merlin, Potter, são três da manhã”.


“Meu corpo não sabe disso. E eu estava sonhando que era de tarde e você estava fazendo… errr, coisas que a gente faz à tarde. Lá na clareira”.


Os batimentos cardíacos de Draco aceleraram um pouco. “Potter, nós precisamos dormir”.


“Sabe o que vai nos ajudar a dormir?”, Potter perguntou, deslizando a mão pela virilha de Draco.


“Como você ainda brilha azul é um mistério para mim”.


“Eu poderia te explicar, mas prefiro fazer uma coisa que vai acabar com a gente voltando a dormir”


“Ótimo”, Draco aceitou a lógica de Potter. “Mas espera aí-”, ele pegou a varinha no criado mudo e acenou na direção dos dois, murmurando um feitiço rápido.


“Só você mesmo para saber um feitiço que se livra do mau hálito de quando se acaba de acordar”, Potter se aproveitou do feitiço e beijou Draco.


“O que os trouxas fazem a respeito?”


“Como é que eu vou saber?”, Potter começou a lamber o caminho até a orelha de Draco, e o sonserino suspirou, percebendo que não haveria como ele voltar a dormir agora se não fosse até o fim. Virgem ou não, Potter estava se tornando muito bom em conseguir o que queria de Draco. O que para ele estava ótimo. O único porém era a questão do esgotamento de energia, o que não era bem um problema quando eles ainda tinham cerca de quatro horas antes de precisarem levantar de novo.


Draco fechou os olhos, sentindo o corpo responder a Potter, o calor subir por sua pele… aquilo era tão bom… tão melhor do que os amassos corridos em salas de aula vazias ou contra árvores… na verdade…


“Potter. Pare”. Draco se afastou, colocando uma mão no peito de Potter. O grifinório gemeu de frustração.


“O que foi?”


“Eu quero… hmmm, eu gostaria de voltar para o nosso quarto”.


“O quê? Por quê?”


“Porque eu não quero ficar preocupado com a possibilidade dos meus amigos nos interromperem”.


“São três da manhã”.


“Eu sei. Mas e se algum deles lançou um feitiço para detectar quando nós-”


“Malfoy, vamos lá. Eu não gosto de dizer isso, mas sejamos realistas: não vamos demorar muito. E depois a gente pode-”


“Eu quero que demore um pouco mais”


“Por quê?”


Por deus, Potter era bem lerdo de vez em quando. Draco respirou fundo. “Potter. Quantas vezes você vai ficar azul no meio da aula antes de cansar?”


“Eu já estou cansado, mas-”, Potter se interrompeu, e Draco quase pôde ver a luzinha de entendimento se acendendo em sua mente. Ele se afastou devagar e sentou na cama.


“Malfoy… Eu… você disse que não iria me pressionar-”


“Não estou te pressionando. Só estou sugerindo-”


“Olha, eu-”


Lumus”, disse Draco, e piscou com a luz que se acendeu. Ele também sentou na cama e passou os óculos para Potter.


“Malfoy-”


“Eu não estou pressionando. Mas estou pronto e eu quero… Eu quero você”.


“Eu, eu quero você também, mas-”


“Você pode ficar por cima, se você quiser”.


Potter piscou.


“Faz um pouco de diferença, não é mesmo?”


“Er… sim”. Potter esfregou uma mão no cabelo, nervoso. “Mas… eu nunca-”


“Eu também não. Nós estaríamos quites”.


“Malfoy, eu… e se eu te machucar?”


“Você não vai me machucar, eu confio em você”. Potter lhe lançou um olhar incrédulo, e Draco sorriu. “No que se refere a esse assunto, quero dizer. Eu confio em você. Você não vai me machucar. Não mais do que… não mais do que o necessário”.


Potter abraçou os joelhos e olhou para baixo, e Draco pôde sentir os impulsos conflitantes dentro dele. Colocou a mão no braço de Potter e esperou.


Por fim, o grifinório o encarou, ainda nervoso, mas decidido, e concordou com a cabeça.


Draco pegou as chaves de portal enquanto Potter separava as roupas e mochilas que eles levariam. O sonserino encerrou o “Lumus” e entregou a chave de portal de Potter.


“Você deveria tirar os feitiços de privacidade das cortinas”, disse Potter.


“Por quê?”


“Para que os outros não percam tempo tentando nos acordar amanhã de manhã. Ou que sejam vítima da azaração que você deve ter lançado nessas cortinas”.


“Você não é nada divertido, Potter”, disse Draco, mas tirou os feitiços e abriu as cortinas. Eles ativaram as chaves de portal e em instantes estavam no quarto.


Lumus”, disse Draco, e eles deixaram de lado as roupas e mochilas trazidas do dormitório da Sonserina. Encararam-se, ajoelhados na cama, repentinamente tímidos.


“Você tem certeza disso?”, perguntou Potter suavemente, entrelaçando os dedos nos de Draco.


Draco respirou fundo e concordou com a cabeça.


“Quer fazer o feitiço que a curandeira sugeriu?”


Draco assentiu de novo, e os dois pegaram as varinhas. Eles se aproximaram e apoiaram a testa uma contra a outra, fechando os olhos.


Draco limpou a mente, aspirando de modo profundo, e começou o ‘Encantamento para Tranquilidade’ que Esposito ensinara alguns dias atrás. Potter se uniu a ele, e logo as palavras murmuradas preencheram o ar ao redor, quase como uma presença física. Draco podia sentir a serenidade fluir para dentro dele, soando como ondas do mar em uma praia tranquila, não deixando espaço para receios ou medos.


Eles repetiram o encantamento, entrando em um transe de profunda tranqüilidade, a respiração mais calma, os lábios tão próximos que eles sussurravam contra a boca um do outro, beijando-se no intervalo entre as palavras. Os dois mergulharam em um estado de calma, sentindo ondas de serenidade e paz.


Acabaram o feitiço depois da terceira repetição. Os dois colocaram as varinhas de lado e continuaram a se beijar, movendo-se juntos. Draco trouxe Potter para deitar consigo até que eles estivessem entrelaçados na cama, Potter completamente em cima de Draco.


O sonserino jogou a cabeça para trás, se concentrando em sentir os lábios que se moviam pelo seu pescoço, as mãos que o acariciavam em todos os lugares. Puxou Potter para mais perto, correndo uma mão pelos cabelos bagunçados e acariciando devagar o calcanhar do outro com o pé, cada movimento tão lento e tão incrivelmente delicado. Nenhuma palavra, apenas suspiros e gemidos fracos, o som de dedos correndo contra pele e de ondas batendo na praia.


Potter levantou a cabeça e olhou para Draco, pedindo em silêncio permissão para continuar, e Draco concordou com a cabeça, fechando os olhos enquanto o outro pegava o pequeno frasco de óleo com essência de mel que a curandeira lhes dera. Sentiu Potter deitar ao seu lado e então mãos quentes correram pelo seu peito, sua barriga, deixando traços do óleo brilhando na pele do loiro enquanto se moviam mais para baixo. Draco abriu os olhos e pegou o frasco, espalhando um pouco nas próprias mãos. Devagar, começou a traçar o tórax de Potter, ao redor de cada mamilo, no pescoço, sorrindo pela forma como a respiração do outro se tornava mais intensa quando os dedos de Draco tocavam algum ponto sensível. Mas as mãos de Potter não pararam nem por um momento de espalhar o óleo pelo corpo do loiro.


Potter levantou uma sobrancelha, pedindo permissão de novo, e Draco separou as coxas, não sentindo medo algum quando as mãos de Potter foram mais para baixo e ele começou a espalhar o óleo entre suas pernas. Outro olhar questionador, e o loiro concordou com a cabeça, ficando um pouco tenso quando um dedo entrou nele. Potter parou e seus olhos perguntavam se Draco queria que ele parasse — e Draco o puxou para um beijo, controlando sua respiração para aceitar a dor e relaxar, sabendo que a dor iria passar e que não havia o que temer.


Então Potter fez alguma coisa que mandou uma onda elétrica de prazer pelo corpo de Draco, e ele ofegou. Potter se afastou, relaxando quando percebeu que Draco não estava sentindo dor, e repetiu o que tinha acabado de fazer. Draco o segurou pelo ombro, tremendo, um gemido escapou dos seus lábios e sua respiração ficou ofegante. Ele ouviu o barulho das ondas se tornar mais forte, como se perturbadas pelo vento, mas o som logo voltou ao ritmo calmo de antes.


Os olhos de Potter estavam questionando de novo, e Draco assentiu, começando a virar de bruços. Só que então mudou de idéia. Esposito tinha explicado que aquela posição provavelmente seria a mais fácil para a primeira vez, e na hora pareceu uma boa idéia, mas agora… não. Ele precisava ver Potter, ler suas emoções, poder dar segurança a eles dois. Potter franziu a testa em confusão quando Draco voltou a deitar de costas, puxando o moreno de volta para cima dele para continuar a espalhar o óleo. O loiro sorriu quando Potter entendeu a mudança de planos e fechou os olhos para se concentrar nas sensações.


Potter se aproximou, e as bocas se encontraram de novo. O grifinório acariciou a nuca e as bochechas de Draco, afastando o cabelo do rosto dele, usando a outra mão para se guiar devagar dentro do sonserino. Draco ficou tenso quando sentiu a dor lhe queimar por dentro e gemeu contra o pescoço de Potter, afundando as unhas nos ombros dele, mas se obrigando a aceitá-lo. Potter não se mexeu, beijando gentilmente a cabeça do loiro. Draco podia senti-lo tentando reassegurar a si mesmo que o sonserino estava bem, só precisava de um tempo para se ajustar.


Draco respirou fundo repetidas vezes, seguindo o ritmo das ondas calmas quase inaudíveis, a dor diminuindo e começando a dar lugar para uma sensação de paz e confiança — o que a curandeira dissera que era uma reação natural e muito positiva. Ele procurou os lábios de Potter de novo, enganchando as pernas em volta de sua cintura, movendo-se junto com ele. Ofegou quando foi invadido por outra onda de prazer, mais forte dessa vez e misturada à dor. Forte demais.


“Shh...”, Potter o acalmou, mas Draco sentiu um soluço subir por seu peito, mesmo com o feitiço, mesmo com tudo que eles tinham partilhado até agora. Aquilo era demais, ele não estava no controle, era uma invasão, era errado, ele não iria agüentar — mas Potter ainda estava lá e o abraçava, ainda dentro dele, o trazendo gentilmente de volta para o transe do feitiço, de volta a eles, à confiança.


“Shhh...”, Potter beijou sua testa, entrelaçando seus dedos nos dele, ainda sem se mexer. Draco o abraçou, a dor mais suportável, o som calmo das ondas gradualmente voltando. Voltando e então começando a ficar mais alto conforme as sensações se intensificavam, mas não tão assustador dessa vez.


Draco abriu os olhos e encontrou Potter o encarando, todo o seu ser completamente focado em impedir que o loiro entrasse em pânico. Ele sorriu e afastou o cabelo de Potter da testa, traçando sua cicatriz com o dedo e permitindo que eles começassem a se mover juntos e mais intensamente. Começou a trazer Potter mais para dentro do transe do feitiço, para que ele confiasse em si mesmo e começasse a se entregar aos movimentos, o som das ondas aumentando até que se transformasse em uma tempestade. E eles estavam começando a se afogar nessa tempestade e a serem consumidos por ela — imagens que deveriam ser aterrorizantes, mas, ao invés disso, eram excitantes e empolgantes.


Draco sentiu que Potter continuava no controle, mas com risco de entrar em pânico pelo que estava vivenciando. Era a primeira vez de Potter também, afinal, e, com ou sem Feitiço de Tranqüilidade, ele precisava da ajuda de Draco tanto quanto Draco precisava da dele.


E Draco pelo menos sabia um pouco do que Potter deveria estar sentindo; a estonteante sensação de estar dentro de outra pessoa e a impossibilidade de diminuir o ritmo para controlar algo quase incontrolável: a necessidade do corpo de investir rápido e forte e chegar ao clímax o mais rápido possível. O Feitiço de Tranqüilidade ajudava um pouco, mas não era suficiente. Ele correu a mão pelo tórax de Potter para acalmá-lo, sentindo os tremores na sua pele enquanto Potter mordia o lábio e se concentrava em não ir rápido demais, em não machucar Draco, em não acabar com aquilo enquanto Draco não estivesse pronto.


Só que Draco tinha certeza de que estava pronto. Para qualquer coisa. Ele enroscou as pernas com mais força ao redor de Potter, fazendo-o entrar mais fundo, e arqueou as costas pelas ondas de prazer que o invadiram, encorajando Potter a seguir seus instintos e se entregar. Era como se eles estivessem tentando controlar uma tempestade juntos, Draco pensou enquanto Potter procurava se reassegurar de que o sonserino queria que ele se movesse. E então eles estavam investindo um contra o outro ao mesmo tempo, era quase quente demais para suportar, faíscas de luzes brilhavam ao redor deles por causa do feitiço, e os dois estavam queimando, eles iriam explodir-


Draco capturou os lábios de Potter com os seus e não conseguiu conter um grito quando cada nervo do seu corpo pareceu estar em chamas com o êxtase. Suas costas arquearam para fora da cama enquanto, com um grito rouco, Potter também pulsou dentro dele, o calor os envolvendo e as luzes ficando tão fortes que quase os cegou. Incontáveis momentos se passaram até que os dois caíram de volta na cama, exaustos.


E então tinha acabado. Pequenas faíscas de luz ainda brilhavam ao redor deles, não mais freneticamente, só que de modo calmo. Draco sentiu ser envolvido por ondas de tranqüilidade, calor e afeição. Ele esticou a mão até Potter, ainda deitado em cima de si, respirando devagar e suavemente contra seus cabelos. Uma onda de sono reconfortante o invadiu e ele se entregou a ela de boa vontade.


ooooooo


¹NdT: Queenie é o apelido da Daphne Greengrass, uma sonserina que só aparece nos livros uma vez (menciona-se que ela fez os NOMs ao mesmo tempo que a Hermione), mas que está sempre presente nas fics em inglês. Acho que pela escassez de sonserinas “canon”.

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