Never Again ~ B. Wendy Witch
Aviso: Eu escrevi quatro fics para o projeto, e uma é continuação da outra. Dá para entendê-las lendo independentes, mas elas ficam melhor juntas. Essa é a primeira.
Never Again
Por B. Wendy Witch
You tell me that you love me
But you never wanna see me again
Eu nunca acreditei no amor. Talvez por isso dizer “eu te amo” não fosse algo que significasse muito para mim. Mas ainda assim, eu evitava falar isso. Há pessoas que acreditam.
Com Pansy não havia muitos problemas. Ela sabia que eu não a amava, mas quando estávamos na cama e eu a fazia gritar por mais, eu sempre lhe dizia que a amava. Depois de tudo. Talvez depois de tudo realmente o amor exista.
Já com Ginny, eu tive que ter cuidado. Eu nunca a odiei como odiava seus amigos, mas desde sempre tudo o que eu sentia por ela era indiferença. Mas quando saímos daquele mundinho fechado que era Hogwarts, comecei a enxergá-la melhor e percebi que ela poderia servir para mim. Sim, apesar de Grifinória, traidora do sangue e amiga de sangues-ruins – até mesmo do Potter –, ela era o tipo de mulher que eu achava que poderia ser minha.
Decidida, forte e ao mesmo tempo amável, um pouco sarcástica e irônica e principalmente corajosa. A mistura perfeita que eu não procurava em alguém, mas encontrei.
Começamos a nos encontrar por acaso, em um barzinho que nossos poucos amigos em comum frequentavam. Em geral, seus ex namorados e rolos. Não me importava, e quando comecei a me aproximar, ela pareceu até lisonjeada. Claro, quem esperaria que eu fosse falar com ela?
Ela me contou que estava noiva de Potter, mas que ele não gostava de ir a lugares como esse. Confiava nela, porém, então ela ia sozinha. Pobre Potter! Logo na primeira noite que conversamos, depois de algumas bebidas e um pouco de dança, ela já estava colada ao meu corpo e eu beijava seu pescoço, enquanto minha mãos passeavam livremente por baixo do tecido frio do seu vestido preto. Com certeza eu não era o primeiro com quem ela fazia aquilo naquele bar, enquanto seu noivinho devia estar em sua casa, dormindo. O pensamento me deixou ainda mais animado.
Nos encontramos ali por mais duas vezes na mesma semana. Na quarta, a levei para minha casa. Como Weasley era fácil! Já começava a pensar que no fim todas deviam ser como Pansy. Que bom.
Desde então, nos encontrávamos sempre naquele mesmo bar, mas por vezes sequer entrávamos. Ela me esperava na porta e quando eu chegava ela já entrava no carro, me beijando ardente e deslizando as suas mãos em meu corpo. Eu ria imaginando como Potter devia ser ruim nessas coisas, para deixá-la naquele estado.
No intervalo entre dois desses encontros, meus pais me avisaram de uma festa para a qual a família fora convidada. Essas eram meio raras desde que meu pai saíra de Azkaban, então devíamos aproveitar a oportunidade. Me dei conta que não tinha um telefone, um endereço e nenhum outro modo de comunicar Weasley. Há muito tempo não usava corujas, estavam ficando cada vez menos úteis com a tecnologia trouxa entrando no mundo bruxo. Quem diria...
Então, naquela noite, tive que deixar Ginny me esperando. Não que eu me importasse realmente, mas ela ficaria muito nervosa. Bem, o pior que poderia acontecer era passar uns dias sem transar. Nada muito grave.
Em casa, me aprontei para a festa como deveria. O traje era formal, meus pais me disseram apenas que era o aniversário da filha de uns amigos da família. Fomos no carro com motorista, meus pais pareciam querer impressionar naquele dia.
Quando chegamos no salão, já estava bem movimentado e a música era alta e frenética, contrastando incrivelmente com os trajes das pessoas dançando. A aniversariante devia ser bem mais “moderninha” do que eu esperava.
Andei um pouco, esquadrinhando a sala com o olhar, enquanto me servi de alguns drinks. Meus pais estavam por aí, conversando com pessoas influentes, com certeza.
Então a vi. Ela estava dançando e se destacava mais que qualquer outra garota. Em um vestido curto e prateado, colado ao corpo, mas que ainda assim se mexia um pouco. Estava sendo provocante, até demais, e não parecia fazer nenhum esforço para isso. Sorri involuntariamente quando percebi que ela me olhou de volta. Eu deveria estar observando-a a minutos.
Seus cabelos eram loiros, naturais e caíam até seus ombros, lisos com alguns cachos. Eram brilhantes e eu senti uma vontade louca de tocá-los, sentir sua textura. Ela estava se aproximando, e eu sorri mais abertamente ainda. Agora, mais de perto, eu pude ver que seus olhos eram verde-claros, em um conjunto perfeito com sua pele extremamente branca e seus traços delicados.
Ela enfim chegou perto e eu sorri. Ela me cumprimentou com um beijo no rosto. “Astoria, prazer” ela disse, e sua voz era aveludada e suave. Seu sorriso era branco e quase infantil, contrastando com seu corpo torneado.
“Draco” eu me apresentei apenas pelo primeiro nome, de um modo diferente do que costumava fazer. “Você é amiga da aniversariante?” eu perguntei e ela riu abertamente, achando graça de algo que eu não sabia.
“Eu sou a aniversariante” droga! Que gafe. Ela com certeza iria pensar que eu sequer abri o convite. Bem, não deixava de ser verdade. Mas eu disfarcei.
“Oh, desculpe. Parabéns!” foi um ótimo pretexto para lhe dar um abraço apertado que pareceu durar um segundo mais que o normal. “Quantos anos está fazendo?”
“Dezoito” ela sorriu novamente. Ela sempre sorria, e eu não conseguia não sorrir perto dela. Estava estranhando a mim mesmo. “E você, quantos tem, Draco?”
A forma como ela disse meu nome foi desconcertante, quase erótica. Eu devia estar ficando paranóico. Demorei um pouco mais a responder e ela murmurou um “hum?” baixinho. “Ah... Vinte”.
O silêncio se instalou ali e eu me senti incomodado. A música estava alta, mas ainda assim parecia que tudo tinha parado, esperando para que eu dissesse alguma coisa legal para aquela mulher. Por Merlin! Como ela poderia estar deixando-o assim em tão pouco tempo?
“Quer dançar?” ela perguntou, quebrando finalmente aquele silêncio que quase doía e eu assenti rápido com a cabeça. Ela pegou minha mão e me puxou mais perto das outras pessoas dançando.
Ela se movia de uma forma tentadora, como eu havia observado antes. A música era agitada, e ela levantava os braços e se abaixava um pouco, apenas para levantar de novo e dançar de um modo mais comum, mas não menos atraente. Imaginei que ela só podia ser uma daquelas dançarinas de boates, paga para seduzir.
A música terminou e nela se emendou outra, mas dessa vez mais lenta. Impressionante como sempre que termina uma música agitada e você está com uma mulher como aquela, vem uma lenta, obrigando vocês a colarem seus corpos e dançarem quase imóveis, ao ritmo da música. E foi o que fizemos. Ela estava mais colada ao meu corpo do que precisaria estar para dançar qualquer música, e seu rosto estava descansando em meu ombro, sua boca roçando meu pescoço. Depois, sem aviso, ela levantou a cabeça e meu primeiro impulso foi beijá-la. O segundo foi deslizar minha mão por suas costas, sentindo o tecido fino do vestido, e o terceiro foi beijá-la novamente, com ainda mais intensidade.
Astoria era quente, e seus beijos eram tão insinuantes que eu quase me senti encabulado. Rapidamente estávamos no canto do salão, eu a sua frente, prensando-a contra a parede e a chupando a pele de seu pescoço enquanto minha mãos caminhavam pelo lado externo de suas coxas, e ela continuava a se mover lentamente, os olhos fechados, suas mãos subindo e descendo por meu peito, sentindo minha respiração ofegante abafada pela música alta.
Ela mordeu o lóbulo da minha orelha, e eu apertei sua coxa com força, uma mão por baixo do vestido caminhando em direção a sua calcinha enquanto a outra a segurava nas costas, a apertando mais contra mim.
A noite terminou em meu carro. Sair de uma festa com a aniversariante para transarmos em meu carro era algo que eu nunca tinha feito, e quando eu lhe disse isso, ela riu e em seguida continuou a morder meu pescoço.
Depois dessa noite, me reencontrei com Ginny apenas mais uma vez em um mês, sob a desculpa de andar ocupado com o trabalho. Ela não gostou muito, mas pareceu compreender. Já Astoria eu encontrava todas as noites, e íamos a diversos lugares. Às vezes a levava à casa de meus pais, e eles adoravam. Também íamos para sua casa, e a reação de seus pais era a mesma. Os Greengrass eram uma família tradicional e sangue-puro, como a minha; Astoria tinha uma irmã que estudara comigo em Hogwarts, eu descobri mais tarde, Daphne, de quem eu me lembrava muito vagamente, era da Sonserina também. Já ela estudara na França, em Beauxbatons, eu descobri na mesma noite que a conheci, quando perguntei o porquê de seu sotaque.
Nossas famílias, que já eram amigas, estavam extasiadas com o nosso namoro. Sim, estávamos namorando. Apesar do que eu pensara na festa, Astoria era alguém para se namorar, e não encontrar uma vez ou outra em um bar apenas para levar para minha casa e transar. E eu gostava disso, e não reclamei quando em um almoço formal reunindo os Malfoy e os Greengrass, nos disseram que estavam arrumando os preparativos de nosso casamento.
Claro, era conveniente às nossas famílias, mas não era exatamente o que queríamos. Casar era algo que exigia responsabilidade e isso era tudo que nós não queríamos ter. Mas eu gostava dela, e e ela gostava de mim, e como um casamento arranjado por nossos pais iria acontecer uma hora ou outra, melhor que fosse com alguém como Astoria.
Em nossa festa de noivado nos divertimos tanto quanto em seu aniversário. Comprei um anel de prata com uma pequena esmeralda. Verde combinava incrivelmente com Astoria, era a cor de seus olhos, era a cor da Sonserina, que, ainda que ela não tivesse estudado em Hogwarts, era sua casa. Ela era ambiciosa e nós éramos egoístas mutuamente. Essas comparações sempre faziam nossos pais rirem.
Faltavam agora menos de duas semanas para nosso casamento. Nos impressionamos com a velocidade em que tudo aconteceu, e estávamos planejando uma lua-de-mel de um mês em Paris. Como eu amava o dinheiro!
Então chegara a hora de falar com Weasley. Me encontrara com ela duas vezes durante meu namoro e noivado com Astoria, e não me sentia culpado, embora não fosse mais tão agradável como antes. Weasley não sabia de nada, e com certeza seria um grande choque quando eu lhe contasse.
Marquei de me encontrar com ela na sexta. No nosso último encontro ela me passara seu telefone, para evitar futuros “desencontros” como ela chamara o bolo que eu lhe dei na outra vez. Quando cheguei ao bar de sempre, ela já me esperava, o vestido vermelho reluzindo sob a luz baixa da entrada. Ela logo foi para a porta do passageiro, mas eu não a abri. Saí pela porta do meu lado e fui até ela. “Hoje não vamos para minha casa” sussurrei em seu ouvido.
“Porque não?” sua voz estava indignada. Provavelmente a última vez que fizera sexo fora há quase três semanas, comigo. Potter não devia ser mesmo de nada.
“Porque não” respondi secamente. “Agora vamos entrar, ok?”.
Ela não respondeu e foi na frente, passando pelos seguranças rapidamente e esquadrinhando o local à procura de uma mesa. Nunca fazíamos reserva, pois nunca ficávamos no bar de verdade.
“Ali tem uma mesa desocupada” ela disse, a voz meio decepcionada.
“Então vamos, oras” a situação estava me deixando nervoso.
A música era calma naquela noite e pudemos conversar sem gritar. Ela olhava para mim sem acreditar, provavelmente imaginando porque estávamos ali e não fazendo loucuras em minha cama.
“Ginny, preciso falar com você. É algo sério.” Ela não me interrompeu, apenas assentiu com a cabeça. “Eu espero que você não fique magoada, mas...” eu fiz uma pausa, tomando coragem para dizer a bomba. E provavelmente Weasley explodiria “não podemos nos encontrar mais”.
“Até quando, Draco?”
Eu me irritava quando ela me chamava pelo primeiro nome. Será que não entendia que para ela eu semrpe seria Malfoy? Chamá-la de Ginny era apenas uma estratégia para que ela caísse mais facilmente nas minhas conversas, mas ela não tinha direito algum de me chamar de Draco.
Controlei a vontade de dizer “para você é Malfoy” e respondi. “Até...” queria uma forma bem clara de explicar. “Não podemos nos encontrar nunca mais, Ginny. Nunca mais”.
Ela me olhou nos olhos, visivelmente perplexa. “Por que?”
“Vou me casar”.
A reação que eu menos esperava aconteceu. Seus olhos se encheram de lágrimas e em alguns segundos ela estava chorando, soluçando. “Por que, Draco? Por que?
Eu senti algo estranho ao vê-la ali, chorando por mim. Não queria que ela chorasse, ela não podia. Coloquei minha cadeira próxima a dela, e a abracei. “Eu te amo, Ginny. Mas não posso ficar com você.” Seria mentira?
Ela pôs a cabeça contra meu ombro, beijando meu pescoço como se esperasse que eu fosse desaparecer de repente. Aos poucos ela parou de chorar, e me olhou novamente, seus olhos estavam vermelhos.
“Você diz que me ama, mas você nunca mais quer me ver de novo.”
Eu não tinha resposta para isso. “Me desculpe”, foi só o que eu consegui murmurar.
Ela me deu um beijo de leve na boca, e de repente levantou-se e saiu, quase correndo pelo bar. A perdi de vista antes que ela passase pela porta. Enfim, terminara. Eu poderia ir para meu carro e passar na casa de Astoria antes de ir para casa, e dizer apenas que queria lhe desejar boa noite. Ela nunca desconfiaria. Em vez disso, resolvi pedir um drink.
E eu nunca mais veria Ginny.
I need the darkness, the sweetness, the sadness, the weekness
Oh, I need this
N/A: E, é quase D/A, mas eu gosto dela. Review!
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