Lágrimas e Desejos de Natal I



Cormac McLaggen e Hermione Granger poderiam ser considerados a imagem perfeita de felicidade. Eram agora o casal mais conhecido e falado de Hogwarts, arrancando comentários bondosos e completamente livres de inveja pela maior parte dos alunos.
Apesar de existirem alguns comentários maliciosos e invejosos, a maioria dos alunos não conseguia resistir em sorrir ao ver duas pessoas tão felizes e apaixonadas. "O espírito natalício", afirmavam alguns como causa do namoro dos dois, enquanto que outros se fiavam completamente no amor, apenas no amor.

Mas, para Cormac, nada do que os outros pensavam era motivo de interesse. Apenas Hermione e tudo o que era relacionado com ela lhe interessava, lhe era capaz de chamar a atenção. Muitos factores haviam mudado na sua vida desde que iniciara o namoro com a rapariga. As suas noites de sono eram agora calmas e descritas por sonhos coloridos e românticos, que tinham sempre como personagem principal Hermione, a sua namorada. O assédio das raparigas diminuíra, pois muitas gostavam de Hermione e mantinham respeito em relação a ela. Porém, não diminuíra muito. Ele e Ron continuavam a ser os rapazes mais desejados de Hogwarts, apesar de Ron ter uma percentagem maior que a de Cormac. 

Porém, havia algo nele que não agradava a Cormac.

Ron continuava o mesmo, certo, mas havia alguma coisa que havia mudado. Cormac não sabia se era verdade ou apenas imaginação, mas parecera-lhe ver no olhar de Ron, quando dirigido a ele, profunda raiva, nojo e ciúme. E o seu tom de voz passara de arrogante a frio.
Mas nada disto o espantava. Não gostava de Ron e não queria que este gostasse dele.

- Weasley frustrado e falhado. - Cormac disse para si mesmo, com raiva no seu tom de voz.

Decidiu sentar-se. Hermione fora até à biblioteca e ele respeitara-a, percebendo que esta necessitava de colocar o seu estudo em dia. Sorriu. Como ela era aplicada e estudiosa. Ers uma rapariga maravilhosa, conseguia conciliar todas as coisas e ainda ter tempo para o namoro, o que era o "melhor que ela tinha no momento", segundo ela.
Cormac amava-a realmente e não conseguia encontrar palavras que descrevessem o seu sentimento.

- Ela é perfeita - Cormac falou, sorrindo - E minha.

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A biblioteca fora a primeira desculpa que viera à cabeça de Hermione, que se encontrava agora nos jardins da escola. Precisava de estar sozinha e não quisera dizê-lo directamente a Cormac, não fosse o rapaz entender como um pretexto para estar longe dele. Não, era tudo menos isso. Hermione adorava todos os momentos passados com Cormac, eram demasiado perfeitos. Não queria perder o que a que tinha feito começar tudo de novo, seria demais para ela se isso acontecesse. O abraço de Cormac transmitia-lhe segurança e a todos os minutos ansiava pelos seus beijos carinhosos, beijos esses que ela sabia serem comentados e invejados, se bem que de uma maneira afectuosa, pelas raparigas. Cormac era extremamente carinhoso com ela, beijava-a de uma forma que fazia as raparigas sorrirem e sonharem com beijos assim da parte dos seus apaixonados.   
Hermione não podia negar, o beijo de Cormac não era como os outros que ela via. Os seus beijos começavam sempre com abraços carinhosos, sorrisos e palavras cheias de afecto, que Hermione correspondia com imensa alegria. Abraços esses que terminavam sempre com os lábios quentes do rapaz sobre os seus, o seu hálito de menta invadindo toda a sua boca.
Agradável.
E Cormac não era apressado. Beijava Hermione de uma maneira lenta, romântica, que esta apreciava imensamente e que a levava ao êxtase muitas vezes. Iniciava com um suave toque de lábios, seguindo para um aprofundamento que acabava sempre com o toque de línguas. Cormac era especial e tudo nele fazia Hermione sorrir.

Mas Cormac não era Ron e ela sabia disso.

Apesar de o amar e querer estar a todos os momentos com ele, Ron ainda permanecia no seu coração, apesar de o seu sentimento ser menor. Não estava com Cormac para esquecer Ron, longe disso. Aprendera a amar o rapaz e correspondia ao seu sentimento. Tornara-se uma rapariga diferente com o namoro e a mágoa por Ron começava agora a fazer parte do seu passado.

Começava.
Ainda não fazia.

- E pensar que tudo poderia ser diferente - Hermione suspirou, olhando para o lago à sua frente - Tudo. Poderíamos estar aqui os três, não apenas eu. Ou melhor, os quatro, ou até cinco, visto que a Ginny e o Cormac fariam parte da fotografia. E ele ... - Hermione parou, respirando lentamente - Ele poderia juntar-se a nós com alguém que o fizesse feliz e seríamos então um trio apaixonado. O trio de sempre, porém amadurecido. Um trio que descobriria o amor e cresceria com isso. Mas esse trio já não existe mais. Não existe mais Harry, Ron e Hermione. Existe apenas Harry e Ron e Hermione e Harry. O amor foi descoberto, mas não da forma como imaginamos. As coisas mudaram e não são diferentes. São da maneira que são e eu tenho que aceitar isso. O problema é aceitar.

E apesar de alguma infelicidade, Hermione não chorou. O seu motivo para sorrir esperava-a na Sala Comum, dormindo de uma forma apaixonante na poltrona em frente à lareira.

- Mas agora há que esquecer e seguir em frente - Hermione sorriu tristemente - Foram bons tempos e memórias que permanecerão para sempre.

Pegou uma pedrinha no chão, colocando-a na sua mão.
Retirou a varinha do bolso e gravou algumas palavras na pedra, antes de atirá-la à água.

"Toda a tristeza, infelicidade e mágoa terminou. É agora uma nova vida, repleta de alegrias."

- E por falar em alegrias - Hermione falou, limpando as lágrimas tímidas que haviam espreitado - Tenho que comprar os presentes de Natal!

Dito, levantou-se e sorriu, voltando para dentro do castelo. Uma vontade imensa de estar com Cormac e de senti-lo junto a si apoderou-se dela repentinamente, fazendo-a voltar para a Sala Comum com um enorme sorriso no rosto.

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Ron Weasley estava sentado nos jardins do castelo. Acabara de ver uma figura solitária a dirigir-se de volta para dentro e não se importara por saber quem era. Provavelmente alguém como ele, que precisava de estar a sós com os seus pensamentos. Não falava, não almoçara e não tinha vontade de jantar. Dispensava a companhia de qualquer pessoa, dera uma resposta qualquer a Harry e ignorara os chamados de Ginny. Nada lhe interessava, queria estar sozinho.

- Vulgar. - Ron falou com raiva na voz.

Ron não queria admitir, mas a notícia do namoro de Hermione e Cormac não lhe caíra bem. Não entendia porquê, afinal Hermione deixara de significar algo para ela.

- AH, VULGAR! - Ron gritou, não se importando se alguém o ouvia - Bastaram uns meses para correr para os braços do OUTRO! ELA METE-ME NOJO, É UMA VULGAR, É COMO AS OUTRAS! O FIM DA NOSSA AMIZADE NÃO LHE IMPORTA, CONCERTEZA CHOROU POR PERDER UM RAPAZ NA SUA VIDA! ELA É UMA VULGAR, NÃO HÁ MELHOR PALAVRA!

Ron pegou num punhado de pedras e atirou-os com toda a força para a água. E tudo deixou de fazer sentido naquele momento. A fama, a glória, as raparigas que tinha a seus pés. Fechou os olhos e uma imensidão de memórias invadiram a sua mente. Hermione a sorrir, uma discussão, a reconciliação, a ajuda nos trabalhos de casa, os olhares cúmplices, os risos. Tudo voltou. E Ron não queria admitir, mas não suportava sequer ver Hermione sorrir por Cormac.

Ele não queria, ele não podia.
Ele sabia que não dava mais. Teria que continuar tudo como estava, só assim poderiam ser felizes e seguir caminhos diferentes.

Só assim poderiam despistar os seus destinos.
Porém, nunca evitá-los.

- Ron Weasley, tu és forte - Ron respirou, recompondo-se - És um Weasley, isto não é nada para ti. E sinceramente, porque estás assim? Ela não importa, por alguma razão a ignoraste. Isto não são ciúmes nem inveja. É irritação por ver o lindinho tão babado - Ron fez uma expressão de nojo - Sim, apenas isso. E agora, o Natal está à porta, tens que estar no ponto. Natal é época de alegria e por falar nisso? Tens presentes para comprar. Ronald Bilius Weasley, tu és o keeper de Gryffindor, o todo-poderoso do Quidditch em Hogwarts. Tens raparigas lindas loucas por tocar-te. Tens uma imensidão de presentes destinados a ti. És o Ron Weasley e não te vais afectar por uma insignificância como esta, não!

E depois deste monólogo, Ron riu. Riu por ser tão idiota, mas ao mesmo tempo por ser tão bom. Não existiam razões para o que acabara de fazer. Não compreendia porque havia evitado tudo o que o fazia feliz.

- Palermice! - Ron ria.

E, sem parar de rir e de mexer no cabelo, um vício, voltou ao castelo, minutos antes de uma tempestade de neve rebentar e transformar o verde dos campos em branco.

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O dia 23 de Dezembro chegou rapidamente e Hermione Granger ainda não havia comprado metade dos presentes planeados. Andava de um lado para o outro na Sala Comum, enumerando pessoas e presentes, explodindo de raiva quando se esquecia ou se enganava, fazendo um rapaz loiro que a observava rir enquanto que observava a rapariga.

- Podias ajudar-me! - Hermione gritou para Cormac.

- Oh, vá lá Hermione - Cormac levantou-se, abraçando a rapariga - É véspera de véspera de Natal e sabes perfeitamente que não tenho jeito para essas coisas.

- Mas podias tentar, em vez de rir-te! - Hermione reclamava com o namorado, porém o seu tom já era divertido.

- Além disso - Cormac aproximou-se mais, acariciando os cabelos de Hermione - Fazem hoje duas semanas que iniciamos isto que estamos a fazer agora.

- Pois é - Hermione sorriu - Duas semanas, as melhores da minha vida.

- E da minha. - Cormac sorriu também, concluindo a conversa, preparando-se para beijar Hermione de seguida. Porém a rapariga riu e virou a cara, fugindo de Cormac. Ao início o rapaz espantou-se, mas, percebendo a brincadeira logo de seguida. Encolheu os ombros e sentou-se no sofá, observando Hermione com uma expressão falsamente demoníaca.

- É assim? - Hermione perguntou, fingindo decepção.

- O quê? - Cormac fingiu-se desentendido.

- Eu recuso-te - Hermione riu - E reages assim?

- Estás a ver-me preocupado com isso? - Cormac fingia despreocupação e seriedade, quando a sua vontade era rir.

- Desculpa? - Hermione chocou-se fingidamente, rindo de seguida.

Cormac levantou-se e dirigiu-se a Hermione, num passo lento e sem desviar o olhar do dela. Quando a alcançou, colocou os braços na sua cintura, fazendo-a sorrir vitoriosamente.

- Nunca mais me faças isso, ouviste Hermione Jane Granger? - Cormac beijou-lhe o pescoço suavemente, fazendo-a arrepiar-se - Nunca.

- Se acabar assim todas as vezes - Hermione respirava rapidamente, arrepiando-se com os carinhos do namorado no seu pescoço - Vou fazê-lo muitas mais vezes.

- Posso não estar assim todos os dias - Cormac sorriu maliciosamente.

- Estás assim todos os dias - Hermione respondeu, fazendo Cormac fazer cara de derrotado.

- Deixas-me assim, Hermione Granger - a distância entre os dois era mínima - Louco.

- Não é minha intenção - Hermione falou e sorriu, fazendo uma expressão inocente.

- Mas deixas. - Cormac respondeu, beijando Hermione seguidamente.

E a partir daí, tudo deixou de importar para Hermione. Apenas Cormac, com os seus cabelos loiros, os seus olhos azuis, a sua camisola cinzenta e o seu casaco de couro preto, as suas calças descaídas e as suas sapatilhas.
Apenas ele.

E, estando tão concentrada em Cormac e no seu beijo, esqueceu-se de que estavam em plena Sala Comum.
E Hermione não se apercebeu que um outro par de olhos azuis a fitava, apesar de estar tapada por Cormac.
E, quando interrompeu o beijo para retomar fôlego foi que Hermione viu quem os fitava.
Ele, com os seus cabelos extremamente ruivos, os seus olhos também azuis e uma cara que podia ser considerada ... nojo?

- Não queria interromper a tua distracção - Ron falou, olhando Cormac com desprezo - Granger. Mas temos que acompanhar os alunos mais novos a Hogsmeade; Foi permitido aos primeiros e segundos anos irem à vila para comprarem os presentes de Natal. 15 horas nos portões.

- Está bem, lá estarei - Hermione procurou responder no mesmo tom de Ron, mas sem sucesso - Weasley.

Ron apenas assentiu com a cabeça e afastou-se, saindo da Sala Comum, após olhá-los com nojo mais uma vez.

E foi como se o mundo de Hermione se desmoronasse naquele preciso momento. Como se as pedrinhas que ela havia colocado pouco a pouco, para construir o seu pequeno castelo ruíssem de uma só vez.
Por mais que Ron soubesse e não se importasse minimamente, ver a expressão de nojo com que ele a olhara foi demais para Hermione. Ele nunca a tratara daquela maneira, nunca a olhara assim. E Hermione entendeu que para Ron ela nunca fora nada de realmente importante. Pois, se realmente fosse, ele nunca teria tomado aquela atitude.

- Não sei qual é o problema daquele Weasley. - Cormac falou, acariciando os cabelos de Hermione e olhando raivosamente para a porta pela qual Ron havia saído há instantes.

- É - Hermione contia as lágrimas - Nem eu.

- Que se passa, amor? - Cormac olhava Hermione com preocupação.

- Nada - Hermione sorriu tristemente - É só que ainda me custa acreditar que perdi o meu melhor amigo.

- Se ele fosse realmente o teu melhor amigo - Cormac começou - Não te teria feito isto. Nunca.

- Tens razão - Hermione concordou - Nunca ...

- Anda aqui. - Cormac abriu os braços.

E Hermione praticamente correu para Cormac. O seu abraço reconfortava-a mais que qualquer coisa. Deixou-se envolver completamente e quando se apercebeu já a vontade de chorar havia-a abandonado. Procurara os lábios de Cormac e beijara-o, beijo ao qual ele correspondera automaticamente e cheio de vontade.

- Eu - Hermione interrompeu o beijo, porém sem afastar os lábios dos do namorado - Amo-te.

- Eu também. - Cormac sussurrou, sorrindo.

E Hermione sorriu, sorriso esse que foi capturado por Cormac, quando colou os lábios de ambos completamente, começando um novo beijo cheio de amor.

E enquanto beijava Cormac, Hermione não se apercebeu realmente que o seu interior desejava que aqueles fossem os lábios de Ronald Weasley, aquele que realmente fazia o seu coração palpitar.

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Ginny Weaasley e Harry Potter passeavam de mãos dadas por Hogsmeade enquanto riam e conversavam de tudo e mais alguma coisa. Haviam decicido comprar os presentes de Natal que lhes faltavam juntose a tarde de sábado, 23 de Dezembro, fora a única solução que haviam encontrado. O presente que dariam a cada um já fora comprado, pois em circunstância alguma poderiam ver o que um ofereceria ao outro.
A Ginny faltavam poucos presentes, porém a Harry faltavam praticamente todos, já que o rapaz não era muito dado a compras. Havia por isso "resgatado" Ginny da Sala Comum para que esta o ajudasse na compra dos presentes.

- Eu não consigo acreditar que ainda te falam praticamente TODOS, Harry Potter! - Ginny estava espantada com a despreocupação do namorado.

- Dá um desconto, Ginny - Harry respondeu, defendendo-se - Sabes que não tenho jeito para essas coisas.

- Um desconto? - Ginny parecia ofendida - Harry James Potter! É Natal e tu tens OBRIGAÇÃO de comprar todos os presentes com pelo menos, dias de antecedência!

- Esqueci-me, Gi - Harry abraçou a namorada, fazendo cara de inocente - Não fiques chateadinha, não?

- Harry Potter - Ginny riu - Pensas que podes convencer-me com abraços e carinhas de anjo, pensas?

- Não posso? - Harry fez novamente cara de anjo - Quem disse isso?

- Eu. - Ginny sorriu.

- Não adianta. - Harry sorriu e puxou a namorada para um beijo apaixonado, ao qual ela correspondeu prontamente.

- Harry - Ginny respirava - Potter. Se de cada vez que eu me chatear contigo me beijares dessa maneira, nunca vais aprender!

- É simples - Harry não separava os lábios dos de Ginny - Não quero aprender.

- Meu irresponsável. - Ginny sorriu para o namorado.

- Minha resmungona. - Harry sorriu de volta, beijando-a de novo.

- Harry, temos que comprar os presentes! - Ginny libertou-se do beijo que mais adorava.

- Tens razão. - Harry sorriu - Mas estás a dever-me um beijo, visto que interrompeste este!

- Fica prometido. - Ginny sorriu.

Harry correspondeu ao gesto e juntos, partiram pela vila fora, entrando em todas as lojas que alcançavam para comprar os presentes para os que mais importavam nas suas vidas.

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Após despedir-se (com muito custo, devido aos abraços constantes do rapaz) de Cormac McLaggen, Hermione saiu da Sala Comum em direcção aos portões, nos quais Ron a esperava para iniciar o acompanhamento dos alunos à vila. Aproveitaria também para comprar o presente que lhe faltava. Não sabia se era correcto, mas daria, afinal sempre dera. E para ela, nunca tinha terminado realmente.

- Vamos? - a voz de Ron despertou-a dos seus devaneios - Tem mesmo que ser ...

- Sim, vamos. - Hermione respondeu-lhe.

Mas a voz de Ron não era a mesma com que ele falara de manhã. O tom de nojo e desprezo desaparecera, dando lugar a um tom indiferente.

- Estes são só os da nossa equipa não é, Ron? - Hermione falou, apercebendo-se do erro imediatamente - Weasley? - tentou corrigir, porém sem sucesso.

- Sim, são. - Ron fez um meio-sorriso - Mas também seria demais se nós tivéssemos que acompanhar os de todas as equipas - fez uma cara de medo, que momentos fez Hermione rir - Que medo.

- Acredita, já bastam estes - Hermione olhou os pequenos, que caminhavam entusiasticamente à frente dos monitores.

- Eu pergunto-me - Ron falava, mas sem olhar Hermione - Como posso eu comprar os presentes que preciso?

- Eu também preciso de comprar ... - Hermione suspirou.

- Monitores, monitores! - vozes infantis ecoaram e várias faces redondas e luminosas encararam Ron e Hermione - Já chegamos!

- Sim, parece que já - Hermione sorriu para os pequenos - Vamos fazer assim: Vou dividi-los e metade de vocês vem comigo. A outra metade vai aqui com o monitor Weasley.

- Está bem! - uma voz falou.

Hermione apenas sorriu e começou o processo de "divisão" dos alunos. Quando esta tarefa foi cumprida, a sua metade dirigiu-se aos seus destinos à frente dela, enquanto que a metade de Ron encaminhou-se para o outro lado da vila.
Enquanto vigiava os alunos com que havia ficado, Hermione pensava no que havia acontecido. Ron e ela haviam falado, sem que houvesse frieza e desprezo nos tons de voz. Ela havia-o chamado de Ron, algo que não acontecia há já imenso tempo. Mas ele não a chamara de Hermione, continuara sempre com o tom indiferente, como se aquele diálogo não lhe fizesse qualquer tipo de diferença.
Mas para ela fazia, toda a diferença.
Não porque ele era o seu ex-melhor amigo ou porque ele deixara de falar para ela.

Fazia toda a diferença pois ele era Ron Weasley, e amigos ou não, era ele quem ela amava.

                                                *

Ele havia tido uma conversa com ela.
Haviam falado, sem desprezo e frieza nas vozes. Haviam sorrido, se bem que de uma maneira interceptível. Ele havia-a feito rir por momentos.
Por momentos, parecera-lhe que tudo voltara ao normal e que eles eram de novo o que sempre haviam sido.

Mas não, havia sido um diálogo meramente profissional, um diálogo que fora necessário.
E agora, era Natal.
O primeiro Natal de Ron Weasley sem Hermione Granger.

Mas ele tinha que o fazer senão nunca ficaria realmente bem consigo mesmo.

Olhou ao seu redor procurando o que realmente precisava e queria encontrar. Encontrou-o numa pequena loja escondida e, aproveitando o facto de os pequenos estarem entretidos na compra dos presentes, fez o que tinha a fazer.
Após uma conversa com a gerente da loja, uma feiticeira idosa e muito simpática, Ron teve a certeza que era aquilo que ele procurava. Pagou e colocou o embrulho no seu bolso, o único local onde ficaria realmente seguro.

Deu uma olhadela de relance ao relógio da loja e apercebeu-se que eram horas de reunir todos de novo para voltar ao Castelo.
A véspera de Natal estava a chegar.

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Por mais beijos que Cormac lhe desse, por mais abraços e sorrisos, por mais momentos que passasse com o namorado, nada lhe tirava da cabeça a pequena conversa que havia tido com Ron, a única em meses. Por muito que se esforçasse, a memória da tarde não abandonava a sua cabeça. A ideia de que não o seu Natal não seria passado como sempre fora, junto dos seus melhores amigos, rindo e abrindo presentes, magoou-a. Dizendo a Cormac que precisava de descansar, sendo perfeitamente compreendida, Hermione abandonou a Sala Comum dirigindo-se ao Dormitório. Despiu-se, vestiu o pijama e entrou na cama, preparando-se para dormir.
Porém, o sono não veio.
Meia-noite, uma da madrugada, duas.
A vontade de dormir não vinha, apenas vinham as memórias com Ron Weasley como protagonista, vindo as lágrimas logo de seguida.
Por mais que tivesse Cormac, não tinha Ron.
Por mais que amasse Cormac, não o amava como a Ron.
Então uma ideia iluminou-lhe a mente? Valeria a pena, resultaria? Seria a última vez que tentaria.
Decidiu levantar-se. Precisava de deitar para fora as suas emoções.
Agarrou num papel e numa pena e saiu do dormitório, dirigindo-se para a Sala Comum. Ficou aliviada por não encontrar ninguém, precisava de estar sozinha.
Com lágrimas nos olhos, Hermione começou a escrever tudo o que sentia e o que desejava. Numa simples carta, Hermione escrever qual era o seu verdadeiro e ideal presente de Natal.

Terminou e ainda com lágrimas nos olhos, dirigiu-se de novo ao Dormitório, sem se aperceber que havia deixado cair a folha pelo caminho ...

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Ron Weasley acordou sobressaltado. Por momentos pensou que tivesse adormecido, mas ao olhar pela janela e constatar que ainda não havia amanhecido, acalmou-se. A sua noite de sono não fora calma e regular e espantou-se por ter conseguido adormecer. Levantou-se, não conseguiria mais dormir. Decidiu ir sentar-se na poltrona da Sala Comum, onde ele sabia sempre conseguir adormecer. Desejou internamente que esta estivesse vazia, pois só assim poderia ter o descanso que desejava. Levantou-se, fazendo o mínimo de barulho possível, para não acordar nenhum dos seus colegas e evitar explicações. Colocou um casaco, o primeiro que encontrou e saiu do Dormitório, em passos silenciosos, em direcção à Sala Comum.
Enquanto descia as escadas suspirou. Como adorava estar deitado na sua cama, dormindo sem preocupações. Como tinha saudades da ânsia pelo Natal, que era sempre passado na companhia dos seus melhores amigos ...
Os pensamentos de Ron foram interrompidos por um papel que lhe chamou a atenção. Um papel que estava caído no chão, perto das escadas. Pegou nele. E reconheceu a caligrafia certinha de Hermione. Decidiu ler, esperando não se arrepender disso.

E os seus olhos encheram-se de lágrimas ao ver o que lá estava escrito.

"Pai Natal,


Eu sei que tu não existes e eu não acredito em ti. Nunca acreditei, realmente. Mas és a única esperança que tenho, és a última tentativa que farei. Se eu te disser o que me levou a escrever esta carta, prometes que me dás o que te vou pedir? Eu portei-me bem durante o ano, fiz tudo correctamente, não fiz nenhuma asneira.

Bem, vamos ao que interessa e ao verdadeiro motivo que me levou a escrever-te.

Estou saturada de noites em claro, de lágrimas, de dias inteiros sem vontade de falar, comer, dormir. Tudo por culpa dele.
Sim, dele.
Pois se não fosse ele, eu não teria necessidade de estar a escrever isto, não passaria noites em claro, não derramaria uma infinidade de lágrimas. Mas ele fez asneira, como sempre. Mas desta vez não pediu desculpa nem se redimiu.  
Nunca compreendi aquela cabeça e agora compreendo-a cada vez menos.
E eu tentei, eu juro que tentei! Tentei esquecer, compreender. Tentei fazer disto tudo um pesadelo, do qual eu acordaria em breve. Tentei agir do mesmo modo, ignorar, fazer que não me importava.
Eu tentei.
Mas não consegui.
E esse é o real problema.

E agora, por não conseguir esquecer e ignorar é que estou assim. Desfeita por dentro. Por mais felicidade que possa demonstrar é exactamente o contrário. Agradeço-te por me teres dado um presente de Natal antecipado - o Cormac. Mas ele não é quem eu realmente quero, não. E eu sei que tu sabes disso, simplesmente queres que te escreva.

Eu amo o Cormac, porém não o suficiente. Não é ele que faz o meu estômago revirar-se, as minhas pernas tremerem, o meu coração bater aceleradamente, como se prestes a sair pela boca fora. Não, não é ele. Achei que o amava o suficiente, mas não. Os seus beijos não me tiram o ar, não me deixam sem fôlego.
Porque não são os lábios dele que eu desejo tocar.
Porque existe um outro alguém que ocupa o meu coração, de uma maneira que mais ninguém ocupa. E esse alguém é uma pessoa que há muito deixou de importar-se comigo. E, por mais que não queira saber que eu exista, por mais que ignore a minha existência, eu vou sempre importar-me com ele.

Eu não perdi apenas o meu melhor amigo.
Eu perdi a outra metade de mim, perdi metade do meu coração. Metade essa que já fora ocupada por ele há muito tempo e que nunca deixou verdadeiramente de o ser.
Eu perdi o rapaz que eu realmente amo, o único que sempre amei de verdade e que sei que sempre amarei, por mais que nunca mais as coisas sejam as mesmas.
E, apesar de ter o Cormac, ele nunca será o Ron.
NUNCA.
Seria feliz se pudesse dizer-lhe "amo-te" e ouvir um da parte dele. Impossível. São apenas sonhos ...

Lembro-me de ter pedido um desejo, quando o Cormac me tirou uma pestana da cara. Pode ter parecido parvo, mas realizou-se. A minha vida recompôs-se.
Mas não da maneira que eu desejava.
De que me adianta ter ganho o Cormac se perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida?
E agora sinto-me a pior pessoa do mundo por não corresponder ao Cormac da maneira que desejava. Ele é um rapaz espectacular, que merece tudo de bom. Eu sou uma idiota que prefiro continuar a acreditar em algo impossível.

Por isso Pai Natal, escrevo-te. Desculpa por ter estado a contar-te a minha vida toda, mas eu necessitava realmente disto. O Harry não é a pessoa certa para me ouvir e a Ginny está feliz com ele. Não quero estragar a relação dos dois com os meus problemas amorosos. Apesar de a Ginny insistir digo sempre que não se passa nada. E então, resto apenas eu e o meu coração.
E que decisão tomar? Talvez ficar com o Cormac seja a decisão mais correcta. Ele dá-me paz, estabilidade. E talvez um dia o aprenda a amar como ele me ama.

E é isto. Não te quero pedir brinquedos, roupa nova, boas notas ou riqueza. Quero pedir-te apenas uma coisa, será que ma dás?

Pai Natal, será que podes dar-me o meu Ron de volta?

Hermione Granger"

As lágrimas escorriam pela face de Ron. A carta ainda tremia nas suas mãos.
Ele fizera tudo errado. Fora um cobarde.
Magoara quem mais o amava.
E odiava-se por isso.

- Não... - Ron chorava - Não!

Sim.
Ron Weasley cometera o pior dos erros.
Hermione Granger sofria pelos seus erros, pelo seu orgulho e covardia. Ele era um Gryffindor?

- Eu amo-a! - o choro de Ron não parava.

Sim, era verdade. Ron Weasley amava Hermione Granger, desde sempre. E fizera tudo isto para esquecê-la, pensando não ser correspondido.

Mas enganara-se, mais uma vez.
Não pensara nos senãos, nas consequências.
Hermione Granger provara o seu amor incondicional por Ron.

Escrevera uma carta ao Pai Natal pedindo-lhe Ron.
E Hermione não acreditava no Pai Natal.

E Ron percebeu que cometera o maior erro da sua vida. Magoara o amor da sua vida por culpa da sua estupidez.
Fora cobarde, orgulhoso, egoísta até.

Destruíra o maior bem que tinha no Mundo.
O amor.

"Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito, (...).Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo.Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar. Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar. Até se conformar e um dia então esquecer."


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N/A: Capítulo 7! *.*
Espero que tenham gostado, estava na altura de inventer a história ..
Aviso desde já que o texto a negrito não é da minha autoria, é um texto que li e gostei ..
Espero que gostem do capítulo!
Obrigada por todos os comentários!

Beijo, até ao próximo capitulo!




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