Férias no Largo Grimmauld



- Capítulo 10 -


 


Férias no Largo Grimmauld


 


 









N



a segunda-feira seguinte, James, Zane e Ralf ficaram de pé do lado de fora da porta da classe de Transfiguração Avançada da Diretora McGonagall até o último de seus alunos sair e ela estivesse reunindo suas coisas.


- Entrem, entrem. - disse ela para os três garotos sem erguer os olhos. Parem de se esconderem aí do lado de fora como abutres. Como posso ajudá-los?


- Senhora Diretora, - começou James hesitantemente. - queremos conversar com você sobre o debate.


- Você quer? Agora? - perguntou ela, erguendo os olhos para James durante um momento, e então pondo sua bolsa sobre o ombro. - Não consigo imaginar a razão. Quanto mais breve esquecermos todo aquele fiasco, melhor.


Os garotos se dispersaram para seguir a diretora enquanto ela caminhava em direção à porta.


- Mas ninguém o está esquecendo, senhora. - disse James rapidamente. - Foi do que todos falaram durante toda semana. As pessoas estão realmente muito agitadas por isso. Ontem quase aconteceu uma briga no pátio, quando Mustrum Jewel ouviu Reave McMillan chamar Tabita Corsica de mentirosa ridícula. Se o Professor Longbottom não estivesse por perto, Mustrum provavelmente teria acabado com Reave.


- Aqui é uma escola, Sr, Potter, e uma escola é, em sua mais simples forma, um lugar onde jovens se reúnem. Jovens são, ocasionalmente, propensos a ter disputas. Isso é o porquê, dentre outras razões, de Hogwarts empregar o Sr. Filch.


- Não era uma disputa, senhora. - disse Ralf, seguindo a diretora pelo corredor afora. - Eles estavam realmente malucos. Loucos imbecis, se você sabe o que quero dizer. As pessoas estão perdendo o controle com essa coisa toda.


- Então, como o Sr. Potter diz, sorte que o Professor Longbottom estava por perto. Não consigo ver, precisamente, qual é o seu problema.


Zane trotava para acompanhar os passos largos da diretora.


- Bem, o negócio é, só estávamos nos perguntando porquê você está deixando tudo isso acontecer? Digo, você estava lá quando a Batalha aconteceu. Você sabe como esse tal de Voldemort era. Você poderia dizer a todos como aconteceu e por Tabita Corsica no lugar dela, simples como você quiser.


McGonagall se deteve repentinamente, fazendo os garotos tropeçarem para pararem próximos a ela.


- Devo perguntar, o que vocês três desejariam que eu fizesse? - disse ela, baixando a voz e olhando para cada um. - A verdade sobre o Lorde das Trevas e seus seguidores tem sido conhecimento comum durante trinta anos, desde que assassinaram seus avós, Sr. Potter. Vocês acham que eu repetindo isso mais uma vez irá dissipar toda a multidão de revisionistas que existe hoje, não somente dentro desta escola, mas por todo o mundo bruxo? Hum? - os olhos dela eram como lascas de diamante quando os fitava. James percebeu que ela, de fato, ainda mais agitada com o debate do que eles. - E suponham que eu convoque a Srta. Corsica para minha sala e a proíba de disseminar todas essas mentiras e distorções. Vocês acham que este ‘Elemento Progressivo’ deles irá simplesmente desistir? E quanto tempo vocês acham que passaria antes de estarmos lendo um artigo no Profeta Diário sobre como a administração de Hogwarts está trabalhando com o Departamento de Aurores para sufocar ‘o livre intercambio de idéias nos terrenos da escola’?


James estava impressionado. Ele presumira que a diretora estava cedendo ao desejo de Tabita Corsica por alguma razão, permitindo, durante um tempo, que continuasse sua farsa. Simplesmente não lhe ocorrera a ela que McGonagall pudesse, de fato, ser capaz falar sobre o problema sem torná-lo pior.


- Então que fazemos, senhora? - perguntou James.


- Nós? - disse McGonagall, erguendo suas sobrancelhas. - Meu caro, James, eu admito que você me impressiona. Apesar do que você acredita, o futuro do mundo bruxo, de fato, não descansa sobre o seu ombro e de seus amigos. Ela viu a expressão aborrecida no rosto dele, e então ela lançou a ele um dos seus raros sorrisos. Ela inclinou-se um pouco para falar mais conspiradora, dirigindo-se a todos os três garotos. - A memória revivida do Lorde das Trevas não é uma preocupação demasiadamente grande para aqueles que uma vez encararam a coisa viva. Isso é um capricho na mente de uma população instável, e por mais irritante que possa ser, passará. Por enquanto o que vocês podem fazer é assistir às suas aulas, fazer suas tarefas escolares, e continuar a serem os garotos perspicazes e de bom ânimo que vocês obviamente são. E se alguém ao redor tentar dizer que Tom Riddle foi um homem melhor que Harry Potter, vocês tem minha permissão, inclusive minha instrução, de transfigurar os sucos de abóbora desses indivíduos em água pestilenta. - ela olhou seriamente para os três garotos, um por um. - Apenas diga a eles que aconselhei vocês a praticarem esse feitiço em particular. Entenderam?


Zane e Ralf sorriram um para o outro. James suspirou. McGonagall assentiu de forma curta, endireitou-se e continuou o seu caminho rapidamente. Após cinco passos, ela virou-se novamente.


- Ah, e garotos?


- Sim, senhora? - disse Zane.


- Dois toques rápidos e a palavra pestimonias’. Ênfase na primeira e terceira sílaba.


- Sim, senhora! - respondeu Zane novamente, sorrindo.


 


 


 


 


 


O ano escolar transcorreu através de outono, aproximando-se das férias de inverno. O campo de futebol tornou-se um tapete de folhas, que eram pisadas e esvoaçavam sob os pés dos times da Professora Curry, de Estudo dos Trouxas. O torneio não oficial de futebol finalizou com o time de James vencendo. O próprio James marcou o gol de vitória, seu terceiro do dia, contra o goleiro Horácio Birch, o Maligno da Corvinal. O time se juntou ao seu redor, saltando e gritando como se tivessem acabado de conquistar a Taça das Casas. De fato, o time da casa vencedora recebeu a recompensa de cem pontos da Professora Curry, sendo este o melhor prêmio que ela poderia oferecer. O time circundou James, arremessando-o em seus ombros e carregando-o para o pátio como se ele estivesse acabado de retornar da caça bem-sucedida de um dragão. Ele sorriu tanto que suas bochechas ficaram vermelhas como beterraba no vento fresco de outono, e seu ânimo estava maior do que estivera todo o ano.


A rotina de aulas e tarefas escolares, as quais haviam sido assombrosas durante as primeiras semanas, tornaram-se tediosas e previsíveis. O Professor Jackson designou intermináveis e aterradoras composições e realizava inocentes exames surpresa para a classe a cada poucas semanas. Zane contou a James e Ralf histórias divertidas de confrontos entre a Professora Trelawney e Madame Delacroix durante à terça-feira no Clube de Constelações, o qual, como a aula de Adivinhação, ambas professoras compartilhavam. No campo de Quadribol, James continuava a avançar em suas habilidades na vassoura como a ajuda de Ted e Zane até ele começar a sentir cuidadosamente confiante que poderia, de fato, fazer parte do time da Grifinória no próximo ano. Começou a imaginar quão valioso seria se destacar nos testes de aptidão do próximo ano e fazer com que todos esquecessem suas tentativas de primeiro ano. Zane, por sua vez, continuava a voar consideravelmente bem para a Corvinal. Baseando-se em seus únicos antecedentes trouxas, inventou um movimento o qual chamou de ‘zunindo a torre’, no qual ele atirava um balaço em torno da cabine de imprensa, deixando-o reunir velocidade enquanto circulava de volta, e então o encontrando do outro lado, golpeando-o novamente para adicionar mais velocidade e um pouco de direção. Utilizando esse truque, conseguira derrubar completamente dois jogadores de suas vassouras, enviando-os para algumas arrependidas visitas na ala hospitalar.


A vida de Ralf na Sonserina tornara-se dura durante um tempo. Tabita nunca falara, de fato, com ele a respeito de sua deserção do palco de debate ou de seu abandono das reuniões do Elemento Progressivo. James e Zane concluíram que ele havia deixado de ser útil para ela quando voltou a ser amigo de Zane. Finalmente, os sonserinos veteranos simplesmente esqueceram de James, com a exceção de alguns olhares indiferentes e comentários nocivos na sala comunal da Sonserina. Então, de maneira surpreendente, Ralf começou a ser amigo de alguns sonserinos primeiranistas e segundanistas. Diferente dos que usavam os distintivos azuis, nenhum deles parecia ter todo aquele interesse no amplo mundo das políticas e causas. Sem dúvida, havia uma espécie de astúcia suspeita inclusa nos sonserinos quintanistas, mas dois deles parecia genuinamente gostar de Ralf, e inclusive James teve de admitir que eram engraçados, de uma maneira duplamente entusiasmada.


Defesa Contra as Artes das Trevas tornou-se a aula favorita de James, Zane e Ralf. O Professor Franklyn lecionava uma aula demasiadamente prática, com histórias excitantes e exemplos reais extraídos de suas próprias longas e admiráveis aventuras. James, sem surpreender ninguém, era um ótimo duelista. Ele admitiu, com um sorriso tímido, que havia aprendido muitas técnicas defensivas com seu pai. Ninguém, contudo, incluindo James, estava disposto a enfrentar Ralf em um duelo. As habilidades da varinha de Ralf extraordinariamente errante quando se tratava de lançar feitiços defensivos. A primeira vez que duelara, tentara um simples Expelliarmus em Vitória. Ele sacudiu sua varinha, um pouco selvagemente, e um raio azul irrompeu da extremidade, chamuscando o cabelo de Vitória de modo que uma tira áspera e calva correu diretamente através do alto de sua cabeça. Ela tapeou com a mão, em seguida seus olhos quase ejetaram das órbitas. Ela gritou enraivecida e teve de ser impedida de saltar em Ralf por três estudantes, que era três vezes seu tamanho. Ralf se afastou, desculpando-se abundantemente, sua varinha ainda soltando fumaça.


Somente uma vez. Em uma noite na sala comunal da Corvinal, alguém teve a ousadia de mencionar o debate a James, Zane e Ralf. Eles estavam finalizando seus deveres escolares quando um enorme quartanista chamado Gregório Templeton sentou-se à mesa em frente a eles.


- Ei, vocês estavam naquele debate, não? - disse ele, indicando Zane e Ralf.


- Sim, Gregório. - disse Zane, enfiando seus livros na mochila. Sua voz denunciando sua antipatia pelo garoto.


- Você era aquele que estava na mesa com Corsica, certo? - disse Gregório, virando-se para Ralf.


- É. Sim, - disse Ralf. - mas...


- Diga que ela está certa, sim? Li um livro que conta tudo sobre a coisa toda. Chama-se A Trama Dumbledore que diz tudo como o velho e aquele Harry Potter inventaram tudo, do começo ao fim. Sabia que eles inventaram toda a história sobre Riddle e as horcruxes na noite que o velho morrei? Inclusive alguns dizem que foi o próprio Harry Potter que o matou, uma vez que concluíram tudo.


James se esforçou para controlar seu temperamento. Ele olhou de maneira igualitária para Gregório.


- Você sabe quem eu sou?


Zane encarava com dureza para a garrafa que Gregório segurava.


- Ei, - perguntou com forçada casualidade, sacando sua varinha às escondidas. - o que você está bebendo?


Noventa segundos depois, James, Zane e Ralf se dispersaram enquanto Gregório cuspia água pestilenta por toda a mesa da sala comunal.


- Praticando! - gritou Zane, abaixando-se por baixo dos braços estirados de Gregório. - Eu juro! Eu devia praticar aquela transfiguração! Sua bebida estava justamente no caminho! Pergunte a McGonagall!


Os três garotos escaparam com êxito do aposento, gargalhando barulhentamente na confusão que se sucedia.


 


 


 


 


 


Próximo do feriado de Natal, James estava pronto para um descanso. Após o almoço em seu ultimo dia de aula, James subiu para o dormitório da Grifinória para arrumar suas malas. O céu lá fora estava fresco e cinzento, fazendo-o desejar a lareira magnífica que continha o Largo Grimmauld, número doze, e um dos chocolates quentes demasiadamente complicados de Monstro, o qual consistia, na ultima contagem, em quatorze ingredientes sem nome, incluindo, ele se assegurou, de pelo menos uma pitada de chocolate autentico.


- Ei, James, - a voz de Ralf chamou das escadas. - está aí em cima?


- Sim! Suba, Ralf!


- Obrigado. - ofegou Ralf, subindo os degraus. - Subi com Petra depois do almoço. Ela disse que você estaria arrumando as malas. Suponho que todos estão entusiasmados para ir.


- Sim!  Todos irão à antiga sede para as férias este ano. Os tios Jorge e Rony, as tias Hermione e Fleur, Ted e sua avó, Vitória, inclusive Luna Lovegood, que você não conhece, mas você ficaria entusiasmado com ela. Ela é a adulta mais esquisita que já encontrei, mas de uma boa maneira. Na maioria das vezes. De qualquer forma, o vovô e a vovó não estarão lá. Eles estão visitando Carlinhos e todo mundo em Praga este ano. Ainda assim, acho que Neville estará lá. Digo, o Professor Longbottom.


Ralf assentiu de mau-humor, fitando o malão de James.


- Parece ótimo. Sim, bem, espero que você tenha um feliz Natal e tudo mais, então.


James parou de arrumar suas coisas, lembrando-se que o pai de Ralf estava viajando a negócios durante as férias.


- Ah, sim. Então o que você fará, Ralf? Passará o Natal com seus pais ou outra coisa?


- Hum? - disse Ralf, erguendo os olhos. - Ah. Nada. Parece que ficarei rodando por aqui durante as férias. Zane não partirá até a próxima semana, então ao menos o terei para andar por aí durante a semana. Depois disso... bem, eu verei o que farei comigo mesmo. - ele suspirou.


- Ralf, - disse James atirando um par de meias diferentes em seu malão. - você quer vir e passar o Natal comigo e minha família?


Ralf tentou parecer surpreso.


- O quê? Não, não, eu nunca iria querer atrapalhar a reunião de sua grande família, sabe... Eu não poderia. Não...


James franziu o cenho.


- Ralf, seu estúpido, se você não vier para casa comigo, irei pessoalmente lançar transfigurações aleatórias em você com sua própria varinha. Que tal isso, então?


- Bem, não precisa ficar agressivo por causa disso! - exclamou Ralf, então seu rosto quebrou-se em um sorriso. - Seus pais não se importarão?


- Não. Pra falar a verdade, com todas as pessoas que entrarão e sairão daquele lugar, não tenho certeza se eles ao menos notar.


Ralf revirou os olhos.


- Estou me referindo sobre eu ter estado no... sabe, do lado errado do debate e tudo mais.


- Eles escutaram pelo rádio, Ralf.


- Eu sei!


- E você nunca disse uma palavra.


Ralf abriu a boca, e então fechou. Pensou durante um momento. Finalmente, ele sorriu e caiu subitamente sobre a cama de Ted.


- Ah, certo. Então você diz que Vitória estará lá?


- Não venha com idéias. Ela é parte veela, você sabe. Ela lança mau-olhado em qualquer cara que chegue três metros dela.


- Eu apenas queria tentar que ela me perdoasse. Você sabe, sobre o incidente ocorrido na aula de D. C. A. T.


James fechou seu malão.


- Ralf, camarada, quanto menos falar a respeito, melhor.


 


 


 


 


 


Na manhã seguinte, havia poucas pessoas no café da manhã. Uma grossa camada de orvalho havia caído mais cedo desenhando folhas de samambaia nos cantos das janelas e fornecendo visões além de um branco fantasmagórico. James e Ralf chegaram ao mesmo tempo e encontraram Zane na mesa da Corvinal.


- Você é um cara de sorte, Ralf. - disse Zane irritadamente, aconchegando-se em torno de sua xícara de café. - Estou me matando para ver como é um Natal mágico.


- Para falar a verdade, - disse James, servindo-se de suco de abóbora. - duvido que seja como você imagina.


- Talvez você esteja certo. Inclusive nos melhores momentos, eu devo admitir, parece um pouco com o Dia das Bruxas por aqui.


- Ei, Ralf, - disse James, acotovelando o garoto maior. - espere até você ver nosso tradicional desfile Natalino de vampiros! Teremos pirulitos recheados com morcego para comer e beberemos chocolate quente de crânios de elfo!


Ralf pestanejou. Zane pareceu irritado e revirou os olhos.


- Está bem, seu engraçadinho.


- Vamos lá. - disse Ralf, finalmente entendendo a piada. - Você terá um ótimo Natal com sua família. Ao menos você verá seus pais.


- Sim, claro. Um vôo de oito horas de volta aos Estados com minha irmã, Greer, incomodando-me o tempo inteiro sobre a vida naquela escola de magia maluca. Ela ficará desapontada em saber que a única maneira pela qual posso atacar as coisas com minha varinha é golpeá-las com ela.


- De maneira alguma somos permitidos a praticar magia fora de Hogwarts. - disse Ralf de forma instrutiva.


Zane o ignorou.


- E então o Natal com meus pais e todos os meus primos em Ohio. Vocês não têm idéia de que tipo de loucura isso sempre foi.


James não conseguiu evitar perguntar.


- Como assim?


- Imagine toda a cena do Natal tradicional americano, pintada ao estilo Norman Rockwell, certo? - disse Zane, erguendo os braços como se emoldurasse um quadro. – Abrindo presentes, trinchando peru, e cânticos próximos à árvore de Natal. Entenderam? - James e Ralf assentiram, tentando não sorrir da expressão séria de Zane.


- Tudo bem. - Zane continuou. - Agora imagine hinkypunks ao invés de pessoas. Vocês conseguem pegar a idéia.


James explodiu em risos. Ralf, como de  costume, apenas pestanejou e olhou para a frente e para trás entre os outros dois garotos.


- Isso é fantástico! - assoviou James.


Zane sorriu relutantemente.


- Sim, bem, é bastante engraçado, eu acho. Os gritos e arranhões, todos esses pedaços diminutos de presente voando por todos os lados, aterrissando na lareira e quase queimando o local completamente.


- O que é um hinkypunk?


- Pergunte ao Hagrid na próxima aula de Trato das Criaturas Mágicas. - disse James, ainda rindo. - Tudo fará sentido.


Mais tarde àquela manhã, Ralf e Zane se despediram de Zane, então arrastaram seus malões até o pátio. Ted e Vitória já estavam lá, sentados nos seus malões no alto da escada, dispostos contra os terrenos estranhamente silenciosos e cobertos de gelo. O cabelo de Vitória crescera novamente graças a Madame Curio na ala hospitalar, mas o novo cabelo estava diferente o bastante na textura e cor para ser notável. Como resultado, Vitória tivera de usar uma incrível variedade de chapeis os quais, de fato, aprimoravam sua aparência, mas ela reclamava a respeito deles a cada oportunidade. Hoje, ela usava uma pequena boina de pele, inclinada atrevidamente sobre sua sobrancelha esquerda. Ela fitou friamente para Ralf quando este deixou cair seu malão sobre a escada. Alguns minutos depois, Hagrid chegou dirigindo uma carruagem. Ralf ficou boquiaberto quando viu que nada aparente estava puxando a carruagem.


- Vocês não verão isso até o próximo ano. - disse Hagrid para James e Ralf. Ele puxou com força o breque, desceu, e começou a arremessar as malas facilmente na parte traseira da carruagem. - Então tenham certeza de agirem surpresos quando os viram no próximo ano, certo?


- Ah, Hagrid, - disse Vitória arrogantemente. - se essas coissas terrríveis são feias quanto mamãe me diz, estou feliz por não vê-las, de qualquerr forma. - ela ergueu uma mão e Ted a pegou, ajudando-a bastante necessariamente a entrar na carruagem.


Havia alguns outros estudantes comprimidos dentro da carruagem, todos partindo para as férias de modo similar. Hagrid os conduziu até a estação de Hogsmeade, onde embarcaram no Expresso de Hogwarts novamente. O trem estava muito mais vazio do que estivera na viagem de chegada. Os quatro encontraram um compartimento quase ao fundo, então se acomodaram para a longa viagem.


- Então, Hogsmeade é um povoado bruxo? - perguntou Ralf para Ted.


- Exatamente. Lar do Três Vassouras e Dedosdemel. Os melhores Torrões de Barata do mundo. Muitas outras lojas também. Você poderá ir a Hogsmeade nos finais de semana a partir do terceiro ano.


Ralf pareceu pensativo, o que significava que sua sobrancelha descia enquanto seu lábio inferior saltava, espremendo seu rosto inteiro em direção ao nariz.


- Então como os bruxos mantêm os trouxas longe dos povoados mágicos? Quero dizer, não há nenhum caminho ou algo parecido?


- Pergunta trapaceira, companheiro. - disse Ted, sentando-se e relaxando os ombros em seu assento e retirando seus sapatos.


Vitória enrugou o nariz.


- Mantenha esses pés imundos longe de mim, Sr. Lupin.


Ted a ignorou, esticando as pernas através do compartimento e descansando os pés no assento oposto.


- Estou na aula de Tecnomancia Aplicada Avançada do velho Cara de Pedra este semestre, e tudo o que posso dizer é que lugares como Hogsmeade não são exatamente escondidos porque os trouxas não conseguem encontrar um caminho de entrada. É tudo quântica. Se Petra estivesse aqui, ela poderia explicar melhor.


James estava curioso.


- O que é ‘quântica’?


Ted deu de ombros.


- É uma piada na T.A.A. Quando em dúvida, apenas diga ‘quântica’. - ele suspirou resignadamente, reunindo seus pensamentos. - Tudo bem, imagine que há lugares na terra que são como um buraco no espaço remendado com goma, sim? Você não pode dizer que parte alguma seja diferente da parte superior, mas talvez um pouco estufada ou algo assim. Então, digamos, que aparece um bruxo que realmente conhece sua quântica. Ele diz, “Oh, aqui é um lugar onde podemos erguer um maravilhoso povoado bruxo”. Então o que ele faz é conjurar uma espécie de grande peso mágico, mas que é realmente muito diminuto, certo? E o peso se deixa cair dentro da parte da realidade de goma e desce, desce, desce. Certo. Então o peso perfura a realidade de goma até passar para dentro de outra dimensão, criando um cano na forma do espaço-tempo.


- Espera. - disse Ralf, franzindo as sobrancelhas em concentração. - O que é espaço-tempo?


- Não importa. - disse Ted, acenando sem interesse. - Não importa. É tudo quântica. Ninguém compreende exceto cabeças de pergaminhos rabugentas como o Professor Jackson. Seja como for, há este cano no espaço-tempo onde o peso cai na realidade de goma. Os trouxas, reparem, podem operar apenas na superfície da realidade. Eles não vêem onde o cano está imerso dentro de seu novo espaço dimensional. Para eles, nem mesmo está lá. De qualquer forma, nós bruxos podemos apenas seguir o cano por baixo do espaço principal, se soubermos o que olhar e compartilhar o segredo. Assim construímos lugares como Hogsmeade.


- Então Hogsmeade está abaixo de algum tipo de vale em forma de cano. - disse Ralf de maneira experimental.


- Não. - disse Ted sentando-se torto novamente. - Isso é apenas uma metáfora. A paisagem parece exatamente a mesma, mas de forma dimensional, sai pelo outro lado do espaço-tempo, onde os trouxas não podem ir. Muitos lugares bruxos foram construídos dessa maneira. Nós criamos criaturas mágicas em reservas quânticas. Todas as cordilheiras onde os gigantes vivem são enterradas em quântica, fora dos mapas trouxas. Parece muito como a indetectabilidade funciona. Simples como isso.


- Simples como o quê? - perguntou Ralf, frustrado.


Ted suspirou.


- Olha, companheiro, é como os Torrões de Barata na Dedosdemel. Você não precisa entender como se faz. Apenas precisa comê-los.


Ralf desmoronou.


- Não tenho certeza de que posso fazer um dos dois.


- Esse cara é um verdadeiro barril de risadas, não é? - Ted perguntou a James.


- Então se os trouxas não podem entrar, - James replicou. - como aquele trouxa adentrou os terrenos da escola?


- Ah, sim. - disse Ted, inclinando-se para trás novamente. - O misterioso intruso do Quadribol. É isso que andam dizendo agora? Que ele era um trouxa?


James esquecera-se de que nem tudo que ele sabia a respeito do intruso era de conhecimento comum. Ele recordava agora o que Neville dissera sobre os rumores espantosos envolvendo o misterioso homem no campo de Quadribol.


- Sim, - ele disse, tentando parecer indiferente. - Ouvi dizer que pode ter sido um trouxa. Eu só queria saber como um trouxa poderia entrar, com tudo isso sobre, sabe, quântica.


- Na verdade, - disse Ted, entortando os olhos para ver o lustroso dia fora da janela. - acho que até mesmo trouxas poderiam entrar se estiverem acompanhados por um bruxo ou conduzido de alguma forma. Não é que eles não podem entrar, exatamente. Apenas é que, até onde seus sentidos sabem, os espaços nem mesmo existem. De qualquer forma, se um bruxo os conduzir e passarem através do que seus sentidos estão dizendo... obviamente, seria possível, eu acho. Mas quem seria estúpido o bastante para fazer tal coisa


James encolheu os ombros, e olhou para Ralf. O olhar no rosto de Ralf refletiu o que James estava pensando. Estúpido ou não, alguém na verdade conduzira um trouxa para dentro dos terrenos de Hogwarts. Como ou por que isso fora organizado ainda era um mistério, mas James planejava fazer o seu melhor para descobrir.


Os quatro almoçaram sanduíches embalados em papel de cera, pegos das cozinhas de Hogwarts àquela manhã, e então caíram em silêncio. O dia tornou-se rude e resplandecente, com o sol brilhando como um diamante sobre os campos e bosques. A geada derretera, deixando o terreno despido e cinzento. As árvores esqueléticas poliam o céu, posicionando-se tapetes de folhas mortas. Ralf registrava e tirava um cochilo. Vitória movia-se por uma pilha de revistas, e logo saiu em busca de algumas amigas que suspeitava estarem em algum lugar a bordo. Ted ensinou James a jogar um jogo chamado ‘Arranques e Brocas’, o que envolvia usar as varinhas para levitar um pedaço de pergaminho dobrado para dentro de um gordo triângulo. De acordo com Ted, ambos os jogadores usavam suas varinhas – os arranques – para simultaneamente levitar o pergaminho dobrado – a broca – cada um tentando guiar o papel para dentro de sua área designada de gol, geralmente um círculo desenhado em um pedaço de pergaminho e colocado próximo do oponente. James melhorara bastante em levitação, mas não era comparado a Ted, que sabia exatamente como enfraquecer James, batendo de leve na broca fora de alcance e lançado-a até o gol com um estalo ressonante.


- Trata-se apenas de prática, James. - disse Ted. - Venho jogando isso desde os cinco anos. Tínhamos mais do que quatro pessoas em um time às vezes, e usávamos brocas tão grandes quanto o busto de Godrico Gryffindor na sala comunal. Sou pessoalmente responsável pelo fato da orelha esquerda dele ter sido colada de volta. Não conhecíamos o feitiço Reparo, e agora o preferimos daquele jeito.


Assim que o trem adentrou a plataforma nove e três quartos, o por do sol começara a deixar o céu em uma cor lilás sonhadora. James, Ted, e Ralf esperaram pela guinada brusca que indicava que o trem parara completamente, então se colocaram de pé, abriram caminho para a plataforma.


O carregador tomou seus bilhetes, e logo apresentou suas malas com um feitiço convocatório, retirando-as rudemente do compartimento de bagagens e fazendo-as cair pesadamente sobre os pés de seus respectivos donos. Vitória os alcançou quando estavam empilhando suas bagagens em um grande bagageiro.


- Vou escoltá-los até a antiga sede. - disse Ted com importância, erguendo-se a toda altura. - É perto o bastante, e seus pais estão demasiadamente ocupados hoje à noite, James, com todos os demais chegando, e Lílian e Alvo saindo da escola hoje também.


Eles se enfileiraram pelo o portal oculto que separava a plataforma nove e três quartos das plataformas trouxas da estação de King’s Cross.


- Você não dirige, Ted, - disse Vitória de forma repreendedora. - e dificilmente nós quatro caberemos em sua vassoura. O que você espera fazer?


- Suponho que você esteja certa, Vitória. - disse Ted, detendo-se ao centro da multidão e olhando em volta. Viajantes trouxas se moviam apressadamente aqui e ali, a maioria agasalhada em pesados casacos e chapeis. A multidão gigantesca reverberava com o som dos anúncios de trem e o ruído de canções gravadas de Natal. - Parece que estamos presos. - disse suavemente. - Eu diria que é isso, de certa forma, é uma emergência, não?


- Ted, não! - censurou Vitória quando Ted ergueu sua mão direita, a varinha erguida.


Houve um ruidoso crack que ecoou por toda a multidão em volta, aparentemente inaudível aos trouxas. Uma forma gigantesca e púrpura atirou-se pelas portas emolduradas pelo gigantesco arco de cristal do início da estação. Era, obviamente, o Nôitibus Andante. James sabia que ele apareceria assim que Ted fizera o sinal, mas ele nunca saberia que o Nôitibus poderia viajar fora dos trilhos. O enorme ônibus de três andares esquivou-se e  se comprimiu entre a multidão distraída, nunca perdendo a velocidade até guinchar parando violentamente em frente a Ted. As portas se abriram e um homem em um uniforme elegante e púrpuro inclinou-se para fora.


- Bem-vindo ao Nôitibus Andante. - disse o homem, um tanto ofensivamente. - Transportes emergenciais para bruxos abandonados à sua sorte. Vocês sabem que estamos no meio da maldita estação de King’s Cross, não sabem? É como se vocês não pudessem ao menos ter feito isso na entrada.


- Boa noite, Frank. - disse Ted levemente, içando a mala de Vitória para o motorista. É a minha maldita perna outra vez. Velha ferida de Quadribol. Sempre age nas piores horas.


- Velha ferida de Quadribol é o último molar superior do meu avô! - resmungou Frank, empilhando as malas em uma prateleira exatamente na parte interna da porta. - Tente me dizer essa bobagem mais uma vez e vou cobrar de você um galeão por ser uma perturbação!


Ralf estava relutante em entrar no ônibus.


- Você disse que é perto? A sede? Talvez pudéssemos, sabe, ir andando?


- Nesse frio? - respondeu Ted energicamente.


- E com a maldita perna dele? - adicionou Frank de mau humor.


Ralf subiu e mal cruzou o cruzou o solado quando as portas se fecharam.


- Esquina de Pancras e São Chad, Ernie. – disse Ted, agarrando uma alça de latão próxima.


o motorista assentiu, adotou uma expressão odiosa, segurou o volante como se tencionasse lutar contra ele, e então pisou no acelerador. Ralf, apesar do conselho de James, esquecera-se de agarrar em algo. O Nôitibus Andante disparou para adiante, lançando-o para trás sobre uma das camas de latão que, estranhamente, parecia ocupar o nível mais baixo do ônibus ao invés de assentos.


- Hum? - murmurou o bruxo que estava dormindo sobre o qual Ralf aterrissou, erguendo sua cabeça do travesseiro. - Já chegamos no Quarteirão Grosvenor?


O ônibus executou uma curva fechada inconcebivelmente apertada, circundando um grupo de turistas que estavam olhando as placas de saída, e então disparou através da multidão novamente, esquivando-se de homens de negócios e velhas senhoras como uma rajada de vento. O arco de cristal agigantou-se sobre eles, e James estava certo de que era impossível que o Nôitibus Andante passasse pelas entradas abertas, por maiores que fossem. Então, lembrou-se de que o ônibus, na verdade, havia entrado por aquelas portas. Ele se segurou. Sem diminuir a velocidade, o ônibus espremeu-se pela porta como um balão de água passando por uma toca de ratos, saindo para a rua abarrotada de pessoas e desviando-as loucamente.


- Ouvi dizer que teremos ganso no jantar desta noite! - gritou Ted para James enquanto o ônibus passava por um cruzamento abarrotado.


- Sim! - gritou James de volta. - Monstro insistiu em uma refeição completa em nossa primeira noite de volta!


- Preciso amar aquele animalzinho horrível! - gritou Ted com muito apreço. - Como está o Ralf?


James olhou em volta. Ralf ainda estava esparramado sobre a cama com o bruxo dormindo.


- Está tudo bem! - gritou ele, agarrando a cama com força com ambas as mãos. - Eu vomitei no gorro de dormir que me deram de recordação.


O Nôitibus Andante gritou perto da esquina onde São Chad se encontrava com o Quarteirão Argyle, e então emperrou para estacionar. De fato, a parada repentina de movimento foi tão violenta quanto a corrida em si. O gigantesco ônibus púrpuro parou calma e precisamente, expulsando uma delicada nuvem de fumaça pelo escapamento. As portas se abriram e Ted, Vitória, James e Ralf saltaram para fora, este último um pouco zonzo. Frank, apesar do olhar irritado que lançou a Ted, amontoou suas bagagens cuidadosamente na calçada e desejou-lhes um feliz Natal. As portas se fecharam e um momento depois, o Nôitibus Andante saltou rua abaixo, correndo como um raio perto de um caminhão e realizando algo parecido com uma pirueta no cruzamento. Três segundos depois, sumiu.


- Funcionou tão bem quanto se podia esperar. - disse Ted animadamente, agarrando sua mala e a de Vitória pela alça e puxando-os com força em direção a uma fila ordenada de casas dilapidadas.


- Qual é o número? - disse Ralf, bafejando e arrastando sua mala imensa.


- Número doze. Exatamente aqui. - respondeu James. Estivera tantas vezes no velho quartel general que se esquecera que era invisível para a maioria das pessoas. Ralf deteve-se na base dos degraus, franzindo o cenho.


- Ah, sim. - disse James, virando-se. - Certo, Ralf. Você ainda não pode vê-lo, mas está exatamente aqui. O Largo Grimmauld número doze está exatamente entre os números onze e treze. Pertencia ao padrinho de meu pai, Sirius Black, mas ele passou como herança a meu pai. Era a sede da Ordem da Fênix, quando combatiam Voldemort. Eles esconderam com os melhores Feitiços de Segredo e Desilusão que os bruxos mais poderosos daquele tempo podiam conjurar. Era o local mais secreto da Ordem, até um Comensal da Morte ter seguido minha tia até aqui utilizando uma Aparatação Lateral. De qualquer forma, pertence oficialmente ao meu pai, mas não vivemos aqui na maior parte do tempo. Monstro a mantém quando não estamos aqui.


- Não entendi uma de cada três palavras do que você disse, - disse Ralf, suspirando. - mas estou com frio. Como entramos?


James ergueu a mão pedindo a de Ralf. Ralf deu a mão a ele, e James o fez subir no primeiro degrau que conduzia ao número doze. Ralf tropeçou, recuperou o passo e ergueu os olhos, os quais se arregalaram e um sorriso de felicidade se espalhou pelo seu rosto. James não se lembrava de sua primeira visita à velha sede, mas sabia pela descrição das outras pessoas como a entrada se revelava na primeira vez que você chegava, como o número doze simplesmente empurrava os números onze e treze para o lado como alguém abrindo caminho na multidão. James não pode evitar sorrir em meio à surpresa de Ralf.


- Adoro ser um bruxo. - disse Ralf de forma significativa.


Quando James bateu a porta, sua mãe atravessou rapidamente o corredor, secando as mãos em uma toalha.


- James! - chorou ela, juntando-o em seus braços e quase erguendo o garoto do chão.


- Mãe, - disse James, envergonhado e satisfeito ao mesmo tempo. - vamos, você vai derreter o sapo de chocolate no bolso de minha camisa.


- Você não está tão velho para dar um beijo em sua mãe depois de estar fora por quatro meses, sabe. - disse ela desaprovando-o.


- Você sabe como é. - exclamou Ted melancolicamente. - Em um momento, eles estão arrancando as amarras de seu avental, no outro, estão pedindo a vassoura emprestada para sair com alguma namorada. Onde isso vai parar?


A mãe de James sorriu, virando-se para Ted e abraçando-o também.


- Ted, você nunca muda. Ou fica calado. Bem-vindo. E você também, Vitória. Chapéu adorável, a propósito.


Ralf suspirou, mas a mãe de James continuou antes que Vitória pudesse assinalar qualquer explicação.


- E você é Ralf, claro. Harry o mencionou, e claro, James me falou muito sobre você nas cartas. Meu nome é Gina. Ouvi dizer que você é bastante hábil com a varinha.


- Onde está o papai, a propósito? - perguntou James rapidamente, cortando Vitória novamente.


- Ele foi até Andrômeda depois do trabalho hoje. Estarão em casa a qualquer momento. Os demais estarão aqui amanhã.


- James! - duas vozes diminutas disseram em uníssono, acompanhadas de passos estrondosos. - Ted! Vitória! - Lílian e Alvo empurraram passando por sua mãe.


- O que vocês trouxeram para nós? - pediu Alvo, parando de frente para James.


- Diretamente da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, - disse James fantasticamente. - eu trouxe a vocês... abraços! - ele agarrou Alvo em um abraço de urso. Alvo empurrou com esforço, simultaneamente irritado e sorrindo.


- Não! Eu queria alguns Chicles Baba-bola da senhora do carrinho do trem! Eu disse a você!


Ted agachou-se e abraçou Lílian.


- Eu trouxe algo que você vai adorar, minha querida.


- O que é? - perguntou ela, repentinamente tímida.


- Você terá de esperar até o Natal, certo? Sua mãe tem um grande estoque de comida para dragão, não tem?


- Ted Lupin! - repreendeu Gina. - Não dê esperanças a ela, seu patife! Agora vamos, todos vocês. Monstro passou a tarde inteira no porão preparando o que ele chama de ‘serviço de chá apropriado e autêntico’. Mas não comam muito, ou não estarão com fome para o ganso que ele cozinhou, e ele ficará aborrecido a semana inteira.


Harry e a avó de Ted, Andrômeda Tonks, chegaram meia hora depois, e o resto da noite foi preenchido com muita comida, risadas alegres e postas em dia. Harry e Gina sequer ouviram o debate de Hogwarts, apesar do que James presumira. Contudo, Andrômeda Tonks ouvira, e lançava intermináveis sacarmos para Tabita e seu grupo. Felizmente, ela não tinha idéia de que Ralf também estivera no grupo, e Ralf estava feliz por ela continuar naquela ignorância.


- Não se preocupe, - murmurou Ted para Ralf por cima da sobremesa. - se alguém disser alguma coisa, direi a ela que você era um espião. Ela adora espionagem, devido aos velhos tempos.


Monstro não mudara uma pitada. Fez uma profunda reverencia diante de James, com uma mão no coração, e a outra largamente estendida.


- Mestre James, de volta de seu primeiro ano de ensino, sim. - disse ele em sua voz trêmula. - Monstro preparou os aposentos do Mestre exatamente da maneira que ele gosta. O Mestre e seu amigo se importariam com um sanduíche de agrião?


Como sempre, Monstro mantivera a casa em excepcional ordem, e inclusive tinha se dado ao trabalho de decorar a casa para as festividades. Infelizmente, o conceito de James de uma boa decoração era um pouco rústico, e o resultado teria divertido Zane de maneira interminável. As cabeças cortadas dos elfos domésticos anteriores, os quais ainda estavam pendurados no corredor como testamento dos originais donos sangue-puro da propriedade, foram cobertas com barbas falsas brancas e cônicas e chapeis verdes com sinos nas pontas.


 - Monstro as enfeitiçou para cantar canções das festividades, sim, ele enfeitiçou. - disse Monstro a James e Ralf um pouco afobadamente. - Mas a senhora decidiu que isso talvez fosse um pouco... festivo demais. De qualquer maneira, Monstro gostou. - ele pareceu ansioso que lhe permitissem restabelecer as cabeças cantantes. James assegurou a Monstro que ele tivera uma idéia original e prodigiosa e que falaria com sua mãe a respeito. De fato, ele estava morbidamente curioso em ver e ouvir as cabeças em ação.


Lílian e Alvo seguiram James e Ralf a maior parte da noite, implorando para ver o que os garotos poderiam fazer com suas recentes habilidades aprendidas.


- Vamos lá, James. - pedia Alvo. - Mostre-nos uma levitação! Levite Lílian!


- Não! - chorou Lílian. - Levite Alvo! Faça-o voar janela afora.


- Vocês dois sabem que não posso fazer magia uma vez que eu esteja fora do trem e oficialmente fora de Hogwarts. - disse James desgastadamente. - Eu me meterei em problemas.


- Papai é o Chefe dos Aurores, imbecil. Provavelmente você nem sequer receberá uma advertência.


- Isso é irresponsabilidade. - disse James seriamente. - Tornem-se mais velhos e saberão o que isso significa.


- Você não consegue fazer isso, não é? - zombou Alvo. - James não consegue fazer uma levitação! Você é um bruxo desprezível. Primeiro aborto na família Potter. Mamãe vai morrer de vergonha.


- Você continua sendo o mesmo Alvo-fofoqueiro de sempre, pequeno explosivim.


- Não me chame assim!


- Do quê? Explosivim ou Alvo-fofoqueiro? - sorriu James. - Sabia que Alvo-fofoqueiro é seu verdadeiro nome? Está em sua certidão de nascimento. Eu vi.


- Alvo-fofoqueiro! - cantou Lílian, dançando em torno de seu irmão mais velho.


Alvo saltou em James, lutando com ele no chão.


Mais tarde, quando James e Ralf se dirigiam ao quarto de James para a noite, passaram por uma cortina que parecia cobrir uma parte da parede. Um resmungo sonolento saia detrás da cortina.


- É a velha Sra. Black. - explicou James. - Uma velha louca. Fica fora de si pelas pessoas profanaram a casa de seus pais toda vez que vê qualquer um de nós. O papai e Neville fizeram tudo o que puderam pensa para tirar a morcega velha da parede, mas ela está encravada aí. Até consideraram remover a parte da parede que contém o quadro, mas é uma parede principal. Removê-la provavelmente faria o pavimento acima desmoronar sobre nós. Além disso, por estranho que pareça, Monstro é bastante ligado a ela, desde que ela foi sua antiga mestra. Então suponho que ela é parte da família para sempre.


Ralf espiou tentativamente por trás da cortina. Ele franziu o cenho.


- Ela está... assistindo televisão?


James deu de ombros.


- Descobrimos isso alguns anos atrás. Abrimos a porta da frente porque estávamos trazendo um novo sofá. Ela viu uma tela através da janela do outro lado da rua e se calou pela primeira vez em semanas. Então nós contratamos um artista bruxo para vir e pintar uma televisão no quadro. A morcega velha adora os programas de entrevista. Desde então, bem, ela ficou muito mais suportável.


Ralf deixou a cortina cair lentamente de volta sobre o quadro. Uma voz masculina atrás dela dizia:


- E quando você notou que o seu cachorro tinha síndrome de Tourette, Sra. Drakemont?


Monstro disponibilizara uma cama portátil para Ralf no quarto de James. Sua bagagem estava posta organizadamente ao final da cama, e havia uma pinha enlaçada em cada travesseiro, aparentemente a idéia que Monstro tinha de uma guloseima natalina.


- Este costumava ser o quarto do padrinho de meu pai. - disse James sonolento, uma vez que se instalaram.


- Legal. - murmurou Ralf. - Ele era um cara legal, não era? Ou era um louco como a bruxa velha no quadro?


- Um dos melhores caras que já existiu, segundo meu pai. Temos de falar sobre ele a você em alguma ocasião. Ele foi procurado por assassinato por mais de uma década.


Houve um minuto de silêncio, então a voz de Ralf falou na escuridão.


- Vocês bruxos conseguem ser extremamente confusos, sabe?


James sorriu. Um minuto depois, ambos estavam adormecidos.

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