Lealdade Quebrada
- CAPÍTULO 7 -
Lealdade Quebrada
A |
primeira aula de James, ironicamente, foi Fundamentos em Vassoura. O professor era um homem enorme e gorducho chamado Cabriel Ridcully. Ele usava uma capa de esporte castanho amarelada sobre sua túnica oficial de quadribol, que expunha os seus antebraços enormes e bizarros.
- Bom dia, primeiranistas! - ele berrou, e James adivinhou que Cabe Ridcully era um daqueles grandes madrugadores. - Bem-vindos a aula de Fundamentos em Vassoura. Muitos de vocês já me conhecem, tendo-me visto no quadribol, torneios, enfim. Nós iremos investir este ano na familiarização em fundamentos de vôo. Acredito em um estudo muito prático, então estaremos pulando diretamente dentro da essência do manuseio e controle da vassoura. Todos examinem suas vassouras, por favor.
James andava temendo voltar a subir uma vassoura, mas como a classe prosseguiu, conscientizou-se que, com a orientação própria, era hábil para adquirir manejo de sua vassoura, levitar e suportá-la, e ter o controle de sua altitude e velocidade em várias pequenas formações. Compreendeu que tinha variações sutis às que respondia a vassoura, baseadas na velocidade e inclinação. Se a vassoura simplesmente pairava, inclinar para frente o cabo da vassoura indicava seguir adiante, enquanto o puxão indicava seguir para trás. Uma vez que a vassoura movia-se, contudo, aqueles mesmos controles começavam a controlar também a altura. Mais rápido a vassoura se movia, e a postura de James controlou a altitude em vez da velocidade. Achar a diferença perfeita entre um controle de velocidade e um controle de altitude dependeria inteiramente da velocidade do cabo da vassoura em qualquer situação. James sentiu pânico, pois o mais leve erro causaria inclusive a perda do menor grau do controle que já tinha aprendido, e começou a entender por que tinha sido tão terrível durante os testes de quadribol.
Por mais que lhe comprazesse sua própria tentativa de controle sobre a vassoura, ainda sentia uma pontada de inveja quando via Zane manejar sua vassoura em elaborados círculos verticais e inclinações sem esforço.
- Evitemos fazer alarde, Sr. Walker - gritou Ridcully com repreensão, e James não pôde evitar sentir uma onda de mesquinha satisfação - Guarde-o para o jogo desta tarde, certo?
O corpo inteiro de Ralf estava tenso enquanto lutava para permanecer sobre sua vassoura. Conseguira flutuar a mais ou menos um metro do solo e parecia estar emperrado ali.
- Como consigo fazer isso voar assim? - perguntou, observando Zane.
James sacudiu sua cabeça.
- Eu apenas me preocuparia em estar sentado corretamente se fosse você, Ralf.
As aulas do resto da manhã foram muito menos interessantes, com Feitiços e Runas Antigas. Durante o almoço, James narrou a Ralf e Zane os acontecimentos da noite anterior. Falou sobre o Aparelho de Acumulação de Luz Solar de Franklyn, e a conversa no jantar sobre os poderes da rainha do vodu, Madame Delacroix. Finalmente, explicou a conversa que tinha ouvido entre seu pai e o Professor Franklyn, e como esta se encaixava na história de Austramaddux sobre o desejado regresso de Merlin.
- Então - disse Zane, entrecerrando os olhos e olhando pensativamente para a parede que estava atrás da cabeça de James. - Entendo que seu pai tem uma capa... que faz que qualquer que a leve seja invisível.
James gemeu, exasperado.
- Sim! Ainda que essa não seja, precisamente, a questão.
- Fale por você. Quero dizer, esqueça dos raios-X. Pensem no que um cara faria com uma Capa de Invisibilidade. É resistente ao vapor, certo?
James revirou os olhos.
- Não acho que o bruxo que passasse sua vida criando o mais perfeito artefato de invisibilidade do mundo o fizesse para espiar o banheiro das garotas.
- Mas você não sabe, não é? - disse Zane, impávido.
Ralf mastigava lentamente, pensando.
- Então Franklyn disse a seu pai que havia bruxos nos Estados Unidos que apóiam algo parecido com o Elemento Progressivo? Igualdade trouxa e bruxa e coisa do tipo?
James assentiu.
- Sim, mas isso é apenas uma farsa, não? Quero dizer, desde quando os sonserinos desejam algo bom para o mundo trouxa? Todas as velhas casas sangue puras da Sonserina sempre quiseram sair em público, mas apenas para tomar o mundo trouxa e controlá-lo. Acham que os trouxas são uma espécie inferior, não igual.
Ralf parecia estranhamente preocupado.
- Bem, talvez. Eu não sei. No entanto a maioria das pessoas no pátio no outro dia não era sequer sonserinos. Você olhou?
Na realidade James não o tinha feito.
- Isso não importa, realmente. Foram os sonserinos que começaram todo o assunto, com os lemas do Elemento Progressivo e as insígnias e tudo mais. Você mesmo disse, Ralf. Tabita Corsica estava oferecendo as insígnias a todos os sonserinos. Ela está por trás de tudo.
- Não acho que ela esteja por trás de tudo, como você pensa, - disse Ralf - com toda essa coisa de trazer-Merlin-de-volta-da-morte. Ela só acha que deveríamos ser justos com todo mundo, trouxas e bruxos, por igual. Não está tentado começar uma guerra ou alguma estupidez semelhante. Quero dizer, realmente não parece justo que não possamos trabalhar no mundo trouxa, certo? Ou competir em jogos e esportes trouxas? Só porque temos a magia de nosso lado isso não nos torna excluídos.
- Você soa como um deles. - disse James furiosamente
- E daí? - disse Ralf repentinamente, seu rosto ficando vermelho. - Sou um deles, se não percebeu. E não gosto da forma como está falando de minha Casa. As coisas são muito diferentes agora do que eram quando seu pai esteve aqui. Se tanto se preocupa com a verdade e a história, deveria estar totalmente a favor de debater a questão. Talvez Tabita tenha razão sobre você.
James recostou-se, com sua boca escancarada.
Ralf baixou os olhos.
- Ela quer que eu esteja no primeiro debate escolar com a equipe A. Suponho que conhece o tema. Eles chamam de ‘Reavaliação das Presunções sobre o Passado, Verdade ou Conspiração?’
- E você vai estar na equipe com eles, então? Você vai defender que meu pai e seus comparsas inventaram toda a história de Voldemort apenas para assustar as pessoas e manter o mundo mágico em segredo?
Ralf parecia infeliz.
- Ninguém acha que seu pai inventou, mas... - não parecia saber como terminar a frase.
- Bem! - gritou James, erguendo os braços - Ótimo argumento, então! Estou sem palavras! Tabita certamente tem um bom parceiro em você, não é?
- Talvez seu pai não estivesse no lado correto, afinal! - disse Ralf acalorado. - Nunca lhe ocorreu pensar? Quero dizer, claro, pessoas morreram. Foi uma guerra. Mas porque quando seu lado matava pessoas era o triunfo do bem, e quando o outro lado o fazia era uma atrocidade maligna? Os vitoriosos escrevem os livros de história, você já sabe. Talvez a verdade de todo o assunto fosse distorcida. Como você sabe? Você nem sequer tinha nascido ainda.
James atirou seu garfo sobre a mesa.
- Conheço meu pai! - gritou. - Ele não matou ninguém! Estava do lado certo porque meu pai é um homem bom! Voldemort era um monstro sanguinário que só ansiava poder e estava disposto a matar a qualquer que um que se colocassem em seu caminho, inclusive seus amigos! Pode ser que você queira lembrar, já que você parece estar escolhendo o lado de pessoas como ele!
Ralf olhou fixamente para James e engoliu em seco. James sabia, em alguma pequena e distante parte de sua mente, o que estava acontecendo. Ralf era um nascido trouxa, tudo aquilo que ele sabia de Voldemort e Harry Potter tinha lido nas duas últimas semanas. Além disso, Ralf estava sendo alimentado por seus colegas de casa, com quem estava desesperado para se enturmar. Ainda assim, estava furioso até o ponto de querer golpeá-lo, principalmente porque não se atrevia a golpear a nenhum dos sonserinos que eram diretamente responsáveis pelas maliciosas e egoístas mentiras sobre seu pai.
James afastou os olhos primeiro. Ouviu Ralf recolher seus livros e sua mochila.
- Bom - disse Zane tentativamente. - Verei vocês se quiserem que nos reunamos depois do jogo esta tarde para tomar umas cervejas de amanteigada com os Malignos, mas talvez é melhor deixar a proposta para outra ocasião, não?
Nem Ralf tampouco James falaram. Após um momento, Ralf afastou-se.
- Você foi bastante grosso com ele, sabe - afirmou Zane claramente.
- Eu? - exclamou James.
- Antes de você se defender, - disse Zane, erguendo a mão num gesto conciliador - só deixe-me dizer que tem razão. Claro que é tudo um montão de lixo. Mas ele é o Ralf. Só está tentado se encaixar, você sabe.
- Não - disse James de forma direta. - Não quando ‘se encaixar’ significa sair contando um montão de mentiras sobre meu pai.
- Ele não sabe que são mentiras - disse Zane razoavelmente. - Só é um garoto que ouve tudo isso pela primeira vez. Quer acreditar em você, mas também quer se ajustar em sua Casa. Infelizmente para ele, todos eles são um bando de lunáticos sedentos de poder.
James sentiu-se ligeiramente animado. Sabia que Zane tinha razão, mas mesmo assim não podia lamentar realmente seu acesso de raiva contra Ralf.
- Então? Você é um cara que ouve tudo isso pela primeira vez também. Por que não está correndo para se unir ao Elemento Progressivo e cantando lemas?
- Porque felizmente para você - disse Zane, passando um braço ao redor do pescoço de James. - Fui selecionado para a Corvinal e todos eles odeiam o velho Voldy tanto quanto vocês grifinórios. Por outro lado, - pareceu ligeiramente desejoso - acontece que considero Petra Morganstern, em todos os sentidos, mais bela que Tabita Corsica.
James afastou a Zane com o cotovelo, suspirando.
Ambos foram à biblioteca para um período de estudo. Cnossos Shert, o professor de Runas Antigas, estava monitorando o período, os óculos grossos e seus longos e magros membros dentro das vestes verdes o faziam parecer uma louva-deus sentado detrás da escrivaninha principal da biblioteca.
Zane estava copiando teoremas de Aritmancia, franzindo o cenho enquanto os resolvia. James, não querendo pertubá-lo, mas igualmente desinteressado em se embarcar em suas tarefas, sacou a cópia de O Profeta Diário de sua mochila, onde o tinha enfiado durante o café da manhã. Olhou o artigo novamente, apertando os lábios com desgosto. Próximo da parte inferior da capa, James estava aborrecido em ver uma foto de Tabita Corsica. Tinha a aparência de sempre: razoável, pensativa e cortês. ‘Monitora de Hogwarts Discute sobre os Movimentos Progressistas no Campus’ dizia o título próximo. Ciente de que não era aconselhável ler, James se fixou a esmo num par de linhas no meio do artigo.
“Claro que minha Casa não tenciona perturbar a harmonia da escola com estas discussões, mas respeitamos aos membros de outras Casas quando expressam suas preocupações’. Explicou a Srta. Corsica, com os olhos cheios de pesar pelos acontecimentos do dia, mas obviamente reconhecendo a validade das motivações de seus colegas estudantes. ‘Apesar da relutância da diretora deixar clara a lista de debates, estou confiante que seremos permitidos seguir adiante com nosso plano de promover uma discussão sobre as práticas e políticas dos aurores, e as presunções nas que estes se baseiam, no âmbito de um debate aberto e livre.
A Srta. Corsica, uma estudante sonserina quintanista, é também capitã de seu time de quadribol. ‘Tenho uma vassoura elaborada por artesãos trouxas,” explica timidamente, “Eles não tinham nem idéia sobre as propriedades mágicas da madeira, e claro, tive que registrá-la na escola como artefato trouxa. Mas mesmo assim, achei que seria agradável experimentar algo fabricado por nossos amigos trouxas. Além disso, é uma das vassouras mais rápidas do campo’, acrescenta, mordendo o lábio modestamente, ‘mas acho que isso é crédito tanto das mãos que de quem a fez como dos feitiços que se infundiram à madeira”.
James pegou o jornal e o ergueu furiosamente, golpeando-o depois contra a mesa e ganhando um ruidoso pigarro do Professor Shert.
Olhou fixamente sem ver a parte de trás do jornal. Como podia alguém crer em estupidez tão obviamente inventada? Tabita Corsica e sua vassoura especial feita por trouxas eram somente o glacê do bolo, e ela sabia. Quando James a tinha visto no pátio, Tabita estava fazendo a entrevista com Rita Skeeter. James recordava a cara ansiosa de Skeeter e sua pena dançando sobre o pergaminho. Mulher estúpida e ingênua, pensou James. Ainda assim, aparentemente ela estava sendo sincera consigo mesma e seus leitores. Haviam contado a James sobre primeiro encontro de seu pai com Skeeter, durante o Torneio Tribruxo. Tia Hermione tinha averiguado o segredo de Rita Skeeter, que era um animago não registrado, e sua forma animal era um besouro. Ao final, Hermione capturara Skeeter em sua forma de escaravelho, evitando, durante um tempo, que continuasse seu assalto à verdade por meio de seus artigos no Profeta Diário. Esta manhã, no entanto, Harry tinha dito a James que havia formas de lutar pela verdade que não incluíam discutir com gente como Rita Skeeter. Francamente, James preferia os métodos de tia Hermione aos que seu pai reclamava preferir nesses dias.
Enquanto ruminava, os olhos de James vagaram distraídos sobre as manchetes e fotos da parte posterior do jornal. Porém, subitamente, uma manchete captou sua atenção. Inclinou-se sobre ela, com a testa franzida.
Invasão ao Ministério Permanece um Mistério
LONDRES: O arrombamento da sede do Ministério da Magia na semana passada deixa aurores e oficiais igualmente desnorteados, enquanto questões ainda pairam sobre os motivos dos ladrões e a possibilidade de cúmplices internos. Como informado por este órgão de notícias na semana passada, três indivíduos de formação duvidosa foram presos na manhã de segunda-feira, 31 de agosto, relacionados a uma invasão e furto de vários departamentos do Ministério de Magia. Os três supostos invasores, dois humanos e um duende foram encontrados durante uma busca pelos arredores horas após o assalto ser descoberto.
Dado que os indivíduos estavam sob a Azaração Trava-Língua, deixando-os impossibilitados de responder a qualquer interrogatório, os três foram enviados sob vigilância ao Hospital St. Mungos para Doenças e Acidentes Mágicos. Uma pesquisa nos departamentos saqueados, que incluía o Departamento de Cooperação Internacional em Magia, o Escritório de Conversão Cambial, e o Departamento de Mistérios, no entanto, revelou que aparentemente não havia dinheiro ou objetos desaparecidos. As acusações criminais foram subseqüentemente reduzidas à destruição de propriedade e infração, e a história, curiosamente, tinha sido descartada até a semana passada, quando se soube que nenhuma contra maldição ou azaração tivera qualquer efeito sobre acusados enfeitiçados pela azaração Trava-Língua.
“Essas maldições notavelmente poderosas envolvem um alto grau de magia negra”, disse o Doutor Horácio Flack, chefe do Departamento de Contra maldiçoes do Hospital St. Mungos. “Se não formos capazes libertar esses homens da maldição até este fim de semana, temo que os feitiços podem se tornar permanentes”.
Como resultado disto, um dos acusados, identificado por este repórter como o duende, um tal de Sr. Fikklis Bistle de Sussex, começou a responder aos contra malefícios durante fim de semana. “Está produzindo sons e grunhidos, aproximando-se bastante das autênticas palavras”, relatou uma de suas enfermeiras, que pediu para permanecer no anonimato. Pouco após amanhecer desta manhã, no entanto, o Sr. Bistle foi encontrado morto em seu quarto, aparentemente vítima de uma medicação não receitada. Isto dá amplo campo para especulações, e deu como resultado uma nova investigação sobre a invasão.
Corina Greene, encarregada de investigar o caso, disse, citando suas palavras. “Agora estamos principalmente preocupados em determinar como, exatamente, estes três indivíduos foram capazes de entrar nos escritórios do Ministério. Eles são pessoas desonestas insignificantes, nenhum tinha tentado algo desta magnitude no passado. Não podemos descartar a provável ajuda exterior, nem sequer um cúmplice no Ministério. A morte do Sr. Bistle, no entanto, ainda que suspeita, deu-se como um acidente. Só podemos estar agradecidos”, acrescentou Sra. Greene, “de que os ladrões aparentemente fracassaram em seus esforços, vendo que nada desapareceu”.
- Vamos - sussurrou Zane, sobressaltando James em meio sua leitura. - Quero sair cedo para praticar um tempo com a vassoura. Você quer vir? Pode ser que um Potter me dê sorte.
James decidiu que seria agradável engolir seu orgulho e acompanhar a Zane. Inclusive pensou que poderia praticar um pouco, também. Dobrou o jornal outra vez e o enfiou na mochila.
- Acha que você pode me mostrar como fazer aquela parada repentina e aquele giro que eu vi na aula de Fundamentos de hoje? - perguntou James a Zane enquanto subiam as escadas para trocarem de roupa.
- Claro, parceiro - concordou Zane confiadamente. - Mas não mostre a Ralf até que possa manter a vassoura abaixo dele enquanto ainda está flutuando.
James sentiu uma pontada desagradável ante a menção do nome de Ralf, mas deixou de lado. Minutos depois, já vestidos com calças jeans e camisetas, os dois correram exultantes para a luz do sol da tarde, dirigindo-se ao campo de quadribol.
James passou a tarde no campo com Zane, praticando um pouco com a vassoura, mas principalmente observando os times da Corvinal e Grifinória se aquecerem. Quando Zane se uniu ao seu time para se alimentar rápido de algo e se pôr uniforme, James acompanhou Ted e os Grifinórios de volta à sala comunal até que se trocaram e desceram para o jantar. A atmosfera diante do primeiro jogo da temporada estava sempre carregada de excitação. O Salão Principal estava alvoroçado com chacotas animadas, gritos e os estalidos inoportunos dos hinos das Casas. Durante a sobremesa, Noé, Ted, Petra e Sabrina, todos vestidos com seus suéteres de quadribol, alinharam-se diante da mesa da Grifinória, com os braços entrelaçados e sorrindo como se estivessem prestes a realizar a apresentação de uma canção. Em uníssono, eles sapatearam no chão de pedra, ganhando a atenção do aposento, então se lançaram a dançar uma dança irlandesa rudemente coreografada, mas muito entusiástica, cantando uma canção que Damien escrevera para eles mais cedo:
Ohhh, nós grifinórios gostamos de fazer piadas e nos divertir,
Mas o campo de quadribol nós vamos invadir,
E esperamos que os Corvinais saibam que estão acabados,
Quando o time do leão como uma tonelada esmagá-los,
Ohhh, o jogo pode ser duro e os corpos se endurecer,
E vocês, encontrar seu Apanhador lançado no pântano vão poder,
Mas nós os Grifinórios com nossa boa vontade não somos escassos,
Assim lhes avisaremos antes de chutá-los nos...
As últimas palavras ficaram afogadas pela mistura de rugidos e gritos dos Grifinórios e as vaias e silvos dos Corvinais. Os Malignos fizeram uma profunda reverência, sorrindo, obviamente satisfeitos consigo mesmos, e se uniram a seus colegas de time enquanto saíam correndo para o campo de quadribol para os preparativos finais.
O primeiro e o último jogo da temporada de quadribol, como James sabia, sempre tinham muita assistência. No final do ano, ao final do torneio, todos sabiam que independentemente dos times que jogassem, seriam jogos emocionantes. No início do ano, no entanto, as pessoas estavam animadas e esperançosas com as equipes de suas Casas. A maioria das partidas possuía as arquibancadas cheias de estudantes e professores, enfeitados com as cores de seu time e ondeando bandeiras e estandartes. Quando James entrou no campo, encantou-se em ver e ouvir o entusiasmado da animada multidão. Os alunos uivavam e gritavam uns aos outros enquanto ocupavam seus assentos. Os professores, na maioria das vezes, sentavam-se no alto das seções dedicadas a suas Casas. Quando subiu as escadas da seção grifinória, James viu seu pai sentado próximo à cabine de imprensa, ladeado pelos funcionários do Ministério à direita e a delegação de Alma Aleron à esquerda. Harry avistou James e o cumprimentou, sorrindo amplamente. Quando James lhe alcançou, Harry orquestrou uma complicada redistribuição de assentos, já que somente liberar um assento para James requereu que quase todo o grupo se movesse. James murmurou desculpas, mas, na realidade, não se importou de ver o olhar de desgosto no rosto da Srta. Sacarhina, mascarada por seu onipresente sorriso flexível.
- Como estava dizendo, sim, temos quadribol nos Estados Unidos - disse o Professor Franklyn a Harry, sua voz viajava por cima do rugido maçante da multidão que se reunia. - mas por alguma razão não é tão popular como esportes como o Aerotênis, o Lamabol ou a Gladiassoura. Nossa Copa Mundial mostra algumas promessas neste ano, no entanto, ou isso foi o que me disseram. Eu tendo a permanecer ser cético.
James olhou para os americanos, sentindo curiosidade por ver quem estava presente e o que pareciam pensar da torcida até ali. Madame Delacroix estava sentada ao final da fila, seu rosto mostrava-se inexpressivo e tinha as mãos estreitamente entrelaçadas sobre seu colo parecendo uma desagradável massa marrom de nós. O Professor Jackson olhou para James e assentiu numa saudação. James viu que sua maleta negra de couro, com seu inexplicável peso, estava colocada entre seus pés, seguramente fechada desta vez. O Professor Franklyn estava vestido com o que parecia ser sua veste de gala, com um alto colarinho branco e uma gravata com rufos na garganta, e seus óculos quadrados que captavam a luz alegremente enquanto olhava para as arquibancadas em volta.
- Onde está Ralf? - perguntou Harry a James. - Pensava que veria ele com você esta tarde.
James encolheu os ombros sem se comprometer, evitando o olhar de seu pai.
- Ah! Aqui estamos, - anunciou Franklyn, sentando-se erguido e esticando o pescoço para ver.
A equipe grifinória saiu em alta velocidade pelo largo portão na base de sua arquibancada, suas capas vermelhas ondeando após cada um deles como uma bandeira.
- O Esquadrão Grifinório, liderado por seu capitão Justino Kennely, é o primeiro a sair em campo. - A voz de Damien Damascus ressonou firmemente da cabine de imprensa.
A equipe tomou uma formação vertical em espiral que se estreitava enquanto se erguia, e depois forçavam suas vassouras para uma parada enquanto os jogadores formavam uma enorme letra G bem na frente da seção grifinória das arquibancadas. Depois, a forma dissolveu-se quando os jogadores romperam a formação, esquivando-se ao redor de outros numa vertiginosa rajada de acrobacias aéreas, e formando a letra P. Todos os jogadores, sentados bem erguidos sobre suas vassouras, olharam para Harry e James e cumprimentaram, sorrindo amplamente. A arquibancada grifinória aplaudiu frenética e ruidosamente, e James, vendo as dúzias de rostos sorridentes e berradores, virou-se para ver a reação de Harry. Ele acenou e assentiu bruscamente, levantando-se pela metade para receber a ovação.
- Daria pra pensar que a Rainha estava aqui presente - James ouviu Harry resmungar enquanto voltava a se sentar.
- E agora vêm os Corvinais! - gritou Damien, sua voz ressoou pelo campo. - Liderados pela capitã Gennifer Tellus, revigorada pela vitória do torneio do ano passado.
A equipe da Corvinal explodiu desde arquibancadas do lado oposto como se fossem fogos de artifício, voando em uma direção diferente, cruzando-se uns com outros e passando uma goles com uma velocidade que desafiava o olho humano. Após vários segundos movendo em espiral com selvageria e aparentemente a esmo ao redor das arquibancadas, os corvinalinos confluíram simultaneamente no centro do campo, fazendo uma súbita parada, e girando com suas vassouras para encarar a multidão em todas as direções. Cada jogador ergueu o braço direito, e Gennifer, no centro, sustentou a goles sobre a cabeça. Houve uma gritaria selvagem na arquibancada da Corvinal, e aclamações de apreço e respeito dos demais.
Finalmente, Gennifer e Justino voaram até tomar posições no centro do campo, acenando cumprimentos enquanto as equipes colocavam-se em formação atrás de seus capitães. Abaixo eles, de pé na marca do centro do campo com seu roupão oficial, Cabriel Ridcully sustentava a goles sob seu braço, com o pé descansando sobre um baú.
- Quero ver um jogo limpo. - gritou aos jogadores. - Capitães, prontos? Jogadores em formação? Eeeeee..... - ergueu a goles em sua enorme palma, com o braço estendido. - Goles em jogo!
Ridcully lançou a goles para cima e simultaneamente levantou o pé do baú de quadribol. O baú abriu-se repentinamente, libertando os dois balaços e o pomo. As quatro bolas lançaram-se para o alto, misturando-se com os jogadores quando estes entraram em movimento. As arquibancadas explodiram com vivas e gritos desaforados.
James lembrou de procurar Zane entre os corvinalinos. Seu cabelo loiro não era difícil de distinguir contra o azul marinho de sua capa. Passou por uma aglomeração de jogadores, executando um firme giro surpreendentemente apertado, depois se inclinou precariamente e golpeou um balaço quando este vagava ao redor do grupo. O balaço errou seu alvo, mas apenas porque Noé se agachou e girou no momento exato. A multidão rugiu em uma mistura de deleite e decepção.
O calor da tarde de verão estava extraordinariamente intenso. O sol ameaçador abatia os jogadores e espectadores por igual. No terreno, ambos os times tinham uma zona atribuída para equipe de apoio, cada uma ao final do campo. Cada área continha uma dúzia de enormes baldes cheios de água. Ocasionalmente, um jogador executaria um sinal com a varinha, alertando a equipe de apoio. Um membro da equipe de apoio utilizaria sua varinha para levitar a água para fora de um dos baldes, de maneira que a água flutuasse a dez metros sobre o campo como uma bolha sólida e bamboleante. Então, apenas quando o jogador se colocava em posição, outro membro da equipe de apoio apontaria sua varinha até a bola de água, fazendo-la explodir numa nuvem de gotículas exatamente quando o jogador a atravessava voando. A multidão ria deleitada a cada vez que um jogador emergia do nevoeiro carregado de arco-íris, sacudindo a água do cabelo e unindo-se novamente à briga, felizmente refrescado.
A Grifinória tomava cedo a liderança da partida, mas a Corvinal começou a recuperar terreno de forma estável quando a tarde já avançava. O sol estava se pondo quando a Corvinal alcançou a Grifinória, e a partida impôs o tom febril e excitado que somente os jogos muito competitivos podem sustentar. James observava os apanhadores, tentando captar um vislumbre do elusivo pomo, mas não conseguia ver sinal da pequena bola dourada. Então, apenas quando afastou o olhar, houve um lampejo de luz sobre algo na arquibancada da Lufa-Lufa. James semicerrou os olhos, e ali estava o pomo entrando e saindo dentre os estandartes. O apanhador da Corvinal já havia visto. James gritou para Noé, o apanhador grifinório, saltando sobre os pés e apontando. Noé girou sobre sua vassoura, procurando loucamente. Ele viu o pomo exatamente quando este descia o ângulo, diretamente para a disputa de jogadores voadores circundantes e batedores descontrolados.
O apanhador da Corvinal disparou quando o pomo passou por ele a toda velocidade. Quase caiu de sua vassoura, girando e lançando-se em um mergulho curvo e estreito e dobrando-se de volta à partida. Ted, um dos batedores grifinórios, apontou um balaço para o apanhador corvinalino, fazendo com que o garoto se agachasse e esquivasse, mas sem desviá-lo de seu curso. Noé aproximava-se do outro lado do campo, agachando-se e ziguezagueando freneticamente através dos outros jogadores. O resto da multidão captou o que estava acontecendo. Como um, os espectadores se puseram de pé em um salto, gritando e vociferando. E então, exatamente no cume da ação, James viu algo que o distraiu completamente do jogo pela primeira vez desde que havia começado.
O intruso trouxa estava lá embaixo, no campo, de pé exatamente ao lado da área de descanso da Corvinal. James mal podia acreditar no que estava vendo, mas o homem estava simplesmente ali de pé, vestindo a capa descartada de um dos membros da equipe de apoio, observando o jogo com uma expressão de absoluto temor e desconcerto. Ele segurava algo à frente dos olhos, e James reconheceu vagamente como algum tipo de câmera portátil trouxa. Estava filmando a partida! James afastou olhar do intruso e olhou para seu pai, que estava de pé ao lado dele, gritando alegremente ante o final do jogo. James puxou com força as vestes de Harry e gritou para ele.
- Pai! Pai! Há alguém ali embaixo! - assinalou freneticamente, tentando indicar o campo de quadribol através da multidão de arquibancadas e espectadores.
Harry olhou para James, ainda sorrindo, tentando ouvi-lo.
- O quê? - gritou, inclinando-se para James.
- Ali embaixo! - gritou James, ainda assinalando. - Ele não deveria estar ali! É um trouxa! Já o vi antes!
O rosto de Harry mudou instantaneamente. O sorriso desapareceu. Colocou-se totalmente de pé e examinou o campo. James voltou a olhar para baixo também, procurando o intruso trouxa. Estava seguro de ele teria sumido, fazendo-o parecer um tolo, mas o homem ainda estava ali, olhando a disputa acima. Havia baixado a câmera, viu James. O objeto estava seguro em sua mão direita. James olhou mais atenciosamente e viu que o homem tinha uma bandagem na parte superior do braço, e pequenas tirinhas em dois lugares do rosto. Ele se machucara quando fora lançado pela janela de vitral, mas aparentemente não o suficiente para evitar que voltasse.
Harry passou aos empurros pela delegação americana, desculpando-se educadamente, mas de forma firme, dirigindo-se para as escadas. James o seguiu, trotando para manter o passo. Juntos, percorreram os degraus de dois em dois, descendo ao nível do campo. James notou que seu pai estava agora completamente em modo auror, sem pensar, preparado, deixando que o instinto tomasse o controle. Não tinha sensação de pânico, nem preocupação, nem fúria, somente um propósito decidido e impossível de ser detido. Harry alcançou o campo com James em seus calcanhares exatamente quando o jogo terminava.
Houve uma estrondosa ovação e, de repente, havia pessoas correndo pelo campo. As equipes de apoio saíam recolhendo os baldes vazios. Os jogadores começavam a aterrissar, caindo dispersos sobre o campo. Cabe Ridcully se aproximava a grandes passos até a linha central utilizando sua varinha para convocar as bolas do jogo. Sem recuar, Harry caminhava com determinação para a extremidade do campo onde ele e James haviam visto o estranho homem, mas agora que estavam no campo já não podiam vê-lo. Havia muitas pessoas movendo-se em volta, muito barulho e confusão. James sabia que havia centenas de maneiras mediante as quais o homem já podia ter escapado, desaparecendo entre as crescentes sombras das colinas e bosques para além do campo.
Harry não deixou de se mover até que se posicionou no ponto onde haviam visto o homem. Virou-se lentamente, captando a visão de onde havia estado a perspectiva do homem.
- Ali - assinalou. James olhou e viu que seu pai estava apontando para base de uma das arquibancadas, para a porta que conduzia ao vestiário da Corvinal. - Ou ali. Ou lá - disse Harry, falando parcialmente com James e parcialmente consigo mesmo, apontando primeiro ao caminho que refletia entre as arquibancadas da Lufa-Lufa e Sonserina e depois para o galpão de equipamento. - Provavelmente, ele não escolheria o galpão, já que saberia que não teria forma de escapar de lá. No melhor dos casos serviria como esconderijo, e parecia que ele estava fugindo, não se escondendo. A saída das arquibancadas o levaria para mais longe. Não, ele escolheria aquele caminho então. Só se passaram dois minutos. James?
James ergueu os olhos arregalados para seu pai.
- Sim?
- Conte à diretora o que vimos e faça com que Tito se encontre comigo na entrada daquele caminho em cinco minutos. Não corra. Não sabemos o que está a acontecendo e não há necessidade de causar qualquer motivo para alarme ainda. Só ande rápido e conte o que eu disse a você. Entendido?
James assentiu energicamente, e depois voltou pelo caminho por onde ele e seu pai tinham vindo, lembrando a si mesmo de não correr. Enquanto subia os degraus, pressionado pela multidão que saía, sem saber sequer ainda quem ganhara o jogo, compreendeu o quão absolutamente satisfeito estava por seu pai ter acreditado nele. Em alguma pequena parte de sua mente, James estivera preocupando que seu pai duvidasse dele, talvez até desprezasse suas preocupações. Mas contara com a esperança de que seu pai o conhecesse melhor que isso, de que confiaria nele. E isso tinha sido precisamente o que tinha feito, havia descido ao campo para investigar o desconhecido sem nenhuma pergunta e sem hesitações. Claro, assim era como trabalhavam os aurores. Investigar primeiro, depois fazer perguntas se solicitadas. Mesmo assim, James ficara extremamente satisfeito de que seu pai tivesse confiado o suficiente nele para ir atrás do homem se baseando apenas em sua palavra.
Apesar de seu alívio ante a resposta de seu pai, no entanto, James estava seriamente decepcionado pelo homem ter escapado tão facilmente. De algum modo, sabia que Harry e Tito não encontrariam nenhum sinal do homem, nem nenhuma pista de onde ele teria ido. Então, James estaria de volta de onde começara, com nada a não ser o vislumbre de uma pessoa desconhecida no campo de quadribol para sustentar sua história.
Pensando nisso, finalmente alcançou Tito Hardcastle e o resto do grupo. Quando repassou a mensagem de Harry, Tito desculpou-se com uma palavra e se dirigiu rapidamente para as escadas, com a mão no bolso para manter dentro sua varinha. McGonagall e os oficiais do Ministério escutaram a explicação de James sobre homem ao qual Harry e ele haviam visto no campo, a diretora com um olhar de severa atenção, a Srta. Sacarhina e o Sr. Recreant com olhares de franca perplexidade.
- Você diz que havia algum tipo de câmera, caro rapaz? - perguntou Sacarhina suavemente.
- Sim, já as vi antes. Fazem filmes. Ele estava filmando o jogo.
Sacarhina olhou para Recreant com uma estranha expressão que James tomou por incredulidade. Não o surpreendia, e realmente não se importava. Estava mais preocupado que McGonagall acreditasse nele. Esteve a ponto de dizer que era o mesmo homem que acidentalmente lançara pela janela, mas algo na expressão do rosto de Sacarhina fez com que decidisse esperar que estivessem a sós.
No caminho de volta à descida dos degraus, ladeado por McGonagall, os funcionários do Ministério, e os professores de Alma Aleron, James finalmente inteirou-se do resultado. A Corvinal ganhara o jogo. James sentiu-se incomodado e humilhado, mas reconfortado por saber que, ao menos, era provável que Zane estivesse tendo um bom anoitecer.
Quando alcançaram o caminho que conduzia de volta ao castelo, a diretora McGonagall se separou dos outros.
- Professores e convidados, por favor, sintam-se livres de voltar ao castelo por conta própria. Prefiro resolver esta situação pessoalmente - afirmou veementemente e virou-se para atravessar o campo.
James a seguiu apressadamente. Quando a alcançou, ela baixou o olhar para ele.
- Suponho que seria inútil dizer que isso não é assunto para um estudante primeiranista - disse, aparentemente escolhendo, contra seu bom senso, não enviar a James de volta para o castelo. - Sendo seu pai o auror responsável, provavelmente ele pediria para que você estivesse aqui, não menos. Alguém se pergunta como ele é capaz de manter a cabeça no lugar sem a Srta. Granger para fazê-lo.
James demorou um momento compreender que a “Senhorita Granger” era a tia Hermione, cujo sobrenome era agora Weasley. Não pôde evitar sorrir ante a idéia de que a diretora ainda pensava em seu pai, sua tia e seu tio como jovenzinhos problemáticos, ainda que geralmente agradáveis.
Quando alcançaram o caminho que cortava entre as arquibancadas da Sonserina e Lufa-Lufa, Harry e Tito já haviam retornado de sua exploração superficial da zona. McGonagall falou primeiro.
- Algum sinal do intruso?
- Nada até agora - disse Hardcastle bruscamente. - Muito seco para pegadas e muito escuro para captar seu rastro sem uma equipe ou um cão.
- Sra. Diretora - disse Harry, e James pôde ver que seu pai estava ainda em modo auror. - Temos sua permissão para realizar uma busca mais exaustiva da zona? Precisaríamos da ajuda de um pequeno grupo de sua escolha.
- Você acha que esse indivíduo é uma ameaça? - perguntou a diretora a Harry antes de responder.
Harry estendeu as mãos e encolheu os ombros.
- Não há nenhuma maneira de saber sem mais informação. Mas sei que o homem que eu vi era muito velho para ser um estudante, não o reconheci como membro do pessoal ou da equipe de professores. Levava a capa de um membro da equipe de apoio como tentativa de disfarce, assim como indubitavelmente se escondia de alguém, ou de todo mundo. E James diz que já o tinha visto antes nos terrenos.
Todos olharam para James.
- Foi dele que falei outro dia, senhora - explicou James, dirigindo-se à diretora. - Tenho certeza disso. Ele tinha vendas no braço e rosto. Acho que ele se machucou quando eu o chutei pela janela.
- Sabia que seria uma história interessante - murmurou Harry, contendo um sorriso.
- Mas certamente, Sr. Potter, Sr. Hardcastle, - disse McGonagall, olhando para os adultos. - compreendem que não há forma concebível de que alguém possa ter atravessado o perímetro protetor da escola. Qualquer um que tenham simplesmente visto deve ter sido dada permissão para estar nos terrenos, caso contrário...
- Tem razão, Minerva - disse Harry. - Mas o indivíduo o que vi não atuava como se achasse que estava autorizado estar aqui. Portanto, a pergunta é, se a ele foi permitido entrar, quem lhe deu permissão, e como? Essas são questões que gostaria muito de perguntar, mas nossa única esperança de isso acontecer reside em que comecemos uma busca pelos terrenos imediatamente.
McGonagall encontrou os olhos de Harry, assentindo relutantemente, e logo mais segura.
- Claro. De quem você precisa?
- Hagrid, para começar. Ninguém conhece esses terrenos como ele, e, claro Trifino. Gostaria que nos dividíssemos em três equipes: Hagrid com Trifino e eu mesmo dirigindo uma equipe ao interior da Floresta Proibida, e Tito dirigindo outra equipe ao redor do perímetro do lago. Precisamos de mais olhos para procurar indícios. Que pena que Neville está fora esta noite.
- Poderíamos convocá-lo de volta - comentou Hardcastle.
Harry sacudiu a cabeça.
- Não acho que seja necessário. Procuramos um único indivíduo, possivelmente um trouxa. Tudo o que precisamos é de um par de pessoas que saiba como seguir um rastro. Que tal Teddy Lupin e você, James?
James tentou não parecer muito satisfeito, mas uma pontada de orgulho o transpassou. Assentiu para seu pai com a cabeça com o que esperava que parecesse presteza e confiança, em vez de frívola excitação.
- A escola possui algum hipogrifo no momento, senhora? - retumbou a voz de Tito. - Uma vista desde o céu é o que precisamos aqui. Se o homem esteve antes nos terrenos, deve estar acampando por perto.
- Não, nenhum neste momento, Sr. Hardcastle. Temos testrálios, é claro.
Harry negou com um aceno de cabeça.
- Muito leves. Os testrálios só podem levar a uma pessoa, e ninguém tão pesado como Tito ou eu. Hagrid partiria um ao exatamente ao meio.
James estava pensando com ardor.
- Quanto de altura tem de ser?
Hardcastle olhou de soslaio para James.
- Mais alto que a altura de um homem é realmente o que importa. Alto o bastante para ter uma vista de pássaro do chão, mas baixo o bastante para poder estudá-lo. Você tem alguma idéia? Fale logo, filho!
- Que tal gigantes? - disse James após uma pausa. Preocupava-se que fosse uma idéia estúpida. Pior, temia perder o respeito que seu pai tinha mostrado ao convidá-lo para participar da busca. - Tem o Grope, que é tão alto como algumas árvores, e sua nova namorada. Hagrid diz que ela é inclusive maior.
Hardcastle olhou para Harry com uma expressão ilegível. Harry pareceu considerar.
- Quão rápido você acha que Hagrid poder chegar aqui? - perguntou, dirigindo a pergunta para a diretora.
- Isso é, sem dúvida, algo que vale a pena perguntar - disse ela, um pouco maliciosamente. - Já que eu não tinha nem idéia de que agora tínhamos dois gigantes vivendo entre nós. Irei solicitar seus serviços a Hagrid pessoalmente. - ela virou-se para James. - Vá e traga ao Sr. Lupin, e não conte a ninguém o que você trama. Ambos vocês se encontrarão com seu pai na cabana de Hagrid com capa e varinha dentro de quinze minutos. Precisarei voltar ao castelo para me ocupar de nossos convidados.
- E James, - disse Harry, mostrando aquele sorriso torcido. - agora você pode correr.
James estava sem fôlego quando alcançou a sala comunal. Encontrou Ted ainda com seu suéter de quadribol, atordoado com vários outros jogadores a um canto.
- Ted, venha aqui! - chamou James, pegando respiração. - Não temos muito tempo.
- Isso não é maneira de entrar em um lugar - disse Sabrina, virando-se para ver James por cima do respaldo do sofá. - Alguém poderia ter a inconfundível impressão de que você está tramando algo.
- Eu estou. Nós estamos - disse James, inclinando-se para frente, com as mãos nos joelhos. - Mas não posso contar agora. Não tenho permissão. Depois. Mas querem que você venha, Ted. Temos que estar na cabana de Hagrid em cinco minutos. Com varinha e capa.
Ted levantou-se de um salto, aparentemente feliz de esquecer a primeira derrota da temporada e sempre pronto para acompanhar uma aventura.
- Bem, todos nós sabíamos que este dia chegaria. Finalmente minhas habilidades únicas e intuitivas estão sendo reconhecidas. Vou presenteá-los com a história de nossa aventura, supondo que vivamos para contá-la. Você primeiro, James.
Ted enfiou a varinha no bolso e pendurou a capa sobre ombro. Enquanto ambos os garotos saíam pelo buraco do retrato, James ainda ofegando, Ted empertigado e a mandíbula apertada, Sabrina os chamou.
- Tragam mais cerveja de manteiga quando voltarem, oh, poderosos guerreiros.
No caminho pela sacada, James ficou consternado ao ver Zane acenar para eles da escadaria. Ele fez um desvio para alcançá-los.
- Ei, Ted, grande jogo!
Ted grunhiu, aborrecido por lembrarem-no daquilo.
- Aonde vão? - perguntou Zane, trotando para manter o passo de James e Ted.
- À aventura e ao perigo mortal, creio - replicou Ted. - Você quer vir?
- Sim! Qual é o plano?
- Não! - exclamou James. - Sinto muito. Não devo contar a ninguém sobre isso a não ser Ted. Meu pai disse...
As sobrancelhas de Zane ergueram-se rapidamente.
- Seu pai? Ótimo! Assuntos sérios de aurores! Vamos, não pode ir e ter aventuras estilo Harry Potter sem seu parceiro Zane, certo?
James parou no meio do saguão principal, exasperado.
- Tudo bem! Você pode nos acompanhar, mas se papai disser que você tem de voltar, você o faz e fique calado. Certo?
- Uhuu! - gritou Zane, correndo à frente deles enquanto desciam os degraus até o pátio. - Vamos, caras. A aventura espera e coisas realmente bárbaras aguardam!
Harry e Tito Hardcastle estavam posicionados ao lado da cabana de Hagrid com as varinhas acendidas quando os três garotos chegaram.
- Obrigado por vir, Ted - disse Harry com o rosto impassível. - e Zane, também, a quem não esperava exatamente.
- Eu pedi que ele viesse, Harry - disse Ted, assumindo uma expressão grave. - É novato, mas é esperto. Pensei que poderia servir, dependendo do que você esteja planeando.
Ted estudou Zane criticamente. Zane apagou o sorriso de seu rosto e tentou parecer sério, sem muito êxito. Harry estudou a ambos.
- Precisamos olhos, principalmente. Já que Zane tem tantos como o resto de nós, suponho que está qualificado. Vamos esperar que Minerva não averigúe que levei outro estudante primeiranista à floresta ou pensará muito em uma maneira de nos dar uma detenção. James não contou o que estamos fazendo esta noite?
Ted negou com um aceno de cabeça.
- Nenhuma palavra. Apenas disse que era ultra-secreto, muito, muito secreto.
Harry olhou de soslaio para James.
- A diretora disse para que não dissesse nada, filho.
- Eu não disse! - protestou James, lançando uma olhar para Ted. - Apenas disse que não estava autorizado a contar a ninguém o que estávamos fazendo!
- A melhor forma de fazer que as pessoas suspeitem, James, é dizer a elas que não perguntem - mas Harry não parecia irritado. De fato, parecia um pouco entretido. - Não importa, no entanto. Acabaremos e voltaremos ao castelo antes que sues amigos Malignos montem um esquadrão de reconhecimento. Certo, Ted?
- Provavelmente, eles se enfiaram em suas camas bem na hora que falamos, padrinho - disse Ted com exatidão. Harry revirou os olhos.
James começava a estar ciente de um estrondo maçante sob os pés. Momento depois, ouviu o latido distante de Trifino, o mastim de Hagrid, que tinha substituído a seu querido caça-javalis, Canino. Todos os presentes se voltaram para a floresta quando o retumbar sob seus pés se converteu num batimento rítmico. Após um minuto, formas enormes agigantaram-se na escuridão, avançando entre as árvores, suas pisadas sacudindo o solo. Trifino estava cercado pelas pernas dos gigantes, aparentemente destemido do fato de que podia acabar esmagado se um deles o pisasse acidentalmente. Ele ladrou excitadamente, sua forma normalmente imponente se tornava reduzida pelas enormes e desajeitadas figuras. Hagrid os seguia, gritando ocasionalmente para que Trifino se calasse, mas sem autêntica convicção.
- Grope foi fácil de convencer - gritou Hagrid, saindo da floresta. - Sempre está disposto a ajudar. Ele possui um grande coração de ouro, sim. Cada vez fala melhor, também. Sua namorada, no entanto... - baixou a voz enquanto aproximava-se de Harry, fingindo a postura própria de uma confidencia, que James considerou tão sutil como um demônio numa caixa de fósforos. - Não está tão acostumada a estar com gente como Grope. Também não gostou de ser acordada. Ela ajudará contanto que peguemos leve com ela.
James lembrou-se que aquele era o mesmo Hagrid que criara Explosivins por diversão, e que persistia em pensar que a característica principal dos dragões era seu encanto. Qualquer advertência vinda de Hagrid sobre o temperamento de uma criatura era, portanto, definitivamente algo que valia a pena ouvir. Todos se viraram para cumprimentar aos gigantes quando emergiram dentre as árvores. Grope chegou primeiro, piscando e sorrindo à luz das varinhas. Acenou com uma mão do tamanho de um piano para Harry.
- Ulá, Harry, - a voz de Grope era profunda e lenta. James teve a impressão de que formar palavras não era muito o seu forte. - Como Hermani... Her..mine... nin?
Harry tentou poupar Grope do esforço.
- Hermione está bem, Grope. Ela diria um alô se soubesse que eu veria você.
Isso parecia mais do que a mente de Grope podia processar.
- Ulá, Hermiii...meee....
Continuou lutando com o nome de Hermione até que a giganta emergiu com hesitação da floresta atrás dele. James esticou o pescoço, sentindo um involuntário arrepio de medo descer por sua espinha dorsal. A giganta era tão alta que teve que separar a copa das árvores para sair da floresta, esmagando e rompendo galhos. A luz das varinhas apenas alcançava seu peito, que estava mais ou menos à mesma altura que a cabeça de Grope. Sua cabeça era somente uma forma sombria se movendo sobre as copas das árvores, recortada contra o céu estrelado. Movia-se mais lentamente que Grope, pesadamente, seus grandes pés caindo sobre o solo como pedras de moinho, sacudindo as folhas das árvores próximas a cada passo.
- Aqui se acaba a discrição - comentou Hardcastle, erguendo os lhos para a monstruosa figura.
- Harry, Tito, James, Zane e Ted - gritou Hagrid muito lentamente. - esta é Prechka. Prechka, estes são amigos.
Prechka agachou-se lentamente de forma que sua cabeça pairasse sobre o ombro de Grope. Soltou um rosnado baixo e interrogativo que James pensou que realmente tinha feito tamborilar as janelas da cabana de Hagrid. Harry ergueu sua varinha acendida sobre a cabeça e sorriu.
- Prechka, Grope, obrigado aos dois por vir e nos ajudar. Não os tomaremos por muito tempo, espero. Hagrid explicou o que estamos pedindo a vocês esta noite, certo?
Grope animou-se em falar.
- Harry procura homem escondido. Grope e Prechka ajudam.
- Excelente - disse Harry, virando-se para se dirigir ao grupo. - Hagrid, pegue o Trifino e faça com que fareje o caminho. Veja se ele capta algo que conduza à floresta ou pelo lago. Se assim, envie um sinal vermelho. Ted, você virá comigo e com Prechka à floresta. Zane, James, vocês se juntarão a Tito e Grope procurando pelo perímetro do lago. Procuramos tanto um rastro como ao próprio intruso, então atentem para galhos quebrados, distúrbios inferiores e folhas removidas, e qualquer coisa relacionada a humanos como pedaços de roupa, lixo, papéis, ou qualquer coisa desse tipo. Estão todos prontos?
- A quem estamos procurando, Harry? - perguntou Ted.
Harry já estava se aproximando lentamente de Prechka.
- Vamos saber quando encontrarmos, não?
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