A tour por Hogwarts




Capítulo 4 - A tour por Hogwarts

Martha nem sequer se erguera da mesa do café quando o Prof. Dumbledore se aproximou dela, que estava ao lado de Severo:



- Sim, Alvo? - indagou Snape, ajudando Martha a se erguer.



- Eu estava pensando, Severo. Não acredito que Martha tenha tido tempo ou oportunidade de se beneficiar com uma visita a Hogwarts, para que ela tenha uma visão geral do castelo. Talvez eu pudesse ajudar nisso. Afinal, ela vai precisar saber se locomover dentro e fora de Hogwarts.



Martha disse:



- Professor, eu não quero afastá-lo de seus deveres.



Dumbledore piscou os olhos azuis brilhantes:



- Meus deveres certamente ainda estarão à minha espera quando eu voltar. Enquanto isso, Severo pode começar suas aulas tranqüilamente. Sei que ele deve estar ansioso para rever seus alunos.



Martha achou engraçado que o rosto de Severo dissesse precisamente o contrário. Ela o consultou com os olhos e ele disse:



- Você estará em boas mãos, Martha.



- Então pode ir descansado para suas aulas, Severo.



- Alvo, tome conta dela.



- Não se preocupe, Severo - Dumbledore ofereceu o braço a Martha, que o aceitou - Eu a trarei de volta sã e salva.



Alunos e professores se movimentaram para o início de mais um dia de estudos mágicos em Hogwarts, e Martha e Dumbledore saíram pelos corredores e passagens, a moça tentando memorizar os caminhos e segredos do castelo. Alguns fantasmas apareceram, e até Pirraça se mostrou para Martha, recebendo uma firme advertência de Dumbledore para não incomodar a convidada - por quem o Barão Sangrento tinha especial simpatia, disse o diretor. Ao ouvir o nome do Barão Sangrento, o arruaceiro poltergeist pareceu aceitar o aviso.



- Vai demorar algum tempo até eu conseguir memorizar isso - admitiu Martha, olhando à sua volta. - É um castelo tão grande.



- Não se esqueça de ficar de olho nas escadas. Elas gostam muito de se mexer.



- São tantas coisas novas para mim.



- Posso imaginar que tudo isso represente uma grande aventura para você.



- Nem me diga. Nem mesmo nos sonhos mais absurdos eu pude imaginar algo do gênero.



Eles passeavam pelas estufas, aproveitando que Madame Sprout estava no lago, dando aula sobre plantas aquáticas para o sexto ano.



- E está gostando daqui?



- Muito. Tudo é muito estimulante.



- Largar tudo e entrar no mundo desconhecido também requer grande coragem. E dedicação a Severo. Eu não estou certo de que ele tenha total consciência do que seu gesto significa.



Martha discordou:



- Estou certa de que ele sabe. Assim como eu sei o que significa para ele me trazer até aqui. Ele pode estar arriscando as atividades paralelas que desempenha. Espero que minha presença aqui não prejudique, mas parece que isso vai ser impossível.



- Em determinados aspectos, Severo é como um filho para mim. Martha, posso ver que a seu lado, ele se transforma, graças a um outro tipo de magia - um tipo muito poderoso. Eu o vejo muito... diferente. Obrigada pelo que fez por ele.



- Mas eu não fiz nada.



- Jamais pense isso, minha criança. Você fez muito por ele. Pode acreditar em mim: Severo não é o mesmo de antes.



- Diretor - disse Martha -, eu o amo demais.



- Sim, sim, minha cara. Eu sei disso. É por isso que lhe sou tão grato. Farei o que puder para que se integre totalmente a Hogwarts. Agora venha - disse, saindo da estufa - Há alguém que quero que conheça.



Eles atravessaram o gramado até uma cabana de pedra e madeira, com teto de palha, perto da grande floresta. Dumbledore chamou, do lado de fora da cabana:



- Hagrid!


Uma voz grossa e alta feito um trovão respondeu, vinda aparentemente de dentro da cabana:



- Aqui!



Mas Dumbledore deu a volta na casa e Martha o seguiu. Atrás da cabana, havia alguns estábulos com estranhas criaturas escamadas, parecendo ter saído de um livro de fantasia. Cuidando desses animais, estava uma pessoa imensa, com cabelo e barbas compridos, o maior corpanzil que Martha já vira em toda sua vida. O homem imenso olhou para os dois e sorriu:



- Prof. Dumbledore! Olá!



- Olá, Hagrid - cumprimentou. - Você perdeu uma reunião de professores.



- Desculpe, professor, mas os bichinhos - Martha pensou "Bichinhos?!" - estavam recusando comida. Eu estava com medo que eles pegassem alguma doença bem na época em que eles mudam as escamas.



- Ainda assim, sua presença era importante. Eu queria lhe apresentar nossa convidada Martha Scott. Ela ficará em Hogwarts por alguns tempos e eu gostaria que você a ajudasse a se sentir mais à vontade - Dumbledore se virou e sorriu. - Martha, esse é Rúbeo Hagrid, guarda-caça de Hogwarts e professor do Trato de Criaturas Mágicas.



Martha sorriu:



- Prazer em conhecê-lo, Sr. Hagrid.



Dumbledore explicou:



- Martha ajudou o Prof. Snape durante o tempo que ele passou fora. Ela a trouxe para conhecer a escola.



- Desculpe por não ter ido à reunião, senhorita. Agora, como pode ver, estou meio atrapalhado.



- Eu é que não quero atrapalhá-lo. Sr. Hagrid.



- O nome é apenas Hagrid. Quer passar mais tarde para um chá? Eu posso lhe mostrar os viveiros.



Martha sorriu:



- Eu adoraria, muito obrigada.



- Excelente - disse Dumbledore - Eu tive medo de que você ficasse um pouco entediada. Quem sabe eu posso interessá-la na nossa biblioteca? Podemos tentar convencer Madame Pince a lhe dar um cartão para consultar os livros, caso tenha algum interesse.



- Está brincando? Eu adoraria passar minhas tardes lendo.



- Então vamos voltar ao castelo. Até mais tarde, Hagrid.



- Sim, Hagrid, eu volto na hora do chá.



Ele já tinha se voltado para as estranhas criaturas:



- Prazer em conhecê-la, dona.



- O prazer foi meu.



Os dois deixaram a cabana e caminharam rumo ao castelo, Martha se sentia compelida a acompanhar o ritmo do idoso professor. Dumbledore, porém, em nada deixava a desejar aos colegas mais jovens e ia caminhando e falando ao mesmo tempo:



- Hagrid tem um grande coração. O pobre não sabe guardar um segredo para salvar sua vida, mas tem um coração ainda maior que seu corpo.



- Ele pareceu muito simpático - disse Martha.



Voltando ao castelo, eles usaram as escadas (que eram rebeldes, segundo o diretor) para chegar até a biblioteca, que ocupava grande parte do quarto andar. Lá Dumbledore apresentou Martha a Madame Irma Pince,a bibliotecária. Ela era uma bruxa magra, de coque, capas pretas, aspecto rigoroso e óculos que olhou a moça de cima a baixo.



- Com certeza podemos arranjar um cartão de biblioteca especial para a Srta. Scott, Diretor - disse ela, de maneira seca mas polida. - Agora os alunos estão em período de estudo, mas se ela voltar mais tarde, podemos tratar disso rapidamente.



Martha percebeu que aquela mulher - a exemplo da Profª McGonagall -, não era uma mulher de meias palavras nem de ameaças fúteis.



- Sim, Madame Pince. A senhora gostaria de marcar um horário mais conveniente?



- Após o chá seria perfeito para mim - a bibliotecária acrescentou - Espero que a senhorita entenda que todas as restrições aplicadas aos alunos se aplicam à senhorita.



- E quais são elas?



- Os livros jamais deixam a biblioteca. O cuidado e o manuseio dos livros são de responsabilidade do aluno, afinal, alguns dos livros podem retaliar se forem mal-tratados. Só numa passada, informo que é proibido comer, beber e falar alto na biblioteca, e também riscar, dobrar ou arrancar páginas, sujar, rasgar, deformar, picar, manchar, jogar, molhar, desfigurar, escrever nos livros, bem como babar, enfeitiçar, tirar do lugar, devolver a outra prateleira que não a correspondente, esconder, reservar e danificar os livros de qualquer forma. As punições podem levar ao banimento da biblioteca por toda a vida - A bruxa tirou uma folha de pergaminho e a entregou a Martha. - Você pode consultar a lista completa com mais detalhes.



Tentando não parecer intimidada, Martha sorriu nervosamente:



- Obrigada. Eu vou ler isso com cuidado e volto mais tarde então.



- Tenha um bom dia.



O Prof. Dumbledore ofereceu o braço a Martha e disse:



- Venha comigo, criança. Eu tenho algo que deverá lhe ser muito útil nesses seus primeiros dias em Hogwarts.



O diretor a levou para seu escritório, no alto do castelo.



- Entre, entre, minha jovem. Sente-se aqui.



Ele apontou a cadeira em frente à escrivaninha e Martha obedeceu, ainda de olho nas bugigangas douradas e prateadas, algumas delas se mexendo de livre e espontânea vontade bem diante de seus olhos. Ela não pôde evitar comentar:



- Seu escritório é... tão diferente de tudo que eu já vi.



Dumbledore colocou uma bolsinha em frente a Martha, sentou-se à escrivaninha e sorriu:



- Fico feliz que tenha gostado. Espero que também tenha apreciado nosso pequeno passeio por Hogwarts.



- Fiquei impressionada - e ainda há tanto por conhecer!



- Precisamente, precisamente. Daí a necessidade de você usar, ainda que por pouco tempo, esse localizador - Ele apontou a bolsinha. - Ele poderá ser muito útil, posso garantir.



Martha olhou a bolsinha (na verdade um saquinho de couro mole) e indagou:



- Isso é um localizador?



- Na verdade, é um apontador. Ele aponta o caminho que você quer usar. Você o usa assim: pega um pouco do pó que está dentro dela, diz em voz alta e clara o lugar para onde você quer ir e joga o pó no chão. Uma seta brilhante vai aparecer diante de você dando a direção. É muito útil quando você não tem idéia sequer de que lado deve seguir. Nós o chamados de pó de mapa.



- Entendo - disse Martha, animada. - É parecido com o tal pó de Flu.



Os olhos azuis do professor faiscaram:



- Ah, vejo que Severo já lhe explicou como funcionam os meios de transporte bruxos.



- Sim, alguns deles. Ele me explicou algo sobre o seu mundo, para que eu não tivesse tanta dificuldade. Mas nada se compara à experiência real. Tudo é tão diferente, tão fascinante!



- Ah, criança, não se deixe enganar. O fascínio é uma coisa maravilhosa, que nos leva para frente, mas nos cega a visão.



- Sim, diretor. O senhor tem razão.



- De qualquer forma, eu gostaria de lhe dizer que estou à sua disposição a qualquer hora, para qualquer dúvida ou necessidade. Lembre-se de que alguns dos alunos nunca viram uma pessoa 100% não-mágica antes e eles podem ser um pouco curiosos. Se eles ultrapassarem algum limite, venha me ver imediatamente. Espero que seja muito feliz em Hogwarts.



- Obrigada, professor.



- Agora talvez queira descansar um pouco antes do almoço.



- Acho que sim. Vamos ver se eu consigo chegar de volta aos aposentos.



- Qualquer dúvida pode usar o apontador, se as escadas a deixarem muito desorientada com a constante mudança.



- Claro, farei isso. Obrigada pelo grande tour, professor, e pelo tempo que passou longe de seus deveres.



- Não se preocupe com isso, minha cara. Foi um imenso prazer para mim. E não pense que não deva ir se preparando para futuramente ser auxiliar do Prof. Hagglemore no Estudo de Trouxas.



- Eu iria adorar.



- Muito bem, então. Espero que passe horas agradáveis com Hagrid à tarde.



- Até o almoço, professor.



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