Adeus



        Desde o dia anterior em que soube da suposta “brincadeira” de Harry, Gina passou o dia todo em seu quarto, sua mãe julgou que a menina provavelmente estaria enferma e por esse motivo a deixou de cama sobre os cuidados de Agnes.
        Gina se sentia frágil, como se todas as doenças lhe atingissem naquele momento, só que a única coisa que a derrubou fora a decepção que sofreu por Harry, como havia sido tola em se deixar interessar por tal mentiroso, aproximou-se dela somente para conquistar um outro prêmio. Estava sentada em uma poltrona junto a janela, perdeu-se em pensamentos ao observar a vista, Agnes estava sendo uma excelente acompanhante, fazia sua tarefa instruída por Molly, mas não incomodava Gina.
        Tom a visitou em seus aposentos trazendo uma bandeja e seu habitual sorriso charmoso.
- Deixe-no a sós Agnes, pode esperar no corredor que eu não tomarei muito o tempo de nossa doentinha. – Tom riu pelo apelido.
- Qualquer alteração no estado de Gina peço que não hesite em me chamar senhor. – Agnes, que se preocupava demais com Gina aconselhou.
        Assim que a ama se retirou, Tom depositou a bandeja em uma mesa.
- Veja o que eu trouxe para você minha bela, nada melhor do que uma torta favorita para curar doenças. – Tom ofereceu o pedaço de torta para Gina – Eu mesmo preparei essa guloseima.
- Não precisava se prestar a tanto trabalho Tom, mas de qualquer forma eu agradeço.
        Gina sorriu para o amigo, era isso que ele representava para ela, um grande amigo, sempre disposto a acalmar seus temores.
- Espero vê-la curada até o meu retorno, fico infeliz em ter que viajar e deixá-la nesse estado. – Tom fitava Gina sem perder nenhum movimento que a menina fazia.
- Não se preocupe, não permitirei que deixe de partir para uma viagem tão importante só porque estou um pouco indisposta.
- Sim, mas não é só por isso que fico descontente em ir, soube por sua mãe que foram convidados para um chá pela rainha e que os Potter também estariam lá.
- É verdade, se não fosse uma descortesia desconsiderar um convite da rainha, minha mãe com toda a certeza dispensaria.
- Sinto-me angustiado em ter que deixá-los enfrentar tal fardo, mas meu compromisso é inadiável, porém quero que saiba que mesmo estando longe, estarei protegendo vocês. – Tom se inquietou quando viu o grande sorriso de Gina – Aliás, não quero que o jovem Potter volte a perturbá-la.
- Do que está falando? – Gina se assustou com o comentário, não achou que o jogo de Harry havia chegado aos ouvidos de outras pessoas.
- Não se alarme minha querida, digamos que o fato do jovem ter armado uma brincadeira de terrível gosto tenha sido espalhada por algumas pessoas. – Tom estendeu a mão para que Gina não se inquietasse mais – Como disse não há motivos para se alarmar, digamos que eu consegui fazer com que essas pessoas se calassem, o que quer dizer que essa história não será espalhada.
- Espero que esteja certo, seria horrível se mamãe soubesse, aquele atrevido não sabe da confusão que geraria por sua ousadia. – Gina voltou a fitar a vista pela janela.
- Vamos Gina, esqueça essa história, não quero que piore sua doença por uma brincadeira de um irresponsável, não aconteceu nada de mais grave, então para não permitirmos que sua mãe descubra é melhor que apague essa história de seus pensamentos e procure ter o menor contato com qualquer um dos Potter ou amigos. – Tom beijo a parte de trás da cabeça de Gina, em seguida se retirou.




        Enquanto Gina sofria por seu amor não correspondido, Dumbledore e a rainha ceavam, o amigo fiel relatava suas aventuras, algumas calmas outras cheias de perigo, a rainha se assustava a cada detalhe do relato de Dumbledore e dava graças por poder ter o amigo salvo em sua presença.
- Sempre lhe avisei que ainda se meteria em uma encrenca bem grande Alvo. – a rainha o reprimia.
- Não há para onde fugir Minerva, apesar de não ter meus músculos jovens, ainda possuo o espírito de um adolescente aventureiro. – Dumbledore riu junto a rainha Minerva.
- Mas diga-me meu querido amigo, se eram tão acolhedoras essas suas aventuras por que então decidiu voltar? Sei que lhe perguntei muitas vezes isso só que nunca me deu uma explicação cabível.
- Digamos que deixei assuntos inacabados por aqui e desejo resolvê-los. – Dumbledore ficou sério.
- Não me diga que ainda é sobre a questão Potter e Weasley. – Minerva abaixou a voz para que somente ele escutasse – Por que insiste quem tem algo com relação a isso?
- Sim Minerva exatamente esse motivo me fez voltar, creio que tenha tido uma parcela de culpa sobre o ódio de ambas as famílias. – nos olhos de Dumbledore podia se ver a tristeza – Devia ter imaginado o risco que fiz Jacob correr ao relatar minhas suspeitas.
- E de que se tratam essas suspeitas Dumbledore? Já basta de mistérios, não me esconda mais o que de terrível desconfiava. – Minerva perguntou exasperada, Dumbledore sorriu.
- Por enquanto peço que não me questione sobre isso minha querida, da primeira vez em que envolvi outras pessoas você sabe muito bem o que aconteceu.
- Só fico angustiada em vê-lo assim Alvo, o que será que ocorreu a Arthur e Jacob naquela noite misteriosa?
- Isso nem se eu quisesse saberia te responder, como eu te disse tinha somente suspeitas vagas, quem sabe mesmo agora jaz naquele penhasco maldito.
- Então para que reviver histórias enterradas meu amigo? Não vê que pode trazer mais sofrimentos para aquelas famílias?
- Acredito Minerva que existem coisas que não devem ser esquecidas, justamente para evitar injustiças. – Minerva o olhou questionadora – Se o que pensa é sobre minhas suspeitas sobre a real causa da morte de Arthur e Jacob está no caminho certo, há muito mais nesse fato do que nos foi relatado.
- O que mais há para saber? Aquele Pedro viu a cena. – Minerva abaixava ainda mais a voz para se certificar que somente Dumbledore a ouvia.
- É sobre isso que tenho dúvidas Minerva, mas por enquanto peço que não falemos mais disso, as paredes tem ouvidos e bocas.
- Pois bem, será como desejar, mas mudando um pouco de assunto, ainda acho uma grande ousadia de sua parte convidar ambas as famílias para um chá. – Minerva o fitou severamente.
- Creio que não devam achar um atrevimento de minha parte, podem até se sentir inclinadas a não aceitar, mas viram com toda a certeza, são pessoas muito educadas para não aceitar um convite. – Dumbledore voltou a sorrir.
- Cada dia fico mais convencida de que não está organizado das idéias, sem querer ofender Alvo. – Minerva acrescentou sorrindo – É como dizia o Tom, esse senhor ainda vai lhe dar trabalho, dito e feito.
- Tom nunca gostou muito de mim. – Dumbledore voltou um pouco ao passado, em uma época em que Tom era ainda muito jovem, ele era um amigo inseparável da rainha, sua intimidade para com ela se comparava a que Minerava tem com Dumbledore - E por falar nele Minerva, o que aconteceu para ele desaparecer tão rápido de sua vida? Vocês eram praticamente unha e carne. – Dumbledore cruzou as mãos em cima da mesa e esperou uma resposta.
- Bom meu amigo, não sei lhe dizer ao certo, só sei que após a morte de Arthur ele se tornou muito solidário com a família Weasley, no começo os ajudava aos poucos e depois se tornou praticamente parte da família, nós mantemos pouco contato desde então, mas ainda assim ele não deixa de ser muito gentil comigo.
- De certa forma gostei dele ter se distanciado, quando estava por aqui mal sobrava tempo para você se dedicar ao seu velho amigo. – a rainha riu da fingida expressão ofendida de Dumbledore. Apesar de brincar, Alvo no fundo sabia que o afastamento de Tom provocava dúvidas em sua mente.




        Na hora marcada para o chá, Molly corria de um lado para o outro apressando seus filhos que por serem tantos era difícil controlar todos, sempre que tinham algum evento para ir eles se atrasavam, um costume que era aceito por quem os convidava. Gina se sentia melhor nesse dia, por mais que não quisesse ir não poderia deixar sua mãe sozinha numa situação dessas e tratou de estar apresentável.
        Ao chegarem no castelo, foram recepcionados pelos criados que os conduziram ao jardim onde ocorreria o chá. Lá já se encontravam os Potter, que se silenciaram quando perceberam os Weasley, nenhum convidado pronunciou uma única palavra até a chegada da rainha e seu conselheiro real. Apesar de Minerva aparentar constrangimento, Dumbledore sorria, eles cumprimentaram os convidados e ambos se sentaram cada um em uma ponta da mesa.
- Creio que tenham reparado na mudança que fiz no jardim, eu e alguns criados nos tomamos desse trabalho o dia todo de ontem. – Alvo iniciou uma conversa.
- E ficou formidável, o senhor tem grande dom para detalhes. – Lílian elogiou.
- Gentileza sua Lílian, agradeço a todos por comparecerem. – ele sorriu para todos da mesa.
       Gina notou que Harry não parava de olhá-la, ele a fitava com urgência no olhar, a menina, porém desviou de seus olhos, não queria dar ao jovem a chance de lhe fazer de chacota.
        O chá se seguia o mais estranho possível, nenhum Weasley ou Potter nem sequer falavam uma palavra fora do que a cordialidade exigia, Dumbledore percebendo o fato resolveu fazer algo para divertir mais o chá.
- Vejo que os jovens não se entretêm tomando chá com um bando de adultos, se seus pais permitirem não há problema em explorarem o jardim. Cada um se virou para seu devido responsável, e com o consentimento de tal, saíram depressa para procurar alguma diversão.
        O jardim do palácio era imenso, o lugar tinha um labirinto que ocupava o centro, palco de um esconde-esconde iniciado pelos gêmeos Weasley. As tulipas foram as que tomaram espaço nas brincadeiras de Gina, a menina se sentou em uma pedra e riu com a tentativa de uma lagarta em subir no cabo de uma tulipa laranja. Harry se aproximou sorrateiro e antes que ela o percebesse já estava sentado ao seu lado.
- Soube que estava doente, mas vejo que está bem melhor, espero que não seja nada grave. – a menina se levantou e antes que pudesse se retirar ele a puxou pelo braço – Não saia, por favor.
- Peço com toda educação e paciência que ainda me resta por você que solte meu braço e não volte a me atormentar. – a menina o olhou cheia de raiva.
- Palavras duras, acho que não as mereço senhorita. – Harry falou sem soltar Gina.
- O senhor tem razão, essas palavras são poucas comparadas ao que o senhor merece ouvir. – Gina se esforçava para puxar o braço.
- Não compreendo o por quê da rudeza em sua voz. – Harry tentou tocá-la, porém Gina desviou.
- É revoltante quando os seus truques são revelados, não é mesmo? Não há mais necessidade de fingir senhor Potter, sei muito bem de seus objetivos. – Harry a olhou sem entender – Ora o que se esperar mais, com certeza continuará fingindo e dirá que não sabia de nada e que tudo não passa de armação, pois bem quero mesmo ouvir de você. – Gina conseguiu puxar o braço – No dia do baile em que minha família promoveu o senhor penetrou em nossos portões com um único objetivo: conseguir se aproximar da filha mais nova dos Weasley, assim ganhando um beijo de sua noiva se conseguir tal ato. – Gina esperou por alguma argumentação e como não veio prosseguiu – Então? Nem mesmo vai negar?
- Não irei negar, mas explicarei melhor o fato. – Gina cruzou os braços e mantinha a expressão rígida – Eu tinha que dançar com você, mas acredite quando digo que o destino alterou o decorrer dos fatos.
- Não sei se para o senhor é engraçado brincar com os sentimentos alheios, mas para mim não passa de uma chacota sem sentido.
- Gina eu nunca magoaria você, no começo eu pensei que foi só uma brincadeira, afinal você nem saberia quem eu era, seria apenas uma dança.
- Naquela noite houve mais que uma dança, o senhor se aproximou de mim, me cortejou. – Gina quase se alterou mais do que devia, não seria prudente ter uma briga com Harry a vista de todos.
- É essa alteração do destino que quero dizer, apesar do acordo ter sido somente para dançar com a senhorita, eu me envolvi mais do que isso, e Gina eu não me arrependo do acordo. – Gina se chocou com o comentário – Sim eu não arrependo, pois se não fosse por isso, eu não te conheceria? Sou grato pelo acordo porque pude sentir esse sentimento perturbador que me impregna. – Harry sorria.
- Seus esforços são inúteis senhor Potter, não me deixarei levar por mentiras, tenho certeza de que sua noiva está mais do que satisfeita com seu progresso, agora peço que me deixe e não ouse se aproximar mais de mim.
- Não me peça o impossível Gina, a magia está feita, estou perdido por você.
- Poupe suas palavras falsas para quem realmente se interessa em ouvi-las, não estou disposta a ceder perante tais mentiras.
- Não desmereça minhas palavras senhorita, sou honesto no que sinto e se as digo a você é porque realmente as sinto.
- Não use palavras belas se o que acontece de verdade não passa de uma ilusão, meu nome corre pela cidade por culpa de um jogo.
- Eu não sei até que ponto sabe, mas a real história é a que conto para a senhorita.
- Ao menos uma vez seja sensato e me deixe em paz, não permitirei que cause mais sofrimento para nossas famílias por causa de uma brincadeira, você e sua noiva foram muito insensíveis ao planejar isso tudo. Vocês dois realmente se merecem, seus pais souberam muito bem como escolher sua futura esposa.
        Gina olhou uma ultima vez para o rapaz e logo depois o deixou, pensou ser melhor assim, afinal que chances teriam já que tudo e todos estariam contra a essa relação. “Até mesmo os meus belos contos tem um desfecho dolorido”, Gina pensou ao voltar para perto de sua família.








* Mais um capítulo, e eu acho q foi rápido...
* Flavinha sempre por aqui, rsrsrsrs... Poxa realmente nas minhas fics a Cho fica sendo um porre, mas ela tem que estragar de algum jeito....
* Bjuusss
* Bye

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