Conforto



        Ginevra Molly Weasley, Gina Weasley, aquele nome latejava na cabeça de Harry, o jovem nem sentia seus pés que acompanhavam Rony numa corrida até os portões da residência dos Weasley. Aquele par de olhos core de amêndoas ainda estava fresco em seus pensamentos, as pintinhas graciosas no nariz da garota atormentavam até o último fragmento de seu ser e o beijo, jamais saberia o quão entorpecente eram aqueles lábios, é lógico que não seria possível, não ela sendo uma Weasley, a família mais odiada pela sua.
        Os portões pareciam tão distantes de ser alcançados, Rony o puxava com cada vez mais pressa, o garoto falava coisas que ficavam soltas na mente de Harry, “Eu sabia que era arriscado a Mione conversar com aquele Snape”, “Narigudo intrometido”, essas e outras eram apenas expressões sem nenhum sentido para Harry. Quando finalmente chegaram em seu lar, optou por se dirigir não para dentro da casa, mas para o estábulo.
- Diga à mamãe que fui dar uma volta. – falou para Rony antes de se retirar.
- Como assim uma volta? Harry... – Rony se adiantou e pô-se à frente de Harry o fazendo parar - O que há de errado? Desde que saímos de lá está assim.
- Rony é meu amigo a muito tempo e não costumo esconder coisas de.você, porém nesse momento eu não posso lhe informar nada, só faça o que pedi, serei grato se compreender.
        Harry olhou firmemente para o amigo e retornou ao seu objetivo, não era simples explicar para Rony, nem mesmo ele entendia o que surgiu em seu coração. Quando se sentia triste ou confuso gostava de cavalgar a noite inteira para além de todos os limites que podia imaginar, uma certa vez ficou fora durante dois dias, Lílian botou a cavalaria inteira mais amigos da família atrás dos desaparecido Harry, nem isso foi possível para detê-lo, o garoto apareceu depois e pediu desculpas à sua mãe pela preocupação, nunca mais cometeu esse ato, exceto nesse dia em que precisava urgentemente reorganizar seus pensamentos sobre a linda jovem do baile.




        O coração e mente de Gina trabalhavam de forma irregular, ambos disparados em confusões. Depois da magia que ocorreu entre ela e aquele belo homem de olhos verdes, preferiu seguir para o conforto de seu quarto, onde somente ali poderia deixar fluir seus sentimentos sem se preocupar em esconder dos presentes, já que os únicos que iriam ver eram somente as paredes. A garota entrou apressada em seu quarto, sentou-se ao lado de seu armário, abraçou as pernas e tentou controlar as insistentes lágrimas que teimavam em cair. As batidas na porta fizeram com que Gina enxugasse as lagrimas com uma certa força.
- Gina, desculpe incomodar, mas com o ocorreu nessa noite não pude deixar de me preocupar com você. – o charmoso Tom adentrava o quarto de Gina.
- Não precisa se preocupar Tom, mas agradeço a gentileza. – Gina se levantou de onde estava, ainda permanecia em uma parte escura, não gostava de mostrar aos outros quando chorava, principalmente a Tom o qual presenciou muito essa cena quando a menina era pequena.
- Eu sei o quanto é forte, mas há dias em que não podemos suportar. – ele se aproximou devagar de Gina e enlaçou seus braços ao redor dos ombros da menina – Sabe perfeitamente bem que pode contar comigo, eu sempre estarei aqui para afugentar seus monstros minha pequena.
        Por mais aquecedor que era o abraço de Tom, Gina não chorou, apenas retribuiu ao abraço.
        Aquilo foi o paraíso para Tom, fazia muito tempo que não experimentava o toque de Gina, só se lembrava de quando ela era mais nova e sempre que lhe ocorria algo ela corria para chorar em seu ombro. Agora não era mais uma menina magrela e pequenina, era uma mulher e muito bela, Tom tinha uma de suas mãos nas costas de Gina, era macia e delicada, aquele maravilhoso corpo era capaz de estragar todos os seus planos se ele se atrevesse a fazer metade do que sua mente arquitetou naquele momento. Depois do que pareceu longos minutos ele a soltou fazendo o possível para desviar os olhos da boca de Gina.
- Onde está minha mãe? – ela não deixou de lembrar sobre o fato de seu irmão estar no baile, provavelmente Molly estaria aos prantos.
- Ela se retirou para seus aposentos, eu, o Severo e Belatriz estamos encarregados dos convidados.
- Então eu irei confortá-la, conheço bem minha mãe para saber o quão difícil isto está sendo para ela. – a menina encostou sua mão no rosto de Tom – Foi realmente muito bom você aparecer em nossas vidas Tom, logo saiu de seu quarto.
        A garota se dirigiu aos aposentos da mãe, bateu na porta e esperou pacientemente a autorização para poder entrar. A mãe estava como Gina previu, completamente desamparada, alguns lenços amassados estavam no chão, Molly se encontrava chorosa e segurando soluços, olhou para filha e começou a chorar ainda mais. Gina correu para junto da mãe e afanou seus cabelos cacheados.
- Ele está grande, forte e bonito. – Molly escondeu o rosto nas mãos – Eu nem pude falar com ele.
        Molly chorava cada vez mais desesperada, parecia frágil e não a mãe severa que sempre foi, amava demais cada um de seus filhos e quando se tratavam deles sua fragilidade era atingida. A pobre mãe se culpava todos os dias pelo ocorrido, quando Rony teve idade suficiente para ter opiniões e dúvidas não o ajudou a entender, apenas se enfureceu por que o garoto não acreditava que seu pai era inocente e em uma de suas brigas que se tornaram freqüentes, ela o baniu da vida dos Weasley. Na primeira semana foi uma decisão certa, mas depois se arrependeu de seu equívoco, porém era tarde demais, ele já havia encontrado um lar nos Potter.
- Mamãe não se martirize tanto. – Gina consolava sua desesperada mãe.
- Oh querida é verdade, eu aqui chorando que nem uma criança enquanto meus convidados estão na festa, não é de boa conduta uma anfitriã abandonar uma festa desta forma. – Molly enxugava suas lágrimas.
- Não há de se preocupar com isso minha adorável mãe, Tom está tomando conta de tudo.
- Nobre rapaz, não sei o que seria de nós se não fosse a determinação dele em nos ajudar.
        Batidas na porta foram ouvidas e a ninhada Weasley entrou, toda a aglomeração de cabelos de fogo se juntaram perto da mãe e da irmã.
- Viemos nos certificar que estava bem mamãe. – Fred se aproximou cobrindo sua mãe de beijos e abraços.
- Vamos meus queridos, sem mais lamentos, sua mãe está recuperada da surpresa. Gui meu anjo peço sinceras desculpas por sair de seu baile tão apressada, dê-me só mais alguns minutos e já estarei pronta a prosseguir com essa maravilhosa comemoração.
- Nada disso mãe, até mesmo a Fleur já foi se deitar, agora é sua vez de um belo descanso, deixe-me ajeitar sua cama. – Gui começou a arrumar a cama de sua mãe junto de seus irmãos, Gina ajudou a mãe a se trocar.
        Molly se deixou levar pelo carinho dos filhos, assim que foi posta na cama estendeu os braços os chamando. Cada um dos Weasley foi arrumando um espaço na grandiosa cama.
- O pai de vocês mandou fazer essa cama depois que casamos, ele me disse assim: “Molly encomendei essa cama para quando os pesadelos de nossos filhos atrapalharem seus sonos, e veja bem quero ter um monte, não me importo com a quantidade, sei que o nosso amor é capaz de aconchegar centenas de Weasley”. Recordo-me que sempre tinha um de vocês que vinham desesperados por não conseguirem dormirem sozinhos. – Molly abraçava mais apertado Gina e Carlinhos, os mais próximos a ela – Eu contava histórias para fazê-los esquecer o pesadelo.
- Conte-nos uma mamãe, eu quero ouvir aquela do príncipe mentiroso. – Percy pediu.
- Não essa é muito chata, eu quero ouvir aquela do Miguel, o travesso. – Jorge protestou, o que gerou uma pequena discussão entre os filhos sobre o tema da história.
- Vamos meus amores, sem brigas, cada um terá o direito de escolher uma história e eu contarei todas, começando pela a da minha princesa.
        A noite seguiu com as divertidas histórias de Molly, nenhum dos filhos dormiu até que a última história fosse contada. Molly se sentiu feliz com essa volta ao passado, onde seus filhos eram apenas crianças que se surpreendiam com tudo. Contudo faltou uma história, a de seu Rony, Molly se recordou de um dia quando o filho foi ao seu encontro assustado dizendo que aranhas gigantes queriam entrar pela janela, o menino falava assustado sobre as insistentes aracnídeas que chamavam por ele, só dormiu após uma engraçada história sobre uma competição de espadas.




       O sol já tomava espaço quando Harry decidiu voltar para casa, havia galopado por muito tempo e só parou além da floresta do vale de Hogwarts onde deixou seu cavalo descansar do passeio, era tempo suficiente para pensar sobre o ocorrido. Não se deu conta, mas acabou adormecendo na floresta e sua mãe provavelmente já teria alarmado todo o reino.
       Assim que se aproximou de seu lar notou uma estranha calmaria, entrou cauteloso pela porta, mas o que já devia imaginar é que sua mãe não se deixaria relaxar tão fácil, Lílian levantou a cabeça sonolenta que estava deitada sobre uma poltrona a fim de ver quem adentrava, a mãe do rapaz se pôs de pé rapidamente ao constatar o filho, ela correu em sua direção e o abraçou, Lílian o envolveu em tal abraço que somente mães preocupadas sabem dar após ver seu filho em segurança. Algumas lágrimas percorreram a face de Lílian, ela libertou Harry e o fitou severamente.
- Como ousa? Você simplesmente desaparece sem ao menos dar uma informação coerente sobre sua estadia. – a raiva se misturavam a algumas lágrimas, antes mesmo que Harry começasse a se explicar ela o cortou – E não venha com mentiras, achou realmente que eu acreditaria nesse conto de que havia permanecido em sua despedida com outros amigos, eu não sou boba Harry, sei localizar uma mentira mesmo que ela esteja bem escondida. Vá para seu quarto, troque de roupa, chame o Rony e desça para a sala de visitas, eu e seu pai temos assuntos a tratar com vocês.
       Das poucas palavras que trocou com Rony Harry pode entender o que havia acontecida com sua desculpa, seu amigo nunca foi bom em mentir e sua mãe percebeu alguma falha na história, ela forçou tanto Rony que conseguiu retirar de seu amigo a história. Harry não culpou seu pobre amigo, sabia perfeitamente bem como sua mãe se portava quando desconfiava de algo.
       Lílian e James se encontravam na sala de visitas, cada um sentado em uma poltrona e a frente deles havia duas cadeiras.
- Sentem-se meninos. – James ordenou apontando para as duas cadeiras – Nessa manhã, antes de você retornar de sua aventura Harry, uma de nossas criadas trouxe do mercado uma história curiosa, disse-nos que os dois são assuntos na feira por terem se adentrado no baile dos Weasley sem serem convidados. Ao nosso conhecimento estavam em uma despedida de solteiro de Harry, conte-nos exatamente o que fizeram na noite passada.
        Houve uma troca rápido de olhares entre Rony e Harry, por fim Harry decidiu tomar a iniciativa do conto, afinal foi por causa dele que se meteram nessa confusão.
- Tudo começou com uma aposta, ou melhor, um trato, eu teria que ir a esse baile, minha sede de desafios não permitiu que eu recusasse, assim carreguei Rony comigo. – Harry relatou sua história e aguardou a sentença de seu pai.
- Não seria correto permitir que Harry se responsabilize por tudo, eu o apoiei em tudo e até ajudei a planejar a nossa entrada no baile.
- Muito nobre de vocês defenderam um ao outro, mas não é por isso que os deixarei sem um castigo merecido. O que fizeram, como bem sabem é incorreto e insensato, não só por se meterem com aquela família, mas acima de tudo, nem mesmo se for com pessoas como aquelas, permitirei que sejam desrespeitosos, era uma festa particular e não foram convidados, se os apanhassem tenham absoluta certeza que eu não os livraria tão facilmente, cada pessoa tem que arcar com as próprias conseqüências. – James aguardou alguma intervenção de ambos e como não houve prosseguiu – Como castigo pelo que fizeram irão cuidar do trabalho com os cavalos hoje, o que quer dizer que cuidarão da limpeza dos animais e do estábulo. Comam primeiro e depois vão aos afazeres. – James se levantou, mas antes de se retirar se virou para Rony – Rony não me tome como tirano ou coisa equivalente, sei bem o que significa retornar aquela casa, mas não será por isso que o livrarei do castigo. – ele sorriu solidário para o garoto.
        Quando todos se levantaram para cuidar de seus deveres, Lílian fez um sinal para que Harry voltasse a se sentar, assim que Rony e James se retiraram ela olhou seu filho com ternura.
- Sei bem que não é tudo o que aconteceu ontem Harry, mas não irei te obrigar a me contar. – Lílian levantou o filho a fim de vê-lo melhor – Meu querido filho, por mais que digam que se tornou um homem forte e que não precisa mais de minha proteção, ainda não o vejo assim, para mim é sempre meu pequeno travesso, eu o conheço bem meu amor, quando está triste, eu consigo ver em seus olhos. – ela o abraçou ternamente – E não fique chateado comigo ou com seu pai, sabe que somos compreensíveis, mas sempre que aprontar alguma coisa não deixaremos de lhe advertir, bom pelo menos até você se casar. – Lílian riu com a idéia.
- Eu não me chateei com vocês, na verdade eu até acho engraçado, penso que se fosse o papai em minha situação não pensaria duas vezes, papai nunca foi de negar desafios.
- Está coberto de razão, uma vez maroto, sempre maroto.
        Lílian beijou a face do filho antes dele sair e encarar seu castigo, pensou em quanto Harry havia crescido e em seu Jacob, o falecido filho que lhe foi tirado injustamente, uma lágrima percorreu seu rosto e ela decidiu visitar o antigo quarto dele, guardado da mesma forma que ele o deixou antes de falecer, ela deixou se quarto assim com o objetivo de sempre se lembrar dos costumes e gostos de Jacob, a lembrança de Jacob só fez aumentar o ódio por Arthur Weasley e sua família, nem mesmo seu sofrimento de mãe foi capaz de os fazer enxergar o quão vil esse homem havia sido em retirar seu precioso de uma forma tão covarde.





* Hey, para quem acompanha minha outra fic eu dei essa explicação, novamente peço desculpas sobre o atraso das atualizações, tem coisas que estão me ocupando demais e é por isso que eu estou demorando a postar, mas farei o possível para postar todo final de semana, se não nossa será na minha outra fic, ou se possível nas duas, espero que continuem gostando...
* Flavinha você não está sendo chata, na verdade a culpa é minha, mas é bom ver que está gostando da fic a ponto de comentar tantas vezes a pedido de mais capítulos, sobre o que vc comentou, tb achei bom a chata da LiLá se meter, pena é para o Harry e a Gina, já que agora vai ser complicado pois eles sabem a identidade um do outro, mas é como uma coonversa entre o Romeu e a Julieta, depois que eles descobriam quem era a pessoa por quem se apaixonaram: " um nome é apenas um nome, não influencia a quem se refere"...
* tukinha bom ver que gostou e a respeito do que comentou eu até mudei o resumo para não haver confusão, a fic se baseia em "Romeu e Julieta" apenas no tema sobre o amor surgir em meio ao ódio, eu não queria assumir os créditos sem dizer de onde tirei a idéia...
* Gina seja bem-vinda e espero que continue gostando...
* A todos um grande beijo e peço que continuem postando...
* Bye   

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