Reacções (defensivas)



Capítulo 6 – Reacções (defensivas)


“Diário,


Estou a preparar-me, acho que nem consigo ainda juntar as ideias na minha cabeça. Talvez um dia consiga, é isso, talvez um dia.


Pronto, aqui vai: o Malfoy BEIJOU-ME. Sim, ele beijou-me, precisamente no momento em que deveríamos estar a fazer a ronda dos corredores. Eu não sei o que passou na cabeça dele naquele momento e sinceramente não gostaria de descobrir. Mas ainda há mais. Ele pediu-me desculpa por tudo o que me fez, principalmente por aquilo que me (tentou) fazer há 2 anos atrás. Mas já me explicou toda a história e eu acredito (ou quero acreditar?) que seja verdade, até porque já ouvi falar daquela poção. Eu não consegui arranjar explicação lógica, eu não consegui entender, eu não consegui fazer nada naquele momento. Ele simplesmente beijou-me e eu correspondi, para arrependimento meu, pois ele caiu em si e disse que havia-se deixado levar pelo momento.


Apenas isso, pelo momento


E o que eu vou contar agora vai fazer-te pensar que sou uma qualquer. Mas isto é real, isto é sentimental. Eu não me consigo conter, estou demasiadamente FELIZ!


Voltava eu da monitoria (que não realizamos devido aos incidentes ocorridos: sem comentários) e esperava encontrar uma Sala Comum vazia. Mas não. O Ron (isto é demasiado emocionante) esperava-me. Segundo ele, estava preocupado, pois a minha ronda havia sido com o Malfoy e ele temia pela minha segurança, já que ele presenciara aquele episódio desagradável, do qual me salvou. Então, eu comecei a explicar-lhe que havia corrido tudo normalmente (NORMALMENTE?), o Malfoy não havia feito nada de mal e penso que ele acreditou, pois de repente a situação inverteu-se.


 Fico mais descansado, assim. Não sei como ficaria se te acontecesse alguma coisa de mal. - Ron dissera, também sem pensar.


Instantâneo. Hermione corou fortemente ao ouvir estas palavras do amigo.


- Oh Ron, obrigada. - Hermione respondeu com um grande sorriso. És tão querido...


 - Só para quem gosto. - o ruivo sorriu.

- O que seria de mim sem ti, meu Ron? - disse Hermione, corando em seguida devido às suas palavras.

- Não sei, mas eu sem ti não seria nada, minha Hermione. - Ron sorriu e aproximou-se.


Ainda tenho o diálogo completamente memorizado na minha cabeça. E depois disso lembro-me de senti-lo a aproximar-se e abraçar-me. E então, o seu toque, os seus lábios, o seu sabor. E tudo se tornou perfeito. E tudo se tornou apenas Ron e Hermione, ele e eu, nós. E o beijo do Malfoy perdeu todo o sentido perante o beijo que eu mais ansiava.

E digo, e espero que ninguém o saiba: eu curti com Draco Malfoy e sinceramente? Não me arrependo, teve as suas vantagens.


Mas Ron não foi beijo de momento, foi apaixonado, foi amor.


É amor.
E eu admito, eu digo que o amo.
Porque foi a ele que eu sempre quis.
Ele, sempre ele.
Todos estes anos.


Mas a sensação dos lábios do Malfoy sobre os meus não desaparece. E espero que desapareça, não quero recordar-me do beijo mais imprevisível que alguma vez ouvi falar.


Beijo esse que já referi demasiadas vezes, contra a minha vontade.


Hermione Granger”


Hermione fechou o diário com um baque surdo e decidiu deitar-se. Haviam sido muitas emoções para uma noite só. Mas não se deitou sem antes recordar o seu primeiro beijo com Ron como namorados.


Flashback


- Eu sempre quis poder dizer-te isto. – Ron sorria larga e sinceramente.


- O quê? – Hermione sorriu também, abrindo ainda mais o sorriso ao sentir as mãos de Ron dentro das suas.


- Amo-te – Ron começou – NAMORADA.


- Oh Ron! – Hermione abraçou-o.


- Desde aquele dia em que te vi no comboio, sempre o quis dizer. – Ron sorria.


- E eu também, meu namorado perfeito. – Hermione respondeu alegremente.


- Amo-te. – disseram em simultâneo.


E Ron voltou a aproximar o seu rosto do dela, selando o segundo beijo dos dois, primeiro como namorados. As mãos do rapaz dividiam-se entre a cara de Hermione e os seus cabelos, cabelos que tanto ansiara acariciar. Sorria internamente ao sentir uma mão da rapariga no seu pescoço e outra remexendo no seu cabelo, despenteando-o de uma forma apaixonante.


E ele sabia, que quem entrasse naquele momento, veria uma bela imagem de amor…


Flashback


Hermione sorriu e decidiu dormir.


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Draco Malfoy acordou sobressaltado. Não sabia porque razão acordara assim, mas sentia uma sensação estranha no peito, como se pressentisse algum mau acontecimento por perto. Não havia razões para estar assim, nada que ele se lembrasse estava em vias de tornar-se mau. Encolhendo os ombros, num gesto de despreocupação, dirigiu-se para o duche. Estava a precisar, não havia tomado na noite anterior, hábito que ele tinha desde sempre. Despiu-se, ligou a água, esperando que aquecesse e entrou.


 - Estava mesmo a precisar. – comentou num suspiro de descontracção.


 E foi debaixo da água morna que Draco Malfoy relembrou os acontecimentos da noite anterior, que o haviam feito esquecer por completo o hábito do seu banho nocturno.


As palavras, o contacto, o perdão, o beijo.


Sim, podia ser Draco Malfoy, mas havia beijado Hermione Granger. Pedira-lhe desculpa, olhara-a como nunca. E sabia, ela correspondera, deixara-se levar. Deixara todas as desavenças de lado, tudo o que acontecera.


 E ele dissera-lhe que havia sido algo momentâneo.


 - Enfim. – Draco suspirou. Não sabia porquê, mas doera ver o olhar de Hermione passar de felicidade a mágoa.


 Mas ninguém poderia saber que ele havia beijado a Granger. Ninguém podia nem sequer imaginar. Se tal acontecimento chegasse ao seu pai, provavelmente seria deserdado. Não, Draco teria que fingir que nada acontecera. Fora apenas beijo de uma noite, rapariga de um só momento.


Havia sido só a Granger e um beijo causado pelo clima.


 Sim, apenas isso.

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Foi com um humor espectacularmente bom que Hermione acordou na manhã seguinte. Levantou-se, espreguiçou-se com um grande sorriso na cara e dirigiu-se para o duche, algo que estava tanto a precisar. Precisava de lavar as impurezas que haviam penetrado na sua pele e refrescar as alegrias que haviam invadido a sua alma. Enquanto esperava que a água aquecesse, olhou-se no espelho. A sua cara apresentava um aspecto mais cansado que o habitual, talvez um pouco devido ao nervosismo a que Hermione havia sido sujeita nos últimos dias.


Vendo que a água já atingira a temperatura desejada, despiu o pijama e colocou-se debaixo de água, deixando que esta lavasse tudo o que mostrasse ser sujo.


E sentiu uma sensação sobre os seus lábios, uma sensação que não sentira com Ron.


Os lábios de Draco Malfoy ainda ardiam sobre os seus, sensação que lá permanecera desde a noite anterior.


“Não pode, não deve.” – Hermione pensava, tentando afastar as memórias de uns cabelos loiros e uns lábios quentes.


- NÃO PODE! – a rapariga gritou, esvaindo todas as suas emoções.


Respirou. Agora tudo era diferente. Namorava com Ron, o rapaz que ela sempre amara e que amava verdadeiramente. O rapaz que não a beijara por aposta, momento ou objectivo. O rapaz que a beijara com sentimento, que sofrera em silêncio por ela durante tanto tempo.


O seu rapaz, aquele que verdadeiramente merecia o seu coração.  


Fechando os olhos, deixou que os últimos jactos de água molhassem todo o seu corpo, antes de fechar a torneira e sair do banho, preparando-se para descer.


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 Ron Weasley fitava Draco Malfoy perigosamente. Apesar de Hermione lhe ter garantido que Draco nem sequer tentara nada de errado, Ron desconfiava. Malfoy não perdia uma oportunidade de rebaixar, humilhar, e se possível, magoar Hermione.


Tudo naquele loiro o irritava. A maneira como mexia no cabelo, como comia, bebia. O simples facto de ele existir o irritava.


Mas, algo naquele dia estava diferente.


Malfoy não falava, não ria e raramente levantava os olhos da mesa. E nas poucas vezes que o fizera, mostrara um olhar incomum. Um olhar com algo que parecia dor.
Dor?


 - Harry, não achas que a doninha hoje está estranha? – perguntou.


 - Quem, o Malfoy?


 - Sim.


 - O que tem ele? – Harry questionou.


- Não fala, não se ri, não goza com ninguém – Ron revirou os olhos – Não que eu esteja importado ou com saudades disso, muito pelo contrário. Simplesmente, ele não costuma estar assim tão… inactivo.


 - Já tinha reparado, também. – Harry virou também o seu olhar para Draco.


 - Não é difícil.


 - E hoje, não olha para ninguém com nojo. Quer dizer – Harry corrigiu – Acabou de olhar para nós.


 E fora verdade. Malfoy lançara um olhar carregado de ódio e desprezo a Harry e Ron ao notar que estes o observavam e revirou os olhos, voltando aos risos e conversas habituais com os seus colegas de equipa.


 - Sabes Harry – Ron começou – retiro o que disse. Ele é o mesmo nojento de sempre.


 - Pois é, enfim.


 - A comida não lhe devia agradar. – Ron riu-se da própria piada.


 - Provavelmente, ninguém sabe o que se passa ali dentro. – Harry riu também.


 - Sabes, a comida pode não lhe agradar a ele – Ron começou – mas agrada-me a mim. Bom apetite, Harry.


 - E acho que quem acabou de entrar no Salão vai agradar-te ainda mais. – Harry comentou, sorrindo.


Ron desviou o olhar da comida para a porta e viu que a sua Hermione acabara de entrar. Engolindo rapidamente a comida, sorriu abertamente, recebendo um sorriso da mesma intensidade em resposta.


- Bom dia Harry, bom dia Ron. – Hermione frisou o nome do namorado.


- Bom dia, Hermione – Harry começou, rindo-se da cara que Ron acabara de fazer – Bem, eu vou indo… biblioteca, trabalhos por acabar. Um problema. Até logo.


- Atélogoharry. – Ron dissera rapidamente.


- Adeus, Harry. – Hermione sorriu para o amigo.


Ron olhava babado para a agora namorada. Analisava todos os detalhes, desde o mais fino fio de cabelo até ao mais pequeno sinal.


Hermione sentiu-se observada e olhou para Ron, rindo de seguida ao ver a cara do namorado.


- O que foi? – Ron perguntou em defesa.


- A tua cara – Hermione começou, não deixando de se rir – se tu a visses, ias rir-te também!


- O que tem a minha cara? – Ron perguntou, tentando fingir-se zangado.


- Está engraçada, Ronald. – Hermione aproximou-se, sussurrando o nome do namorado ao ouvido.


- Foste tu quem pediu, Hermione. – Ron sussurrou no mesmo tom, agarrando a namorada pelo braço e levando-a para fora do Salão.


- Ron quero tomar o pequeno-almoço! – Hermione ria.


- Eu também. – Ron respondeu em tom manhoso, aproximando-se de Hermione e colando os seus lábios nos dela.


Hermione teria respondido, se a boca de Ron não capturasse a sua, primeiro para um toque de lábios, que rapidamente avançou para um beijo apaixonado, profundo e doce. Ron rapidamente agarrou a sua cintura, prendendo-a de uma forma segura, porém suave. Hermione colocou os braços no seu pescoço, entregando-se completamente ao beijo.


Porém, faltava alguma coisa.


O beijo de Ron era óptimo e fazia-a feliz. Mas não deixava os seus lábios em fogo ao mínimo toque, não fazia todo o seu corpo vibrar como electricidade.

Faltava alguma coisa, que ela não conseguia dizer, nem encontrar.


- Vejam só, espectáculo no corredor! – uma voz fria ecoou nas paredes.


Ron e Hermione largaram-se instantaneamente e olharam para ver quem havia falado. E Hermione não quis acreditar quando viu o rosto de Malfoy rindo de forma cínica. O mesmo Malfoy que havia adoptado uma expressão sincera na noite anterior, o mesmo Malfoy que lhe havia pedido perdão, o mesmo Malfoy que a havia beijado de uma forma intensa. - Weasley e Granger – Malfoy começou, olhando-os raivosamente e fazendo cara de nojo – é que não podia ser pior! Deves ter que ter vendido a tua casa Weasley para dares à Granger algo que a impressionasse minimamente! – concluiu, arrancando gargalhadas da multidão.


Ron avançava já para Malfoy, mas foi impedido por Hermione, que agarrou o seu braço e o impediu de desfazer o loiro.


- Isso Granger, agarra o Weasley. Tu agarras-te a qualquer um, não é? – Malfoy sorria ironicamente.


- Malfoy, eu odeio-te! – Hermione irritara-se – Não tens nada para fazer, como mandar os teus amigos lamber a lama das tuas botas, não?


- Na noite passada não dizias isso, Granger. – Malfoy atacou, arqueando as sobrancelhas – Quanto à lama, eu não a tenho, ao contrário aí do teu namoradinho. – Draco terminou, não conseguindo esconder a raiva com que os observava.


- Malfoy, DESAPARECE! – Hermione gritou.


- Desaparece antes tu Granger, estás a fazer uma cena triste no meio do corredor. – Draco defendeu-se, sorrindo ironicamente.


Hermione agarrou a mão de Ron e saiu do corredor, não sem antes lançar um olhar a Malfoy que ele julgou ter visto cheio de mágoa e dor, nuns olhos com lágrimas a querer brotar.

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N/A: 6º capítulo! Obrigada por todos os comentários, prometo que logo responderei!
Beijo grande, espero que gostem!

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