I Can't Have You
I Can't Have You
Então era isso, tinha agora a vida em jogo e o coração partido. A Marca Negra recém feita em seu antebraço esquerdo ainda ardia enquanto andava com a mãe pelo Beco Diagonal em direção á Travessa do Tranco. Maldita hora que seu pai fora falhar em uma missão e deixado tudo sobre suas costas. Draco sabia o porquê disso tudo, sabia que o Lorde das Trevas tinha esperanças que falhasse, podendo acabar com sua família toda de uma vez só. E ele próprio não tinha certeza se conseguiria.
Chegaram á Borgin & Burkes e o loiro sentiu um arrepio ao entrar na loja. Era um lugar sombrio onde ele não se encaixava e nem a mãe parecia muito à vontade parada ali olhando tudo com um ar ligeiramente nauseado. O atendente se aproximou.
- Posso ajudá-los, madame? – ele deu um sorriso de dentes podres.
- Quero saber se o Armário Sumidouro ainda está aqui, Borgin.
- O Armário Sumidouro? – ele perguntou arregalando os olhos.
- É, ficou surdo? O Lorde das Trevas nos deu uma missão. Então, ainda o tem?
- Quem me garante que é mesmo para Ele? Pelo que sei, madame, seu marido anda em Azkaban. – zombou. Os olhos de Narcisa faiscaram.
- Mostre a ele, Draco.
Contra vontade, o loiro levantou a manga e mostrou a Marca Negra ao vendedor, que cambaleou de susto.
- Ainda... ainda o tenho. – gaguejou ele. – Mas fica um pouco mais afastado. Venha, venha.
O armário estava lá. Era exatamente igual ao que Montague tinha desaparecido no último ano e que estava quebrado.
- Funciona? – perguntou Narcisa.
- Bom, este aqui funciona perfeitamente. Mas o outro par não está nas melhores condições.
- Ótimo. Guarde este aqui, ouviu? Não o venda para ninguém. Na hora certa, alguém virá lhe explicar o necessário. Tome. – e lhe entregou alguns galeões.
Saíram da loja e Draco viu folhetos de Fenrir Greyback espalhados pelas paredes das lojas, ele sabia onde o lobisomem estava e não lhe agradava nem um pouco. Passou em frente á loja dos Wesley, a felicidade que emanava daquele lugar o fez se sentir mais deprimido.
Inevitavelmente pensou em Rose e nos momentos em que só os dois importavam, como sempre fazia quando se sentia sozinho. “Só não esqueça que eu amo você”. Aquelas palavras eram o que o fazia seguir em frente.
Mal chegara em casa e a mãe já saia novamente, ele nem se deu ao trabalho de perguntar aonde ela iria. Subiu para seu quarto e ficou olhando o porta retrato com a foto de Rose e dele próprio. O sorriso dela faiscava de alegria e seu coração apertou, sabendo que não veria mais aquele sorriso que tanto amava. Não pôde evitar as lágrimas, que viraram sua companhia constante.
Draco não queria mais dormir, porque não tinha certeza se acordaria sem o amor dela, isso estava matando-o. Queria ouvir a voz dela, tocá-la, abraçá-la e nunca mais a deixar.
Mas o cansaço, tanto físico quanto emocional, o fez ceder. Adormeceu e todos os quilômetros que o separavam da ex-namorada desapareceram quando sonhou com ela. No sonho podia lembrar-se dos abraços quentes, da pele macia e era capaz de sentir o gosto doce dos beijos. Era inevitável tentar tirá-la do coração e dos pensamentos, ele a amava e isso deveria bastar. Mas ele era Draco Malfoy e o amor não era um luxo que ele podia viver.
As últimas semanas das férias de verão passaram lentamente enquanto o Sonserino repassava o plano do Lorde das Trevas para matar Alvo Dumbledore. Isso o enjoava, não era um assassino, embora fosse obrigado a virar um. “Não queria ser tanta coisa e sou. Não posso nem mesmo tomar minhas decisões, eles as tomam por mim”, pensou com amargura ao olhar a Marca Negra em seu braço. Sentia nojo de si mesmo e imaginava o que Rose acharia se soubesse de tudo. “Repulsa”, pensou.
O dia 1º de setembro chegou e enquanto ia para a estação de King’s Cross, Draco sentia o estômago revirar ao chegar mais perto. Desejava ao menos ver Rose, mesmo não podendo estar com ela, mas ao mesmo tempo, tinha vergonha de ser visto pela garota agora. Cruzou o portal e a fumaça tampou sua visão temporariamente. Quando conseguiu enxergar novamente, olhares e cochichos o seguiam. Virou-se para se despedir da mãe.
- Não se esqueça do plano, Draco. – ela o lembrou, embora não fosse necessário. – Seu pai e eu confiamos em você. – ela tinha a voz e as mãos ligeiramente trêmulas quando abraçou e beijou o filho.
Draco virou-se para entrar no Expresso de Hogwarts e antes de subir o primeiro degrau, uma cabeleira castanha e um cheiro entorpecente roubaram sua atenção. Rose tinha acabado de colocar o malão em uma cabine e vinha descendo para se despedir dos pais. Ambos paralisaram quando seus olhares se encontraram e Draco ficou ali, observando a pessoa que mais amava e sentindo seu cheiro, com uma vontade de fugir dali com ela e incapaz de mover um músculo.
Olharam-se por longos segundos até que o loiro, sem dizer palavra, baixou os olhos cinzas e deu um passo para o lado, deixando que Rose passasse. A Grifinória ainda demorou alguns segundos para conseguir mover-se e saiu numa linha reta até os pais. Os dias que ficou longe dela e as mentiras que era constantemente obrigado a contar fizeram Draco ficar novamente frio, mas quando ela passou por ele, parecia que o romance nunca tinha acabado e ele viu-se tão vulnerável a ela quanto antes.
Entrou no trem e foi se juntar aos amigos ainda desnorteado. Teve que arrumar forças enormes para fingir frieza e superioridade á tarefa que tinha recebido, embora não dissesse qual era, junto com a Marca Negra. Exibiu-a como se fosse um troféu e ficou gabando-se de ter sido escolhido. A certa altura, teve a sensação de que estavam sendo observados e, ao olhar pela cabine, notou um pé desaparecendo no bagageiro. “Maldito Potter!”.
Quando o trem parou na estação de Hogwarts, Draco disse aos amigos para irem na frente e Pansy ainda o esperava com a mão estendida, esperando que ele a segurasse. Revirou os olhos, impaciente, e mandou que ela saísse também. Quando ela fechou a porta, Draco confrontou o Grifinório e sentiu o nariz do garoto quebrar quando o chutou. Cobriu-o com a Capa da Invisibilidade e saiu do trem.
Chegou ao Salão Principal e sentou-se á mesa da Sonserina. Automaticamente, seu olhar passou pela mesa do outro lado do Salão. Rose estava lá conversando com alguns amigos e o coração de Draco voltou a apertar. Minutos depois, Alvo Dumbledore levantou-se, desejando boas vindas e o estômago do loiro revirou. Não teria mais nenhum momento agradável naquela escola e quando saísse de lá, voltaria como assassino.
O pensamento lhe trouxe repugnância e queria deixar claro, pelo menos para uma pessoa, que não era isso que ele queria se tornar, embora fosse obrigado. Enquanto Rose soubesse que não faria o que fosse por maldade, ele se sentiria menos desprezível. Decidiu, então, que esperaria um momento em que pudessem conversar.
Quando o jantar terminou, desceu para seu dormitório frio nas masmorras. Deitado na cama, sentia-se completamente sozinho. Não tinha mais Rosalie para lhe fazer sorrir das coisas mais simples, embora a Grifinória ainda povoasse seus pensamentos o tempo todo. O único lugar onde podiam permanecer juntos era nos sonhos de Draco. Sonhava com ela todas as noites, apenas os dois, sendo felizes como nunca mais poderiam ser.
No dia seguinte, foi até a Sala Precisa e encontrou o Armário Sumidouro. Tentou alguns feitiços que Borgin lhe ensinara, mas não parecia dar resultado algum. Cansado, parou e pensou na situação em que se encontrava. Era apenas um adolescente de dezesseis anos que teve a Marca Negra tatuada no braço contra vontade, aprendia Oclumência e agora tinha que consertar um armário, colocar vários Comensais da Morte dentro de Hogwarts e assassinar o diretor, que era o bruxo mais poderoso que conhecia. É, não parecia nada bem.
Os dias passaram e foi para sua primeira aula de Poções com o professor Slughorn. Ele apresentava para a turma algumas poções. Sentia um constante cheiro de empadão de carne, torta de limão e o perfume de Rose, embora a garota não tivesse aula de Poções. Então, o professor explicou que a Poção do Amor tinha o cheiro diferente para cada um, de acordo com o que os atraía. Draco não prestou muita atenção até que Slughorn falou da Felix Felicis.
- É sorte líquida. – informou ele. O loiro levantou os olhos, era o que ele precisava para consertar o armário: sorte.
Slughorn lançara um desafio para a sala e quem ganhasse, levaria um pouco da poção como prêmio. Não se lembrava de algum dia ter torcido tanto para uma poção dar certo como aquele dia. Mas sempre tem o Potter se metendo no caminho, e levando a poção da sorte. “Merda!”, pensou.
Saiu da sala frustrado. Pegou suas coisas e saiu o mais depressa que podia, tinha um tempo livre agora e iria para a biblioteca ver se conseguia alguns feitiços para conserto mais fortes do que Reparo. Apesar do que Borgin o ensinara, precisava de mais e precisava praticar. Cego de raiva do garoto-cicatriz, nem olhava direito por onde andava, até trombar com alguém na porta da biblioteca. Parecia que estava novamente na sala de Poções ao sentir o cheiro da ex-namorada. Ergueu os olhos e a viu parada ali, sozinha.
- Desculpe. – murmurou ela, e saiu andando de cabeça baixa.
Sem pensar no que fazia, ele a seguiu e segurou seu pulso, fazendo-a se virar. Ela o olhou confusa e, com um olhar significativo, a levou para um corredor deserto e mais afastado.
- Draco, mas o que...?
- Escuta, Rose. – pediu ele, segurando suas mãos e reparou que ela ainda usava o anel que ele lhe dera no Natal. – Não posso voltar a namorar você, mas quero que saiba que eu ainda amo você. Muito. – sua voz tremia.
- Eu também te amo, meu amor. Não me importo de correr algum risco, desde que eu esteja com você, sabe disso. – “Agora vejo porque a coragem é uma das características da Grifinória”, pensou o loiro.
- Não. Não quero que você se envolva nisso, eu me importo com o que pode acontecer com você e não quero isso. Mesmo que signifique ficar longe de você, desde que você fique segura. – sentia os olhos arderem e os dela estavam úmidos.
- Por que? – sua voz saiu entrecortada e Draco teve que tomar fôlego e coragem para decidir se contaria tudo para ela. Decidiu omitir que era um Comensal agora e que teria que matar Dumbledore.
- Meu pai cometeu um erro àquela noite no Ministério, Rose, indo para Azkaban. E acho que ele está mais seguro lá do que se tivesse escapado, o Lorde das Trevas não costuma ser bonzinho e perdoar. Mas ele quer fazer meu pai pagar pelo o que aconteceu e me deu uma missão, esperando que eu falhe. Nunca quis fazer nada para Ele, você sabe disso, mas a vida do meu pai, da minha mãe e a minha está em jogo agora. Não posso falhar, Rose.
- Ele... Você-Sabe-Quem vai... matar... você se não conseguir? – ela perguntou num sussurro, com os olhos arregalados e as lágrimas rolaram por suas bochechas rosadas quando ele confirmou com a cabeça.
- Mas eu quero que você saiba, amor, que não estou fazendo nada, que não farei o que farei porque quero isso, jamais pense isso, Rose, por favor. – pediu o loiro num tom de súplica. – Diga que você acredita em mim, que não planejei nada disso.
- Acredito em você. Sei que não queria que nada disso estivesse acontecendo. – Rosalie respondeu sem pestanejar.
- Enquanto você souber que não quero isso, vou me sentir menos deplorável por fazer. Não quero que você me veja como as outras pessoas quando eu terminar. Você sabe a verdade, só você. Você é a única que realmente me conhece. Não quero que me veja como um... - deixou a frase morrer e a abraçou forte, deixando as lágrimas caírem.
Um momento nos braços dela se tornava a razão de tudo, ela era a única luz que preenchia a escuridão que ele estava, a única que ele precisava até seu último suspiro. Odiou a primeira vez que teve que dizer adeus para ela e odiava fazer isso de novo. Doía acreditar que nunca iriam vencer aquela guerra que os separava. Soltou-se e a olhou nos olhos castanhos, agora vermelhos e ligeiramente inchados, e ainda a achou linda.
Ela inclinou-se e o beijou. Foi um beijo longo, suplicante e urgente, incapaz de acreditar que fosse o último. Soltaram-se ofegantes e Draco nunca sentiu tanta dificuldade para se afastar de alguém. Fazendo um esforço enorme, virou-se e saiu, desejando que ela o chamasse, mas ela ficou parada exatamente onde ele a deixou pela segunda vez.
Os dias passavam como anos para o Sonserino. Rose estava tão perto dele e ao mesmo tempo tão distante, dividir a sala de aula com ela, observá-la lendo um livro na biblioteca, vê-la durante as refeições e intervalos de aulas sem poder abraçá-la e não estar junto dela estava matando Draco. O primeiro amor era o pior quando tinha um coração quebrado, a falta que sentia de Rose era absurda.
Freqüentemente, voltava á Sala Precisa para tentar melhorar o armário e passava a maior parte do tempo livre lá. Crabbe e Goyle ficavam vigiando, vestidos de garotas. Descobrira alguns feitiços mais poderosos e concentrava-se para aprendê-los e que fizessem efeito, mas o desespero começava a tomar conta dele ao longo das semanas e pensava em outros modos de concluir a tarefa sem usar a varinha ou consertar o armário.
Draco estava sentado em uma poltrona da Sala Comunal da Sonserina durante um tempo livre, com o pensamento longe. Tinha de conseguir um jeito de assassinar o diretor. Sentiu alguém aproximar-se e mãos não tão delicadas como as que estava acostumado pousaram em seus ombros.
- Oi, Draquinho. – era Pansy. Ela tentava fazer uma voz suave, mas parecia mais um grunhido. O Sonserino suspirou, impaciente.
- O que quer, Pansy? – ele perguntou cansado. Não estava com paciência para as carências da garota. Ela apertou seus ombros no que ele imaginou ser uma massagem.
- Você está tão distante esses dias. – comentou ela.
- Nada que você precise saber. – o loiro respondeu rudemente, mas a morena parecia inabalável.
- Mas eu posso ajudar você a relaxar. – dizendo isso, ela contornou a poltrona e sentou-se no colo de Draco, que arregalou os olhos, surpreso.
- O que pensa que está fazendo? – perguntou ele, irritado.
Pansy o ignorou e o puxou pela gravata, beijando-o. O gosto do beijo dela era amargo e desconfortável, totalmente o oposto do doce e delicado de Rose e imaginou como pôde querê-lo um dia. Sentiu raiva e nojo da morena. Levantou-se da poltrona.
- Qual é o problema?
- Eu não quero, Pansy! – ele exclamou, bravo.
- Isso é o que você diz, mas não acredito. – e o beijou novamente, agarrando-o. Dessa vez o loiro não se conteve e empurrou a garota com tanta força que a derrubou.
- Chega! – gritou o loiro. Os olhos da Sonserina faiscavam e lacrimejavam quando ela o olhou do chão, os cabelos caindo pelo rosto. – Eu não quero você, Pansy! Seja lá o que você pensa que ainda existe entre nós, acabou! Nunca mais faça isso!
Dizendo isso, Draco saiu da Sala Comunal pegando fogo de raiva. Mal o sinal tocara e ele já estava na sala de Transfigurações. Pansy chegou minutos depois, os olhos vermelhos e as bochechas marcadas pelas lágrimas e foi sentar-se longe. Amaldiçoou-se quando McGonagall pediu o dever de casa.
- Não fiz, professora. – disse ele. A professora o encarou.
- Detenção, senhor Malfoy. Sábado. – respondeu ela.
Era dia de passeio para Hogsmead, mas Draco não ia, tinha detenção com a Professora McGonagall. Felizmente, tinha amigos burros o suficiente para que fizessem o que lhes era mandado sem questionar. Mandou Crabbe amaldiçoasse Madame Rosmerta com o Imperius para que entregasse um colar, conseguido na Borgin & Burkes, extremamente perigoso para a primeira aluna de Hogwarts que entrasse no banheiro feminino e dissesse a ela que era um presente para o diretor. Se não desse certo, Crabbe deveria amaldiçoar a aluna também.
Estava voltando da detenção quando ouviu vozes no corredor adjacente, parou e ficou escutando a conversa. Eram Potter, seus amigos e uma outra garota da Grifinória.
- Nã... Não sei, Harry. – era Wesley – Um monte de gente vai à Borgin & Burkes... e aquela garota não disse que Cátia pegou o colar no banheiro?
- Ela disse que Cátia voltou do banheiro trazendo o colar, o que não significa necessariamente que tenha apanhado o embrulho lá... – dizia Potter.
- McGonagall! – o ruivo alertou os amigos.
- Hagrid diz que vocês quatro viram o que aconteceu com Cátia Bell... – dizia a professora. Potter entregou o colar amaldiçoado a ela, que os mandou para sua sala.
O coração de Draco batia descompassado e desesperado, enquanto ele encostava-se à parede, pálido. Ninguém poderia encostar no colar! O loiro sentiu-se culpado, aquela menina, Cátia Bell, poderia ter morrido e ele não queria cometer mais que uma morte na vida. O que ela tinha feito, então, se não estava morta? Fosse o que fosse, ele esperava que ela se recuperasse. No dia seguinte, soube que a garota fora transferida para o Hospital St. Mungus, mas iria ficar bem e isso o tranqüilizou um pouco.
O Sonserino voltava à Sala Precisa sempre que podia durante os intervalos, refeições e, por vezes, passava a noite lá dentro. Estava ficando ainda mais pálido e magro, mas tinha que conseguir consertar o armário enquanto as semanas passavam. Na noite de Natal, estava indo para a Sala Precisa quando foi pego por Filch, o zelador.
- O que está fazendo, moleque? – ele perguntou rudemente. A resposta veio como se já tivesse sido pensada.
- Estou indo para a festa de Natal do Professor Slughorn. Ele me convidou, eu só estou atrasado! – respondeu o loiro na defensiva, agora só esperava que Filch engolisse a desculpa e o soltasse para que pudesse seguir para a Sala Precisa.
- Ah, é? – o zelador zombou, sem acreditar. – Isso é o que vamos ver. – e saiu arrastando Draco pela orelha até a sala do professor de Poções. O Sonserino amaldiçoou Filch até a décima geração. – Professor Slughorn – começou quando chegaram à festa, e para sua infelicidade, Potter estava junto do professor – Encontrei este rapaz se esgueirando por um corredor lá de cima. Ele diz que foi convidado para a sua festa e se atrasou na saída. O senhor lhe mandou um convite?
- Está bem, não fui convidado. – confessou, sentindo raiva. – Eu estava tentando penetrar na festa, satisfeito?
- Hoje é Natal, Argo. Não é crime querer ir a uma festa. Vamos esquecer o castigo. – o professor dizia para Filch – Tudo bem, você pode ficar, Draco.
Draco sentiu-se infeliz, o tempo que gastaria naquela droga de festa era o tempo que perderia para consertar o armário. Sentiu o olhar raivoso de Snape voltado para ele. Agradeceu Slughorn por deixá-lo ficar.
- Gostaria de dar uma palavrinha com você, Draco. – disse Snape subitamente e então saíram. O professor o levou a uma sala de aula destrancada, afastada da festa.
- O que você fez com Cátia Bell? Por que diabos foi entregar um colar tão poderoso a ela? Isso pode lhe causar sérios problemas, não pode se dar ao luxo de errar, Draco, porque se você for expulso...
- Não tive nada a ver com isso, está bem? – ele mentiu, raivoso e mantendo o sangue frio.
- Espero que esteja dizendo a verdade, porque foi malfeito e tolo. Já suspeitam que você tenha um dedo no incidente.
- Quem suspeita de mim? – perguntou, embora tivesse uma vaga idéia de quem fosse. – Pela última vez, não fui eu, entende? Aquela garota, Bell, deve ter um inimigo que ninguém conhece... não me olhe assim! – ele alertou quando viu o olhar de Snape, sabia que estava tentando usar Legilimência com ele. Fechou a mente, como sua tia lhe ensinara. Não o queria descobrindo seus segredos, descobrindo sobre Rose.
- Jurei a sua mãe que o protegeria. Fiz um Voto Perpétuo, Draco... – dizia o professor.
- Pois parece que terá de quebrá-lo, não preciso da sua proteção. Você quer roubar a minha glória! – e dizendo isso, Draco virou-se e saiu feito um furacão, indo direto para seu dormitório, desistindo da Sala Precisa naquela noite.
Seus amigos roncavam alto e nem se mexeram quando o loiro bateu a porta do dormitório e seguiu direto para sua cama, sentia-se raivoso e desamparado. A mãe importara-se com ele, fizera um Voto Perpétuo com Snape para protegê-lo. Mesmo assim, nunca se sentira tão só, tão frio e as lágrimas vieram, como quase sempre estavam presentes nas noites de Draco.
Os dias foram passando lentamente, e enquanto tentava fazer algum progresso, agiu sem pensar, mandando Madame Rosmerta (sob o Imperius) enviar uma garrafa de hidromel envenenada para Dumbledore. Outra vez seu plano deu errado e Ronald Wesley quase morreu envenenado, se não fosse o Santo Potter. O garoto-cicatriz estava metendo-se demais nos assuntos que não eram dele e isso estava irritando o loiro.
Poucos dias depois do envenenamento acidental do Wesley, Draco andava sozinho por um corredor deserto quando ouviu passos leves e rápidos se aproximando. Com o estômago embrulhado, sabia quem era antes mesmo de se virar. Rose vinha apressada até ele, seu rosto tinha uma mistura de raiva e determinação, o anel com a pedrinha de coração brilhando no dedo. Ela parou na frente dele e o encarou.
- O que quer, Rose? – perguntou ele rudemente, tentando afastar-se dela.
- Sei o que você fez. – acusou ela sem hesitação. Draco sentiu-se desarmado.
- Não sei do que está falando. – fingiu.
- É claro que sabe! Primeiro Cátia Bell, depois Rony Wesley! Por que diabos você continua fazendo isso? – ela perguntou, brava.
- Não sabe o que está dizendo, Rosalie! Disse a você que não estou fazendo porque quero! Não se meta nisso!
- Sei quem você quer atingir, é Dumbledore, não é? – perguntou a garota, mas sua voz tinha um tom de quem não queria acreditar. Draco surpreendeu-se.
- Como sabe disso? – perguntou com a voz fraca.
- É fácil perceber quando se passa o dia inteiro observando seus movimentos e seguindo seus passos, simplesmente porque me preocupo com o que você está se metendo. Mas você continua saindo por aí matando pessoas inocentes que atravessam o seu caminho. – disse ela sem piedade.
- Pedi para que não pensasse isso de mim, Rose! Eu não sou assim! – disse ele, desolado. Estava acontecendo, Rose estava começando a desconfiar dele por fazer aquelas coisas.
- Então pare! – pediu.
- EU NÃO POSSO! – ele gritou, assustando-a – Não posso parar agora, tenho que continuar!
- Você não é um assassino, Draco! – protestou ela, indignada.
- Mas vou ter que me tornar um! – seus olhos ardiam, falar em voz alta tornava a coisa cem vezes pior do que quando pensava. Rose o abraçou, e quando tornou a falar tinha a voz suave.
- Não faça isso, Draco. Por favor. Sei que não quer. Venha para o lado certo, nós podemos dar um jeito nisso, eu posso te ajudar.
- Ninguém pode me ajudar, Rose. Tenho que fazer isso sozinho e não tenho escolha. Por favor, não me odeie por isso. Acha que quero... por Merlin! Não! – ele passou a mão nos cabelos, nervoso – Por favor, me entenda. – seu tom era de súplica.
- Estou tentando! – ela parou – O que vai acontecer depois? – ela perguntou hesitante, com a voz fraca.
- Não faço idéia. Rose, por favor, não procure saber mais. Você já sabe muito mais do que deveria. – o sinal tocou e passos começaram a se aproximar, então a garota lhe encarou e em seguida deu-lhe as costas e seguiu seu caminho, a cabeça baixa.
Os dias passavam lentamente, sem nenhum progresso na Sala Precisa. Os Comensais e o Lorde das Trevas estavam começando a ficar impacientes, queriam mais agilidade, caso contrario o matariam. Uma noite estava parado no banheiro feminino do segundo andar, tinha as mãos apoiadas na pia e encarava o rosto mais magro, mais pálido e com olheiras fundas no espelho rachado. Não era capaz de reconhecer a si mesmo naquele garoto de dezesseis anos, cuja vida da família dependia dele. No que havia se tornado? Desprezava tudo aquilo que teria de fazer. O choro veio naturalmente enquanto Murta-Que-Geme lhe fazia companhia.
- Ninguém pode me ajudar. – ele repetia para a fantasma as mesmas palavras que dissera a Rose quando ela propôs ajuda. Sentia que seu corpo tremia e abaixou a cabeça. – Não posso fazer isso... não posso... não vai dar certo... e se eu não fizer logo... ele diz que vai me matar... – então, quando ergueu novamente a cabeça para o espelho, viu o reflexo de Harry Potter atrás dele.
Instintivamente puxou a varinha. Draco tinha os olhos cinzas faiscando de raiva. Os feitiços voavam para todos os lados, quebrando espelhos e canos das pias. E foi quando o Sonserino se preparava para lançar a maldição Cruciatus contra Harry, que o outro gritou:
- SECTUMSEMPRA!
A dor era dilacerante, pareciam que facões invisíveis o atingiam no rosto e no corpo, espirrando sangue. Cambaleou e sentiu-se cair no chão molhado, realmente achou que fosse morrer e pensou em Rose e nos momentos que tiveram juntos, como um flashback. Então não viu e nem ouviu mais nada.
-Recuperou levemente os sentidos quando alguém fechava os cortes com encantamentos, entreabriu os olhos e viu a imagem embaçada de Snape. Enquanto o professor o ajudava a se levantar, viu Potter visivelmente assustado. O diretor da Sonserina o levou até a ala hospitalar, onde Madame Ponfrey deu-lhe algumas poções e o deitou em uma cama. Teria que passar a noite lá e rapidamente adormeceu. Durante a noite, acordou com o som de vozes vindas da porta da ala hospitalar.
- Deixe-a entrar, Papoula! Ela tem o direito de ver o menino Malfoy. – dizia Professora McGonagall.
- Ele está dormindo, Minerva! Tem de descansar, conhece as regras! E olhe a hora, essa garota não deveria estar fora da cama. – contestava Madame Ponfrey.
- Ela está comigo! – respondeu McGonagall, com um ar superior. A enfermeira ficou em silêncio por um tempo, pensando. Draco ficou imaginando quem iria visitá-lo. Pansy Parkinson, provavelmente. Revirou os olhos e decidiu fingir que dormia para a amiga não lhe encher o saco.
- Tudo bem, tudo bem. – Madame Ponfrey cedeu e entrou na sua sala. Draco fechou os olhos.
- Pode entrar. Você tem quinze minutos, Raimmond. – disse a vice-diretora e fechou a porta depois que a aluna passou.
O coração de Draco pareceu parar e seus olhos se abriram surpresos. Os passos suaves de Rose foram se aproximando de sua cama e ela abriu o cortinado. O loiro a observou e reparou que ela tinha os olhos ligeiramente vermelhos e inchados. A Grifinória aproximou-se e sentou-se na cama ao lado dele, pegando sua mão.
- Como você está? – perguntou ela num murmúrio.
- Melhor. – respondeu ele e um silêncio pairou.
- Soube o que aconteceu com você, vi o Harry correndo pelo Salão Comunal com as vestes sujas de sangue... – começou ela.
- É, o Potter realmente sabe como machucar alguém. – disse o loiro, amargurado.
- McGonagall achou que eu tinha o direito de vir ver você. Ela sabe... sobre nós dois. Não tudo, é claro, mas tem uma vaga idéia do que aconteceu entre a gente ano passado. – disse Rose. Draco assustou-se, não tinha idéia de que alguém soubesse. – Ela disse que percebeu isso e ficou nos observando, mas nunca disse nada a ninguém.
- Foi... simpático... da parte dela. – ele parecia meio de má vontade de dizer isso. Rose inclinou-se, ficando com o rosto acima do dele. Olharam-se por alguns segundos. – Quando fui atingido, você foi a única coisa que me veio na mente. Só conseguia lembrar de você e de quando nós podíamos ficar juntos. – confessou ele.
- Eu sinto sua falta, Draco. Por favor, tome cuidado. – a voz lhe falhava e ela desviou o olhar dos olhos cinzas – Não faz idéia do quanto é difícil pra mim ver você desse jeito, nessa situação, sem poder mexer um músculo para ajudar.
- Essa batalha não é sua, Rose. Você não tem o direito de ficar se culpando por não fazer nada. Fique longe disso e já vai estar me ajudando ficando bem. – ele ergueu a mão e acariciou o rosto da garota.
- Você tem que voltar agora, Raimmond. Seu tempo acabou. – chamou McGonagall suavemente, mas a garota não se mexeu.
- Eu ainda amo você, não importa o que aconteça. – ela sussurrou para ele.
- Eu também amo você, Rose.
- Raimmond. – foi chamada novamente. A ex-namorada abaixou e deu-lhe um leve beijo nos lábios, para em seguida levantar-se e sair com a professora.
O loiro a seguiu com os olhos e suspirou, ele era a confusão que ela escolheu viver. Se eles apenas pudessem superar tudo o que estava acontecendo, então poderiam ficar juntos e conquistar o mundo. Se eles pudessem. Mas e se ela percebesse que não era aquilo que queria e decidisse ir embora, largar tudo, o que ele poderia dizer? A garota estaria apenas se livrando de um fardo. Sua mente estava borbulhando com esses pensamentos, embora soubesse que não tinham muita chance de acontecer. Não poderiam ficar juntos, mas Rose não iria desistir.
Ele não a merecia, apesar de não querer perdê-la mais ainda. Mesmo depois de ter dito a ela para ficar longe, de tê-la deixado saber do que teria que fazer, a Grifinória sempre voltava para ele. E ali, na penumbra da ala hospitalar, ele percebeu que ainda existia uma fina linha que os conectava. Não queria ser exagerado, mas sabia perfeitamente que jamais teria outra pessoa que não fosse Rose.
No dia seguinte, foi dispensado por Madame Ponfrey, que ainda parecia aborrecida com o fato de alguém ter incomodado um paciente. Draco saiu da ala hospitalar direto para a Sala Precisa e o Armário Sumidouro. Conforme os dias iam passando, os progressos começavam a aparecer e poucas semanas depois, o loiro já conseguia transportar para a Borgin & Burkes pequenos objetos, a maioria livros.
Foi então que finalmente funcionou como deveria. Tinha-se passado um mês desde que começara a transportar objetos. Já estava quase escurecendo quando Draco mandou uma coruja para a loja, dizendo que fizessem o teste e mandassem alguém. Ele estava sentado, esperando, quando a porta do Armário se abriu, fazendo-o saltar, e Mulciber saiu de lá, perfeitamente bem e inteiro. Os dois se encararam por um momento até que um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto do Comensal e Draco sentiu alívio. “Funcionou”, pensou.
- É hoje que aquele velho irá pagar por tudo que fez ao Lorde das Trevas. – disse Mulciber. – Bom trabalho, Malfoy.
- Obrigado.
- Vou voltar e chamar os outros, já temos tudo planejado há tempos! Mas pode demorar um pouco, cerca de uma hora talvez. Rosmerta disse que Dumbledore saiu hoje á noite, podemos destruir tudo enquanto ele estiver fora e quando chegar, você sabe o que fazer. – o outro parecia feliz consigo mesmo e desapareceu ao fechar a porta do Armário.
O loiro foi tomado por uma sensação de terror e medo. “Dumbledore”. Tinha se esquecido momentaneamente do diretor e da segunda parte de sua tarefa. Antes que os outros chegassem, saiu da Sala Precisa e começou a andar, pensando em como faria aquilo. Deveria dizer alguma coisa antes ou não? Saberia usar a Maldição da Morte, seria tão fácil assim? Entrou em uma sala de aula fora de uso, andando de um lado para o outro.
- Draco? – uma voz ao longe desviou sua atenção. Ele parou e não teve coragem de se virar. – Draco! – Rose chegou até ele, mas o Sonserino não deu tempo para que ela falasse.
- Rose, por favor, fique no seu quarto hoje, está bem? – ele pediu, segurando-a pelos ombros. – Seja lá o que estiver acontecendo aqui embaixo, fique fora disso.
- Mas o que...? – então ela pareceu responder á própria pergunta e levou as mãos á boca – É hoje? – sussurrou.
- É. – ele confirmou, sentindo-se péssimo. – Não vai ser só isso. Muita coisa ainda vai acontecer, Rose. Pode ser a última vez que vou ver você. – a voz lhe falhou e a hipótese fez seu coração apertar.
A Grifinória fechou os olhos fortemente e respirou fundo, tentando lutar contra as lágrimas e encontrar forças, suas mãos tremiam. Ele a abraçou e ambos choraram como crianças. O loiro se pegou pensando em todos os momentos, desde o Baile de Inverno até o último encontro, em como uma garota nascida trouxa surgiu no meio do seu caminho e se tornou o motivo pelo qual seguia em frente. Perguntou-se o que ela teria feito com sua mente para fazê-lo mudar seu modo de ver as coisas.
E como acontece freqüentemente, depois do choro vem a calma e ao se acalmar, Draco consultou o relógio e viu que tinha quinze minutos até a chegada dos Comensais. Soltou-se de Rose e acariciou seu rosto.
- Eu preciso ir, meu anjo. – ele murmurou, analisando seu rosto, decidido a lembrar-se de cada pedacinho dele. – Imagino que não vai ficar parada, sei a coragem que você tem. – o loiro enrolava os cabelos sedosos da garota nos dedos e fechou os olhos memorizando seu cheiro. – Eu amo você.
- Eu também te amo, Draco. Seja lá o que for fazer daqui pra frente, tome cuidado. – Ela olhava os olhos cinzas, triste. – Pense em mim quando se sentir sozinho e não haverá um dia que eu não pensarei em você, meu amor. – dizia Rose, os olhos brilhantes de lágrimas, mas sua voz era determinada – Quando tudo terminar, volte para buscar seu coração comigo e ficar livre, Draco. Nós nunca dissemos que nosso amor seria fácil, mas pense nos bons momentos que tivemos e não em como as coisas deveriam ter sido.
Não suportavam mais dizer adeus e não sabiam mais quantas vezes agüentariam fazê-lo. Rose o beijou suavemente e saiu quando o relógio de Draco informava que estava quase na hora, fazendo-o voltar para a Sala Precisa.
O Sonserino chegou bem a tempo de ver a porta do armário se abrir novamente e os primeiros Comensais da Morte saírem de lá. Á medida que chegavam, Draco reconhecia alguns, entre eles os irmãos Carrow e, seu estômago embrulhou, Fenrir Greyback. O loiro mal teve tempo de pensar e os Comensais o empurraram para fora da Sala Precisa para correrem e fazer o estrago onde passassem.
- Vá em frente, Draco! Não desaponte o Lorde das Trevas! – um outro Comensal gritou para ele enquanto corria.
O loiro ficou parado por alguns segundos, sem ter idéia de por onde começar. Então começou a correr, sem saber para onde estava indo. Não fez nada além disso durante quase dez minutos. Ouvia os gritos nos andares de baixo, sua Marca Negra ardia. “Rose, tenha cuidado”, ele pensava.
Desceu as escadas e viu o caos. Jatos coloridos dos feitiços voavam em todas as direções e ele próprio teve que se desviar de alguns. Procurou por Rose, mas não a avistou. Potter não estava lá, mas Draco reconheceu os amigos dele lutando. Virou-se bem a tempo de ver os membros da Ordem da Fênix chegarem para ajudar.
- O que está fazendo aí parado, Malfoy? – Amico Carrow perguntou ao passar por ele. – A Marca Negra foi lançada lá fora. Fique na Torre de Astronomia esperando Dumbledore chegar.
- A Marca Negra? – ele perguntou assustado – Quem foi que...
- Não sei, um dos deles! – Draco sentiu o sangue gelar – Agora vá!
O Sonserino deu meia volta e correu, mas mal percorreu dez metros, a fênix de Dumbledore se meteu no caminho. Livrou-se dela e continuou, passando por cima do corpo, mas estava escuro para que ele reconhecesse, apesar disso, percebeu que não era Rose. Enquanto subia as escadas da Torre, ouviu a voz de Dumbledore. Tomou fôlego e arrombou a porta.
- Expelliarmus! – gritou. Dumbledore apenas o olhou.
- Boa noite, Draco. – o olhar do garoto analisou o local e ele viu duas vassouras.
- Quem mais está aqui? – perguntou. Draco ofegava. Conforme discutiam, o diretor dava a entender que sabia a tarefa do Sonserino. Dumbledore quase sorria.
- Draco, Draco, você não é um assassino. – eram as mesmas palavras de Rose.
- Como é que o senhor sabe?
- Então conseguiu introduzir Comensais da Morte na minha escola. Como fez isso? – ele perguntou com um certo interesse, irritando Draco. O loiro lhe contou sobre os Armários e Dumbledore deduziu que ele também tinha mandado o colar e o hidromel envenenado.
Então eles ouviram um grito abafado vindo das profundezas do castelo. Um grito feminino. Draco se enrijeceu e espiou por cima do ombro, pálido. “Que não seja Rose”, pediu. O diretor continuava falando, mas o garoto continuava paralisado tentando escutar o que acontecia no andar de baixo. Desistiu e voltou a encará-lo.
- E o senhor nunca descobriu quem estava por trás de tudo, não é?
- Na verdade descobri. O professor Snape tem vigiado você.
- Ele não estava cumprindo as suas ordens, ele prometeu a minha mãe...
- Posso ajudá-lo, Draco. – disse o diretor suavemente.
- Não, não pode – Suas mãos tremiam fortemente. – Ninguém pode. Ele me mandou fazer isso ou me matará. Não tenho escolha.
- Venha para o lado certo. Você não é um assassino. – repetiu.
- Mas cheguei até aqui, não é? Sua vida depende da minha piedade.
- Não, Draco. É a minha piedade que importa agora.
O loiro estava boquiaberto e, inconscientemente, baixou ligeiramente a varinha. Mas de repente, a porta se escancarou e os irmãos Carrow e Fenrir Greyback irromperam pela sala.
- Mate-o, Draco! – guinchou Aleto Carrow.
Mas antes que pudesse pensar na maldição, a porta se abriu novamente e Snape entrou, fitando Dumbledore. Havia repugnância e ódio gravados em seu rosto. Seguiu em linha reta até o diretor.
- Severo... por favor... – disse Dumbledore baixinho. Snape ergueu a varinha e a apontou para o bruxo.
- Avada Kedavra! – o jato de luz verde atingiu o diretor no meio do peito, fazendo com que caísse por cima das ameias.
Tudo pareceu acontecer em câmera lenta para Draco. Seguiu-se um longo segundo de silêncio, até que Snape mandasse todos saírem dali e o agarrasse pelo cangote, levando-o para fora.
Draco correu como nunca em sua vida, ao passar pelo corredor, o caos tomava conta do local. Desviava-se e procurava uma cabeleira castanha conhecida, avistou-a mais a frente. O loiro reparou que Rose tinha alguns arranhões, mas no geral, estava bem e isso o tranqüilizou um pouco. Ela virou-se e seus olhares se encontraram rapidamente e indicavam tristeza. Draco tentou um pedido de desculpas mudo.
Ao sair para o jardim, pelo canto do olho, viu o corpo de Dumbledore caído a alguns metros. Abaixou a cabeça e seus olhos arderam, o medo e a culpa o invadiram. Logo após passar dos portões da escola, aparatou, deixando o caos para trás e sabia que tudo ia ser pior dali para frente.
N/A: Heey pessoas! E aí, o que acharam? Espero que tenha ficado bom :) Confesso que tenho dó do Draco nesse capítulo, e até mesmo no livro. Como é uma short, os capítulos vão só até o sétimo livro, ou seja, só falta mais um ou dois capítulos. Comentem :)
Beeijo, Nathália Black.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!