Harry



Ministério da Magia. Quarenta e sete minutos para o próximo vôo para Sidney. Vinte minutos de carro do Ministério até o Aeroporto Internacional de Londres. Dez minutos até vencer a multidão de gente dentro do recinto. Dezessete minutos. Míseros dezessete minutos decidiriam meu destino. Eu precisava correr contra o tempo ou perderia a mulher da minha vida para sempre.

Depois de correr desesperadamente dentro do saguão principal e perguntar aos berros à atendente onde sairia aquele maldito avião em direção a Austrália, eu finalmente a vi. Ela estava sentada olhando para um ponto fixo, e por isso não me viu.

─ Então, é assim que vai ser? – perguntei.

Ela olhou para mim, num misto de surpresa e raiva, porém seus olhos nunca perdiam o brilho. Aqueles olhos, os mais lindos que eu já tive o prazer de ver.

─ O que faz aqui? – seu tom de desprezo machucou-me.

─ Você não pode ir embora.

─ Não é você quem decide isso, ministro.

─ Sim, sou eu quem decide isso. Você está indo sem o meu consentimento.

─ Pedi transferência. O ministro australiano aceitou. Ponto final.

─ Mas eu não te liberei – disse numa voz arrastada.

─ Isso não é problema meu. Afinal de contas, o que você realmente veio fazer aqui, Potter?

Pensei que Hermione fosse explodir de ódio. Mas eu estava errado. Mais uma vez. Eu estava errado. Eu era errado, assim como toda a minha vida sempre foi. Ela simplesmente me olhou como se eu fosse um rato. E eu merecia aquele olhar, eu sabia que sim.


─ Eu vim responder aquela carta que você deixou sobre a minha mesa hoje de manhã.

─ Eu não quero que você responda.

─ Mas eu quero responder – eu estava aflito. Desesperado. Eu precisava fazê-la entender o quanto me doeu ter lido todas aquelas palavras. Porque eu sabia que era verdade. Eu sempre soube. Eu só não vi. Ou pior, eu realmente não fiz questão de ver.

─ Eu não preciso ouvir tudo isso. Na realidade, eu não preciso mais te ver, então, faça um grande favor para mim e para você: dê meia volta e volte para o Ministério. Eu já cansei de você.

Enquanto ela partia o meu coração em pedaços com aquelas palavras, eu enfiei a mão dentro do bolso da minha calça e retirei de lá um pedaço de pergaminho. Eu tinha que ter coragem para ler. Eu tinha que fazer aquilo. Por mim. Por ela.

─ Você é a pessoa mais correta que eu já conheci em toda a minha vida. E a mais sincera também. Você conseguiu em poucas linhas resumir a minha vida. E então eu vi. Eu fiz questão de ver. A minha vida é patética. Eu sou patético.

─ Harry, você não precisa...

─ Por favor, me deixe terminar.

Eu a vi engolindo em seco. Sorri por dentro. Eu tinha mexido com ela. Eu sabia que tinha.

─ ...E sim, eu também não consigo parar todas as lembranças que eu tenho de você. Eu sempre soube que eu era o cara certo para você. Desde a primeira vez que eu vi aquela garota baixinha de cabelos armados e dentes grandes aparecer na minha cabine de trem no meu primeiro ano. Eu sempre te amei, Hermione Granger. E o que ninguém sabe é que o grande Harry Potter, na verdade é um covarde. Um covarde por não ter conseguido dizer a mulher de sua vida que a amava tanto que chegava a doer...

Eu vi uma lágrima escorrer em sua bochecha esquerda, a qual ela limpou rapidamente na esperança que eu não visse.



─ ... A Cho foi apenas a primeira garota que eu beijei. Na realidade, foi apenas por despeito de ver você, mais linda do que já é, descer aquelas escadarias do castelo para ir ao baile acompanhada de Vitor Krum. E eu me odiei. Me odiei por não ter sido eu quem teve a honra de levar a garota mais linda e inteligente de toda Hogwarts àquele baile. E então, eu te via mais e mais distante de mim. E aquilo doía. Deus, como doía. E o meu orgulho era grande demais para te perguntar o porque de tudo isso. E finalmente, a Gina. Eu a amei, confesso. Assim como você amou o Rony. Mas assim como você, não era com ela que eu deveria estar. Era com você. Você e sempre você. Eu me casei. Você se casou. E eu me sentia culpado por querer matar o Rony todas as vezes que eu o via te beijar. Porque eu deveria te beijar, não ele. E quanto a Gina e o Malfoy, eu sei o que eles fazem. Mas eu simplesmente não ligo. A Gina viu que eu te amava, e assim como o Rony, ela fez questão de ver. Nós não nos divorciamos ainda pelas crianças. Eu não sei se elas saberiam lidar com isso.

─ Harry, por favor, pare com isso, você não tem que me dar nenhuma explicação.

─ Por Deus, Hermione, me deixe terminar. É só o que eu te peço.

Ela me olhou em meio ao mar de lágrimas que jorravam pelo seu rosto e então fechou os olhos. Eu sabia que esse gesto era o seu sinal verde me dizendo para prosseguir. Foi o que eu fiz.



─ ... E foi então que eu vi, e fiz questão de ver que toda a minha vida era um erro. Não ter te dito o quanto eu te amava foi um erro, meu casamento foi um erro, minha frieza foi um erro. Eu nunca consegui te esquecer. Ver você entrar pelas portas do Ministério com a sua pose de mulher forte e decidida me fazia amar cada pedacinho seu. E eu sempre te vi. Eu sempre fiz questão. Eu venci aquela guerra para poder te ver sorrir novamente. Eu te devo minha vida. Eu te devo tudo o que sou hoje. Eu nunca seria o que sou se você não estivesse por perto. E eu te amo. Eu só era fraco demais para te fazer perceber que aquela mulher disfarçada de melhor amiga, é sim, a mulher da minha vida. E eu vi isso. E eu faço questão de ver. Do homem que sempre te amou e que te amará por toda a sua existência, Harry Potter.

Ela continuou com a cabeça abaixada enquanto lágrimas corriam soltas por sua face. Eu queria abraçá-la, confortá-la. Amá-la. E então ela me olhou. E seus lindos olhos ainda tinham brilho. Verdes nos castanhos. Potter e Granger. Nos olhamos pelo o que me pareceu décadas, e então aquele momento foi interrompido por uma maldita voz:

─ Senhores passageiros com destino a Sidney, favor dirigir-se ao portão 3, de onde partirá o avião dentro de 10 minutos, obrigada.

Para meu completo desespero, eu a vi pegar as malas e o casaco. Eu não podia deixá-la ir. Eu não podia.



─ Por favor, Hermione, se você me ama e se todas as coisas que eu disse para você fizeram algum sentido, não vá. Eu sei que você não quer ir. Não agora que está tudo resolvido entre a gente.

─ Não tem nada resolvido entre a gente, Harry. Você é casado e eu acabei de me separar. E além disso, as coisas não se resolvem tão fácil assim.

─ O que você quer que eu faça para te fazer entender que eu te amo? Que eu grite para todo mundo ouvir? Que eu soque o piloto para o seu avião não decolar? Eu só quero que você fique aqui, Hermione, do meu lado, onde é o seu lugar.

─ Harry, eu preciso ir, meu avião está prestes a decolar.

─ Não vá, Hermione. Eu preciso de você, assim como eu precisei em toda a minha vida – falei, enquanto me aproximava dela – Eu não posso pensar em uma vida onde você não esteja junto a mim. Eu prometo diante de todos aqui presentes que eu te farei feliz pelo resto da sua vida.

E então, eu a beijei. E pela primeira vez em toda a minha vida, eu fiz algo certo. Eu vi isso. Ela viu isso. E nós dois fizemos questão de ver.


--x---

N/A: olá, meus lindos leitores *-*
bom, primeiramente eu gostaria de agredecer os comentários já aqui postados.
Segundo, me desculpem pelos erros de português.
E terceiro, POR FAVOR, COMENTEM MUUUUUUITO !
Voces não tem noção de como comentarios fazem bem pro ego de uma (pseudo) escritora
AH, e já tenho duas songfics prontinhas aqui no pc. 
E propósito, me desculpem mesmo pelo demora milenar ;D

beijinhos e até a próxima ;*

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