Sim, sim e sim.



Capítulo 05
Sim, sim e sim.
 


Os dias foram infinitamente lentos, desde que Harry e eu discutimos. Não fora algo tão escandaloso, para os padrões de um casal eufórico, mas ao contrário... Tudo fora muito sutil. Ele me atacou, e eu o fiz também. Palavras que sabíamos que magoaria um ao outro. Palavras que vibraram cruéis.


E até hoje, uma semana depois, não me atrevo a olhá-lo. Mas sei que ele me olha. Eu sinto...


E me queima, me distrai... Enlouquece-me, de uma só vez.
E me sinto por fim estranhamente confusa.


Contudo a raiva ainda não se dissipara completamente, e uma enorme tristeza se apossou de mim. Começo a achar que a fonte de minha alegria se chama Harry Thiago Potter, e está nesse momento ao meu lado, fingindo que qualquer banalidade é importante.


A voz de Rony ecoa contente, narrando qualquer coisa de sua vivencia, mas nós dois não partilhamos de nada desse sentimento... Os dois alheios remoíam os fatos...


Que ironia.


Até para sofrermos, tínhamos que fazê-lo juntos.


Afastei-me o máximo que pude por um tempo, e para não mais ser perguntada por nada, eu novamente me reaproximei do grupo. Não agüentava mais, Luna e Gina, me saracoteando de indagações sobre o porquê de Harry e eu nos evitarmos.


Não estava muito claro?


A verdade era que eu estava ainda muito irritada... Triste, e acima de tudo me sentindo imensamente solitária.


O silêncio já fazia parte da minha rotina. Nem ao menos tinha vontade de retrucar os comentários de Gina, nem de corrigir Rony a toda hora. Tudo era chato demais, e eu só queria ficar sozinha. Colocar meus pensamentos em ordem, contabilizar os estragos...


Naquele momento mais do que nunca eu precisava disso, e com uma desculpa qualquer, fora isso que eu fiz. Afastei-me novamente.
Harry me seguiu com o olhar, e um tanto contente, me certifiquei desse detalhe, antes de tomar um rumo ermo.


Os ventos frios de setembro castigavam-me. Senti um arrepio incomum por todo o corpo. Depois de tantos dias, eu ainda tinha a esperança de que tudo “terminasse” bem. De sentir novamente aquele calorzinho agradável, de sentir uma vontade a mais de que o dia durasse muito, mas penosamente tudo isso ia embora rapidamente, sei o quanto Harry é orgulhoso, e não obstante eu também o sou.


E talvez o fato de isto ser tão imperioso em nós dois, que acarretasse a causa do nosso distanciamento. Não cederíamos tão fácil. Pelo menos não até a raiva passar.


Fora assim quando terminei com Córmaco, e não fui correndo para os braços de Harry. A maneira menos dolorosa que sempre imaginei existir se eu pensasse um pouco mais, não era real. E acabei por optar a contar a verdade logo de uma vez. Ele ficou magoado, mas vi que era a melhor coisa. Não poderia enganá-lo por mais tempo.


Eu sofria na pele as conseqüências de tal...


E já nesta altura, minha esperança era cada vez mais diminuta. E começava a cogitar a ideia de que em breve eu teria que me concentrar para esquecer Harry e tudo que ele me fazia sentir. Não tinha conselhos de ninguém, estava mais perdida do que jamais estive. E totalmente confusa, só conseguia formar uma frase na cabeça: “Ele não será o primeiro, nem o último rapaz em minha vida, mas com toda a certeza, será o mais marcante.


Expeli o ar rapidamente, refreando a vontade de chorar. Mas não pude evitar algumas lágrimas teimosas. Eu o havia perdido por falta de iniciativa. O perdi por não saber lidar com minhas responsabilidades, nem com meus sentimentos. E agora só tinha as lembranças...


Fui injusta, talvez até mesmo sádica, como ele dissera quando brigamos. Mas não fora minha intenção. Eu sabia de quem realmente gostava, mas Harry não entendera que somente não gostaria de magoar Córmaco, o que foi impossível de não acontecer.


Porque ele não enxergava?
Porque eu fui tão burra?
Porque tenho que amá-lo?


- E tudo por conta de um beijo idiota! – exclamei, botando tudo para fora, e imergida nas minhas conjeturas nem percebi a presença dele, somente o percebi quando falou.
- Acha mesmo que foi um “beijo idiota”? – ele perguntou, e eu me virei, limpando o rosto.


Não poderia deixar minhas fraquezas tão a mostra. Eu não queria que ele me visse assim, então limpei as lágrimas.


- Se levar em conta tudo o que se seguiu depois... Sim, foi idiota. – comentei, tornando a sentir-me triste. Minha voz não era firme, era baixa agora.
- Terminou com Córmaco, não foi?


Assustei-me com a pergunta, e com a objetividade dele. Parecia que soubera a pouco, por isso viera ao meu encontro, maluco por uma explicação. Talvez... Sedento por uma reconciliação.


Mas eu não poderia ficar alegre com isso. Era só uma hipótese. E agora mais do que nunca não sabia decifrar Harry Potter.


- Está surpreso por eu não ter me humilhado correndo atrás de você? – retruquei, asperamente, tentando manter-me impassível ali. Mas poderia jurar que ele via o inverso em meu olhar, por isso me encarava com um sorriso torto nos lábios.
- Não. Só surpreso por ser tão teimosa, e orgulhosa.
- Não fui eu quem beijou Romilda Vane, sendo que tinha um “compromisso” com outra pessoa.
- Certo, ambos erramos. Você por não se livrar logo do seu namoro, e eu por ter me deixado beijar. – ele disse, estava sendo sincero. – E admito, fiz tudo para provocá-la, pois enquanto beijava Romilda pensava em você.  Mas pensava no quanto estava sendo lesado com sua indecisão. Pensava nas coisas que poderíamos fazer se eu fosse o seu namorado, não teríamos que ficar nos esgueirando pela noite...
- Não quero mais falar disso. Não quero... Não há mais nada a ser dito. Acabou!
- Acabou mesmo?


Não tive coragem de respondê-lo. Não o encarando nos olhos, como ele me pediu silenciosamente. No fundo eu queria gritar que não, que nada do que eu sentia havia mudado, mas simplesmente, o deixei ali. A ver navios.


Corri o mais ligeiro que minhas pernas conseguiram. Fugi dele, sendo que o que mais queria era me jogar em seus braços e senti-lo me beijar, e me abraçar...


Escapei como uma covarde, contrariando todas as leis do universo...


Mais dias se passaram, e continuávamos na mesma. Eu continuava na mesma. Bancando a durona, e insensível.


Depois do breve encontro, senti Harry diferente. Já me olhava com mais frequência, e sorria. Sorria de um modo que dizia que em breve eu também o acompanharia nos sorrisos, e em muito mais. Era uma promessa silenciosa, a qual eu ansiava que ele cumprisse.


Num dia notoriamente normal, eu me preparava para ir à biblioteca. Vale ressaltar que nunca mais me sentei àquela maldita mesa onde flagrei Harry e Romilda juntos... O certo seria que nunca mais me dirigisse aquele lugar, mas não podia trair a minha natureza. Eu precisava estudar, precisava de uma paz que eu não encontraria em lugar nenhum naquela escola, enfim precisava afundar meus pensamentos em coisas proveitosas.


Então quando precisei me ausentar de onde estava, para ir em busca de mais um livro para completar meu “arsenal”, fora que uma surpresa apareceu sobre a minha mesa quando voltei.


Meus olhos captaram brilhantes, a rosa vermelha, e um bilhete, ambos colocados ali cuidadosamente. A flor assumia toda a sua beleza, e perfume, e o bilhete trazia palavras que me fizeram derreter por dentro.


Com um sorriso bobo nos lábios, relia o que dizia sem parar.


Eu consegui. Consegui fazê-la sorrir outra vez. Já estava com saudades disso, sabia? E antes que pergunte como sei que sorri, basta apenas que saiba Srta. Granger, que estou sempre perto de ti. Muito perto. E sempre estarei.


Harry.”


Olhei ao redor, e o vi me encarando ao longe, sorrindo descaradamente. Daquele jeito que me fazia perder o fôlego, e o coração palpitar. Então Harry me lançou um olhar intenso, e saiu da biblioteca.


Realmente meu coração ficou em frangalhos, assim como minha razão.


Nos dias seguintes, mais surpresinhas...


Encontrei outro bilhete e uma pequena e delicada pulseirinha com pedras de âmbar dentro da minha mochila. O bilhete continha uma pequena comparação entre as pedras e meus olhos, e àquelas palavras foram suficientes para inundar meu coração. Eu jamais sequer sonhei que Harry pudesse ser tão bom com prosas e versos, e nunca imaginei que ele fosse ser tão romântico. Tudo na medida certa para que eu ficasse ainda mais apaixonada por ele.


No dia seguinte, sob os olhares dele, eu exibia meu presente a Luna e Gina. Elas me indagaram quem o dera a mim, e eu apenas disse que esse mimo fora obra de um admirador secreto. Tal revelação causou muito mais exclamações do que se eu contasse a verdade. Que fora Harry quem me presenteara.


Eu estava tão contente, que ele captava o brilho dos meus olhos com satisfação. Acho que estava pronta para perdoá-lo, só que Harry me castigava com os seus bilhetes, e sua eminente despreocupação.


O entendia muito entusiasmado e apaixonado, mas ele se mostrava diferente disso. Sempre silencioso e observador.


Estaria ele brincando comigo?


De repente um medo estranho apossou-se do meu ser. E se ele estivesse só tentando se vingar de mim?


Não suportaria se ele fizesse isso...


E durante uma tarde inteira eu fiquei pensando no assunto. Harry somente trocava algumas palavras comigo, aumentando o medo dentro de mim. Medo o qual eu exteriorizava com gestos mecânicos, e com o silêncio também.


E mais um dia se passou.


Nossa situação não se resolveu, mas algo naquela manhã me despertou de uma forma alentadora. E o sentimento ao ver a coruja branca bater na minha janela, fora indescritível.


Edwiges trazia um pedaço de papel, e meus olhos rapidamente captavam o que havia escrito em sua superfície.


SIGA AS INSTRUÇÕES:


1 – Me perdoe;


2 – Se me perdoar, e ainda me amar, então vá até o “inicio”;


3 – Quando chegar lá, responda a seguinte questão: “Tudo acabou mesmo entre nós, ou... Quer ser minha namorada?”


Ele nem deveria ter se preocupado em escrever ainda, o: “Estarei te esperando” e “Não demore muito”. Era óbvio que eu não iria cometer esta falta, meu coração ansiava por ele.


Sentada na cama - sem poder fazer outra coisa senão sorrir - afaguei as penugens brancas de Edwiges, que soltou um piado agradecido. Segurava firmemente o pedaço de papel em minhas mãos, elas estavam trêmulas. Não escondia a emoção que transbordava dentro de mim.


Meu coração batia tão depressa, como se o próprio Harry estivesse ali na minha frente me dizendo tudo aquilo. Era um fato que eu podia ouvir a voz dele ecoar na minha mente, reacendendo a esperança de que finalmente pudéssemos nos entender de uma vez por todas.


Ainda era muito cedo, e temendo acordar mais alguém, fui até o banheiro no mais absoluto silêncio. Durante todo o tempo que me preparava, a perspectiva de uma reconciliação não saia da minha cabeça. Muito menos o desejo de sentir novamente o gosto da boca de Harry.


Minutos depois...


Cheguei até o “inicio”.
A sala comunal.


Um arrepio me percorreu por inteiro, quando repousei meus olhos sobre ele. Harry estava apoiado na lareira, dando-me uma visão clara de seus ombros largos sob o pijama escuro. Eu estava tremendo, e ensaiava dizer alguma coisa, mas Harry e seus joguinhos me deixavam sem palavras.


Eu sabia o que dizer.


Tudo seguindo as instruções dele, mas as palavras apenas sumiam e minha voz também...


- Eu deveria ter feito algo mais difícil – ele disse, voltando-se para minha figura nervosa -, quem sabe um anagrama, ou um caça-palavras.
- Levaria muito tempo.
- Mesmo... – concordou, aproximando-se de mim. Minhas pernas vacilaram, quando os olhos dele mostraram-se mais verdes, além de apresentar todos os seus desejos. Eles eram os meus também.


Ele sorriu.


Ai Merlin! Como esse sorriso tem influencias sobre mim... Ironicamente, penso que nem seria preciso uma maldição imperdoável para que eu o obedecesse sem questionar.

O sorriso dele tem efeito “imperativo”.


Minhas mãos de repente ficaram suadas, e geladas, elas se aqueceram com as dele. Meu corpo estremeceu, quando sutilmente ele ficou mais perto de mim.


Por minutos ficamos apenas em silêncio, olhando um ao outro.


Um taciturno momento, tão importante, e que não fora necessário nada mais para completado e torná-lo especial.


Harry tocou meu rosto, seus dedos resolutos acariciavam minha face com delicadeza. Prendi minha respiração. Ele estava muito perto... Mais um movimento e nossos lábios se uniriam num beijo. No entanto, quando estava prestes a me beijar, Harry parou.


Confusa, suspirei.


Sem saber o que fazer, eu o fitei, e entreguei a ele o pedaço de papel amassado por entre meus dedos. Única coisa viável se eu porventura quisesse escapar com o orgulho inteiro.


Os olhos dele sorriram pra mim. Nunca os vira assim. Nem quando estávamos juntos, trocando beijos e carinhos. E eu totalmente embaraçada não sabia como agir. Minhas mãos de repente se tornaram moles, e sei lá, meu corpo também.


Então Harry, me juntou ao seu corpo. Sustentando a nós dois, num abraço apertado.


Nossos corações batiam juntos.


- E então? – ele perguntou roucamente em meu ouvido.


Eu estremeci. Fechei os olhos, juntando as palavras e os tópicos para respondê-lo, e quando enfim tudo estava ajeitado, falei baixo também em seu ouvido:


- Um: Sim, eu o perdôo. Dois: Ainda te amo, amo a cada dia mais... E três: Quero mais do que tudo ser sua namorada.


Harry sorriu e fora tão rápido que em segundos estávamos nos beijando. Novamente experimentei aquele gosto único. O sabor que se adaptava a mim, um único gosto que se tornavam muitos outros dependendo de minha perspectiva, e de nossa “vontade”.


Os braços dele ao meu redor desprendiam uma sensação perfeita em mim. Sentia-me protegida, querida e amada, como eu jamais poderia ser. A maneira como ele acariciava meus lábios com os seus, me fazia exigir sempre mais. E agora que eu era sua namorada, poderia ter Harry somente para mim. A qualquer hora, e a qualquer momento.


Porque aquele beijo, fora a resposta soturna e apaixonada que nossos corações cobiçavam. Aquele beijo fora o início. O ponto de partida para muitos outros...


(Fim?)


Ah, e antes que esta história termine de verdade tenho alguns pontos a ressaltar (Culpem Harry por todas as listinhas a partir de hoje...)


1     – Fiz Harry prometer naquele momento, que enquanto namorássemos, ele continuaria com seus joguinhos e bilhetinhos para me surpreender. O selo da promessa foram muitos, e muitos beijos ao longo do dia, da tarde e da noite.


2     – Nunca mais as minhas rondas noturnas foram tão monótonas, cada corredor era uma expectativa a mais.


3     – Nem meus estudos no canto mais remoto da biblioteca, me deixaram com sono outra vez.


4     – E o grande fato, mas não tão surpreendente, fora que Rony finalmente enxergou que Luna é a garota certa para ele, - mas claro, o fato de sua “dúvida amorosa” ficara oculto de si mesmo -, e Lilá está viciada em outros beijos, que, diga-se de passagem, não tem nem comparação com os do meu namorado... (porque eu já os provei) E acertou quem imaginou que ela está com Córmaco. Os dois andam muito felizes juntos pelos arredores de Hogwarts...


5     – Bem... Outros fatos e informações importantes, eu deixo pra depois, o dia está acabando e ainda tenho muito que fazer... Se é que me entendem? Tudo o mais ficará para uma próxima vez. Uma próxima lista. Um próximo beijo.


 


O sol estava mesmo se pondo...
A luz amarela e laranja incidia sobre o lago, lançando seus reflexos ao horizonte.


Fecho meu caderno, e olho para o meu namorado, sorrindo e brincando com meus cabelos, enquanto estamos esparramados sobre um forro no gramado, e diante desta cena fantástica, penso o quão afortunada sou.


Eu havia tido a opção de escolher muitos amores. Por certo amei cada um de uma forma distinta – amizade, paixão, atração – senti tudo isso por pessoas diferentes, mas no fundo... No fundo, meu coração sempre soube que Harry Potter seria o único.


Meu único amor.



Fim

******

N/A:
Ai ai... Finalmente eu terminei uma fic (coro de aleluia para esta autora). Gente to emocionada, eu acho que tenho que fazer fics curtinhas se algum dia eu quiser terminar algo nesta minha vida de escritora. Porque já devem perceber, eu me canso muito rápidos das coisas, então as fics longas sofrem com minha indolência. Tadinhas... Mas pretendo (não prometo mais) que vou tentar retoma-las, isso inclui
The sound of the heart, e Ante Diem.


Aiii amados, agradeço a todos os comentários ao longo da fic, amei cada um deles. Não vou citar todo mundo, mas saiba que estão guardadinhos no meu coração. *-* Mas vou citar a leitora mais especial de todas, que é a Laís, e seus super hiper mega MARAS comentários.


Se todos os leitores fossem que nem ela, as minhas fics teriam destino melhor que o hiatus. (aii...)


Bem, é o fim.


Ai que triste... Mas não fiquem melancólicos. Em breve, se eu arranjar uma trama legal, eu faço uma continuação. (ACEITO SUGESTÕES KKK). Quem sabe uma de poucos capítulos com a visão do Harry... quem sabe neh?


Oh...


Me despeço, agradecendo outra vez todos vocês que acompanharam. E os novos leitores que aparecerem após o termino, obrigadinha pela preferência. E de preferência comentem please!


Beijos da Jessy.

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Comentários (2)

  • Mione Jean Potter

    Alem da criativa forma de reconciliaçãoP.S: amei as listinhas 

    2015-03-11
  • Mione Jean Potter

    Francamente? Que maravilha de fic é essa??? Perfeita é a melhor palavra para defini-la. Amei esse Harry romântico e o jeito bacana, sem aquele super melodrama clichê. Gostei muito. E amei as narrativas da Mi. E as cenas de ciúmes ficaram ótimas. Gostei muito, parabéns!

    2015-03-11
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