O beijo em questão.
Capítulo 01
O beijo em questão
Caminhando lentamente por entre as pessoas, deixando o ritmo dos pais se acelerarem a sua frente, Hermione, apurava os seus sentidos. Os olhos castanhos esquadrinhavam o ambiente a procura do namorado. Seus ouvidos aguçavam-se em busca das vozes familiares dos seus amigos, e seu coração – confusamente – desejava rever uma só pessoa.
E enganava-se sua mente, se esta quisesse formar em sua lembrança a imagem de Córmaco...
Envergonhada, era certo moreno que ansiava encontrar.
Desde que se desiludira rapidamente com Rony, fora beijada por Harry num momento único, e conseguinte dera ao charmoso Córmaco uma chance, a morena encontrava-se certamente indecisa quanto a seus sentimentos, ansiosa por suas reações, e talvez receosa devido à intensidade de suas dúvidas e das consequências das suas ações.
Estava mais do que claro – explicado, seria a melhor definição – que o apanhador Grifinório beijara-lhe impulsivamente (um ato típico dele), por conta de uma situação em que os dois estavam vulneráveis.
No caso dela: a irritação, a mágoa e o sentimento de rejeição tomaram as rédeas e Hermione quis chorar.
No caso dele: uma incógnita singela e perfeita.
Mas a morena tirara suas próprias conclusões do fato. Harry estava um tanto carente, os “flertes” entre os dois haviam aumentado drasticamente naquela semana, graças a uma briga do moreno e da então namorada – Charlotte Walters – e bem... Ele queria irritar.
Mas irritar a quem?
Fizera-se essa pergunta por boa parte do verão, e não encontrara resposta alguma. Provavelmente, Harry, queria causar impacto, ou simplesmente irritá-la, visto que o alvo principal nem se sentira afetado.
Rony estava mais preocupado em beijar, do que presenciar um beijo.
O seu beijo.
Seu e de Harry...
Santo Merlin!
O moreno a pegara de surpresa. A agarrara sem que pudesse pensar direito.
Arqueou a sobrancelha...
Analisando melhor agora, nem tivera chance de formar um pensamento. Seus olhos marejados se fecharam da visão de Rony e Lilá, para adentrar num “escuro” de sensações maravilhosas.
E não mais o ruivo e a loira, eram o casal aplaudido.
E sim, ela e Harry.
Era muito estranho pensar nos dois assim. Harry era seu melhor amigo e tudo que viviam não passava de artifícios para tornar a convivência mais interessante. Os “joguinhos” eram só uma brincadeira, e nunca ela os levara a sério.
Mas será que deveria tê-los levado em conta?
Estacou no mesmo lugar, como se só agora pudesse estudar tudo com precisão, a mesma que usava nos deveres e dissertações que a desafiava. E não muito concluíra que não.
Não deveria de maneira alguma, relevar isto.
Gostava do namorado, e o amigo, possivelmente fazia o mesmo para com Charlotte, embora para Hermione ela fosse insuportável. Não que fosse com todos, a garota Sonserina era até legal, mas a morena não conseguia gostar dela.
Suspirou.
Quanta bobagem pensara num curto espaço de tempo. Era uma pessoa de noções circunspectas demais. Denotava de uma seriedade absurda, uma reserva limitada, e não tinha tempo para perder-se em futilidades juvenis.
Mesmo que tal futilidade lhe tenha arrancado o fôlego, a paz, o bom senso... A sanidade!
“Francamente”, revirou os olhos, sorrindo, “Hermione Jane Granger, é melhor parar com isso imediatamente... senão...”
- Filha ande mais depressa! – exclamou Jane, despertando-a de sua conflitante fantasia.
- Já estou indo... – resmungou, juntando-se aos pais. – Sou eu quem vai embarcar neste trem, e não vocês... E mais um detalhe importante, não estou atrasada e ainda tenho um par de tempos antes de partir.
- Sabe como é querida... Sua mãe e eu, nós... – começou o bruxo, lançando um olhar comprometedor a esposa.
- Oh, Sebastian! Não termine isso. – advertiu, corando.
- Só iria dizer que nós dois, queremos que nossa filha consiga um lugar decente neste trem. – disse sorrindo torto. – Que mania de pensar besteira, você tem, meu amor.
As duas riram, e Hermione com uma vontade a mais. Era muito divertido estar com os pais em momentos como aquele... Continuaram então caminhando, encontrando mais a frente, com os Potter.
Por mais que planejara encarar Harry com naturalidade, a bruxa não conseguira evitar o embaraço, e o rubor que atingira suas bochechas num tempo recorde.
- Oi garota. – ele disse, aproximando-se da amiga, deixando os pais de ambos a conversarem animados.
- Hei garoto!
- E aí, como foi seu verão? – perguntou casualmente, fitando-a de um jeito, que fizera Hermione sorrir.
- Proveitoso. – limitou-se a responder.
- Suponho que tenha lido bastante, e estudado também. E passado muito do seu tempo com seu namorado. – falou ele, e a garota tentara não notar o tom enciumado de sua voz.
- Supôs bem, Harry. – sorriu. – Mas só vi Córmaco alguns dias. Ele viajou com a família, e bem... Preferimos sentir saudades um do outro, e não nos ver muito durante as férias. E você? Não vou supor nada, mas espero que tenha pelo menos caído nos estudos por alguns momentos.
- Estudar foi à última coisa que pensei neste verão. – brincou, zombando dela.
- E qual foi à primeira coisa? – retrucou, no mesmo tom.
Parecia que a normalidade se encaixava novamente entre eles, e a garota nem mais se lembrava que tremia, e se sentia nervosa e diferente. Tudo era muito simples com Harry, mas ao mesmo tempo complexo.
“Sim, muito complexo”, pensou vendo-o se aproximar mais, a ponto de ficar milímetros dela, e de sua face.
- Quer saber, quem ou o que foi o primordial dos meus pensamentos? – segredou-lhe, e um frio arrepio lhe correu pelo corpo.
- Sim, e digo ainda, que tenho medo de saber.
Ele sorriu, meneando a cabeça. Não se mostrara incomodado, sinal de que tudo estava nos conformes da boa amizade, mas para Hermione, não estava nada bem. Tudo estava de pernas para o ar em seu intimo. O coração batia tão rápido, num compasso avassalador, e sem explicação.
Tentando entendê-lo, vira Harry se afastar um pouco, deixando-a atordoada com a rapidez de seus gestos, e com seu perfume masculino.
- Eu sou capitão do time de Quadribol, e agora é oficial.
Céus!
Por um minuto...
Bem. Por mais de um minuto, pensou que ele diria que ela habitara seus pensamentos. Mas seria muita pretensão de sua parte exigir isso. Fora apenas um beijo no calor do momento. Não uma sentença de morte, uma pena para Azkaban.
- Oh! Isso é maravilhoso! – apertou-o num abraço, recuperando-se da frustração ligeira. A qual mais tarde se indagaria sobre ela, como vinha fazendo com tudo que rodeava a figura de Harry. – Estou tão feliz por você, e orgulhosa também. Sei o quanto se dedicou.
- Obrigado, Mione. Agora também tenho um cargo importante, Srta. Monitora.
- Sim, senhor capitão!
Abraçaram-se outra vez, e tão logo os olhos de Hermione trocou de foco, ela avistara Córmaco, vindo em sua direção. Pode perceber a impaciência de Harry, que bufou e parou de falar... Pudera sentir até o olhar do pai recair-se sobre si.
Sebastian não aprovara a indumentária do namorado da filha. Para ele, Córmaco era somente um garoto bonito e arrogante. Sem nada para oferecer a Hermione... Nada do que ele gostaria de acrescentar a vida da garota.
Harry se afastou, quando o outro, tomou Hermione nos braços, beijando-lhe arduamente. Se antes já se sentia enciumado, agora o ciúme atingira o cume. Um nível alarmante.
Respirou fundo, antes de parar próximo ao pai, e Sebastian. Cruzou os braços, e desviou os olhos.
E pensar que antes do verão, fora ele que a beijara daquele jeito...
No entanto, não podia evitar lançar uma olhadela ao casal. Hermione se agarrara ao namorado, e as mãos de Córmaco, passeavam soltas, até se firmar na cintura da morena. Apalpando mais do que devia, e segurando-a de forma possessiva.
Mordeu a língua para não lhe lançar uma azaração. Contraiu o maxilar, e voltou-se para os adultos.
- Eu o detesto! – exclamou o Granger, e Thiago rira.
- Se serve de consolo, eu também. – disse Harry, irritado. – Mas não se preocupe tio Sebastian, treinei muitas azarações e feitiços.
- Conto com você rapaz, olho nela, hein?
...
Nunca em sua vida, imaginara que precisaria estar fingindo ler. Mas o livro em seu rosto, servia para ocultar-se de Harry. Livrava-a de seus olhares, e também de seu próprio acanhamento.
A leitura sempre fora algo fascinante para ela, no entanto, naquele momento era apenas um estratagema.
Fugir do moreno era a melhor solução, já que ainda não reunira a dose de coragem suficiente para comentar sobre o beijo.
Harry estava sentado de frente para ela, e a observava discretamente. Notou que há alguns minutos, a garota não trocara a página do livro, e quando ela o fizera anteriormente, fora tão rápido que ele supôs que não lia absolutamente nada. Hermione poderia ser veloz, mas seria impossível naquele tempo terminar de ler uma página sequer.
Sorriu, encostando a cabeça no estofado do assento. Ela o ignorava de propósito, já que não havia nada, nem ninguém ali para que pudesse dividir sua atenção, e desviar-se dele.
Por mais que ela fosse esperta, já entendera seu plano... Então a ignoraria também, visto que tinha ele próprio um plano a que pensar.
Os minutos foram se passando, mas Rony não voltara – deveria ter encontrado Lilá pelo caminho, e os dois estariam se agarrando numa das cabines – e o silêncio continuava ali.
O livro, mero enfeite em suas mãos, fora repousado sobre o colo. Ao fazer tal gesto, Hermione ousou fitar o moreno rapidamente. Ele estava distraído, mas tinha um sorriso lindo nos lábios.
O encarando prudentemente, fingindo outra vez, prestar atenção nas frases do autor de Runas, tentava decifrar o brilho dos olhos dele. Não somente a incandescência, mas também o motivo do sorriso. Daria toda a sua mesada, em libras e galeões, para saber o que Harry tanto pensava.
Não obstante, tinha que deter-se em seus próprios devaneios.
Deixou os símbolos do volume, e pôs-se outra vez a encarar Harry, num suspiro fundo, emendou a pergunta que não a deixava em paz.
- Harry – ele a olhou, e o sorriso apenas se intensificara. –, por que... Porque me beijou?
- Não gostou? – simplesmente indagou, erguendo a sobrancelha negra, curvando o corpo para frente.
- É claro que gostei. Digo, foi bom, ótimo, mas... – atrapalhou-se, e ele riu. – Ora, não me responda com uma pergunta! Por quê? Só diga por que me beijou...
- Desculpe, mas precisava saber se havia sido aprovado. Que bom que gostou... O meu ego agradece. – retratou-se, mas sem deixar de sorrir um único momento.
- Ficou com pena de mim, não foi? Por Rony ter beijado Lilá, e me... Me dado um banho de água fria. Por ter desprezado meus sentimentos, mesmo que de fato não soubesse deles, porque até eu estava um tanto confusa em relação a isso.
- Mione, eu a beijei porque senti vontade. – disse sincero, e os olhos dela brilharam como os dele. As bochechas da morena se tornaram rubras e quentes. – Não senti pena nenhuma de você. Talvez além dessa súbita e forte necessidade, eu... Queria causar uma sensação.
Ela riu sem jeito. Harry mal sabia as sensações que causara nela... Chegava a ser até meio irônico. Queria causar sensação nas pessoas, ou apenas em si? E será que já tinha noção do que causara dentro dela?
Aquela mistura de imprecisões, e expectativas. De certezas e incertezas. De paixão e amizade... Como Harry era capaz de fazer despertar tantas coisas dentro de si, e ao mesmo tempo?
Isso não sabia responder.
Precisaria de tempo e disposição para solucionar este enigma.
- Rony diria se estivesse aqui, que queria roubar as atenções, já que ele era o “cerne” do falatório e das especulações, e que não queria ficar pra trás.
- Talvez. Mas não foi isso. E você sabe, não é?
- Eu não sei de nada, Harry. – falou, e ele esgueirou-se até o seu lado. – Pareceu-me que poderia ser qualquer uma; só que era eu quem estava do seu lado naquela hora, e coincidiu tudo. O fato de eu “gostar” de Rony, e aquele beijo asqueroso em seguida... E...
- Shiu... – sussurrou, calando-a com a proximidade seus lábios.
Surpresa, Hermione manteve-se entorpecida, olhando para ele. Apenas escutava o coração bater fortemente, enquanto Harry encostava os lábios firmes contra os seus. Fechou os olhos, no exato momento em que ele abria passagem para um beijo mais profundo.
Com um suspiro rouco, ela o recebera sem protestos.
Os sabores de suas bocas se combinavam, à medida que alcançavam a cumplicidade, que ia gradativamente incendiando o beijo. A única diferença agora era que não tinham expectadores, estavam os dois sozinhos, prontos a se entregarem mais a este sentimento que os tomava conta.
Embora não o compreendessem corretamente, o sentiam com todas as forças. E seria muita hipocrisia ignorá-lo.
Aos poucos ficaram menos sedentos, e iam explorando lentamente um ao outro. A surpresa fora embora, dando lugar ao medo de que ele deixasse de beijá-la. Não queria que isso acontecesse...
Aproximou-se mais de Harry, sentindo o calor que dele decorria. Ela também já estava em fagulhas. O moreno tinha a dádiva de deixá-la dessa maneira.
Hermione abrira os olhos, e soltou um gemido de protesto quando Harry parou de beijá-la.
Ofegantes, se encararam.
- Vo... Você me beijou outra vez! – exclamou, tocando levemente com a mão aos lábios, suavemente inchados.
- E não tinha nenhuma outra por aqui. – respondeu, sorrindo. – Entende agora?
*****
N/A: Yeah, mais uma fic, essa será curtinha, composta apenas de cinco capítulos. E como já estou escrevendo o ultimo, resolvi postar.
Tive essa ideia dentro do cinema, vendo a porcaria daquele filme... (desculpe a sinceridade, mas certos momentos eu odiei, creio que alguns de vocês também, então não tem problema KKKKK).
É uma mistura de UA, com alguns fatos que realmente aconteceram. Como o beijo do Rony e da Lilá. Imaginei naquela hora o Harry agarrando a Mione, e tascando um beijo nela, então saiu isso.
E eu espero realmente que vocês gostem.
Quem sabe quando eu terminar alguma outra fic, eu faça uma continuação mais longa desta aqui. A qual já estou pensando seriamente em fazer, mas terão que ter paciência. Não será por agora...
Brigada a Freya, Betina, e Serena, que comentaram, thanks mesmo meninas! Adorei seus comentários de incentivo, e aí está o primeiro capitulo prontinho.
Aguardo mais comentários.
Beijos, amados.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!