Capítulo Único
Era como se piano, violinos e outros instrumentos mais belos e delicados tocassem uma música melodiosamente linda e triste.
Mãos unidas em uma espécie de corrente, e em orações. Estavam se despedindo de alguém muito querido.
- Mãe, olha o que o Jorge fez!
- É mentira! – Jorge fuzilou seu irmão com os olhos.
- Se eu for ai vou bater nos dois... – a voz da matriarca da família ecoou na cozinha, ela estava nos aposentos superiores da Toca.
- Viu o que você fez? – acusou Fred. – Vai ver só quando eu ganhar minha varinha...
- Tô tremen... AI! Oh, MÃE... – gritou Jorge de dor.
Fred jogara uma panela que atingira a cabeça de seu irmão.
- Chega! Tô descendo. É bom que estejam ai. Senão vou bater com mais força.
- Uh-uh! Corre Fred!
- Você também.
...
Lágrimas lhe escorriam as faces. Não era possível que, aquele com o qual compartilhou invenções, experimentos, brigas e risos estava dormindo em uma cama fúnebre, da qual nunca mais acordaria.
Something has left my life
Algo levou minha vida
And I don’t know where it went to
E eu não sei para onde ela foi
somebody caused me strife
Alguém me causou uma discussão
and it’s not what I was seeking
E não é o que eu estava procurando
Ele balançou a cabeça espantando a lembrança. Mas elas insistiam em voltar, passavam em sua cabeça como um velho filme preto e branco, a morte dele levou o colorido da vida: sem a própria cor, sem o riso, sem o som… Aonde se fora tudo?
- Noite, mamãe.
- Boa noite, querido.
- Bo’noite, mamãe. Eu te amo. –
- Eu te amo mais!
- Não eu amo mais
-Não!
- Crianças! Os dois me amam mais, o.k.? Agora deitem.
Molly apagou as luzes antes de sair do quarto. – Não! Acesa. – implorou Jorge.
- Querido, não tem nada de ruim no escuro. Mas, vai ficar acesa, querido.
Jorge pegou no sono enquanto Fred virava de um lado para o outro. Levantou-se e apagou as luzes. Jorge despertou automaticamente só que aos prantos. O pequeno garoto tinha muito medo do escuro.
Didn’t you see me? Didn’t you hear me
Você não me enxergou? Você não me escutou?
Didn’t you see me standing there?
Você não me enxergou parado lá?
Why did you turn out the lights?
Por que você desligou as luzes?
Did you know that I was sleeping?
Você sabia que eu estava dormindo?
...
Agora, Fred apagara as luzes novamente. Ele estava morto.
“Merlim! Daria minha outra orelha pra que isso não fosse verdade. Não! Eu daria a minha vida. É mentira! Só pode ser isso... Malditos!”
O caixão fora suspenso do chão estava prestes a atingir o seu lugar a alguns metros terra abaixo. Alguns homens seguravam as cordas que mantinha a cama de Fred suspensa, entre eles, Lino Jordan, Olívio Wood e Harry Potter.
“Fred... Você não pode ter morrido! Somos amigos, parceiros, sócios e gêmeos. Eu não existo sem você e você não existe sem mim! Não pode me deixar aqui... Sozinho.”
Jorge sentia medo. Olhava a tranquilidade da água, mas mesmo assim tinha medo de entrar no lago. Seria fundo? Perigoso? Talvez.
- Vem logo, Jorge.
- Vai você primeiro. Vou depois... – disse o jovem sem tirar os olhos do lago.
- Nada disso! Vamos, me dê sua mão.
- O quê? Ta me estranhando?
- Não me faça te dar um socão.
- Até parece...
- Você ta com medo.
- NÃO!
- Ta sim... Medo igual ao de escuros... Vamos, me de a mão, nós vamos juntos! Somos gêmeos não somos?
- FRED! – berrou. – Você se lembra? Juntos! Como gêmeos...
Mal dissera aquilo e jogou-se em cima do caixão. O peso do corpo de Jorge fez o caixão pender para o lado esquerdo, balançando de um lado para o outro.
- Tirem ele daí! – ordenou o mestre de cerimônias.
Algumas pessoas ficaram comentando, chamando-o de louco, outros tentavam tirá-lo de cima do caixão. Mas, Molly estava assustada. Tinha uma das mãos tampando a boca segurando o grito de horror ao ver aquela cena triste e melancólica.
- Jorge... Filho! – implorou.
-NÃO! Eu tenho que ficar com ele... Tenho que ir com ele! NÃO! – desesperou-se, já que conseguiram tirar ele de onde estava.
- Eu não quero... Soltem-me. – Chorava um choro amargo e doloroso. Parecia não ter fim. Parecia que a ferida não iria se cicatrizar. Por que não o deixaram ficar com Fred? Eles eram gêmeos... Como tal, tinham que ficar juntos.
- Não... Mãe... – Molly tinha-o nos braços, estavam ali ao chão, agachados e chorando.
- Olha pra mim! – ordenou a mãe. – Reze para seu irmão, ore pela alma dele.
- Orar? Ele ta morto. Não vai voltar mais, mãe. – disse com os olhos vermelhos. – Eu que tenho que receber orações... E, não um morto!
Say a prayer for me
Faça uma oração por mim
Help me to feel the strength I did
Ajude-me a sentir a força que eu sentia
My identity has it been taken
Minha identidade foi levada
Is my heart breaking on me
Meu coração está se partindo em mim?
- Jorge Weasley! Olhe para todo mundo aqui. Ele fez como a mãe lhe mandou. Sem dúvida era um enterro popular por ironia da palavra. Muitas pessoas estavam ali, estava se despedindo de Fred. E, elas olhavam para tudo aquilo, boquiabertas. A cerimônia tinha se pausado, todos olhavam para os dois ali ajoelhados e chorosos.
- O que tem?
- Você não é o único a lamentar a morte de Fred! VOCÊ ENTENDEU? – vociferou.
...
O piano, violino, e todos os instrumentos mais belos e delicados tocavam aquela linda música. Melodiosamente linda e triste.Aquela som amornava o coração de quem ouvia, mas também não apagava a tristeza da perda, da ausência.
Orações eram feitas em harmonia com o som dos instrumentos. A despedida acontecia de forma que, o herói ali jazido fosse lembraado para eternidade.
Fred despertou, espreguiçou-se. Acabara de ter um sonho ruim.
“É claro que foi um sonho!”
Levantou-se. Olhou seu quarto e a sua decoração. Pôsteres de alguns batedores de Quadribol famosos, caixas com novos produtos da Gemialidades Weasley. Viu sua cama e etecétera. Vira tudo, mas não tinha visto quem ele procurava. Onde estava Fred?
Desceu as escadas ligeiramente. Parecia que tinha aparatado até a cozinha da Toca. Sua mãe estava lá pondo a mesa.
- Mãe... Cadê o Fred?
Molly virou-se, ela estava com os olhos marejados e bem vermelhos. Chorava, mas continuava os afazeres, não parava um minuto sequer de cozinhar nem mesmo quando Jorge a indagou.
- Cadê ele mãe? – desesperou-se novamente
- Deixe seu irmão descansar... Ele ta em paz!
- Mas eu não! – uma lágrima lhe escorreu a face. – eu quero morrer...
Molly foi com fúria para cima de Jorge, batia onde suas mãos alcançavam.
- Para mãe...
- Você não vai morrer, mas vai apanhar... – batia sem hesitar.
- Eu sinto a falta dele... Ele era meu gêmeo, mãe! Meu irmão. – chorava tanto pela dor da perda quando pela dor causada pela surra da mãe.
- Ele era meu filho! Meu menino!
- Mãe – disse desesperado. – O que a gente vai fazer?
Molly olhou o filho desesperado, se minutos antes, batia, agora enxugava as lágrimas dele.
- Não é o fim, Jorge!
- Mãe eu sinto um vazio. Um vazio bem aqui. – colocou a mão no peito.
- Temos que continuar, não é? – disse querendo convencer a si mesma.
- Sinto um vazio, mãe! – disse aos soluços... – É isso que se sente ao perder alguém?
- É... Um grande vazio... Porém, temos as lembranças!
- Lembranças? – perguntou incrédulo
- Sim! – respirou fundo. – Ajuda a continuar... Somos uma família!
cos’ my plans they fell through my hands
Todos os meus planos caíram das minhas mãos
They fell through my hands on me
Eles caíram das minhas mãos em mim
All my dreams it suddenly seems it suddenly seems
Todos os meus sonhos de repente parecem
De repente parecem
Empty, empty
Vazios, vazios
Lembrou-se da vez que Fred jogou uma panela em sua cabeça...e de tantas outras coisas...
Empty, empty
Vazios, vazios
Fred apagou as luzes do quarto.
Empty, empty
Vazios, vazios
Fred lhe deu a mão para juntos pularem no lago.
Empty
Vazios
Fred estava morto.
Lindas lembranças, únicos momentos que fazia a dor amenizar e a prosseguir. Seguir adiante. Se fora isso que sobrara a Jorge e aos Weasley, eles se agarrariam a elas.
fim
Comentários (1)
muito linda,chorei litros,isso foi uma inspiraçao vou fazer uma fic sobre eles e tentar deixar tao linda como elas
2013-10-18