Aliança das Trevas




   Era uma sala escura. A única fonte de luz era vinda da lareira. Um fogo forte tentava esquentar o lugar que esfriava com a brisa gelada da janela.


  O aposento não era nem um pouco aconchegante, o chão era de um carpete veludo verde muito empoeirado. Havia algumas estantes onde vários livros estavam surrados, alguns caídos sobre os outros. Alguns quadros mal conservados traziam figuras de bruxos bem vestidos, provavelmente milionários de épocas antigas. Os candelabros estavam totalmente apagados, as velas estavam totalmente gastas neles. À frente da lareira havia uma poltrona vermelha. Um bruxo estava sentado nela. O bruxo ficava olhando inquieto para o próprio braço, um braço extremamente branco.


   - Sinto muitas coisas interessantes dentro de mim... coisas que nunca senti antes...é uma sensação nova...de poder...sim...esse poder...essa magia...isso é...magnífico! – ele abriu a palma da mão e um objeto surgiu, era algo de madeira, uma coruja.


   Não demorou muito e a coruja de madeira sumiu revelando um outro objeto, uma estrela de seis pontas. O bruxo olhava para a estrela com uma expressão indescritível.


   - Isso está melhor do que eu pensava – disse fazendo o objeto sumir.


   A porta do aposento se abriu soltando um rangido um tanto alto desviando a atenção do bruxo de seu braço. Ele revirou os olhos para vem quem era. Era uma bruxa. Ela trazia uma expressão animadora em seu rosto.


   - Já voltaram? – perguntou o bruxo.


   - Foi uma tarefa fácil Mylord, fiz exatamente o planejado – disse a bruxa da porta.


   O outro sorriu.


   - Fico surpreso que Potter não tenha dado trabalho dessa vez, vocês, o mataram por acaso?


   - Nunca. Todos sabemos que Potter tem que morrer por suas mãos – ela disse – pelas mãos do grande Lord Voldemort!


    Voldemort se levantou da poltrona e caminhou lentamente até a janela aberta. Olhou para céu daquela noite escura sentindo a brisa cortar seu rosto.


   - Sinto-me diferente Bellatriz – ele disse.


   - Diferente? Como assim, mylord?


   - Sinto algo grandioso dentro de mim, algo que eu não tinha da ultima vez, é como se... eu tivesse voltado muito mais poderoso... mais confiante... mais inteligente...


   - Mas o senhor sempre teve essas qualidades – disse Bellatriz sorrindo.


   Voldemort se virou para encará-la com aqueles olhos vermelhos.


   - É bom ouvir um elogio como tal vindo de você, mas tenho certeza que essas habilidades novas, são tudo fruto desse novo poder, desses objetos que agora eu tenho posse – ergueu a mão e fez uma espada brilhante aparecer.


   - Os treze objetos sagrados de Merlim – Bellatriz fitou seus olhos naquela espada hipnotizada – são... sim... muito poderosos.


   - De fato – Voldemort fez o objeto sumir e sua expressão agradável mudou para mal humorada.


   - Peço desculpas...


   - Não há culpo por ter desejo pelo poder, eu fico muito contente em saber que você pensa igual a mim – Voldemort caminhou na direção da porta onde a outra estava – reunião, junte todos os comensais, matem os inúteis que estão sobre imperius...


   - Mas mylord são, muitos! – interrompeu-o Bellatriz.


   - Isso foi uma ordem – disse saindo do aposento.


 


 


   Molly abriu a porta com dificuldade e uma luz forte os cegou. Rosa foi a primeira a sair do armário sumidouro olhando atentamente para o lugar em que estavam. Os outros saíram logo atrás ainda inseguros.


   - Deu certo! – exclamou Rosa triunfante – estamos em...


   - Gringotes! – exclamou Alvo alto.


   Os altos banquinhos, onde à luz do dia eram habitados por duendes nervosos que examinavam e escreviam muitas coisas, estavam completamente vazios. Entretanto o piso do lugar estava tão brilhante, que parecia ter sido limpo há poucos minutos.


   - Oooh. Estamos no meio de um banco a noite – comentou Tiago revirando os olhos – não é meio... perigoso?


   - E por que seria perigoso? – perguntou Lílian delicadamente – eu nunca estive aqui, esse lugar é fascinante.


   - O Tiago está certo – disse Rosa concordando com a cabeça – não vai ser boa coisa sermos pegos no banco, podem pensar que estavam tentando um assalto ou sei lá o que.


   Molly cambaleou colocando a mão na cabeça. Todos ali se viraram para olhá-la, a garota apenas sorriu.


   - Me deu uma tontura, não me olhem assim – disse.


   - Você está o.k irmã? – perguntou Lucy, sua irmã mais nova, que estivera totalmente calada desde então.


   - Tudo certo querida.


   - O que acha de darmos o fora daqui então? – perguntou Alvo – não quero ser preso!


   - Nem eu – estremeceu Tiago – mas também, como íamos saber que esse armário doido sairia em Gringotes!


   - Até que é meio obvio – disse Rosa encarando o primo – há um armário sumidouro aqui, e outro no clube deles, nunca se sabe o que os duendes fazem nas horas vagas né?


   - Eles gostam de se divertir no clube deles – comentou Lílian.


   - Ah devem se divertir muito, aquele lugar é demais, quero voltar para lá qualquer hora – disse Tiago sonhadoramente.


   - Pare de dizer bobagens Tiago, não é hora, temos que sair daqui – Rosa disse já começando a caminhar.


   Mas parou, assim como todos atrás que já haviam começado a segui-la. Um som forte de passos veio de uma outra sala. Alguém estava vindo. Eles deram alguns passos para trás, mas seja lá o que estava vindo, já estava ali, dobrando o corredor.


   - O QUE É ISSO? LADRÕES...LADRÕES! – berrou um duende barbudo muito mal encarado.


   - Cala boca anão de jardim – rosnou Tiago lhe apontando a varinha.


   - VOCÊ VAI VER O ANÃO DE JARDIM SEU FEDELHO... – o duende ergueu a mão contra o outro.


   - Vai com calma – sibilou Fred. Este estava muito cansado também.


   - Não aponte a varinha para o coitado do duende – advertiu Rosa a seu primo – e você pare de berrar que somos ladrões.


   - Não me façam rir... – começou o duende, mas se calou quando um baque soou.


   Molly havia desmoronado ao chão. Caiu mole como se não tivesse vida, desacordada. Alvo correu para ajudá-la, assim como Fred e Lucy, os outros ficaram olhando sem saber o que fazer. O Duende também só observava sem palavras.


   - Molly... Molly... desmaiou – disse Rosa analisando a prima.


   - Ela recebeu um feitiço em cheio do Roran lá na escada – lembrou Fred – talvez não tenha sido um feitiço comum.


   - Ela precisa ir para o hospital! – alertou Alvo desesperado – não podemos deixar ela ai.


   - Hospital? Nem sabemos onde tem um hospital Al, e, como vamos sair com a Molly por ai com os comensais a solta? – perguntou Tiago.


   - Porque não faz comentários produtivos Tiago – disse Rosa irritada – o que vamos fazer... FAZ ALGUMA COISA DUENDE!


   O duende pulou se assustando com o berro da garota, mas correu até o corpo de Molly e começou a analisá-lo. Os outros ficaram apreensivos enquanto o duende fazia sua examinação, Hugo e Lílian estavam abraçando a pequena Lucy, que não tinha desgrudado os olhos da irmã. Rosa caminhava de um lado para o outro com a mão no queixo reclamando baixinho.


   - Precisamos chegar no hospital, mas como? Alvo!


   - Que? – perguntou o outro a olhando.


   - Você não pode chamar seu elfo?


   - O velhote do Mostro? Não. Ele só obedece ao papai.


   - É elfo inútil – comentou Tiago, sua prima lhe lançou um olhar mortal, igualzinho o que sua tia Hermione lançava quando ele falava sobre o mesmo assunto.


   - Talvez... – ia começando Alvo.


   - Espere, me deixar pensar, não estou conseguido pensar – interrompeu ela colocando a mão na cabeça.


   Foi então que os gêmeos de Luna, Lysander e Lorcan, resolveram falar pela primeira vez.


   - Agite a mão em volta da sua cabeça – disse Lysander.


   - Você não está conseguindo pensar por causa dos zonzóbulos – explicou Lorcan – eles estão embaralhando sua mente.


   - Zon... o que? – repetiu Tiago rindo.


   Mas Rosa nem tinha se importado com o nome da criatura, se alguém pudesse sugerir algo produtivo, ela faria. Sem menção agitou suas mãos em volta dos ouvidos como se quisesse afastar algo.


   - Ela está com hemorragia interna, precisa ir para o hospital o mais rápido possível – disse o Duende terminando seu analise.


   - É mais grave do que eu pensei – gemeu Alvo.


   - Vamos para o St. Mungus! – exclamou Rosa parando de mexer os braços em volta da orelha. Realmente parecia que as cosias tinham ficado mais claras depois desse agito.


   - É o hospital dos bruxos mais próximo – falou o Duende.


   - Vamos como? – perguntou Tiago.


   - Nôitibus é claro!


   Tiago, Alvo e Fred deram tapas na própria testa.


   - Não tinha pensado nisso – exclamou Alvo – mas, ele vem até o beco diagonal?


   - Ah vem sim – disse Rosa sorridente – eu li num livro lá em Hogwarts...


   - Ta, ta, ta, já sabemos que você leu a biblioteca inteira da escola, não precisa ficar se gabando – interrompeu Tiago impaciente – vamos levar a Molly de uma vez.


   - Mas não vamos todos juntos – disse a prima ignorando o comentário do outro.


   - Por que não?


   - Ora essa... temos que ficar num lugar seguro, até que nossos pais entrem em contato – ela disse firmemente.


   Hugo concordou com a irmã mexendo a cabeça.


   - E vamos para onde? – perguntou Tiago.


   - Vamos fazer o seguinte, eu vou com... o Al levar a Molly pro St. Mungus – disse a garota – você e o Fred levem os outros ao Caldeirão furado, falem com o Tom.


   - Não, eu levo a Molly pro St – se apressou a dizer Fred – sou o mais velho aqui e...


   - Fred, você também ta um pouco machucado, e, justamente por você ser o mais velho, você tem que cuidar dos seus primos menores – ela indicou Lucy, Hugo, Lílian e Roxanne – e dos filhos da Luna também, sem contar que o Tiago faz as coisas mais decente se tiver junto com você.


   - O que quis dizer com esse comentário Rosinha? – Tiago apontou a varinha para a prima ameaçadoramente.


   - Deixe de ser babuíno, abaixa essa varinha, a gente já usou magia fora da escolha o suficiente por hoje, e vamos logo, temos que andar logo com a Molly – Rosa olhou para o Duende – pode fazer ela levitar até chegarmos no beco?


  - Bom, está bem, vendo que é situação de vida ou morte... mas me digam de onde vocês vieram? – começou o Duende fazendo a outra levitar do chão.


   - É uma longa historia – disse Alvo revirando os olhos – estávamos no clube dos duendes no casamento do meu tio Carlinhos...


 


 


   A sala estava cheia de pessoas silenciosas, sentadas a uma comprida mesa ornamentada. Os moveis que habitualmente a guarneciam tinham sido empurrados descuidadamente contra as paredes. A iluminação provinha das chamas vivas de uma bela lareira, cujo console de mármore era encimado por um espelho dourado.


   Um dos detalhes que mais estava chamando atenção dos ocupantes daquela sala, era a chegada de um bruxo ruivo, que tinha sido colocado ao fundo onde à luz teimava em não chegar. O outro detalhe inquietante era, que, a cada dez segundos, ouvia-se um “Avada Kedavra” vindo dos fundos da casa. A voz ecoante de Bellatriz era inconfundível. Lucio também estava com ela, assim como Greyback, que convencera seu lord a deixar os cadáveres como jantar para os outros lobisomens.


   Voldemort já estava naquela sala, falava atentamente com mãos umas seis pessoas. Pessoas, que, segundo Dolohov, ninguém ali nunca tinha visto na vida. Com exceção do amigo de Bartok, Yorgo. Este parecia ter muita intimidade com os novos visitantes.


   - Como o Yorgo tem tanta intimidade com esses bruxos amigos do lord das trevas Bartok? Parece que se conhecem há décadas! – resmungou Dolohov olhando de esguelha para o grupo.


   - Vai ver se conhecem – disse Bartok revirando os olhos para lá – se não for pedir muito, eu prefiro que me chamem pelo nome, afinal, não preciso mais me disfarçar.


   Dolohov resmungou algo baixo.


   - Você é muito exibido Bartok... ou Roran... seja lá como for seu nome.


   - Pare de resmungar – indagou Yaxley curvando-se na mesa – o Roran pode ser um exibido, mas é um grande bruxo, grande sim, foi ele quem ajudou na nossa fuga de Azkaban.


   - Ele e o Edgar – destacou Dolohov com nojo – nunca gostei do Edgar, sujeitinho impertinente, bem feito que tenha sido mandado para o inferno pelo lord das trevas.


   - Ele era um bruxo de classe alta – defendeu-o Roran fechando os punhos na mesa – só era meio... estabanado... não sabia controlar o poder que tinha.


   - Ele tinha problemas psicológicos isso sim – rosnou o outro voltando a olhar para o grupo que falava com seu lord.


   - E quem não teria – falou Roran surpreso, escutando mais um avada kedavra vindo dos fundos da casa – afinal Voldemort...


   - Lord das Trevas garoto! Não o chame pelo nome. Não na minha frente – ameaçou Dolohov apontando a varinha para o rosto dele.


   - Pare de se exaltar homem – disse Yaxley irritado – se o garoto quer chamar nosso lord pelo nome, deixe ele...


   - Talvez um bom Crucio acalme seus nervos moleque – resmungou o outro baixo.


   Roran riu.


   - Como eu estava dizendo antes dessa exaustão, Edgar não batia bem porque não sabia se estava fazendo o certo ajudando Voldemort a retornar.


   Os outros dois que o observavam se mantiveram calados. Mais um Avada de Bellatriz veio, então Yaxley comentou.


   - Servi muito tempo ao lord das trevas, devo admitir que entendo os problemas que o Edgar tinha.


   - Quer dizer que ele ainda sentia compaixão por aquela família nojenta dele? – perguntou Dolohov com desprezo – eles não eram bruxos fieis a raça, soube que a irmã dele se casou com um trouxa. UM TROUXA. Eu sabia que o lord não iria perdoar esse tipo de ato, mesmo o Edgar mostrando bom serviço naquela época.


   - Então foi por isso que mataram a família dele depois – comentou Roran agora girando o pequeno liquido que havia no seu cálice.


   - Não foi só isso não – contou Yaxley se curvando mais um pouco – o lord das trevas mandou ele acompanhar os outros comensais na morte de sua família. Um choque se quer saber minha opinião, o Edgar era tão jovem...


   Roran sentiu um nó na garganta. Ver sua família morrer era um trauma que ele mesmo havia sentido quando era garoto. Sabia que a sensação não era nada boa, e que a vingança era tudo que crescia no interior.


   - Claro que não estou sendo mal agradecido por terem nos tirado de Azkaban – começou Dolohov enfiando as mãos nos bolsos de sua veste -, mas veja, como é possível uma pessoa mudar a opinião sobre o bruxo que matou a própria família, eu entendo que é o grande lord das trevas, mas o homem não parecia ter uma personalidade à altura disso.


   - Ele não tinha – disse Roran tirando os olhos do cálice – quem o fez mudar de opinião foi a Bella... ela sim... começou a manipular a mente dele quando se tornou seu parasita, e depois, quando o conheci e começamos nosso plano de reunir vocês comensais de novo, eu dei uma ajudinha.


   Yaxley e Dolohov fitaram seus olhos ao mesmo tempo contra o outro como se não tivessem entendido bem o que ele havia acabo de dizer.


   - Sou muito bom em manipular mentes se vocês querem saber.


   - Você é um bruxo mais forte do que aparenta – elogiou Yaxley -, mas é claro, tem muito que aprender ainda.


   - Como, por exemplo...


   - Acha que não reparei Roran? Que você tem uma queda pela filha mestiça daquele homem – o bruxo indicou Gui que estava no canto ainda olhando para o chão – quando eu estava disfarçado de Zacharias Smith eu notei que você estava tendo um caso com ela. E naquela luta nas montanhas de Scafell Pike você fugiu na batalha quando ela apareceu.


   - Deixando uma mestiça tomar conta de você – disse Dolohov cuspindo no chão de nojo com o que acabara de ouvir – o lord das trevas sabe disso?


   - Ela não é mestiça – defendeu-se Roran indignado, mas os outros o interromperam.


   - Aquela mãe dela é uma veela, não é uma bruxa pura como nós... uma mestiça também – Dolohov deu outro cuspe.


   Roran ia responder, mas um tossido vindo da parte externa da mesa o calou. Voldemort tinha acabado sua conversa com os convidados estranhos e se virado para encará-los. Seu olhar era tão ameaçador que ninguém se atreveu a falar mais nada.


   - Fico contente, que meus velhos amigos estejam reunidos aqui hoje, depois de dezenove anos – Voldemort começou a falar se sentando – confesso que até fiquei admirado com alguns presentes, contudo, devo dizer que estou muito... decepcionado.


   Voldemort ergueu eu olhar para cada bruxo na mesa. Muitos não demoraram a desviar o olhar com medo.


   - Muitos de vocês pensaram que não existia forma de me trazer de volta – continuou sem expressar nada em sua face – nem ao menos tentaram pesquisas, ou, lendas sobre ressurreição...


   - Me desculpe mestre, mas reviver mortos? Não é uma idéia meio cabível quando se está preso em Azkaban – interrompeu Dolohov recebendo olhares de desaprovações dos outros comensais.


   O lord, porém, não o encarou, apenas fixou seu olhar para o cálice que estava postado ao lado de seu braço.


   - Fico lisonjeado com seu comentário corajoso Dolohov – disse Voldemort – mas isto tudo é uma... mentira!


   - Como? – perguntou o outro.


   - Sei muito bem que você era um dos muitos aqui, que não acreditavam na minha regressão, a sim, vocês não pensavam que eu estava por perto não é, falaram mal de mim pelas costas – seu olhar penetrante era tão forte, que o liquido de dentro do cálice começou a borbulhar – mas todos aqui sabem que eu sou um lord muito misericordioso com tais bruxos mal agradecidos – dessa vez seu olhar encontrou Dolohov, que se estremeceu todo e desviou o olhar.


   - Eu sempre acreditei em seu regresso mylord, desde a primeira vez que anunciaram – falou Yaxley em alto tom com esperança de receber um elogio por isso.


   - Os meus servos fieis vão receber a recompensa que lhes merecem – disse olhando para Yaxley – mas outros que não foram fieis, a ponto de acreditar que seu lord se fora para sempre... terão de pagar caro.


    Todos os bruxos da mesa se entreolharam e murmuraram algo como “eu sempre acreditei”. Roran deu uma risada abafada ao ver a cara de medo que Dolohov havia feito com o comentário, mas teve que se calar porque Voldemort o encarou e disse.


   - Me diga, Roran, conseguiu rever sua namorada mestiça nessa última missão que vocês acabaram de ir? – seu comentário era de desprezo – espero que ela não esteja manipulando sua cabeça.


   O comentário hilário de Voldemort fez que meia mesa caísse na gargalhada. Uns falando com nojo, “Namorada mestiça? Não devia nem estar aqui então!”. “É uma desonra para nós comensais!”.


   - Basta! – mandou Voldemort erguendo a mão, e o silencio reinou – antes que nossa reunião saia de foco, eu quero lhes apresentar meus novos amigos, que concordaram em cooperar na nossa... futura guerra.


    Os olhares de todos passaram para as pessoas que estavam de pé atrás da cadeira de seu lord. Voldemort se levantou então falou.


   - Quero lhes apresentar a nossa aliança – ele indicou os homens pálidos – nossa aliança das trevas.


   Ninguém se atreveu a fazer algum comentário, apenas olhavam curiosos para as pessoas nesse momento.


   - Conheçam Lorcan d’Eath – anunciou Voldemort indicando o bruxo da ponta.


   Roran escutou Dolohov comentar algo como “O cantor vampiro, era só que me faltava”.


   -... junto com seus amigos vampiros, concordou em, nos ajudar, estamos nos aliando rápido meus caros.


   - Ta explicado – disse Yaxley dando um cutucão em Roran – porque o Yorgo tem tanta intimidade com eles, é gente da laia dele.


   - Vampiros... – analisou o garoto – sim o Yorgo é um vampiro de fato, mas nunca suspeitei que traria o clã dos vampiros para o nosso lado.


    - Alguém discorda dessa... aliança? – perguntou Voldemort olhando atentamente para cada um esperando o primeiro idiota que se opusesse. Mas o silencio se manteve – ninguém quer questionar algo?


   - Eu queria falar, mas não tem nada a ver com essa nova aliança – arriscou a comensal Aleto levantando a mão.


   - Quais são seus interesses minha fiel comensal?


   - Bom estive pensando, sobre o ataque que ocorreu hoje, eu e o meu irmão Amico – o outro estremeceu dos pés a cabeça ao ouvir seu nome, ainda murmurou algo como “Não me meta nisso!” – será que era hora de se expor assim, Potter não tinha anunciado sua volta ainda mestre.


   - Fico contente com sua preocupação – disse Voldemort fitando seu olhos vermelhos nela – mas decidi que não quero me esconder mais, eu quero ver o medo nas pessoas quando elas descobrirem que o grande Lord Voldemort voltou... e que voltou ainda mais terrível. Quero mostrar que eu sou melhor do que Harry Potter! – urrou com o nome em fúria.


   - Potter não será problema caso a gente consiga você sabe o que meu lord. – disse o vampiro Lorcan d’Eath dando um passo a frente.


   - É o que todos nós esperamos – disse, agora mudando seu olhar para o bruxo ruivo ao fundo da sala. Os outros comensais olharam também como se tivessem recebido uma ordem para isso.


   - Afinal, o que vamos fazer com esse infeliz? Apanhamos muito naquele clube dos duendes – disse Yaxley – ainda bem que a informação do Roran estavam certa sobre o casamento.


   - Justamente porque quando ele foi marcado eu estava saindo com a sobrinha do noivo – disse Roran fechando a cara.


   - A mestiça – disse Dolohov alto para soar as gargalhadas dos outros.


   Voldemort, porém, olhou para todos dizendo apenas com o olhar que não tinha dado permissões para risos. Em seguida falou com uma voz um tanto irritada.


   - Ele nos vai ser útil em breve, Aleto, leve nosso convidado para sua cela, Roran, veja se Bellatriz e Lucio já acabaram o serviço – Voldemort voltou a se sentar olhando para o cálice enquanto os outros dois faziam o que ele lhes ordenara.


 


 


   A rua aquelas horas da noite estava deserta, mas para a sorte deles o Caldeirão Furado não ficava muito longe do banco Gringotes. O pequeno grupo que caminhava estreitando os olhos para todos os lados desconfiados enfim chegaram onde queriam. Mal pisaram no cômodo do bar onde tinha as mesas e Tom apareceu com a cara mais vermelha que o cabelo de todos os Weasley juntos.


   - Ah ai estão vocês – disse num tom ligeiramente alto.


   - Tom, nos ajude, estamos com problemas, temos que nos esconder aqui até o papai chegar – disse Tiago.


   - Claro que estão com problemas, estão mesmo com um problemão – disse o bruxo – recebi mais de duas dúzias de cartas do ministério por vocês estarem usando magia fora da escola! Foi um caos, bem no meio dos clientes!


   - Eles usaram magia sim – afirmou Lílian – mas não fica bravo, eles só usaram para nos proteger.


   - Proteger? Que historia é essa?


   - Acho que não é a hora certa para contarmos Tom – disse Fred – precisamos arrumar alguns quartos para os pequenos, tivemos problemas no casamento.


   Tom agora parecia ter notado os cortes grandes no rosto do outro.


   - Podem... podem subir é claro – disse indicando as escadarias.


   - Beleza. Lílian, você está no comando, não deixe ninguém sair dos quartos até o papai chegar – disse Tiago para a irmã.


   A garota sorriu e fez sinal para os outros seguirem ela escada acima. Hugo ainda comentou algo antes de sumir “Eu não vou deixar você mandar em mim”.


   - E vocês, me contem o que aconteceu, parece que ter sido grave – disse Tom puxando Fred e Tiago para uma das mesas vazias do bar.


   - E foi – disse Tiago.


 


*****


 


   - Ei! Vai com calma com esse ônibus. Temos uma garota desmaiada aqui! – resmungou Rosa tentando se segurar em algo para não cair quando o Nôitibus fazia uma curva fechada em alta velocidade.


   - Menina, sua amiga...


   - Prima!


   - Prima... está mal das estribeiras, tem que chegar no St. Mungus rápido – disse o condutor.


   - E falta muito? – perguntou Alvo segurando Molly com todas as forças numa cama para ela não cair.


   - Mais alguns quarteirões – disse o outro – você me parece familiar, eu te conheço por acaso?


   - Eu? Creio que não. Não costumo andar de Nôitibus.


   - Mas parece com alguém conhecido.


   - Ah ele se parece com meu tio – disse Rosa sendo jogada para a direita do ônibus – deve ser isso.


   - E eu conheço seu tio garota? – perguntou o condutor colocando uma das mãos no queixo.


   - É bem provável senhor, meu tio é o Harry Potter.


   O condutor simplesmente se engasgou ao ouvir isso e também foi jogado contra a parede dando de cara na janela.


   - O senhor está bem? – perguntou Rosa preocupada.


   O bruxo se ajeitou olhando para a garota.


   - Está certo, se você é sobrinha de Potter, eu sou parente do ministro da magia.


   Agora foi Alvo que riu.


   - Você não é parente do Vô Weasley, e sim, ela é sobrinha do meu pai. E somos netos do ministro também.


   - Crianças parem de falar bobagens, vocês não devem estar batendo bem da cabeça – disse o condutor.


   - Tanto faz, parece que chegamos – disse Rosa sentindo o nôitibus parar, já fazendo esforço para puxar Molly junto com seu primo.


   - Deixe-me dar uma ajuda, Wingardium Leviosa.


   - Obrigada moço – agradeceu a garota empurrando o corpo flutuante da prima escada a baixo.


   - Vê se não aprontem – disse o homem antes do ônibus sumir.


   Os dois saíram empurrando aquele corpo levitando no meio a rua obscura de Londres. Por sorte há essas horas não havia nenhum trouxa andando pelo lugar.  


  - Beleza Al, trás ela aqui – disse Rosa se aproximando de uma vitrine onde não havia nada, com exceção de um manequim velho e feio.


   - Você por acaso já veio o St. Mungus? Sabe entrar? – perguntou Alvo desconfiado.


   - Eu já li uma vez na...


   - Biblioteca – completou o primo – acho fascinante você ler tantos livros. O tio Rony contou que a tia Hermione é igualzinha.


   - A mamãe gosta de ler sim – Rosa agora estava de frente para o manequim – ei manequim, precisamos levar minha prima ferida ai pra dentro, pode ser?


   - Você ta falando com o manequim!? – disse Alvo confuso achando um absurdo aquilo.


   Mas teve que parar de pensar nisso, porque o manequim fez um leve sinal com a cabeça e um sinal com o indicador. Rosa segurou então nas mãos de Alvo e agarrou Molly os puxando contra o vidro como se não houvesse nenhum.


   Do outro lado não havia nenhum manequim feio e surrado, estavam agora numa recepção movimentada, em que havia filas de bruxos e bruxas sentados em instáveis cadeiras de madeira, alguns pareciam perfeitamente normais e folheavam exemplares do profeta diário, outros exibiam medonhas deformações como trombas de elefante ou mais sobressaltadas saindo do peito. A sala não era menos barulhenta do que o Nôitibus, porque vários pacientes faziam ruídos muito estranhos: uma bruxa de rosto suado no meio da primeira fila, que se abanava energeticamente com um exemplar do Semanário das Bruxas, não parava de soltar um silvo agudo e vapor pela boca, um bruxo com cara encardida a um canto badalava como um sino toda vez que se mexia e, a cada badalada, sua cabeça vibrava horrivelmente e ele precisava levar a mão às orelhas para fazê-las parar.


   Bruxos e bruxas de vestes verde-claras iam e vinham pelas filas fazendo perguntas e anotações em pranchetas. Eles tinham gravado nas vestes uma varinha e um osso cruzados.


   - Os medibruxos – se apressou a dizer Alvo.


   - Vamos ali – disse Rosa alto tentando sobrepor as renovadas badaladas do bruxo no canto levando Molly consigo ao lugar marcado informações.


   Havia apenas um bruxo à frente deles que estranhamente gemia de dor com algo preso em suas mãos tentando explicar sua situação à bruxa da recepção.


   - Essas luvas...ui... eu as peguei do meu irmão... ui... ele trabalha com dragões... ai... e elas estão esquentando como brasa...ui... eu não consigo tirá-las... ai... deve ser algum feitiço de azaração... UI! – ele balançava as mãos rápido tentando esfriá-las.


   - As luvas não o impedem de ler, ou impedem? – disse a bruxa loura, apontando irritada para um painel à esquerda de sua mesa – você precisa ir a Danos Causados por Feitiços, no quarto andar. Exatamente como está listado no quadro dos andares. Próximo!


   Rosa se aproximou timidamente da mesa.


   - Oi, é... minha prima sofreu um ataque agora pouco de um bruxo, não sei exatamente o que, mas ela desmaiou... e parece que está com hemorragia interna, pode nos ajudar...?


   - Era não parece nada bem – disse a bruxa olhando para o corpo flutuando – ela vai para o quarto andar, vou pedir para que os medibruxos há levem, vocês podem aguardar no quinto andar enquanto isso.


   A recepcionista deu duas batidas em algo na mesa, e de repente apareceu uma maca com seus medibruxos ao lado de Rosa e Alvo. Eles colocaram Molly deitada na maca e saíram andando.


   - Você ouviu a moça, vamos esperar no quinto andar – disse Alvo puxando a prima.


   Enquanto os dois se dirigiam ao quinto andar do St. Mungus esperando que Molly se recuperasse bem. No clube dos duendes a situação não estava das melhores para Harry, Rony e Hermione.

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