S. Black e M. McKinnon
Lily e a senhora Phillip quase se encrencaram. Por muito pouco, o senhor Evans não as pegou no pulo. Eram quase nove horas quando ambas adentraram a mansão e o encontraram sentado à sua velha poltrona na sala de estar. Ele pousou o chá que estivera tomando na mesinha de canto e as fitou severamente.
- Senhora Phillip, sabe que horas são?
- Sim, senhor. – respondeu ela, o mais casualmente possível.
- Ótimo, porque eu espero que tenha uma boa explicação para esse atraso de quase três horas. – Lily engoliu em seco, mas a senhora Phillip se manteve firme.
- Peço desculpas pelo atraso, senhor Evans. Nós pegamos um terrível engarrafamento no centro, tanto na ida quando na volta, como o senhor deve saber. – e ele sabia, já que o Evans Resort & Hotel ficava na área mais movimentada de Londres e era lá que ele trabalhava. – E houve um acidente de carro perto da esquina do Hyde Park. – eles passavam pelo Hyde Park todo dia e o acidente, que realmente acontecera, viera a calhar, pelo menos para eles. O senhor Evans continuou a encará-las severamente.
- Espera que eu acredite que apenas o trânsito causou esse atraso de três horas? – Lily tinha certeza que o pai não demoraria a perceber a mentira e estava com a respiração presa e o coração acelerado.
- Sim, senhor. Ouvimos no rádio que o acidente foi mesmo terrível e havia ambulâncias e policiais no local. – era incrível como a senhora Phillip conseguia se manter impassível sob o olhar ameaçador do patrão.
- Está certo, senhora Phillip. – Lily continuou a prender o fôlego, se respirasse sabia que o pai perceberia. – Espero que essa seja a verdade, ou haverá conseqüências. Agora, vá mandar servir o jantar. E você pode ir também, Lily. – era a primeira vez que o pai lhe dirigia a palavra desde que entraram em casa. As duas pediram licença e deixaram o cômodo. Antes de subir para guardar suas coisas, Lily parou a Sra. Phillip no corredor e sussurrou:
- Jane, você é uma ótima mentirosa. – parecendo bastante indignada, a Sra. Phillip retrucou:
- Ora essa! Eu não sou mentirosa, Lily! Eu apenas omiti algo que é desnecessário aos ouvidos de seu pai. - Lily deixou escapar uma risadinha. – Cale-se, Lily! Ande, vá guardar suas coisas e desça para jantar.
- Você é mesmo uma boa mentirosa, Ja-ne. – cantarolou separando as sílabas e antes que a Sra. Phillip pudesse lhe dar uma bronca, ela subiu correndo as escadas. Entrou no quarto, fechou a porta silenciosamente e colocou a mochila cuidadosamente pendurada no cabideiro, como sempre fazia. Lily nunca deixava suas coisas espalhadas e seu quarto era tão impecavelmente arrumado que nem parecia o quarto de uma adolescente. Depois de colocar as roupas suadas do ballet no cesto de roupas, Lily lavou as mãos e desceu para encontrar o pai à mesa de jantar.
Jantaram em silêncio e Lily não se atreveu a quebrá-lo, porque sabia que seu pai iria encher seus ouvidos sobre o atraso e etc, etc.. Porém, quando Lily estendeu as mãos para pegar a travessa de vitela pela segunda vez, já que ainda estava com fome pelo o pouco que havia comido durante o dia, o senhor Evans levantou os olhos para ela.
- Lily.
- Sim, papai? – suas mãos penderam no ar, interrompendo o ato.
- Você pretende repetir o prato?
- Desculpe, papai. Ainda sinto fome. – ela olhou para o pai e depois para o prato. – Posso?
- Não deve. – Lily deixou os braços caírem sobre colo. – Você não acha que anda comendo demais?
- Ahn, o ballet exige muito de mim, papai.
- Que exija! Você quer ficar gorda? Como dançará gorda? Tome vergonha na cara, Lily. – a menina ficou olhando estarrecida para o pai, a boca aberta. Devia estar com cara de idiota e percebendo isso, ela fechou a boca e piscou lentamente. – Hoje você irá para cama sem sobremesa. E se você já terminou, pode subir.
Ca-ra-ca. Tudo bem.
Lily apenas murmurou um boa noite fraco e subiu em silêncio para o quarto. Rumou para debaixo das cobertas quentes e pegou seu atual livro de cabeceira. Lolita era o escolhido da vez. O livro de Vladimir Nabokov estava guardado no fundo falso de sua mesinha de cabeceira, pois Lily teria problemas se chegasse aos ouvidos de seu pai que ela andava lendo um livro onde um professor de meia-idade se apaixona pela enteada de doze anos. O Sr. Evans só permitia que Lily lesse literatura americana ou inglesa e o livro mais complexo, digamos assim, que ela já havia lido era O Morro dos Ventos Uivantes, por causa da aula de Inglês. Ela nunca teria escolhido um livro como Lolita para ler, mas a curiosidade falou mais alto quando viu Kim Sawyer deixá-lo na biblioteca da escola. Já estava na metade e se virasse a noite lendo, terminaria. Mas sabia que não seria capaz de acordar no dia seguinte se fosse dormir de madrugada, por isso resistiu bravamente até meia-noite. Depois de se ajeitar sob as cobertas, pronta para cair em sono profundo, ela despertou de repente. O rosto do lindo balconista flutuava em sua mente, sorrindo para ela. Ela mordeu os lábios e soltou uma risadinha tímida, como se ele estivesse lá mesmo, e fechou os olhos. Murmurou um ai ai e apagou com um largo sorriso nos lábios.
E adivinhem só: sonhou com James Potter pela primeira vez.
As semanas se passaram lentamente e seguindo a rotina. Lily não tinha coragem de pedir à Jane que fossem até a cafeteria novamente, mas temia que James já a tivesse esquecido. Fora uma conversa de meros quinze minutos, mas longa o suficiente para mexer de verdade com ela. Principalmente porque ela nunca havia dado bola para nenhum outro garoto. E nenhum outro garoto para ela. Lily precisava vê-lo.
Um mês depois, a sra. Phillip e Henry buscaram Lily no curso de alemão no meio da tarde. Ela sorriu para eles enquanto fechava a porta e disse:
- Hallo. Dass schöner Tag, ist es nicht?
- Lily, não entendemos uma palavra do que disse, você sabe disso. – falou a Sra Phillip, séria.
- Eu disse: “Olá. Que dia lindo, não é mesmo?” – traduziu rindo. Henry e a Sra. Phillip olharam para o céu nublado pela janela e franziram o cenho.
- Está nublado, senhorita Evans. – disse Henry.
- Eu sei. Mas eu tenho a sensação de que hoje será um bom dia. Já teve essa sensação, Henry? – perguntou-lhe, olhando pelo retrovisor.
- Ah, com certeza, senhorita Evans. Mas já faz muito tempo. – de Lily, Henry olhou para a governanta. – Para onde devo seguir, Sra. Phillip?
- Para casa. – para casa? Pensou Lily. Ela fez as contas: eram cinco horas da tarde, o trânsito estava fluindo normalmente e seu pai só chegaria às oito horas em casa. Será que daria tempo?
- Jane? – ela limitou-se a olhar para a menina. – Lembra, no mês passado, quando fomos àquela cafeteria?
- Lembro.
- O menino disse que não nos cobraria se prometêssemos voltar. Nós prometemos. E temos bastante tempo. Será que podemos dar uma passadinha para um lanche? – ela sabia que parecia meio suplicante, mas esse era seu objetivo. A Sra. Phillip ponderou por uns segundos e por fim, aceitou. Lily só conseguiu sorrir feliz ante a idéia de ver James novamente.
A cafeteria estava mais cheia naquele dia e o balcão estava ocupado, como Lily viu pela janela, então teriam que se sentar a uma mesa. O sininho tilintou e o som familiar fez quem estava no balcão levantar a cabeça.
E Lily sentiu-se murchar com a decepção.
Não era James. Era um senhor de meia idade que atendia os clientes no balcão. Sentiu vontade de ir embora no mesmo segundo, mas Jane a obrigaria a ficar. Relutante, caminhou com a governanta até uma mesa meio escondida nos fundos do estabelecimento, mas de onde tinha uma visão ampla de tudo. Esperaram que alguém viesse atendê-las e quando um menino de uns quatorze anos apareceu sorrindo abertamente perguntando se podia ajudá-las, elas pediram brioches e chocolates quentes.
- Que rapazinho mais simpático! – elogiou a Sra. Phillip. Lily apenas acenou com a cabeça. – Este estabelecimento deve contratar pessoas baseado em sua simpatia. Lembrou-me do menino que nos atendeu da outra vez, onde será que está ele? Não o vejo. – Lily, sentindo-se mais deprimida, apenas assentiu novamente. – Mas, enfim, esse menino me parece tão jovem para trabalhar, isso deveria ser proibido! Ele devia estar lá fora jogando rugby!
- Jane, algumas pessoas precisam trabalhar desde cedo para ajudarem as famílias. Nem todo mundo tem a sorte que eu tenho. – disse Lily.
Ah é, todos querem ter dezessete anos e andar com uma babá pendurada no braço. Grande sorte, essa.
- Mas mesmo assim, Lily! Onde estão os pais dessa criança? Eles sim deveriam estar trabalhando para sustentarem o filho!
- Jane, esqueça isso, por favor. – implorou Lily, enterrando a cabeça nos braços. Ela só queria tomar seu chocolate e ir embora. Mas Jane parecia realmente indignada e não estava disposta a se calar.
- Não, não! Isso é um assunto sério, Lily! Trabalho infantil é crime, aposto que isso é como a escravidão, mas será que esquecem que não estamos na Inglaterra do século XVIII? Absurdo! Se bem que eu comecei a trabalhar aos dezesseis anos para ajudar meus pais... É, até que faz certo sentido isso que você mencionou, Lily, sobre necessidade. – esse era um dos defeitos da Sra. Phillip: uma vez que começava a falar, não parava mais. – Acho que acabei exagerando um pouco, talvez o menino goste de trabalhar, viu como ele foi simpático? Uma graça de criança! Aliás, onde está ele com nosso pedido? Hoje está cheio mas eles deviam ser mais eficientes quanto a is... ah! Olá, meu jovem! Estava mesmo me perguntando onde estaria você!
- Boa tarde. – Lily levantou a cabeça tão rápido que os fios ruivos de seu cabelo invadiram sua boca. Ela os cuspiu e olhou envergonhada para James, que a encarava sorrindo. – Olá, senhorita.
- O-olá. – gaguejou ela em resposta.
- Ainda gaguejando? – gracejou James, que sorriu mais ainda quando viu o rubor intenso que tomava as faces dela. – Desculpe-me por isso.
- Tudo bem. – conseguiu dizer firme, embora por dentro sentia-se molenga. Por incrível que pareça, a Sra. Phillip mantinha-se completamente alheia aos dois enquanto espichava a cabeça a procura do menino.
- Já fizeram seus pedidos?
- Oh, sim. – respondeu a governanta, voltando seu olhar para James. – Pedimos a um rapazinho, mas talvez ele tenha se enrolado. Ah, lá vem ele, vejam. – a Sra. Phillip apontou para o menino que vinha equilibrando os pratinhos e as xícaras numa bandeja. Mas antes que pudessem fazer qualquer coisa, o menino tropeçou e derrubou a bandeja no chão. Os pratos e as xícaras se espatifaram com estrondo. Lily e James fizeram caretas quando o som alto chegou aos seus ouvidos, mas Sra. Phillip ficou olhando com tristeza para a comida no chão.
- Vejo que já conhecem o Liam. – falou James e todos olharam para o menino que pedia desculpas desesperadamente enquanto tentava limpar a bagunça. O senhor que estava no balcão chegou com um esfregão para ajudá-lo dizendo firmemente “Liam, Liam, acalme-se!” – Ele começou a trabalhar há uma semana e é muito desajeitado. Papai está lhe dando uma chance.
- Papai? – Lily perguntou, levantando os olhos para James. Ele sorriu e apontou o senhor agachado metros à frente.
- É, meu pai é o dono da cafeteria e Liam é meu irmão. Apesar de tudo, ele se diverte ganhando seu próprio dinheirinho. – ele respondeu sorrindo. Seu pai, até então concentrado em Liam, levantou-se e se dirigiu a eles.
- Boa tarde, senhora, senhorita. Eu sou Alan Potter, dono desta humilde cafeteria. Vim pedir-lhes perdão por meu caçula desajeitado, ele ainda está aprendendo. James providenciará seus pedidos novamente, e desta vez, por conta da casa. – Lily e a Sra. Phillip olharam para James que prendia o riso. Não poderiam sair sem pagar mais uma vez.
- Oh não! – disse a Sra. Phillip. – Por favor, é muita gentileza, mas eu peço que me deixe pagar-lhe. O menino não teve culpa nenhuma, apenas levou um tropeção. – o Sr. Potter abriu a boca para protestar, mas a governanta estava irredutível. Por fim, ela conseguiu convencê-lo a aceitar seu dinheiro. James foi e voltou com os pedidos rapidamente enquanto seu pai terminava de limpar a sujeira que Liam havia feito. Logo depois, o menino foi pedir desculpas tímidas a elas que prontamente aceitaram sorrindo-lhe amavelmente. James, por mais que quisesse conversar com Lily, precisava trabalhar, mas fez o possível para ficar cuidando das mesas próximas a dela. Assim, enquanto Lily saboreava seu brioche e seu chocolate, ela e James trocavam olhares e sorrisos. Ás vezes, quando ele se demorava demais sustentando o olhar, ela baixava o seu, envergonhada. Quando por fim, a Sra. Phillip olhou o relógio e levantou-se para pagar, Lily fingiu amarrar o sapato e James pôde se aproximar.
- Lily, posso lhe chamar assim? – ela assentiu. – Talvez me ache abusado, mas...
- Mas...? – algo dentro dela se revirava em ansiedade. “Mas o que? Mas o que?”, ela gritava internamente.
- Mas, será que não poderíamos sair para tomar um sorvete um dia desses? – ela deixou a boca abrir uns centímetros. Ele estava chamando-a para um encontro?
- James, eu... – “SIM! SIM, SIM, MIL VEZES SIM!” ela urrava por dentro, mas por fora a história era bem diferente e ela se mostrava hesitante. Por que será?
Talvez porque ela tenha um pai totalmente ditador? Mistério.
- Eu não posso. – Lily viu a decepção perpassar os olhos castanhos de James. – Sinto muito, mas meu pai nunca deixaria.
- Ele não precisa saber.
- Você quer que eu morra? – ele sorriu diante da preocupação dela. – É sério, James. Eu não tenho um dia livre sequer para ir à biblioteca pública. Papai não me deixa fazer nada. Não que eu esteja reclamando, ele só quer o melhor para mim. Como amanhã é sexta feira, eu saio mais cedo da escola e vou direto para o Joquei Club, para minha aula de hipismo.
- Perfeito, eu adoro cavalgar. – “qual é o problema desse menino?” ela pensou.
Hum, você?
- James, eu não...
- Não adianta. Amanhã, depois da sua aula de hipismo, nós vamos sair para tomar sorvete. – ela ficou olhando meio estupefata para ele. Ela ia se meter numa encrenca terrível se seu pai descobrisse e não tinha a menor idéia de como convenceria Jane a acobertá-la. Mas, ao ver a carinha de pidão de James, ela se decidiu.
- Tudo bem. – respondeu, mordendo os lábios. – Eu dou meu jeito. – ele sorriu visivelmente feliz e duas covinhas surgiram em suas bochechas. Ela conseguiu conter suspiro.
- Lily, vamos! – a Sra. Phillip gritou para ela do outro lado do lugar e se encaminhou para a porta. Lily virou-se para James, pronta para se despedir.
- Bom, então tchau. – disse e soltou uma risadinha nervosa. Virou-lhe as costas, mas não foi muito longe. James segurou seu pulso delicadamente, fazendo-a virar-se para ele novamente. Seu coração bateu totalmente descompassado quando ele inclinou-se e beijou ternamente a sua bochecha.
- Até amanhã, Lily. – murmurou em seu ouvido e então a soltou.
Autora faz pausa dramática, porém totalmente necessária, para que possa externar seus sentimentos: “POR FAVOR! James é o cara perfeito, podem falar! Delicinha, seja meu, eu tomo quantos sorvetes você quiser.” Autora pede as mais sinceras desculpas. Por favor, continuem a ler.
Total e completamente desorientada, Lily não conseguiu olhar para ele novamente e apenas se dirigiu para a saída.
Ela estava em maus lençóis.
O dia amanheceu incrivelmente bonito, em contrapartida ao dia anterior e para combinar com o estado de espírito de Lily: totalmente eufórico. Como ela faria para convencer a sempre correta Jane Phillip a ajudá-la, não sabia. Mas sabia que daria um jeito de encontrá-lo.
Lily estava tão feliz que nem Kim Sawyer e suas amigas enjoadas conseguiram perturbá-la, algo que surpreendeu as garotas. Almoçou sozinha como sempre, mas pela primeira vez, não se deu conta disso. Estava tão alheia que fazia tudo automaticamente. Surpresa para ela, surpresa para as colegas, surpresa para os professores. Lily Evans estava distraída na escola? Que novidade.
Quando o sinal da saída tocou, ela correu até o carro que a esperava como de costume. Enquanto seguiam pela cidade até o Jóquei Clube, ela sacudia as pernas de forma tensa, fazendo a Sra. Philip lançar-lhe olhares questionadores de tempos em tempos. Ela sabia que Lily estava ansiosa por algum motivo e quando chegaram ao sue destino, descobriu o porquê. James, o rapaz da cafeteria, estava lá conversando com um treinador enquanto esperava um cavalo ser selado. A Sra. Phillip sentiu Lily estancar ao seu lado quando o viu e deduziu que o rapaz era a razão de sua ansiedade.
- Olá, meu jovem! Que feliz coincidência! O que faz aqui? – ela perguntou amavelmente e James lhe sorriu.
- Como vai, senhora? – ela sorriu e ele continuou. – Cavalgar é meu hobby, eu costumo vir aqui nos fins de semana, mas hoje acordei muito bem disposto e resolvi dar uma fugida da cafeteria. – o treinador, que havia saído para ver o cavalo, voltou e lhe disse que estava tudo pronto. – Ah, que bom, o Cavalo já está selado. Com licença, senhora. Provavelmente lhe verei aqui a pouco, senhorita, então, até. – dizendo isso, ele subiu no lombo do cavalo e saiu trotando até um dos cercados. Lily não conseguiu proferir muita coisa, por isso, foi trocar de roupa enquanto esperava que sua égua, batizada de Atena, fosse selada.
Minutos mais tarde encontrou-se com James no cercado, mas não conversaram muito. Lily manteve-se concentrada em sua aula e o menino não a atrapalhou, porém ficou admirando-a. Ele reparou que ela franzia a testa quando fazia alguma coisa mais complicada e mordia os lábios quando fazia algo certo, impedindo um sorriso. Assim se foi boa parte da tarde até que a aula foi findada. James levou seu cavalo para o estábulo e depois ficou a espera de Lily. Quando ela uniu-se a Sra. Phillip, ele foi falar com elas.
- Com licença. – elas voltaram sua atenção para ele. – Senhora... hã...
- Phillip, querido. – a mulher respondeu sorrindo.
- Certo, perdoe-me. Senhora Phillip, quando a senhora me perguntou o que eu fazia aqui, eu lhe respondi apenas que gosto de cavalgar, mas esse não era o único motivo.
- Ah não?
- Não. Eu vim convidar a senhorita Lily para tomar um sorvete comigo. A senhora permite? – ela olhou de James para Lily, sem parecer surpresa.
- Claro. – disse simplesmente. Lily olhou-a chocada.
- Está falando sério, Jane?
- Estou. Eu fui com a sua cara, rapaz. Só não faça eu me arrepender.
- Absolutamente! – exclamou James. – Obrigado, Senhora Phillip.
- Obrigada, Jane! – Lily agradeceu, dando um beijo estalado na bochecha da governanta. – Não vamos demorar muito. Encontraremos você aqui. – a senhora concordou e os dois sorriram, saindo logo em seguida.
Caminharam alguns metros em silêncio, mas logo James o quebrou.
- Até que foi fácil. Acho que você estava se preocupando à toa.
- Não mesmo. Jane deve ter gostado muito de você, ela jamais faria isso se fosse outra pessoa. Meu pai nem pode sonhar que estou saindo com você.
- Acho que tive sorte até aqui. – eles sorriram um para o outro. Andaram mais um pouco em silêncio, até avistarem o toldo da sorveteria. – Lily, há duas pessoas que eu quero que você conheça.
- Quem?
- Meus dois melhores amigos. – quando ela se deu conta, estava parada à frente de uma mesa, olhando para duas pessoas. – Sirius Black e Marlene McKinnon.
O menino tinha cabelos negros e lindos olhos azuis e a menina, incrivelmente, tinha as mesmas características. Ambos eram lindos.
- Então você é a famosa Lily? – perguntou Marlene, levantando-se para abraçá-la. – Muito prazer.
- Muito prazer, Marlene. – respondeu, correspondendo hesitante ao abraço.
- Oh, por favor, me chame de Lene! – Lily não pôde deixar de sorrir para a menina simpática. O menino, Sirius, também se levantou para cumprimentá-la.
- Muito prazer, Sirius Black, ao seu dispor. – disse, beijando a mão dela. – Meu caro, James, você tinha razão. Ela é mesmo uma gata. – concluiu, sem tirar os olhos dela, com um sorrisinho maroto no rosto. Lily sentiu a face arder e olhou para James sem acreditar, mas ele apenas riu.
- Não ligue para ele, Lily. – falou Marlene. – Ele é meio cafajeste, mas é legal.
- E você me ama mesmo assim, querida. – ele disse e lhe deu um beijo. Lily ficou encarando-os meio surpresa, mas surpreendentemente, gostou deles.
Parece que alguém fez novos amigos.
- Já que as crianças chegaram, que tal nos enchermos de sorvete? – sugeriu Marlene, saltando da cadeira e sorrindo para os outros. Assim era Marlene: espevitada, alegre e falante e com ela não havia tempo ruim ou mesmice e ela nunca era meio termo: ou era ou não era. Marlene era uma figurinha apaixonante, como Lily não tardaria a descobrir.
Rapidamente, os outros três a acompanharam. Lily pediu um sorvete de flocos, James, de pistache, Marlene, de avelã, e Sirius, de chocolate e morango.
- Hum, não consigo me lembrar da última vez em que comi um sorvete. – disse Lily tranquilamente, saboreando.
- Como assim?! – perguntou Marlene, desconfiada.
- Ah, desde os meus quatro anos eu não sei o que é sair para tomar sorvete. – respondeu com amargura. Marlene arregalou os olhos azuis, tremendamente surpresa.
- Haha, temos uma prisioneira entre nós. – brincou Sirius e logo recebeu um tapa de James na cabeça. – ai! E pelo visto, nosso querido amigo James Potter é o príncipe que se encarrega de salvar a princesa-prisioneira-indefesa.
- Sirius! – brigou Marlene, fazendo bico.
- O que? Só disse a verdade, certo, Lily?
Por incrível que pareça, Lily não havia se incomodado com a implicância de Sirius, então respondeu simplesmente:
- Certo.
- Muito bem, muito bem. – interrompeu James. – vamos parar com essas brincadeirinhas.
- Chato. – resmungou Sirius, puxando um maço de cigarros do bolso. Lily arregalou os olhos e franziu o nariz em desgosto quando a fumaça chegou às suas narinas. Sirius percebeu e riu de forma sarcástica – Ah, uma jovem careta. Relaxe, querida, eu tenho mais de dezoito anos. Mas, se te incomoda tanto assim...
- Não! – exclamou ela, vendo que ele apagaria o cigarro. Não queria que os amigos de James pensassem que ela era chata. – Não precisa apagá-lo, Sirius. Não me incomoda.
- Boa menina. – ele sorriu e tragou fortemente o cigarro.
Assim era Sirius: um tanto arrogante, divertido, irresponsável e irrefreável. Sirius era aquele cara tremendamente carismático que não ligava para nada e levava a vida numa boa. Dos três, era o mais aventureiro e inconseqüente. E eram essas características que faziam as pessoas caírem de amores por ele. Lily, obviamente, foi uma dessas pessoas.
- Exibido. – disseram Marlene e James em uníssono, fazendo Lily rir e Sirius revirar os olhos. Lily estava se divertindo como há muito tempo não acontecia e não queria de jeito nenhum largar James e os novos amigos para ir embora. Mas o tempo correu e logo ela e James estavam se levantando para irem de encontro a Sra. Phillip que ainda os esperava no Jóquei Clube.
- Foi um prazer conhecê-la, querida. – falou Marlene, aparentemente, esquecendo que tinha a mesma idade que Lily. Elas se abraçaram e Lene sorriu abertamente para a menina, os dentes brancos reluzindo com a luz do sol já poente. – Acho que seremos grandes amigas.
- Assim espero, Marlene.
- Lene! Por Deus, me chame de Lene! – Lily riu e afirmou com a cabeça.
- Tenho a impressão de que ainda aprontaremos muito juntos, senhorita Lily. – disse Sirius, repetindo o gesto da chegada e beijando o dorso da mão de Lily. Ela não pôde deixar de rir diante das feições sedutoras do novo amigo. Atrás dela, James a admirava com um sorriso discreto no rosto, mas que foi captado por Sirius e Marlene, que apenas trocaram olhares cúmplices.
Quando enfim se distanciaram, Lily ainda pôde ouvir Sirius dizer baixinho para Marlene:
- Essa menina laçou mesmo nosso James. - ela corou fortemente, mas sorriu mesmo assim.
- Do que está rindo? – perguntou James enquanto percorriam o trajeto de volta.
- Ah, nada de mais. Seus amigos são bem legais, obrigada por me apresentá-los. – ele sorriu e apertou a mão dela carinhosamente.
- São seus amigos agora, Lily. – sorriram um para o outro e continuaram caminhando de mãos dadas. Lily estava com vergonha, obviamente, mas se sentia confortável daquele jeito.
Quando chegaram às portas do Jóquei Clube, avistaram a Sra. Phillip andando de um lado para o outro.
- Oh, Deus, Jane está em cócegas. Preciso ir. – ela hesitou, mas subiu na ponta dos pés e plantou um beijo na bochecha do rapaz. – Obrigada pela ótima tarde, James. Até qualquer dia. – esperava virar as costas, mas ele a impediu. Segurou o rosto dela entre suas mãos e aproximou-se lentamente, os olhos fixos nos dela. Ela sabia que ele iria beijá-la e ficou desesperadamente ansiosa para que ele o fizesse. Fechou os olhos, antecipando o toque dos lábios...
- Lily! – ela se separou dele como se tivesse tomado um choque. – Aí está você! Ande, estamos atrasadas!
É, Lily. Não foi dessa vez.
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N/A: Aêêêê, capítulo três postadíssimo! PRESENTE DE NATAL, GALERA! HOHOHO (sou muito Papai Noel mesmo).
CAPÍTULO DEDICADO À BELA MOON, MINHA IRMÃZINHA LINDA QUE FEZ 15 ANOS DIA 21/12. SEU PRESENTE DE ANIVERSÁRIO E DE NATAL, TOTOSA. TE AMO DEMAIS, OBRIGADA POR SER MINHA AMIGA/IRMÃ/VIZINHA/LEITORA/ETC ETC... (L)
Meus amores, obrigada a quem leu e comentou e a quem leu e não comentou! HOSAAOSOASOAOSOASO' Gente, é o seguinte, amanhã é véspera de Natal e semana que vem já é o Reveillon, então nada de capítulo, mas vou aproveitar essa semaninha pra escrever o capítulo quatro, lógico. É só isso mesmo, não tem muito mais o que falar, gente, além, óbvio, de fazer meus votos.
*Lívia pigarrea*
FELIZ NATAL, QUERIDOS! TUDO DE MELHOR SEMPRE PRA CADA UM DE VOCÊS! E UM ANO DE 2010 MARAVILHOSO, REPLETO DE COISAS BOAS E LINDAS! AMO VOCÊS! ATÉ ANO QUE VEM!
BEIJOS GIGANTES :*
Lívia G.
Comentários (1)
Nossa \O/ Lily enfim começando a se divertir. Velho esse pai dela é um verdadeiro ditador, tenho medo dele cruz credo. Como pode tratar a filha assim ??? O.OAmeiii o capitulo foi demaiiis flr *------------*beijooos!
2012-07-23