Prólogo-Quando eu te encontrar

Suas mãos tremiam de tal maneira que ela de repente desejou estar segurando alguma coisa. Tentou respirar fundo e se acalmar, mas parecia impossível. Desde que ele foi embora, imaginou aquele encontro tantas e tantas vezes que, agora, prestes a acontecer, simplesmente não conseguia ficar mais calma.

Sentada naquele banco do aeroporto, Hermione repassava mentalmente aqueles anos que passou longe dele. Parecerem uma eternidade. E pensar que durante aqueles quatro anos eles não se viram nem uma vez! Trocavam cartas e e-mails, e em datas importantes se falavam ao telefone, mas ela não o via desde que ele se mudara para os EUA.

- Ahn Harry... – Como sentiu a falta dele! Não só pelo fato dele ser o melhor amigo, afinal de contas, ela tinha outros amigos também. Nem porque não o via a quatro anos, afinal não via muitos de seus antigos amigos a muito tempo, e não sentia tanta saudade assim. Não, era porque Harry era diferente. Sentiu isso desde a primeira vez que o viu.

 

Flashback

 

Quarta série da escola de Hogwarts – Londres

 

A professora entrara na sala acompanhada por um garotinho. Este parecia que gostaria de estar em qualquer lugar, menos ali. Hermione, sentada na primeira fileira, pode ver, através daqueles olhos verdes, que o garoto estava morrendo de vergonha. Sentiu compaixão.

- Classe, quero apresentar a vocês seu novo colega, Harry Potter. Ele se mudou para Londres essa semana e agora estudará conosco. Digam olá a ele.

A classe disse um “olá Harry” e a professora indicou onde ele deveria sentar.

- Harry, querido, pode se sentar aqui, ao lado da Srtª Granger.

Timidamente, o novo estudante andou até a carteira e se sentou.

- Oi, sou Hermione Granger.

- Olá, Sou o Harry. Harry Potter.

- Você parece estar um pouco nervoso. – ele deu um sorriso tímido

-É que eu não conheço ninguém aqui, não tenho nenhum amigo ainda, então...

-Bom, se você quiser, pode ficar com a gente na hora do recreio. Digo, comigo e com o Rony. – Ela apontou um garoto de cabelos vermelhos, sentado a algumas cadeiras atrás. – Ele é um pouco bobo, mas é legal.

- Eu adoraria sim, obrigado. – E sorriu. Ela retribui o sorriso. Ele adorou conhecer alguém logo no começo da aula. Ela se encantou com aquele menino de sorrisos tímidos.

 

***                                                               

 

Sim, tudo naquele garoto a encantava. Os olhos verdes que sempre brilhavam quando ele estava feliz. O cabelo preto bagunçado que cada dia que passava parecia ficar cada vez mais bagunçado. O sorriso. Porque não importava como Hermione estava, aquele sorriso iluminava tudo, até o seu humor. O modo como ele sempre fora cuidadoso com ela, como se ela fosse uma irmã mais nova. Tudo! Eram aqueles detalhes que faziam a amizade deles forte, duradoura, intransponível! Mesmo quando Harry começou a namorar Gina, a irmã mais nova de Rony, e Hermione pensou que talvez fosse mudar alguma coisa entre eles, tudo permaneceu igual. Harry ainda a tratava da mesma maneira e, apesar da amizade dos dois ter causado algumas brigas de ciúmes entre Harry e Gina, tudo permaneceu como sempre fora... Até o final do colegial.

O pai de Harry, Tiago, havia morado e estudado nos Estados Unidos antes de se mudar para a Inglaterra. Por isso, havia uma vaga para Harry na mesma universidade onde Tiago estudara, e para este, não tinha o que se discutir: Seu filho iria estudar nos Estados Unidos após terminar o colegial. Essa situação causou muitas lágrimas dentro e principalmente fora da casa de Harry, porque isso significava o fim do namoro dele e Gina.

E foi exatamente isso que aconteceu. Logo após o fim do colegial, Harry E Gina terminaram e uma semana depois, Harry viajou. Sempre que pensava na cena da despedida, mesmo depois de quatro anos, Hermione tinha que se segurar para não chorar.

 

Flashback

 

Ela olhava para a cena, os olhos já cansados de chorar, faziam brotar cada vez mais lágrimas. Harry abraçava Gina e era impossível ouvir o que ambos conversavam. Também estavam lá Tiago e Lillian. Tiago mantinha o olhar impassível, e Harry não sentia raiva do pai, sabia que aquilo era para o seu bem. Lilliam tinha os olhos vermelhos e se tempos em tempos, enxugava mais lágrimas que teimavam em cair.

Depois de soltar Gina, Harry foi se despedir de Rony:

- Se cuida cara, e vê se não esquece da gente lá fora... – Rony não chorava, mas era óbvio que a ida do melhor amigo o abalava muito.

- Impossível, Rony, você sabe!

- Ok, e vê se escreve, ta?

- Pode deixar!

Depois de se despedir de Rony, ele se voltou pra ela:

- Hey Mione...

- Ahn Harry. – eles se abraçaram, e naquele momento, todas as palavras foram desnecessárias, porque a intimidade que existia entre ambos, dispensava qualquer tipo de despedida.  Ela soluçava.

- Heey, cadê aquela menina forte que eu conheço? Mionee, não precisa chorar, você sabe que não é uma despedida!

- Harry, eu vou sentir tanto a sua falta! – E ele ia sentir tanto a dela. Ia sentir falta dos conselhos, dos risos, do modo como só aquela menina conseguia animar a vida dele.

- E eu também vou, mas eu volto, e você sabe.

- Não me esquece...

- Você é a irmã que eu nunca tive, Hermione. É impossível eu te esquecer...

- Eu te amo Harry.

- Também amo você, Mi.

E quando ela achou que não iria suportar ver ele ir embora,  ele foi. Ela ficou olhando o avião decolar até sumir de vista e depois, quando as lágrimas não deixaram ela enxergar mais nada, ela deixou o aeroporto. Foi a última vez que eles se viram...

 

***

Até hoje. Ela fechou os olhos e repassou mentalmente a carta que recebera de Harry a alguns dias atrás. Nela ele dizia voltar no próximo sábado e que iria fazer surpresa pra todo mundo, mas que gostaria que ela fosse a primeira pessoa a saber. Por isso, é claro, ela iria buscá-lo no aeroporto. E por sinal, não agüentava mais a espera. O vôo estava atrasado quinze minutos, e aquela espera estava parecendo uma eternidade.

Hermione estava tão perdida em pensamentos que nem notou a voz no auto falante anunciando o próximo vôo que estava para aterrissar. Ela nem notou também que, entre os aviões te aterrissavam, acabara que aterrissar aquele que ela estava esperando tão ansiosamente. Ela só notou quando um rapaz alto, moreno, de olhos verdes e cabelos negros, com um sorriso de orelha a orelha se aproximou dela.

- Oi Mione.

 

Eu já sei o que meus olhos vão querer
Quando eu te encontrar
Impedidos de te ver
Vão querer chorar
Um riso incontido
Perdido em algum lugar
Felicidade que transborda
Parece não querer parar
Não quer parar
Não vai parar...

 

Seu coração acelerou, suas mãos tremeram como nunca e seus olhos marejaram com as lágrimas que anunciaram vir. Dividida entre o choro e a vontade extrema de sorrir, de sua boca só conseguiu sair uma palavra:

- Harry!!!

 

 

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