Prólogo
Nossa estória começa numa época bem remota. Muito antes da invenção da carroça puxada por testrálios ou da criação de Hogwarts – aliás, Hogwarts estava muito longe dos planos.
Aliás, novamente, é necessário avisar que nenhuma menção a magia será feita nesta estória. A época da qual falo era tão remota, mas tão remota e tão remota, que os bruxos não existiam e nem as criaturas mágicas. As palavras magia, bruxo, bruxaria, mágica, poção, feitiço, feitiçaria e outras “derivadas mágicas” não existiam em nenhum dicionário. Existiam apenas os nobres, os plebeus e os escravos; os castelos, os bosques e vastas regiões dominadas por poderosos.
E existia no meio do bosque, que ficava no meio da aldeia de Centerelle, que ficava no meio do país de Halfeet, que ficava no meio do planeta, uma casinha muito simples e humilde. Ela era feita de madeira e palha trazidas de Leftup, um país que ficava no canto superior esquerdo do planeta (preciso dizer que naquela época o planeta era quadrado?) – era o menor país do mundo, tinha apenas cinco habitantes: um rei, sua rainha e sua filha, um guerreiro (que precisavam apenas para dizer que tinham um, afinal Leftup não via uma batalha desde... nunca!) e um escravo. E era rico em árvores – pois não havia muitos habitantes para derrubarem as florestas.
No canto, próximo a janela, estava sentada uma menina, por volta de seus 16 anos e meio – que fique claro que são 16 anos e meio – Os cabelos vermelhos ondulavam até os seios e usava uma linda tiara de flores, que combinava perfeitamente com seu vestido amarelo queimado. Ela dormia profundamente em uma cadeira de balanço, enquanto o sol quente iluminava o seu rosto. Estava apenas ela em casa
Ele tinha um cabelo rebelde, pois era proibido de ter o cabelo penteado desde o dia em que nascera. Usava uma capa feita de linha de ouro e pele de coelho cor-de-cobre das montanhas de “Beeemmaislonge”. Ele era mimado, tinha todos os mimos que alguém possa imaginar. Por exemplo, quando tinha sete anos, ele queria uma estrela cadente e seus pais mandaram sete escravos irem apanhar a mais bela e brilhante estrela cadente que encontrassem. Outra vez, quando tinha dez anos, ele queria uma metáfora e seus pais lhe compraram uma metáfora. Onde? Oras bolas, na mesma loja onde lhe compraram um eufemismo quando ele fez seu aniversário de onze anos.
Mas apesar de toda a riqueza, de todas as coisas abstratas que possuía, de todos os mimos, lhe faltava alguma coisa. E, agora que ele iria completar 17 anos, ainda não sabia o que queria de aniversário. Seria ironia? Não, isso ele já tinha e de monte. Quem sabe parábolas? Não, elas exigiam muitos cuidados e ele não tinha paciência... Era uma coisa que ele queria para se sentir mais completo.
- Um sujeito? Um verbo? Uma paroxítona? Um oceano pacífico? – indagava ele – O que me deixaria mais completo?
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