A Conversa
Quando todos os cavalos se agruparam em frente ao castelo, a professora Minerva irrompeu pelas portas. Com um aceno, todos os cavalos olharam para ela.
- Bem vindos, alunos, ao seu sétimo e último ano.
Todos os cavalos se abaixaram, permitindo aos alunos que descessem. Todos desmontaram meio desajeitadamente. Neville caiu de borco no chão. Mione ajudou o garoto a levantar-se. Todos caminharam até o salão principal. As tochas estavam todas acesas e traziam luz e calor aos rostos dos alunos. Ao entrarem no salão, notaram que este estava vazio. A professora Minerva ia à frente de todos. De repente ouve-se uma voz do grupo de alunos da Corvinal.
- Professora, por que o salão está vazio?
- O sétimo ano é o primeiro a entrar, seu idiota! – Disse Draco desdenhoso.
- Sr. Malfoy, mais cuidado com essa boca. Sim, Senhor Hall, o sétimo ano sempre entra primeiro no salão, depois entra o sexto ano e assim por diante, até os alunos do primeiro ano para a seleção das casas.
Todos foram para suas mesas e ficaram conversando, olhando todos os outros alunos dos anos menos avançados entrarem. Mais uma vez a professora Mc’ Gonagall desenrolou o pergaminho e chamou um a um os novos alunos cheios de nervosismo. Um a um eles foram selecionados e sentaram-se nas mesas de suas respectivas casas. Dumbledore levantou-se de sua cadeira de veludo vermelho e espaldar alto. Fez seu habitual discurso e ao fim disse:
- Bom apetite a todos!
Com esta frase o banquete surgiu nos pratos de todos os alunos. Havia rosbifes, batatas assadas, saladas, molhos, peixes, tudo que se possa imaginar, e ao final de tudo isso ainda havia as sobremesas. Faye estava pensando em contar à Harry que conhecia seus pais. Decidira fazer aquilo naquela noite mesmo.
Depois do jantar todos os alunos se retiraram para seus dormitórios. Rony, Mione, Harry e Faye não conseguiram poltronas na sala comunal, por isso sentaram-se nas janelas, que eram muito grandes e davam para o lago, que estava prateado, por causa da luz da lua. Os quatro ficaram ali conversando e rindo, em alguns momentos namorando, até que Mione disse:
- Bom, gente, eu vou dormir, estou ficando com sono...
Algum tempo depois Rony alegou ter que tomar outro banho e disse também que iria dormir depois disso. Faye e Harry ficaram a sós no salão comunal, pois todos os outros já haviam se retirado. Harry olhava para o lago, ainda na janela e Faye para o crepitar das chamas, meio deitada num divã vermelho sangue, os longos cabelos negros e cacheados caindo para os lados e cobrindo toda a extensão do móvel acima da cabeça dela. O único ruído que se ouvia vinha da lareira. Ela levantou-se, se aproximou de Harry e lhe deu um beijo ao qual os dois se entregaram. Faye se afastou de Harry com um sorriso e sentou-se na janela também.
- Ah, Harry...
- Hm?
- Eu queria te contar uma coisa.
- Fala Fay.
- Bem... Eu queria dizer que... Bem... Eu conheço seus pais.
- Como assim? – Harry parecia não compreender.
- É... Eles também são anjos.
Harry olhou outra vez para o lago. Uma lágrima escorria pela sua face. Faye desceu da janela e abraçou o namorado por trás. Continuou falando com ele quase num sussurro, bem próximo ao seu ouvido.
- Eles são pessoas muito boas, Harry. Por isso viraram anjos... Porque morreram para salvar seu único filho, você.
- POR QUÊ ELES TIVERAM QUE MORRER? POR QUÊ????– Gritou Harry irritado, chorando.
- Ah, Harry... Desculpa. Eu não deveria ter te falado isso. –Faye soltou o namorado e ajoelhou-se meio sentada na frente dele.
- Imagina... – Harry consolou-a, limpando suas lágrimas que escorriam vagarosamente pela face.
Harry deu um beijo na testa de Faye.
- Como meus pais são? – Disse Harry mudando de assunto, tentando sorrir.
- Bom... Você tem os mesmos cabelos do seu pai. O mesmo jeito também. Na verdade vocês são extremamente parecidos... Quando eu conversava com seu pai me lembrava demais de você! Tiago é alto e bonito e tem grandes asas brancas com manchinhas em bege. Sua mãe é muito bonita também, tem cabelos castanhos meio ruivos, olhos muito verdes como os seus e asas de um branco puríssimo... São pessoas maravilhosas.
- O que eles falam de mim?
- Ora, o que todos os pais falam... Só te elogiam... Falam de sua nobreza, sua coragem... Seu pai se diverte com suas travessuras... Já Lílian fica preocupada! – Faye deu uma risada.
Harry sorriu.
- Da última vez que eu os vi eles estavam indo até o espelho.
- E o que é isso?
- De lá eles podem te ver e te escutar.
- Mas eles não podem fazer isso sem estarem lá? Quer dizer então que você tinha que ir até este tal espelho para nos ver?
- Não... Para conseguir ouvir alguém é preciso ir até o espelho. Mas, se você só for até a pessoa, você só pode vê-la, mas não pode ouvi-la. E eu não tinha autorização para ir até o espelho. Era um dos meus castigos.
- Entendi... Mas... Castigo por quê?
- Sabe, Harry... – Faye olhou para as chamas novamente – Anjos não podem amar. Mas eu cometi esse ato e por isso fui castigada. Mas não ia conseguir passar toda minha vida imortal de anjo sem estar perto de você de novo. Por isso escolhi abandonar tudo e virar mortal novamente.
- Obrigada por tudo, Fay... – Harry abraçou-a fortemente. – Mas... Todos viram anjos?
- Não... Só as pessoas que merecem. Seus pais por exemplo: Sempre foram pessoas maravilhosas. E, acima de tudo, morreram para te salvar.
Harry pensou na visão que teve enquanto olhava a penseira com os pensamentos de Snape... A humilhação que seu pai fazia Snape passar. Ele era realmente tão bom? – Mas... E se eu morresse?
- Acho que seria anjo...
- E se eu virasse anjo mesmo a gente não poderia passar a vida toda juntos?
- Sim e não. Estaríamos no mesmo lugar para todo o sempre. Mas não nos amaríamos. Se o amor entre humanos e anjos já é proibido, o mesmo entre anjos é impossível. Não há uma regra a ser quebrada. Simplesmente se você virasse anjo e me visse lá, lembraria sim de mim, mas não haveria mais amor.
- Mas... E você? Você morreu? – Perguntou Harry timidamente, achando que aquilo era um assunto delicado demais.
- Eu... Eu... Eu e meus pais fomos mortos.
- Mortos?
- Sim... Por Voldemort... Não na época de seus plenos poderes, mas bem antes. Eu estudei com seus pais, Sirius, Lupin e todos os outros. Mas morri nessa época. E quando se morre e vira anjo, você permanece na idade em que morreu. Só se envelhece se você volta a ser humano ou vai a Terra em alguma missão.
- Por que ele matou vocês?
- Meu pai e ele eram inimigos na época da escola. Quando ele já tinha sangue frio para matar, foi à nossa casa e nos aniquilou. Fomos as primeiras pessoas que ele matou.
- Que horrível... Eu não sabia... Desculpe-me por perguntar...
- Tudo bem... Não tem problema... Mas Harry, eu vou dormir agora, tudo bem? Estou cansada... – Disse Faye bocejando.
- Tudo bem... Posso te fazer só mais uma pergunta?
- Claro! – Disse Faye sorrindo.
- Você está diferente... O que aconteceu?
- Eu estou na minha aparência normal... “Angelical”, entende? – Disse ela, rindo.
- Quando você era um anjo você tinha esta aparência?
- Sim, mas tinha duas asas também! Você se lembra, não é mesmo? – ela riu de novo.
- Claro – Disse Harry sorrindo. – Nunca vou me esquecer...
- Boa noite.
- Boa noite Fay.
A garota deu outro beijo no namorado e logo após subiu as escadas do dormitório feminino. Harry permaneceu por algum tempo no salão comunal. Logo depois ele subiu ao dormitório masculino e dormiu, tendo bons sonhos com seus pais, “seguindo” a descrição que Faye havia feito deles. Sonhou que os pais estavam na sala comunal, conversando com ele... Estava tudo meio escuro, apenas a lareira fornecia a luz necessária para Harry poder ver o rosto deles e as grandes asas. Fora o melhor sonho da vida dele. Mas havia algo ali que ele não compreendia. Ele tinha um pequeno incômodo nas omoplatas... Como se tivesse algo ali que ele não conseguisse tocar. E a sala comunal estava diferente... “Que estranho...”, pensava Harry em seu consciente, fora do sonho.
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