Inocência
-Estou indo.
-Agora? – Perguntou pela segunda vez aquela noite. Eu a olhei sério e ela assentiu, levantando-se e limpando seu vestido com as mãos.
-O que houve? – Perguntei, receoso.
-Nada. – Respondeu, empinando o nariz.
Fiquei a encarando e Fleur falou, como se fosse absurdamente óbvio.
-Eu vou com você.
-Não, não vai.
-Clarro, a decisão é sua. E além do mais, eu tenho outrro brrace prra mutilarrem.
Bufei. – Sem chantagem emocional, pelas Barbas de Merlim!
-Me deixe ir com você. Estarei mais segurra ao seu lado. – E, droga! Ela tinha razão. Não podia deixá-la sozinha naquele refúgio nada seguro, não depois do que acontecera. Mas também não me via levando-a junto à mim, rumo ao desconhecido. E sabia também que ela nunca iria até a Toca ou para sua casa.
-Droga, Fleur! – Disse, batendo a mão na parede.
Ela forçou um sorriso, notando a vitória, e aparatamos sem dizer uma palavra.
Eu já havia ido àquela vila uma vez com Charlie, quando ainda estudávamos em Hogwarts, então consegui rumar minha aparatação para um lugar específico, uma praça escura com um chafariz e algumas árvores.
Wineseptre era uma vila em boa parte bruxa, mas não eram todos que tinham consciência sobre a mágica que circulava por ali. Os trouxas eram tão cegos quando queriam.
-Onde é mesmo? – Perguntei.
-Rua 6. A casa é 207 – Repetiu ela, lendo as marcas em seu braço.
-Está é a rua quatro. – Disse, apontando para a rua onde estávamos. – À nossa esquerda é a rua três. Portanto à nossa direita temos a cinco e a seis.
-Depois da lição matemática, - Disse, sarcástica. – Podemos encontrar a droga da casa, não?
Sorri. – Você vai ficar aqui. – Ela abriu a boca para protestar – Os dementadores não virão aqui, por que não tem nada que os traga até Wineseptre.
-E se forr uma armadilha?! – Perguntou, alarmada. Eu já havia considerado a idéia.
-Você vai esperar aqui no máximo umas quatro horas. – Ela prendeu a respiração, e eu mesmo me peguei pensando por que eu estimava que demorasse tanto tempo. – E vai ir para a Toca.
Ela assentiu. Rápido demais. Não a fiz prometer, sabia que era uma luta perdida.
Dei um beijo em sua testa, e dei as costas. Dobrei a esquina para a rua 6, me deparando com a casa 480, e ia decaindo. Andei por pelo menos meia hora até encontrar a casa que procurava há tanto tempo.
A casa 207 estava destroçada, havia madeira faltando em sua construção, e parecia poder desabar à qualquer instante. Passei por um pequeno portão em uma cerca, e atravessei um jardim morto. A porta estava destrancada, e eu entrei, me vendo em total escuridão.
A casa cheirava a mofo e a madeira em decomposição. O assoalho rangia a cada passo que eu dava, e cada baque de meus pés formava um eco. Eu estava em um corredor escuro, com uma escadaria à esquerda, uma porta à frente e outra à esquerda.
-Lumos. - Sussurrei. Da minha varinha, irrompeu uma luz lilás, que iluminou o caminho à frente. Olhei para a escadaria, mas nada pude distinguir do segundo andar. Pensei em falar algo em voz alta, mas decidi que não seria prudente e me calei.
Andei em passos contidos e silenciosos até a porta à esquerda. A abri, e ela balançou perigosamente como se fosse cair a qualquer momento. Era uma cozinha, com um fogão e uma mesa para duas pessoas. Estava suja, e havia uma grossa camada de poeira no chão e na mesa, sem contar as gotas de gordura que eu quase ouvia escorrendo pelas paredes. Mas não havia nada lá. Nenhuma mensagem, nenhuma dica.
Segui reto, sempre olhando para os lados. A próxima porta dava para uma sala de estar arruinada: Lareira em pedaços, quadros e sofá rasgados, mesa de centro quebrada ao meio, e de novo, marca de garras. Comecei a suspeitar sobre o que era aquele lugar, mas afastei os pensamentos da minha mente.
Voltei, e andei até o pé da escadaria, levantando a minha varinha para ver se eu enxergava algo. Nada. Subi andando devagarinho, cada degrau, até que eu cheguei no segundo piso.
Era tão destroçado quanto a sala de estar, e todo o segundo andar era feito aparentemente por uma única e grande peça, que parecia ter sido um quarto. Uma cama rasgada, travesseiros espalhando penas, velas pelo chão, e todo o tipo de lixo que podia existir. Mas ninguém, ou nada. Andei em círculos pela sala, e me detive em uma mesa contra uma janela aberta – que deixava a luz da lua entrar -, o único móvel ainda totalmente em pé. Havia encima um pergaminho enrolado em alguma coisa, e quando eu o peguei, caiu uma pequena faca de prata e eu pude ler o que dizia no pergaminho: “Faça uma última boa ação, acabe com o pesadelo.”. Guardei o pergaminho e a faca no bolso – sempre tive uma fixação por facas ou espadas – e peguei um castiçal, que também estava na mesa. Era incrível, totalmente feito em prata e safiras. Manejei-a, passei de uma mão para a outra. Era bem pesada, e eu me entretive com ela, até me esquecendo o por quê de eu ter ido até aquele lugar.
-Ora, ora.
Meu coração gelou, e todo o meu corpo se paralisou. Senti minhas pupilas dilatarem, ao mesmo tempo em que o castiçal tombou de minha mão, causando um baque metálico no chão de madeira.
-William Weasley, eu ainda estava me perguntando se você viria. – Disse a mesma voz, grossa e ríspida, mas ao mesmo tempo zombeteira. Me virei lentamente e o vi. Ele usava uma capa negra, que envolvia todo o seu corpo que era incrívelmente largo. Enquanto ele saía por uma porta que eu não havia notado antes, tirava o capuz que encobria seu rosto, e o que eu vi foi além do que eu imaginara.
Sua pele oliva brilhava à luz tênue da lua. Seu rosto era repleto de pêlos espessos: barba, cabelos desgrenhados, sobrancelhas grossas, e havia pêlo onde não devia haver, também. Seus olhos distinguiam-se por serem duas brasas incandescentes, faiscando ao me examinarem. Vi traços de Fenrir Greyback, mas consegui dizer que não era.
-Skoll? Hati? – Perguntei.
-Hati. – Disse, sorrindo. Seu sorriso fora absurdamente assustador, deixando à vista duas presas amareladas e ameaçadoras.
Comecei a me perguntar várias coisas ao mesmo tempo. Mas a pergunta principal era: Como Hati, um lobisomem, estava em sua forma humana, em uma noite de lua cheia? Eu nunca vira alguém sob o efeito de uma poção Mata-Cão, mas eu supunha que não era daquela maneira que eles se comportavam.
Apertei firme minha varinha enquanto ele se aproximava.
-Onde está Victoire? – Queria que minha voz soasse mais ameaçadora.
-Está segura, e esta será a maior informação que eu darei.
Acreditei. – Por que vocês a tomaram?
Ele começou a fazer círculos fechados em minha volta. Ele andava com as mãos atrás do corpo, e se eu quisesse, o enfeitiçaria facilmente. Mas se eu o fizesse, eu não arrancaria nenhuma informação dele, ele sabia que eu precisava que ele continuasse falando.
Ele abriu outro sorriso. – Pequena Victoire é encantadora, e você tem de admitir. Ela não chorou em momento algum, o que é incrível, dadas suas companhias.
-O que vocês querem com ela?
-Você entenderia se vivesse numa matilha tão... Convencional como as dos Greyback. Eu quero dizer, não estamos particularmente acostumados com incógnitas, o que a Victoire representa perfeitamente para nós.
-O que você quer dizer? – Minha voz estava cada vez mais entrecortada e agora segurava a varinha na altura do meu queixo. Eu via seus olhos em brasa examinando meu corpo, e eu via intriga neles, e aquilo lá no fundo de seus olhos também seria admiração? Cobiça, talvez.
-Victoire é uma mestiça, Bill. Ah, se você me permite a ousadia de chamar-lhe de Bill, é claro. – Vendo que não obteria resposta, ele continuou. – Como eu dizia, ela é uma mestiça, mas não um mestiço como termo aplicado pela sociedade bruxa convencional, mas mestiça em termos licantropos. Ela é uma... Meio-Lobisomem?
Antes que eu falasse qualquer coisa, ele continuou.
-O que podemos esperar de uma lobisomem mestiça? – Perguntou, e neste momento ele pareceu falar mais consigo mesmo do que comigo.
-Há registros sobre apenas cinco lobisomens civilizados o suficiente para não quebrarem o pescoço de suas mulheres no ato sexual, isso eu digo sobre a atualidade. Você sabe, quando o lobisomem é de fundamento, sua licantropia afeta muito sua capacidade de relacionamentos e suas atitudes, mesmo quando em forma humana – Comentou. E uma pequena pausa me fez lembrar de Ted Lupin, e que talvez ele também corresse perigo. Ou talvez eles simplesmente não soubessem de sua existência, e de forma alguma seria eu o culpado por revelá-la. – E que eu saiba, pouquíssimos tiveram filhos, e nenhum nos últimos séculos, e isso eu digo com certeza. Nós simplesmente não podíamos desperdiçar a oportunidade de... Estudar Victoire. Nós estamos muito curiosos, e esta é a verdade. Todos os mestiços de duas raças são no mínimo peculiares, e potencialmente perigosos às vezes. Como Gorguivales, mestiço de Dragão, ou Octavio, mestiço de Duende.
Ele parou um pouco para tomar ar, e ficou me rondando em silêncio. Me preparei caso ele quisesse me atacar de surpresa.
-Victoire pode ser um caso a parte, mas quem sabe o que ela se tornará quando crescer e sua licantropia finalmente agir? Ela se tornará uma lobisomem melhor que nós? Mais forte? Terá tanto controle quanto o pai? Quais serão os benefícios que o sangue humano irão lhe trazer, ou quais serão as falhas? Caso ela for melhor que nós em alguns aspectos, você não vê o que isso pode trazer para a nossa sociedade? Uma nova geração de lobisomens mais fortes, e o fim de uma das nossas regras mais rígidas.
-Qual?
-Ah é. Me esqueci que você nunca esteve numa matilha, portanto não sabe que nós apesar de tudo somos um pouco civilizados. Nós temos algumas regras, e uma delas é nunca procriar, por que temos medo do resultado. – Ri da possibilidade deles terem medo de Victoire, e perguntei:
-Mas você... Não é filho de Greyback?
-Claro que sim. E tenho pelo menos 20 irmãos, inclusive o pobre Remus Lupin, que morreu há algum tempo.
Entendi o que eles queriam dizer quando falavam sobre paternidade, e me julguei um tolo por ver semelhanças heriditárias onde não havia, e ele continuou.
-E sobre a regra de procriar. Você quebrou esta regra, meu caro, e caso os resultados forem desastrosos, você será severamente punido. A não ser que...
Tive medo do “A não ser que.”
-Fale logo.
-Meu pai e eu sempre nos perguntamos: como você consegue? Da nossa matilha, só papai, Skoll e eu temos total controle sobre nossas transformações. Hoje, nós somos mais lobos que homens, e mesmo assim podemos escolher ser homens quando a lua é cheia. Como agora, eu me apresento como um humano. E isso só se dá por que somos os mais velhos, e por que nós nunca tentamos fugir de nossa licantropia. Nós a abraçamos, e a amamos. É a nossa vida. Mas você Bill. É o que te torna tão absurdo, e o que te torna tão desejável. – Não posso dizer que eu adorei a escolha de palavras dele. Por que ele me definiria como desejável? – E isso torna Victoire três vezes mais preciosa. Como você consegue? Você tem um, dois anos? Com essa sua idade eu ainda engolia minhas presas vivas! Será que você, junto com Victoire já representam uma geração de Lobisomens mais fortes? Mais centrados?
Eu o ignorei.
- E bem, você não seria punido a não ser que você se una à matilha Greyback. Afinal, nós somos irmãos, William.
-Eu adoraria, irmão. – Sussurrei. – Mas temo dizer que eu não estou apto a entrar no seu clã. Aliás, Matilha.
-Ah, e por que então?
-O caso é que eu não sou exatamente um licantropo.
Ele fez mais um meio círculo e parou de frente para mim. Ele levantou a mão, cautelosamente, e eu não tentei impedi-lo. Seus dedos estavam sujos, e suas unhas eram imensas e envergadas. Ele tocou nas minhas cicatrizes com seus dedos e sussurrou.
-Nunca mais tente me fazer de burro, William. Como pode tentar negar algo que eu posso ver?
-Greyback não estava transformado quando me arranhou. Não era uma noite de lua cheia.
-Sim, eu sabia disso. – Comentou, começando a andar em volta de mim novamente. – Mas papai me assegurou que ele já havia transformado pessoas fora da lua cheia. Talvez ele estivesse errado! Talvez... Talvez você não seja um licantropo mesmo! Por isso você nos pareceu tão controlado quanto sua condição... Pois sua condição é perfeitamente normal! – Mais uma vez ele pareceu estar falando consigo mesmo, e esquecendo-se de minha existência. Ele riu abafadamente. – Não posso devolver Victoire, é claro. Skoll desenvolveu um lado maternal que não conhecíamos. Ele não suportaria perdê-la. – disse, e riu novamente de sua piada. – Mas tampouco posso deixar que Bill vá embora! Papai me julgaria um fraco, e eu perderia meu posto hierárquico na matilha para Skoll. Deus sabe o quanto ele queria cortar minha garganta e ser o alfa quando papai morresse. – Ele rosnou, e eu estremeci. E se eu o enfeitiçasse agora? Ele não notaria quando eu apontasse a varinha para sua cabeça, tão absorto em seus próprios pensamentos que estava.
-Petrificus Totalus! – Tombei no chão. Ele sacara a varinha antes que eu notasse. Droga, fora burro! Como é que eu abri a guarda desta maneira? Como é que eu pude ser tão imprudente? Só pude mover meus olhos, enquanto ele me virava de barriga para cima, se ajoelhava encima de minhas pernas e apoiava os braços perto de meu rosto, para encarar meus olhos. Eu sentia seus joelhos ossudos pressionando as minhas pernas, e todo o seu peso quase partindo os meus ossos.
-Acho que eu sei de que maneira eu posso resolver toda essa situação. Tudo bem que queríamos você junto à nós por seu aparente incrível auto-controle. Mas uma adição sempre é válida.
Entendi o que ele quis dizer.
Ele passou a língua pelos dentes, e levantou minha camisa até a altura do peito. Ele olhou pra lua, como se estivesse se concentrando, e aos poucos eu vi ele se transformar. Seu rosto se afilava e ficava mais comprido. Pêlos irrompiam de todas as partes de seu corpo enquanto seus músculos cresciam e suas roupas se partiam devido à expansão inesperada. Quando a sua roupa já havia se tornado pó, e ele já era um lobo imenso de pelagem cinzenta, ele mostrou os dentes e se pôs em dois pés. Inclinando-se para a frente, ele levantou um braço e o desceu com velocidade incrível, passando suas garras desde o fim de minhas costelas até perigosamente adentro de minha virilha. Foi a dor mais insuportável que eu senti em toda minha vida. Eu senti as quatro garras, uma de cada vez, penetrando em minha pele, em minha carne, dilacerando alguns músculos, partindo veias. Consegui sentir tudo isso, enquanto quase pude ouvir alguns órgãos sendo partidos ao meio, e logo, senti toda a minha barriga, até minhas pernas ficarem quentes, com o sangue que escorria pelo meu ferimento. Eu teria gritado como nunca, caso minha boca me obedecesse.
Antes que eu notasse, ele já estava de volta à forma humana, esfregando de uma forma maníaca seu peito agora nu. Ele sentou-se ao lado de meu rosto, e eu pude mirá-lo de canto de olho. Ele lambia seus dedos, e quando viu que eu o encarava, sorriu.
-É uma pena que não possa provar de sua carne, portanto me satisfaço com seu sangue. – E limpou o suor misturado à lágrimas que encharcava meu rosto. – E não se preocupe. Você não vai morrer. Sua carne se regenera em algumas horas, não vai ter seqüelas, só uma cicatriz. Mas a dor piora, ah se piora. Mas eu vou estar aqui, afinal, agora você é meu filho.
-Grr... – Rosnei. Não quis falar nada, pois se eu falasse algo meus esforços para não gritar teriam sido em vão.
Entendi o que ele quis dizer com “vai piorar” em poucos minutos. A dor piorou em escalas enormes, e se espalhava pelo meu corpo.
Mas o pior de tudo, é que não era como as dores insuportáveis comuns, que inebriam seus sentidos e não deixam você pensar direito. Pelo contrário. De repente eu sentia perfeitamente meu corpo. Cada dolorido pulsar de meu coração, agora fraco, cada músculo e veia que fora partido lutando para se regenerar, cada célula de meu corpo trabalhando frenéticamente. Ouvia a respiração de Hati ao meu lado, e o som de sua língua em seus dedos. Ouvi até o rato que passou pelo forro e os corvos que estavam voando do lado de fora. Daria tudo para ter morrido ali, naquele momento. Nada valia aquela dor, nada valia aquele sofrimento. De repente eu sentia como se estivesse em chamas, cada parte de meu corpo entrando em combustão espontânea repetidas vezes. Sempre que eu achava que meu corpo já havia queimado o bastante, ele irrompia em chamas outra vez.
-Victoire. – Pude dizer.
Lembrei-me do porque de eu estar ali. Lembrei-me que aquela dor valia a pena. Lembrei-me que eu não podia desejar a morte enquanto eu não assegurasse a vida de minha filha. E eu notei que eu me debatia.
Talvez a dor insuportável ou mesmo os efeitos do arranhão tivessem feito o efeito do feitiço da paralisação ter passado, mas fato era que passou.
Fitei-o de canto de olho, e ele não me olhava. Lembrei-me da faca em meu bolso, e fitei suas costas largas. Nenhum ponto especificamente vulnerável além da cabeça, e eu não teria destreza o suficiente para pegar a faca discretamente e cravá-la na nuca de Hati. Olhei para o outro lado, e ali estava o castiçal que eu examinara. Era suficientemente pesado. Estendi meu braço trêmulo e o peguei, e antes mesmo que Hati notasse, lhe bati com toda força na nuca. Ele tombou em um único movimento e não se mexeu mais.
Não havia calculado o quanto de dor aquela pancada causaria em mim, e não agüentei, gritei sem nem mesmo tomar fôlego.
Não me lembro muito o que aconteceu a partir dali. Eu me lembro sobre uivos, e cores quentes. Minha cabeça girava, e eu tentava retomar a consciência.
A retomei. E eu estava pelado, jogado no chão daquela mesma casa escura. Meu braço estava por algum motivo no peito do cadáver de Hati, que continuava do modo que eu o deixara noite passada.
E quando me levantei, com dificuldade, fitei minhas mãos.
Por algum motivo inexplicável, eu sabia que aquele sangue que agora manchava minhas mãos e rosto, não era meu.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!