Ironia
“Eu me olhava no espelho. Há pelo menos seis meses era o que eu fazia assim que eu me acordava. Vendo meu corpo, à tênue luz do alvorecer, meu instinto primordial dizia-me para chorar. Chorar não, gritar. Passei a mão pelo meu rosto, analisando cada aspecto dele. Olhos verdes, nariz alongado e sardas, como todo o bom Weasley. Afastei alguns fios de cabelo ruivos e longos, grudados à mim pelo suor. Demorei meus dedos nos três finos sulcos em minha pele. Três linhas finas e paralelas, que cortavam meu rosto da têmpora esquerda, até o início da minha boca. Meu rosto estava desfigurado. Ao constatar aquilo, toda a manhã, meu coração sempre se apertava.
Por mais que na frente das outras pessoas eu parecera forte, inabalável, aquelas três linhas – aquelas garras – feriram também a minha alma.
Olhando o meu rosto, não via o belo e charmoso Bill Weasley. Nem meu corpo, agora com algumas cicatrizes – e no momento encharcado de suor – parecia tão atlético como fora. O que seis meses de tortura emocional não fazia à alguém.
-Bill, mon amour? – Perguntou Fleur, entrando de nosso quarto para o banheiro. – Vá se vestirr! Você vai pegarr um rresfriade!
Estendi o braço vagarosamente para passar a mão pelo seu ombro, enquanto ela passava o braço pela minha cintura. Quando ela estava por perto era tão fácil de lembrar por que eu ainda vivia. Olhei fundo em seus olhos azuis e sorri.
-Vamos voltar pra cama. – Sussurrei.”
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